Quarta-feira, 13 de outubro de 2013, quatro e cinquenta e dois da tarde.

Crawford também não era uma cidade tão grande, mas ainda assim era a cidade grande do estado. Kevin estava entrando no centro, onde havia vários prédios e muitas pessoas apressadas. Cidade grande era um dos lugares em que ele não desejava viver.

Olhou pelo retrovisor para checar se Joshua estava bem atrás dele e ele estava. Depois continuou dirigindo até a rua onde ficava a loja de fantasias.

***

O nome da loja era Krait, Os carros de Kevin e Joshua estavam parados em frente a ela.

– Vai ser difícil encontra-lo, essas fantasias vendem muito – Joshua lamentou.
– Não custa nada tentar – Kevin colocou as mãos no bolso da jaqueta e eles entraram.

A loja estava bem movimentada, no geral com pré-adolescentes e crianças.

– Cara, isso aqui é uma bagunça – Kevin disse, quando uma criança de uns cinco anos passou correndo ao seu lado, com uma máscara de super-herói. A mãe estava bem atrás dele, tentando pará-lo.
– Vamos falar com a balconista – Joshua apontou para uma garota sorridente no caixa a poucos metros dali.
– Oh, sim, vamos.

Havia uma mulher na fila. A balconista deveria ter uns dezenove anos, estava sorrindo e falando com uma criancinha de quatro anos, provavelmente o filho da mulher que estava na fila.

– Que anjinho lindo – Ela disse – Qual o nome dele?
– Tate – A mulher respondeu, sorridente – Mas não pense que ele é um anjinho.

A garota sorriu e disse:

– Crianças nessa idade são assim mesmo, não é Tate?

Quando Kate – Kevin viu o nome no crachá que ela usava – entregou a nota fiscal à mulher com o garoto, agradeceu e ela foi embora.

– No que posso ajudar, senhores? – Kate perguntou.
– Ah, nós somos policiais de Misty, uma cidade vizinha – Kevin disse e eles mostraram seus distintivos – E estamos investigando o assassinato de um garoto.
– Oh – Ela tirou o sorriso do rosto.
– Bom, na cena do crime, nós achamos esse recibo – Ele mostrou o pedaço de papel – E essa compra foi realizada aqui.

Kate pegou o recibo rasgado e deu uma olhada.

– Ah, sim, foi comprado aqui, mas o recibo está rasgado então não dá pra ver os dados da compra, tudo o que diz é a data e a fantasia que foi comprada. Sem dados do comprador. Vocês não estão com o outro pedaço?
– Infelizmente não, mas há algo que você possa fazer?
– Oh sim, eu acho que posso fazer uma coisa – Ela começou a mexer no computador – Eu vou olhar o registro de compras nessa data e descobrir... Ah, sim, achei.
– O que? – Joshua perguntou.
– Nesta data apenas duas dessa fantasia foram vendidas.
– Só isso? – Joshua perguntou, surpreso.
– Que sorte a nossa! – Kevin comemorou.
– Quais os nomes dos compradores? – Joshua novamente perguntou.
– Jacob Smith e Kurt Rogers – Ela respondeu – Vocês querem um registro das compras?
– Sim, por favor – Kevin respondeu.

Ela imprimiu duas folhas de papel e entregou a Kevin.

– Err... – Joshua começou – Kate – Olhou em seu crachá – Você não consegue lembrar dos homens que compraram essa fantasia?
– Não, desculpe-me – Ela respondeu – Eu comecei hoje, Jeff, o caixa fixo, sofreu um acidente de carro ontem.
– Oh, eu sinto muito pela perda de vocês.
– Ah, não – Ela sorriu – Ele está bem, está no hospital, vai voltar a trabalhar em alguns dias.
– Oh, desculpe-me – Joshua também sorriu.
– Obrigado pela sua ajuda – Kevin agradeceu.
– Por nada – Ela deu um sorriso fraco – Fico feliz em ajudar, apesar da situação.

Os dois sorriram para ela e foram embora.

Do lado de fora da loja, eles conversavam.

– O que faremos agora? – Kevin perguntou.
– Vamos atrás dos dois suspeitos – Joshua respondeu – Vamos começar por Kurt Rogers – Disse ele, olhando o nome do suspeito na folha que a garota havia lhe entregado.
– Onde fica a casa?
– Rua Elm, número 108, eu sei onde fica.
– Então vamos lá! – Kevin disse, entrando em seu carro. Joshua entrou no seu e eles partiram.

***

A Rua Elm ficava em um bairro de classe média em Crawford. Eles já estavam no bairro, mas não na tal rua. Joshua dirigia pelas ruas devagar, procurando pelo nome Elm escrito em uma daquelas placas verdes que ficam nas esquinas.

Ao virar a esquina da Rua Shelton, ele deparou-se com outra placa, dizendo Rua Elm.

– Finalmente – Ele falou para si mesmo, e começou a procurar pela casa de número 108. Quando a achou, parou em frente à calçada e desceu do carro.

Kevin veio ao seu encontro.

– O que vamos fazer? – Ele perguntou.
– Vamos fazê-lo responder algumas perguntas.

Os dois caminharam pelo caminho de pedra no meio do jardim que terminava na porta e tocaram a campainha. Depois do segundo toque, um homem de aparência não muito boa atendeu. Ele estava com um roupão e com uma expressão de raiva no rosto.

– Você é Kurt Rogers? – Kevin perguntou.
– Não, é meu filho – O homem respondeu.
– Ele está em casa? Precisamos fazer algumas perguntas – Joshua perguntou.
– E quem são vocês?
– Polícia de Misty – Kevin respondeu, e os dois mostraram seus distintivos.
– E o que policiais de uma cidadezinha querem com o meu filho?
– O seu filho pode estar envolvido no assassinato de um garoto.
– O que? – O homem ficou surpreso – Não é possível.
– É possível sim e nós queremos descobrir.

O homem desmanchou sua cara de mau humor e ficou amedrontado.

– Você pode entregar este número a ele? – Joshua entregou um número de celular em um papel – Se ele não nos ligar em duas horas, nós voltaremos aqui novamente.
– Tá bom – O homem pegou o papel, estava surpreso.

Kevin e Joshua percorreram o caminho de pedra novamente e o homem fechou a porta.

– Deve ser difícil saber que seu filho é suspeito de um crime – Kevin comentou, abrindo a porta do seu carro.
– Vamos procurar o outro suspeito? – Joshua perguntou.
– Vamos – Ele respondeu.

Eles deram partida nos carros e estavam prontos para partir, quando viram um garoto que parecia ter por volta dos 18 anos chegar de skate na casa que acabaram de sair.

– Ei, garoto! – Kevin chamou.
– O que foi? – O garoto virou-se e disse.
– Você é Kurt Rogers?
– Sim, sou eu – Ele desceu do skate e o pegou com a mão.
– Justamente que eu estava procurando – Kevin desligou o carro e saiu. O garoto se aproximou.
– O que aconteceu?
– Eu e meu parceiro precisamos fazer algumas perguntas.