– Philip, filho de Coul! – A forte voz do deus do trovão se fazia ouvir – Estás vivo, meu amigo! – ele dirigiu-se até Phil, dando-lhe um abraço.

– Sim – Coulson sorriu. – A S.H.I.E.L.D também tem os seus truques.

– Quem são esses? – Thor dirigiu seu olhar à equipe de Coulson.

– Esses são meus agentes. É a equipe mais competente com quem já trabalhei.

Simmons e May estavam com os olhos brilhando. Bom, não era pra menos. Em frente a elas estava um asgardiano com um sorriso curioso e aqueles olhos profundamente azulados, um corpo esculpido pelos deuses e uma capa vermelha, que o vento balançava ferozmente. Seus cabelos estavam ainda molhados e seu rosto ligeiramente sujo de fuligem. Estava voltando de uma negociação com os Jotunheim, mais cedo do que o normal, já que Heimdall convocou ele e os outros guerreiros de volta para Asgard.

– É um prazer, conhece-los – ele curvou-se lentamente para a equipe – Se Philip filho de Coul confia em vocês, também são meus amigos – ele sorriu.

– Amigo do Raio, precisamos de ajuda. – Ward foi logo ao ponto.

– Heimdall me falou de uma garota que Loki sequestrou. E disse que enquanto estávamos fora, Iduna foi capturada – ele deu uma pausa, olhando ao redor. – Sem Iduna, todos nós enfraqueceremos. Os Aesir estarão vulneráveis à ira daquele frio traidor – ele girava o martelo com uma das mãos. – Mas... E a garota, quem é?

– Sim, ela é uma de nós.

– Então, o que estamos esperando? – Ele disse, fazendo sinal para que Coulson e os outros o seguissem. – Meu irmão terá uma visitinha especial hoje.

– Podemos salvá-la, não podemos? – Ward perguntou, andando lado a lado com o deus.

– Sim, agente – ele respondia, procurando acalmar o homem. – Sua amiga estará a salvo muito em breve.

– Então, pra onde estamos indo? – Coulson perguntou.

– Loki deve estar mantendo a amiga de vocês numa fortaleza secreta onde ficam os prisioneiros. E se eu o conheço, é melhor que a encontremos logo.

– Mas você acabou de dizer que ela ficaria a salvo...

– Ela ficará, mas não podemos abaixar a guarda. Loki não sabe que eu voltei mais cedo então isso nos deixa na frente, mas não por muito tempo.

– E aí... Por onde começamos? – Melinda se apresentou para o combate.

– Você é uma guerreira? – Thor perguntou, deixando os olhos semiabertos.

– Eu não usaria essa palavra, mas...

– Sim, ela é – Coulson interveio – E é a melhor que eu conheço.

– Vamos até os aposentos de Sif. Ela deve ter algumas armas especiais pra você.

– Agora você falou a minha língua. – May sorriu, empolgada com aquilo.

– Venham, sigam-me. Precisamos de um plano.

Thor os encaminhou até seu palácio. Os deuses estavam enfraquecendo sem os frutos do pomar sagrado, então, apenas Thor e Sif iriam acompanhar o grupo até a fortaleza de Loki. Fitz-Simmons iriam com Coulson procurar Skye, escoltados por Thor, enquanto May e Ward se juntariam à Sif para limpar o caminho até ele.

– Todos estão cientes do plano?

– Sim, senhor. – o grupo respondeu em coro.

– Vamos salvar Skye.

(...)

– É isso mesmo, Hela – Loki surgiu na conversa, aparecendo repentinamente na sala em que elas estavam – Seu pai é um homem muito especial. E um pouco – ele gesticulou com as mãos, procurando a palavra certa para descrevê-lo. – Instável, tenho que dizer.

– Dá pra parar de falar em códigos aqui? – me revoltei com toda aquela enrolação. – Alguém quer me dizer por favor, o que está havendo? Quem ou o que é o meu pai?

Pude ver o rosto de minha mãe corando. Ela estava nervosa, com medo ou preocupada, apenas acrescentando mais dúvidas à minha cabeça. Alguém precisaria me esclarecer aquilo, antes que eu começasse a enlouquecer.

– Por favor – pedi mais uma vez. – Mãe...

Iduna respirou fundo e Loki deu uma gargalhada.

– Essa eu quero ouvir de perto. – ele disse, puxando uma cadeira e sentando-se em frente a nós.

– Filha – ela começava a contar a história. – Quando seu pai descobriu o câncer, ele fugiu de casa. Deixou um bilhete dizendo que não queria que eu desperdiçasse minha vida com ele e simplesmente foi embora. Algum tempo depois, ele conheceu o Departamento H que era uma organização canadense que desenvolvia armas para o governo. Eles disseram que poderiam curar o câncer do seu pai então ele se ofereceu como cobaia do Programa Arma X. O fator de cura injetado nele curou seu câncer, mas infelizmente, algo deu muito errado e seu pai se tornou um homem mais transtornado do que era antes.

Iduna parou e olhou feio para Loki, vendo que ele ficava mais contente a cada frase. “Ele era mesmo um desgraçado.” Ela olhava para mim em seguida, como se tentasse estudar como eu estava reagindo internamente àquilo e eu não consegui esconder minha inquietação. Nunca, jamais teria imaginado tanta coisa ruim envolvendo minha história, embora eu já devesse ter me acostumado a tudo isso a essa altura do campeonato.

– Quando Wade entrou para o Projeto Arma X, acabamos por nos reencontrar novamente, já que eu consegui desenvolver uma habilidade de metamorfose, devido o encantamento que Loki pôs em mim. Nesse tempo, adotei um novo codinome: Mímica.

(Oh Meu Deus! Minha mãe quer dar um nó na minha cabeça com essa história? Por que eu não sou filha da Branca de Neve ou sei lá o quê? Tenho certeza de que qualquer história seria menos complicada do que a minha...)

– As coisas pioraram para Wade no dia em que ele matou um de nossos companheiros e foi expulso do Programa. Foi aí que ele ganhou seu novo nome...

Loki bateu palmas, com um saco de pipoca na mão. (Em que momento ele pegou aquilo e... Pipoca em Asgard?! Okay... Tem algo muito errado nisso...)

– Wade foi preso num hospício comandado por loucos. Eles submetiam os pacientes a todo tipo de tortura – os olhos dela começaram a lacrimejar novamente. – Num jogo horrível e macabro chamado “Deadpool”

– Isso, isso! – Loki respondeu, mastigando a pipoca. – Essa é a minha parte preferida!

Iduna o ignorou e voltou os olhos pra mim. Eu estava assustada (como não estaria?). Apenas limpei a garganta e a encarei, engolindo meu medo esôfago abaixo.

– Wade sofreu como um condenado naquele lugar... As torturas, os cortes... Aquilo deformou todo o seu corpo... Mas ele era frio diante da dor. Todos o respeitavam por isso... Até que ele teve de matar um amigo que estava sofrendo à beira da morte. As regras diziam que quem matasse naquele lugar, também seria morto, então – ela respirou fundo e as lágrimas desceram dos seus olhos. – Arrancaram seu coração fora.

E o meu acabou de ter uma parada cardíaca... Jemma... Socorro...

– Arrancaram o... – arregalei os olhos.

– Sim. E depois o deixaram para morrer.

– Oh meu Deus! – meu queixo quase encostava no chão nessa hora.

– E o mais estranho vem a seguir – ela deu uma pausa, esperando eu fechar a boca novamente. – O desejo de vingança dele era tão grande que o seu fator de cura foi ativado e o seu coração se regenerou completamente.

– Oh meu Deus! – repeti. – Duas vezes “Oh Meu Deus!”.

– Wade atacou o homem que havia arrancado seu coração e fugiu do hospício. Sua pele, porém... Nunca se regenerou. Ele acabou adotando um novo nome...

– “Deadpool” – respondi, ainda com os olhos arregalados e lacrimejando.

– Sim.

Iduna respondeu apenas isso. Eu não podia respirar direito e meu pulso começava a doer novamente. O que aquele verme tinha feito comigo afinal de contas?

– Violet – ela levantou os olhos para mim. – Loki arquitetou tudo, minha filha. Ele descobriu a fórmula para criar um ser poderosíssimo que pudesse dar continuidade ao plano dele... De trazer Niflheim de volta...

– Mãe, ele disse que eu vou me transformar em...

– Hela – Loki interrompeu, falando atrás de mim. – Eu mereço – ele ficou de pé, falando num tom sarcástico. – Vocês falam de mim como se eu não estivesse bem atrás de vocês! E sim, Hela – ele deu ênfase ao nome. – Eu lhe criei! Não percebes? Seu pai é a morte, sua mãe é a vida... O que acha que surgiria da fusão de dois seres assim? Você é muito lenta para um ser tão poderoso!

Tudo agora fazia sentido.

– Eu vou dizer em alto e bom tom o que vai acontecer nas próximas horas – ele puxou meu braço e sentou-me num trono negro que estava no final da sala. – O segundo e último teste vai me dar a certeza se você está realmente pronta para isso. E é bom que você esteja, ou sua jovem mãezinha envelhecerá em segundos e morrerá, assim como todos os Aesir!

– Seu desgraçado...

– Ofenda o quanto quiser, eu já tenho o que eu quero mesmo... Suas palavras não surtem efeito em mim! – Ele amarrou meus braços naquele trono, que eu vi ter uma espécie de capacete na parte de trás. – Vamos ver se suas lembranças podem ser ativadas com isso...

– Você vai fazer uma lavagem cerebral em mim? Seu...

– Acalme-se, Hela... Não é uma lavagem cerebral! Você apenas só lembrará do momento em que nasceu... Do momento em que a Morte veio à Vida. Suas verdadeiras raízes brotarão dentro de você, então, não mais poderá negar sua origem. Você saberá que você voi criada para ser a Rainha de Niflheim e...

– Ah, então é ela, papai? – Uma terceira voz feminina surgiu, envolta num manto negro. – A pequena Skye é realmente a sua escolhida? – Hela soltou uma gargalhada. – Oh, meu anjo – ela me olhou num misto de nojo com sarcasmo, era tão asquerosa quanto o pai. – Eu disse que detestaria acabar com seu rostinho... Mas, como você sabe... – ela mordeu o lábio inferior até sangrar e limpou o sangue negro com a própria língua. – Eu não sou nada esportiva...