Anjos Caídos escrita por Heichou


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Quero dizer:
Se preparem, se forem fracos de sentimentos.
Ou não.
Ah, e me desculpem a demora.



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Trevor

Não consegui dormir. A dor consumia meu corpo lentamente, não me deixando escolha a não ser chorar silenciosamente.

Quando o sol começou a aparecer pela janela daquele “calabouço” onde eu eu e Josh estávamos, ou três homens que nos chicotearam e o chefe apareceram. Estavam com a mesma roupa do dia anterior, mas sem nenhuma arma em mãos para que nos machucassem.

– Vocês vão para a Terra – disse o chefe -, mas serão vigiados. Espero que não façam nada de errado, pois se fizerem – ele fez um gesto com o dedo, simbolizando eu e Josh perdendo a cabeça.

Assenti, e vi que Josh estava “adormecido” ainda. Os homens nos desacorrentaram e nos levaram a Terra. Acordaram Josh, nos deixaram em uma praça qualquer na Califórnia, e sumiram. Não. Não sumiram. Podia sentir olhos me encarando, me seguindo. Josh ainda não parava de pé muito bem, então o apoiei no meu ombro, e o sentei num banco.

– Josh, tudo bem?

– Aham – ele respondeu, com voz fraca – Só preciso descansar um pouco.

Balancei a cabeça, concordando. Meu amigo olhou em volta, arregalou os olhos, e apontou.

– Aquele não é o Eduard?

Olhei depressa para trás. Um rapaz ruivo, andava cambaleando para todas as direções. Ele caiu de joelhos no chão, e apertou a cabeça com as mãos. Parecia chorar. Fiz um sinal para Josh ficar onde estava; ele assentiu. Sai mancando em direção a Eduard – eu poderia ir correndo, mas não dava -, e agachei ao seu lado.

– Eduard, você está bem?

O ruivo me olhou, confuso. Se afastou um pouco, e acabou caindo.

– Trevor, vamos nos ferrar, você sabe.

– Sim – respondi, levantando do chão – Mas, posso te considerar um amigo, e mesmo correndo perigo, amigos não deixam uns aos outros.

Eduard sorriu, e se levantou do chão. Ele deu um soco leve no meu ombro.

– Você tem certeza de que é um anjo negro?

– Tenho – sorri -, mas não é por isso que vou ser um amigo falso.

O ruivo abriu um sorriso maior. Fomos andando até o banco onde Josh estava, sem dizer uma palavra. Nos entreolhamos quando vimos caras altos com chicotes nas mãos, e outros com maletas enormes pretas, provavelmente com armas letais dentro. Me sentei ao lado de Josh, e coloquei a mão em sua testa; temperatura normal. Ele respirava com dificuldade, mas respirava. Seus olhos se abriram; Josh me olhou.

– Não vou sobreviver Trevor – disse ele. Uma lágrima escorreu – Sinto muita dor, dói até respirar.

– Josh – falei -, você sempre me incentivou a superar os desafios, sempre me deu apoio. Sei que isso que passamos foi de mais, mas eu vou te ajudar a viver, não vou te deixar.

Meu amigo sorriu, levemente.

– Obrigado – ele suspirou, depois olhou para o lado, assustado – Tre-Trevor?

– O quê? – perguntei.

Me arrependi de ter feito a pergunta. Os três homens que nos maltrataram no dia anterior vinham em nossa direção. Agarrei o braço do Josh e do Eduard e sai correndo para longe. Nos escondi em um beco, vendo os homens passarem reto. Respirei fundo, e os outros garotos também. Nos olhamos, e sorrimos.

– Obrigado por salvar nossas vidas – disse Eduard.

– É, valeu mesmo – completou Josh, ofegante.

– Por nada gente – respondi.

Fui ver se os homens estavam nos procurando, mas parecia que não. Fiz sinal para os garotos, e saímos do beco. Um assovio passou raspando pela minha cabeça e pelo braço de Eduard. Acertou o peito de Josh. Me virei, e vi que ele ainda estava vivo. Aquilo que o atingiu era uma flecha com veneno. Tirei-a de seu peito. Levantei-me, e soquei a boca de um homem, enquanto Eduard socava outros dois, que pareciam ser anjos brancos.

Lutávamos igual a malucos com aqueles caras, Eduard se dedicando ao máximo para vencer, e eu me dedicando ao máximo para parar de pé. Terminei por chutar o pênis de um dos caras, derrubar um no chão fazendo-o ficar inconsciente, e o outro fiz sair correndo, ameaçando lançar a flecha que atingira Josh nele. AH MEU DEUS! JOSH!

Virei-me para o corpo de Josh. Ele respirava, estava de olhos abertos, quase virando ao contrário. Muito sangue escorria de seu ferimento, formando uma poça abaixo de sua cabeça. Uma lágrima percorreu meu rosto. Percebi que outros ferimentos dele também sangravam, como, por exemplo, um corte no pulso, causado pelas correntes.

– Trevor... – ele sussurrou, e tossiu.

– Calma, por favor – falei – Você não vai morrer Josh, eu vou te ajudar. Confie em mim.

– Eu sempre confiei – Josh respondeu, com um sorriso fraco no rosto -, mas agora é tarde. Sinto muito Trevor, não a nada para fazer.

– Há sim. Me desculpe. Não sei como você me aguentou todos esse anos Josh, todas as minhas besteiras, desculpas, e... – solucei.

Eduard se agachou ao meu lado.

– Trevor – murmurou Josh – Obrigado. Obrigado por sempre ter sido... – ele parou, depois tossiu, e sussurrou – Meu melhor amigo.

Seus olhos viraram para trás, sua cabeça virou para o lado. Desabei em lágrimas, não sabendo o que fazer. Me levantei do chão, com Eduard ao meu lado. Saímos andando, deixando o corpo de Josh para trás, que logo foi levado pelos anjos que nos perseguiam.

Mataram meu melhor amigo.

Eu iria vinga-lo.

Nem que custasse a minha própria vida.


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Notas finais do capítulo

Eaí? Comentem :3



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