A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 80
Capítulo especial V - O grito da Banshee


Notas iniciais do capítulo

Johan de Corvo, Miguel de Cães de Caça e Alec de Lagarto adentraram no Cemitério do Santuário seguindo o rastro do cosmo hostil de um poderoso berserker, mas o que os espera é o "Presságio final da morte". A primavera do Olimpo surge no calor da batalha e anuncia a futura colheita.



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Capítulo especial V - O grito da Banshee


Cemitério do Santuário de Atena – Grécia
 

O cemitério onde descansa os Cavaleiros de Atena fica situado na região leste da montanha do Santuário. Localizado em uma vasta planície repleta de túmulos e flores que são depositadas e cultivadas pelos residentes do Santuário e do Vilarejo.

Johan de Corvo, Alec de Lagarto e Miguel de Cães de Caça adentraram no terreno em meio a escuridão da noite seguindo o rastro de um cosmo hostil e poderoso emanado por um berserker.

— Sinto um forte deslocamento de cosmos em todo o Santuário. — disse Johan de Corvo, caminhando entre os túmulos. O Cavaleiro de Prata estava com os olhos vendados por uma faixa escura devido a sua perda de visão após enfrentar Hipólita de Estinfálides, uma das Amazonas da Guerra subordinadas à Ares. Desde então seus outros sentidos ficaram mais aguçados. — E parece que tudo está se concentrando na região central. Não pensei que ainda restasse tantos berserkers.

— Por isso não podemos demorar aqui. — disse Miguel. — Temos que achar o berserker que correu nessa direção, derrotá-lo e voltar para ajudar os outros.

— Sim. — disse Johan, concordando. — Falando nisso... Ao entrar no cemitério eu senti algo estranho. Não sei exatamente do que se trata, mas... É incomum.

Miguel notou o silêncio de Alec e virou-se procurando o amigo. O Cavaleiro de Prata de Lagarto estava parado diante de uma lápide. Pelas condições da rocha era uma pedra nova que havia sido posta lá recentemente.

Alec estava diante do túmulo da sua amada. Pavlin de Pavão. Morta pelo berserker Anatole de Quimera que a atraiu para uma emboscada usando a fisionomia do Cavaleiro de Atena.

— Está tudo bem, Alec?

— Sim, eu... — o cavaleiro de prata conteve as palavras ao perceber que aquela voz não pertencia a Miguel ou Johan. Alec se deparou com uma linda jovem de longos cabelos loiros, olhos verdes e usando um vestido branco na altura dos joelhos. — Pa-Pavlin?! Você...

— Sou apenas um resquício de lembrança. — disse ela com a intenção de não dar falsas esperanças ao seu amado. — Sinto seu coração aflito. Igual naquela noite na floresta.

— Eu sinto tanto. — disse ele com os olhos azuis cheios de lagrimas e uma dor aguda na voz. Sua garganta ficou seca, seu coração acelerou e a palma de suas mãos começaram a soar frio. — Eu pedi ao Grande Mestre para que você não fosse envolvida nos planos dele. Eu não queria que você ficasse na linha de frente, mas...

— Mas eu sou uma guerreira de Atena. Uma Saintia. Minha posição sempre será na linha de frente da minha deusa. Mesmo depois da morte, isso não mudou. Meu espírito continua protegendo Atena.

— Pavlin... Queria que você estivesse aqui.

— Mas eu estou. — disse ela repousando a mão em cima do peito de Alec. — Dentro do seu coração. Pulsando em cada batida. É por isso que só você pode me ver. Apenas você.

Longe dali, Miguel avistou Alec ainda parado diante do túmulo de Pavlin chorando e se lamentando. Miguel estava prestes a chamar o amigo, mas Johan colocou a mão no ombro do Cavaleiro de Prata e balançou a cabeça.

— Ele precisa de um momento sozinho. — disse o Cavaleiro de Corvo. Johan podia sentir a tristeza que envolvia Alec. — Vamos em frente. Depois ele nos acompanha.

— É... Você tem razão.

Os dois cavaleiros caminharam mais alguns metros até chegar em um local do cemitério onde não havia flores ou gramas ao redor dos túmulos. A terra era escura, sem vida e as lápides estavam quase todas destruídas. Em alguns túmulos podia ser lido nomes conhecidos, como Saga de Gêmeos, Shura de Capricórnio, Afrodite de Peixes, Misty de Lagarto, Mouses de Baleia e vários outros nomes pertencentes a cavaleiros da geração anterior que morreram na rebelião de Saga.

— Por que essa região do cemitério parece... morta?! — perguntou Miguel, enquanto cruzava o campo.

— De acordo com o Mestre Shun, na última Guerra Santa contra Hades, há 15 anos atrás, o Imperador do Submundo maculou o sagrado cemitério dos cavaleiros e reviveu os mortos. — explicou Johan. — Jabu de Unicórnio, Shina de Ophiuco e os outros cavaleiros derrotaram alguns cavaleiros revividos, mas Hades ainda podia reviver outros. Então Shina ordenou que os soldados queimassem os túmulos dos cavaleiros até que não restasse nada para o deus do mundo dos mortos reviver.

— Ressuscitar companheiros de guerra... É uma atitude covarde.

— Sim, tem razão. Desde então essa terra ficou assim, sem vida. Nenhuma flor ou grama nasce nessa região. Mas agora os mortos não voltam mais a vida. Com a derrota de Hades, o mundo dos mortos foi destruído e as almas podem descansar após a morte.

Após percorrer alguns metros, os cavaleiros de prata estavam quase no limite do cemitério quando Miguel parou subitamente.

— Por que você parou? — perguntou Johan.

Miguel estava diante de uma lápide que marcava o ano de 1994. 7 anos atrás.

— Eu havia me esquecido completamente dele... — disse o Cavaleiro de Cães de Caça.

Johan se aproximou do amigo. Na pedra havia o nome de um cavaleiro de bronze. Ascalon de Peixe-Austral. Um antigo companheiro que perdeu a vida em uma missão do Santuário.

— Éramos jovens. Já se passaram 7 anos, Miguel. — disse Johan.

Miguel se ajoelhou diante do tumulo e tirou o seu elmo, soltando seus cabelos lilás sobre os ombros.

— Foi minha culpa o que aconteceu com ele. — disse o Cavaleiro de Prata de Cães de Caça. — Seu eu tivesse prestado mais atenção no silêncio dele... Se eu tivesse a minha habilidade mais apurada naquela época... — disse fechando o punho. — Se eu tivesse deixado de lado a ética e tivesse lido os seus pensamentos...

— Sim, se você tivesse sido invasivo nos pensamentos dele, talvez ele estaria vivo. — disse Johan. — Mas você não tem o direito de sair por aí invadindo a mente dos seus aliados. Sua técnica deve ser usada contra seus inimigos. O que aconteceu com Ascalon foi uma fatalidade e não tinha como você prever. Ninguém teve culpa.

Apesar de não ter a intenção de magoar o amigo, as palavras de Johan geraram um grande peso nas costas de Miguel. O Cavaleiro de Cães de Caça se sentiu ainda mais culpado e amargurado.

— Você não entende. Fui eu quem o achou naquela situação... Passei meses com aquela cena na minha cabeça. Se repetindo todas as noites nos meus sonhos.

— Mas agora é tarde demais para lamentarmos por isso. — disse o Cavaleiro de Corvo, caminhando. — Aquela missão foi difícil para todos. Aquele local... Aquele lugar enlouqueceu todos nós. Ele estava doente e nós não sabíamos.

 — Mesmo assim... Eu...

Johan parou, respirou fundo e ponderou as palavras.

— Talvez você precise de um tempo. — disse ele, tentando ser compreensivo com a dor do colega. — Vou continuar com a ronda. Não estou sentindo a presença do berserker. Ele pode ter cruzado o cemitério e ido até a floresta que rodeia a região. Fique aqui, logo Alec nos acompanha. Eu já volto.

Johan cerrou o punho e correu. Não era de sua personalidade ser emotivo, mas ele entendia que cada pessoa supera um trauma de forma diferente.

O Cavaleiro de Prata percorreu a grande área do cemitério, mas não havia qualquer sinal físico da presença do inimigo, apesar de ele ter a leve impressão de que o berserker não estava tão longe dali.

Após um longo tempo caminhando, o Cavaleiro de Corvo parou. Ele teve a sensação de estar andando sem rumo, como se estivesse percorrendo um labirinto sem saber para onde está indo. Suas pernas estavam doendo e seu corpo parecia estar no limite da exaustão.

— Tem algo estranho acontecendo aqui. — disse ele, analisando a área ao seu redor. — Além de ter a impressão de que eu andei em círculos nos últimos minutos... Eu não sinto o cosmo do Alec, do Miguel ou de qualquer outro cavaleiro no Santuário. Tudo está... Em silêncio.

Johan virou-se procurando Alec e Miguel, mas não sentia mais a presença dos seus amigos. Foi aí que ele percebeu que estava na área mais afastada da montanha do Santuário, do outro lado do terreno do cemitério. Uma região isolada e considerada proibida no Santuário.

Diante de Johan havia uma caverna profunda. Aquele local era chamado de “Distrito maligno”. Apenas o Grande Mestre tem autorização para caminhar naquele lugar. Nem mesmo os Cavaleiros de Ouro ou os guardas do Santuário podem se aventurar naquele terreno.

O Santuário mantinha em segredo as razões para ninguém se aproximar daquela área, mas a sensação maligna que fluía daquele local era suficiente para manter afastado qualquer sombra de curiosidade.

— Como eu vim parar tão longe sem perceber?! — questionou Johan, dando meia volta. — Preciso retornar para junto dos outros...

— Pobre corvo solitário... Se perdeu do bando e agora está grasnando. — disse uma voz vindo de dentro da caverna.

— O quê?! Tem alguém lá dentro?! Seria o berserker?! — pensou Johan, observando por cima do ombro.

— Se quer se juntar àquelas pobres almas... Então fique. Eu posso guiá-lo até eles.

— Quem está aí? Apareça!

Os passos do inimigo ecoavam pelo interior da caverna. Das sombras da noite surgiu o berserker. Seus cabelos azul esbranquiçado eram longos caindo sobre os ombros, seus olhos eram vermelhos como brasa mergulhada na escuridão e sua pele era pálida como papel.

Sua aparência era ambígua, não sendo possível determinar de imediato se era um homem ou uma mulher. Havia uma beleza delicada nos traços suaves do seu rosto e na imponência dos seus passos, destoando da Onyx negra que vestia, mas também havia uma postura forte em seu corpo, como a de um jovem guerreiro.

O seu elmo era semelhante a uma coroa negra com joias emitindo um brilho esverdeado.

— Esse cosmo... Foi você quem vimos correr em direção ao cemitério! — disse Johan. — Quem é você e onde estão os meus amigos?

— Eu sou aquele que anuncia a chegada do ceifador e profere o grito da morte. Meu nome é Gradys de Banshee, do exército do Medo. Apesar que... A essa altura da guerra não faz a menor diferença o batalhão ao qual o berserker pertence.

Johan deu um passo para trás.

— Na mitologia celta, as Banshee são mensageiras da morte. Possuem a habilidade de prever o fim da vida de quem entra em seu caminho. —  Pensou Johan. — Você falou do Alec e do Miguel... Onde eles estão? Por que eu não sinto os cosmos deles? — perguntou o Cavaleiro de Corvo.

O berserker sorriu e seus olhos vermelhos brilharam.

— Já ouviu falar que “Um porco não consegue perceber a existência de um deus”?! — perguntou Gradys elevando o cosmo e emitindo um brilho sombrio nos olhos. — Vocês não conseguiram notar a minha presença, mesmo quando eu caminhei lado a lado com vocês. São mais tolos do que ratos ou porcos. Quer mesmo saber onde estão os seus amigos? Eu vou lhe mostrar, mas por favor...

O berserker avançou contra Johan e desferiu um golpe na mente do Cavaleiro de Prata antes que ele pudesse reagir.

— Não enlouqueça. — disse o Berserker.

Imagens inundaram a mente de Johan.

 

[Alec de Lagarto]

 

— Pavlin... Eu peço que você me perdoe por não ter chegado a tempo naquela noite. — disse Alec tentando tocar a Saintia, mas sua mão apenas atravessou a imagem espiritual da guerreira. Frustrado, Alec recuou. — Se eu pudesse, eu teria trocado de lugar com você.

Pavlin deu um doce sorriso.

— Você pode se unir a mim e abandonar essa guerra. — disse ela. — Johan e outros levarão o seu legado adiante e protegerão Atena. Não tenha dúvidas disso.

A Saintia se afastou de Alec e ainda com um doce sorriso no rosto estendeu a mão para o Cavaleiro de Prata.

— Pavlin... Eu... Eu não posso. Eu estaria abandonando Atena no momento em que ela mais precisa dos seus cavaleiros. E também... Estaria abandonando meus amigos.

— Mas já é tarde, meu querido. Você foi deixado para trás devido a sua fraqueza. Apenas os fortes podem seguir em frente. E o destino dos fracos... É a morte.

— O que você quer dizer com isso?

— A sua hora de morrer chegou. Ouça no vento o grito que irá lhe libertar de toda a dor e sofrimento. Presságio da mensageira da morte!!

Um grito desesperador rasgou o silêncio da noite vindo por trás de Alec. O Cavaleiro de Prata virou-se assustado e teve o seu corpo paralisado. Não havia ninguém atrás dele, mas aquele grito era semelhante aos gritos de dor proferidos por Pavlin enquanto estava sendo torturada pelo berserker Anatole de Quimera. Apesar da semelhança, não era ela quem estava gritando. Só havia os dois naquela área, mas a alma de Pavlin permanecia em silêncio ao seu lado. Era como se apenas ele tivesse ouvido aquele grito.

— De onde veio esse grito? E o que está acontecendo com o meu corpo? Eu não... — Ele sentia seus membros dormentes e tinha a sensação de que estava sendo arrastado para um sono profundo. — O que...

— Esse é o sono da morte. — disse a alma de Pavlin, mas sua voz já não pertencia a Saintia.

Alec arregalou os olhos ao ver a imagem da sua amada se transformando em um berserker de longos cabelos azuis esbranquiçados e olhos vermelhos.

— Você é um berserker!! Então esse tempo todo... Era você?! — havia uma pontada de indignação, frustração e dor em sua voz.

— Eu sou Gradys de Banshee. Aprecie o momento, Cavaleiro de Prata. Você está tendo a oportunidade de passar pela mesma experiência que aquela Saintia passou ao ver o seu rosto se transformando no rosto de Anatole. Esse é o meu presente para você. Lhe darei a mesma morte que a sua amada teve.

— Miserável!! Como ousa imitá-la?! — gritou Alec. — Você vai pagar por isso!!

O Cavaleiro de Lagarto cerrou o punho e elevou o seu cosmo ao máximo, rompendo a restrição dos movimentos e o bloqueio dos sentidos.

— Conseguiu se libertar?! — disse o berserker surpreso.

Alec avançou contra Gradys e desferiu um soco. O berserker desviou, vendo o punho do Cavaleiro de Prata passar rente pelo seu rosto. A força do ataque moveu uma poderosa rajada de vento que rasgou o solo e revirou vários túmulos, deixado um rastro de destruição.

Apesar de ter conseguido desviar, Gradys ficou impressionado com o poder de Alec ao sofrer um corte de raspão no rosto. O berserker rapidamente afastou do seu rosto qualquer sinal de surpresa e contra-atacou desferindo um soco que forçou Alec a recuar.

— Não adianta, cavaleiro. Você foi embalado pela sua fraqueza ao ouvir o grito da Banshee. Não há como fugir do anúncio da sua morte. A sua sentença foi dada!

— O destino da minha vida não vai ser decidido pela técnica do meu inimigo. Mas mesmo que eu morra, eu levarei você comigo! Tempestade das Trevas!!

O cosmo de Alec se transformou em uma poderosa tempestade de cosmo e vento, arrastando tudo pelo caminho com a finalidade de arremessar o berserker para o alto e comprimi-lo em uma esmagadora pressão, mas o guerreiro de Ares bloqueou a técnica e em seguida a anulou.

— Im-Impossível!!

— Uma técnica fraca e desesperada como essa não me afeta. Lhe darei uma demonstração de poder.

O berserker elevou o cosmo e estendeu a mão disparando uma rajada de cosmo. O golpe cruzou o terreno e atingiu o local onde Alec estava, gerando uma forte explosão seguida por uma nuvem de poeira.

Inesperadamente o Cavaleiro de Prata surgiu atravessando a poeira após desviar do ataque.

— Seus ataques são na velocidade da luz, mas isso não me impressiona. Eu fui treinado por um Cavaleiro de Ouro. Shun de Virgem.

Gradys sorriu e em seguida desapareceu, se dissolvendo no ar como uma gota de tinta na água. O Vento soprou forte e Gradys surgiu atrás de Alec, surpreendido o Cavaleiro de Atena.

— Eu não esperava que pudesse se mover tão rápido — disse o berserker. — Mas não seja vaidoso ao ponto de achar que eu não posso lhe acompanhar.

Gradys desferiu um soco que arremessou Alec contra as lápides, rasgando o solo do cemitério.

— Apesar da sua aparência delicada, ele é fisicamente forte. — pensou Alec tentando se levantar. Sangue escorria de sua boca e de sua testa. — Bastou apenas um soco para me arremessar. Além disso...  o cavaleiro de prata levou a mão até sua costela. Havia uma dor aguda percorrendo aquela região do seu corpo. — Sinto que fraturei um ou dois ossos.

— Vai mesmo se levantar? — perguntou o berserker. — Eu estava prestes a lhe enviar para junto daquela garota.

— Não ouse falar da Pavlin! — disse Alec recuando o punho e elevando o cosmo. — Você zombou dela! Como um desgraçado como você pode fazer pouco caso de alguém tão nobre como ela? Morra berserker!! Tornando Nebulosa!!

Alec estendeu o braço e criou uma gigantesca nebulosa com o seu cosmo, transformando-a em um violento tornado de cosmo. Sugando o berserker para o centro do golpe.

— É o seu fim!!

— Tolice! Um golpe lançado pelo calor do desespero emocional é inútil.

— Ele está resistindo a pressão da minha técnica! — disse Alec, espantado.

— Esse é o problema dos Cavaleiros de Atena. São crianças emotivas que vão para o campo de guerra sem saber o terror que os espera.

O cosmo de Gradys se elevou tão alto quanto o de Alec e desfez o Tornado Nebulosa, liberando um forte deslocamento de cosmo que golpeou o Cavaleiro de Prata e o lançou com força contra o chão.

— Acabei de lembrar de uma coisa... Existe uma ordem de execução expedida especificamente para você. Ou você acha que a sua traição passou despercebida? Afinal você fingiu ser um aliado do Senhor Ares, mas depois traiu o exército do deus da guerra. Sinta-se agraciado por ser relevante em algo.

— Isso não me intimida. — disse Alec se levantando. — Fiz o que devia ser feito pelo exército de Atena!

— É interessante saber que o Grande Mestre confiou um plano tão audacioso nas mãos de um jovem tão imaturo. Isso soa... Desesperador.

Alec sorriu.

— E mesmo assim nós estamos vencendo. — disse o Cavaleiro de Prata elevando o cosmo mais uma vez. Tão forte quanto antes. Gradys ficou surpreso. — Quem me parece desesperado são vocês, berserker.

Alec se moveu em direção ao berserker, que o aguardava em posição de defesa, mas durante o percurso o Cavaleiro de Prata correu para a lateral do berserker, se aproximando por trás para uma investida.

Gradys virou-se no momento em que Alec desferiu um chute. O berserker bloqueou o ataque, mas quase foi arrastado pela forte pressão de impacto. Com a outra mão livre, o berserker contra-atacou lançando Alec para o alto. Apesar do forte arremesso, o Cavaleiro de Prata usou a força do deslocamento para expandir a sua cosmo-energia e reunir ao seu redor as correntes de vento que cortam as montanhas da Grécia, fazendo as nuvens formarem um redemoinho acima.

Alec estendeu a mão para o alto concentrando toda a energia reunida e disparou contra o seu inimigo. Diante da ameaça, Gradys ergueu um escudo em sua volta para tentar se proteger da técnica do Cavaleiro de Atena. A colisão contra a defesa do berserker forçou uma ruptura e foi no ápice do embate que o cosmo de ambos explodiu, erguendo uma extensa coluna de luz.

Alec pousou ofegante e cambaleando, mas rapidamente ajustou sua postura ao ver o berserker de banshee atravessando a nuvem de poeira, deixando uma imensa cratera para trás.

— Você conseguiu realizar um milagre... — disse o berserker mostrando uma rachadura no braço direito da onyx.

— Apenas uma rachadura?  pensou Alec, surpreso.

Os olhos vermelhos de Gradys brilharam. O berserker se moveu na velocidade da luz fazendo zigue zague e se aproximou de Alec, desferindo um chute embalado em cosmo. O cavaleiro de prata desviou do ataque, mas Gradys girou e fez uma segunda investida. Alec cruzou os braços bloqueando o novo golpe e em seguida expandiu seu cosmo, afastando o berserker e o golpeando com um soco.

Gradys interceptou o punho de Alec com apenas dois dedos e tomou distância, concentrando uma grande massa de cosmo energia na palma da sua mão para em seguida disparar contra o Cavaleiro de Atena. A técnica parecia um gigantesco meteoro prestes a colidir, mas Alec uniu suas energias e disparou uma rajada de Cosmo que atravessou o golpe do berserker.

Mas para a surpresa do cavaleiro de prata, Gradys surgiu acima de sua cabeça e desferiu um chute em seu ombro esquerdo, deslocando o seu braço. A dor aguda percorreu o seu corpo e o desequilibrou. O berserker se aproveitou dessa brecha para aplicar mais uma investida, mas Alec deteve o golpe com a outra mão.

— Não pense que tem vantagem. — disse o Cavaleiro de Prata, afastando o berserker.

Gradys pousou rasgando o solo e elevou o cosmo.

— Você disse que a técnica do seu inimigo não define o destino da sua vida... Ora, como é que um cavaleiro morre então?! Se não for sucumbindo pelo golpe do seu oponente... Isso acaba aqui e agora! Alguém inferior a mim não tem a mínima chance de me vencer.

— Venha! Tempestade das trevas!

—  Presságio final!

Um rosto posicionado no centro do peito da Onyx do Berserker abriu a boca e proferiu um forte grito, criando ondas sonoras poderosas que se propagaram destruindo tudo em seu caminho. O turbilhão de cosmo disparado por Alec foi desfeito e as ondas sonoras atingirem o Cavaleiro de Prata, golpeando-o violentamente.

 A armadura de prata foi gravemente danificada e o Cavaleiro de Atena sofreu múltiplas lesões, caindo fortemente contra o chão enquanto perdia bastante sangue.

— Você não passa de uma criança usando uma armadura frágil. — disse o berserker. — Morrerá inutilmente para o seu exército, tendo conseguido apenas arranhar o seu inimigo. Você foi um fracasso como cavaleiro e como amante. Não protegeu a sua amada e nem mesmo deteve o seu oponente que agora irá se dirigir aos seus amigos.

Apesar de estar perdendo bastante sangue e ter vários ossos fraturados, Alec se esforçou mais uma vez se arrastando até o berserker e o segurou no tornozelo.

— Que esforço patético. — disse Gradys. O berserker se afastou da mão de Alec e aplicou um chute no rosto do cavaleiro. — Você caminhou tão longe para no final das contas morrer aqui. Em sua primeira guerra. Se lhe resta algum pingo de dignidade, morra sem desperdiçar.

— Mesmo que... Não seja eu... — disse Alec, com bastante esforço. — Atena possui 88 cavaleiros... Um de nós irá... derrotá-lo.

— Então terei que matar todos até que não reste nenhum. — disse o berserker, mas Alec não ouviu.

O Cavaleiro de Prata deu seu último suspiro ao confiar nos seus colegas a missão de derrotar o berserker.

—...—

 

[Miguel de Cães de Caça]

 

Ainda ajoelhado diante do túmulo do amigo, Miguel colheu o elmo da armadura de Cães de Caças e se ergueu.

— Espere, Johan! — disse ele. — Eu não preciso de um momento de luto. Não temos tempo para isso. Eu...

Ao virar para o amigo, Miguel notou que Johan de Corvo havia desaparecido assim como o cemitério. No lugar de lápides havia árvores. Ele estava em meio a uma floresta escura cercado por uma neblina espessa.

— Uma floresta?! Mas como?! Essa floresta... — disse olhando para os lados. — Não é do Santuário. Ela parece ser... — Miguel arregalou os olhos. — A floresta do Oráculo que circunda o Templo do deus Apolo!! Mas isso fica... Localizada na Cidade de Delphos!! Eu fui enviado?! Impossível!! Isso só pode ser uma ilusão criada pelo meu inimigo.

Miguel tentou avançar pela floresta, mas foi surpreendido quando um corpo despencou diante dele pendurado por uma corda amarrada no galho. O corpo pertencia a um jovem cavaleiro que trajava uma armadura de bronze.

Apavorado com a cena, Miguel deu um grito assustado e recuou, mas acabou tropeçando em um galho e caiu no chão.

— Isso não é verdade! — disse Miguel para si mesmo, fechando os olhos e se levantando. — Só pode ser uma ilusão!

O Cavaleiro de Prata deu meia volta e correu, mas esbarrou em algo.

— É isso que você vai fazer novamente?! Dar as costas e ignorar...

O jovem Cavaleiro de Bronze estava parado no caminho. Era um garoto magro e alto, pele parda, olhos verdes e cabelos pretos e curtos com uma trança caindo sobre o ombro direito. Havia uma tristeza silenciosa em seu olhar e seu pescoço estava marcado com hematomas e feridas profundas.

Miguel tentou ler a mente do colega, mas não havia qualquer sinal de pensamento. Era uma escuridão profunda e totalmente vazia.

— Ascalon... — Miguel olhou com preocupação para as marcas no pescoço do amigo. Elas haviam sido provocadas pela corda que ele usou naquele fatídico dia. — Apesar da aparência, você não é o meu amigo. Ele está morto e os mortos não podem voltar a vida. Isso é uma ilusão criada pelo berserker! Isso não é real! — gritou o Cavaleiro de Prata.

— Você é fraco e covarde, mas pelo menos não é idiota como seu outro amigo. — disse Ascalon, elevando o cosmo.

— Outros... amigo?! De quem você está falando? — perguntou Miguel

— Descobrir que se trata de uma ilusão não vai adiantar. Os sentimentos e os pensamentos são verdadeiros. Você não teve poder para perceber antes de ser envolvido pelo seu inimigo, e não terá poder para ir contra a verdade das suas emoções. Tarde demais.

O cosmo do cavaleiro de bronze deu forma a três peixes fantasmagóricos que orbitavam em sua volta.

— Essa técnica... — pensou Miguel, recusando.

— Trágica desilusão! — gritou Ascalon, disparando o seu golpe.

Duas poderosas rajadas cósmicas avançaram contra Miguel na forma de peixes. O Cavaleiro de Prata se lançou no ar e elevou o cosmo.

— Ataque de um milhão de fantasmas!! — disparou Miguel, multiplicando a sua imagem em centenas de réplicas.

— Não adianta se esconder! — disse Ascalon. — A minha técnica consegue burlar esse tipo de ilusão e sempre encontra o inimigo. Não importa onde ele se esconda!!

Um dos peixes espectrais trafegou entre as ilusões até encontrar o verdadeiro Miguel e golpeá-lo em cheio, arremessando o Cavaleiro de Prata. As réplicas foram desfeitas e o segundo peixe avançou em seguida, desferindo um segundo golpe que propagou uma descarga elétrica no corpo de Miguel.

Apesar de ferido, o Cavaleiro de Cães de Caça se ergueu e desferiu um golpe, mas o terceiro peixe, que ainda rodeava Ascalon, se dissolveu em cosmo e se transformou em uma barreira em volta do Cavaleiro de Bronze, o protegendo do ataque ofensivo.

— Era isso que eu queria. — Pensou Miguel. — Queria ter certeza de como funciona a mecânica da técnica dele. Assim o mesmo golpe não vai funcionar comigo pela segunda vez. A “Trágica desilusão” dispara dois ataques ofensivos e um defensivo. Tenho que forçá-lo a abrir uma brecha.

— Eu conheço esse seu olhar. — disse Ascalon. — É o seu olhar analítico em batalha, analisando seu oponente. Eu sei que apesar de você não conseguir ler a minha mente e prever os próximos movimentos, você conhece as minhas habilidades. Afinal fomos companheiros de batalha.

— Pare de falar como se você fosse ele!! — gritou Miguel, furioso cerrando o punho. — Pare de usar os resquícios de memórias dele!!

O Cavaleiro de Bronze sorriu.

— Eu sou ele. Até que você me destrua e revele aquele que você busca como seu inimigo. — o cosmo de Ascalon voltou a se elevar e as figuras dos peixes espectrais voltaram a se formar orbitando ao redor do cavaleiro. — Eu continuarei a ser o seu amigo.

— Você é desumano, berserker! Você não só abusa da imagem de um ente querido, como também força seu oponente a atacar. Eu irei arrancar essa máscara que você usa e vou revelar a sua identidade!! Ataque de um milhão de fantasmas!! — Disparou Miguel, voltando a multiplicar a sua imagem em milhares de cópias.

— Vai recorrer a mesma técnica inútil?! Chega de perder tempo. Trágica desilusão!

Miguel sorriu.

— Previsível! — disse o Cavaleiro de Prata. — Receba a técnica mais poderosa do meu mestre Asterion! Galáxia Girassol!!

Cada réplica de Miguel concentrou uma grande quantidade de cosmo na palma da mão e dispararam centenas de feixes de luz dourada, as quais giraram ao redor de Ascalon, formando uma gigantesca galáxia e anulando a técnica do Cavaleiro de Bronze.

A massa dourada de energia se expandiu e rodopiou, prendendo o oponente em um turbilhão de cosmo que se ergueu.

— Desapareça berserker!!

O cosmo de Miguel explodiu junto com a sua revolta, gerando uma coluna de cosmo tão destrutiva que arremessou Ascalon e propagou uma onda de energia, revirando o solo.

A imagem da floresta desapareceu e agora o Cavaleiro de Prata de Cães de Caça estava de volta ao Cemitério do Santuário, banhado pela fraca luz da lua.

— De fato... É uma técnica poderosa. Mas eu já conhecia. — disse o berserker pousando em cima da lápide de Camus de Aquário. Apesar de trajar uma Onyx, o rosto ainda era o de Ascalon, mas havia rachaduras. Como se fosse uma máscara prestes a se partir. — Eu vi o seu mestre usando essa técnica contra o Senhor Phobos. Eu era um dos berserkers que acompanhou o meu Senhor na localização dos cavaleiros rebeldes.

— O-O que...?

— Ainda assim, devo reconhecer o meu descuido. — O rosto de Ascalon rachou por completo e desfarelou, revelando a verdadeira aparência do berserker. — Você quebrou a minha ilusão, conseguindo ser mais útil do que o seu outro colega. O Cavaleiro de Lagarto.

— Alec? O que aconteceu com ele?

Gradys sorriu.

— Ele morreu.

— Está mentindo! — disse Miguel, olhando nos olhos do berserker.

Agora que a ilusão havia sido quebrada, a mente do berserker estava aberta como um livro. Miguel aproveitou para invadi-la atrás da verdade, mas a experiência foi aterrorizante.

As memórias do berserker era um combinado de mortes, genocídios e gritos de desespero das incontáveis vítimas somadas nos últimos séculos de Guerra Santa. Era como se lançar em um rio de sangue.

Mas foi dentro daquela fração de segundos perturbadores que Miguel encontrou o que menos queria. A cena de Alec, momentos antes de morrer, confiando aos seus amigos a missão de derrotar o Berserker.

— E por que eu mentiria sobre a morte de uma pessoa insignificante? — disse o berserker, sem notar que a sua mente estava sendo lida.

Ainda envolvido pela cena, Miguel não percebeu a tempo o avanço de Gradys e foi golpeado. O Cavaleiro de Atena foi arremessado e caiu rasgando o solo.

— Eu quase não consegui vê-lo se movendo. — Pensou o cavaleiro. — Alec... Eu não devia ter concordado em deixá-lo pra trás. Alec...

Miguel se levantou e deu meia volta, correndo até o local onde Alec estava.

— Ora... Os Cavaleiros de Prata dessa geração são bem mais resistentes do que os das gerações anteriores. — disse o berserker vendo Miguel se afastando. — É necessário pisar um pouco mais forte para matar. Você não vai fugir de mim, rapaz!

Miguel percorreu alguns metros desejando no fundo do seu coração que aquelas memórias fossem falsas. Que fossem mais uma ilusão, mas no fundo ele sabia que as chances de se verdade eram maiores.

 Ao se aproximar do local onde estava o túmulo de Pavlin, Miguel observou o rastro de destruição deixado para trás após a batalha e avistou ao longe o corpo do amigo caído no chão e sem vida.

— ALEC! ALEC! — gritou Miguel, se lançando no chão e tocando no rosto do amigo. — Não pode ser... Não pode ser! Vamos lá, cara. Acorda! ALEC!  

 — Os seus sentimentos de incompetência e frustração soam tão alto quanto os seus gritos. — disse o berserker se materializando ao lado de Miguel.

— Desalmado! Você é um desgraçado sem alma! — disse Miguel furioso se erguendo e desferindo um soco.

Gradys sorriu com desdém e segurou o punho de Miguel.

— Esse é o significado da palavra. — disse o berserker.

O cosmo do Cavaleiro de Prata se elevou agitando seus cabelos.

— Você vai pagar!

A força empenhada por Miguel atravessou o bloqueio do berserker, permitindo que o Cavaleiro de Prata aplicasse um segundo golpe, mas o berserker se teletransportou.

Miguel leu a mente do seu inimigo naquele rápido instante e previu onde ele ia surgir. O Cavaleiro de Prata então desviou do ataque Gradys e partiu para o segundo avanço concentrando cosmo em seu punho e aplicando um soco no queixo do berserker, arremessando-o para o alto.

— O desgraçado me acertou?!  pensou o berserker. Gradys girou no ar e pousou. — Um Cavaleiro de Prata geralmente se move entre Mach 2 e Mach 5. — disse ele. — Raros são os casos de cavaleiros prodígios que superam essa velocidade. Então como um ser limitado como você pode causar danos em mim?

De punho cerrado e cosmo concentrado, Miguel moveu-se e desferiu um golpe. Gradys o recebeu estendendo a mão para bloqueá-lo. Mas para a surpresa do berserker, o Cavaleiro de Prata contornou pela lateral, girou e aplicando um chute no rosto do Gradys, arrancando seu elmo.

Pego de surpresa, Gradys foi lançado contra algumas lápides cuspindo sangue.

— Ele conseguiu me acertar novamente. — pensou o berserker se levantando. —  Como ele pode acompanhar os meus movimentos se ele é inferior a mim?! Não é possível que ele consiga fazer isso apenas lendo a minha mente!!

Ainda usando a vantagem de ler mentes, Miguel deu continuidade à uma sequência de ataques desviando com exatidão dos golpes do inimigo e desferindo socos certeiros através das brechas de movimento.

A habilidade do Cavaleiro de Cães de caça estava lhe dando vantagem em relação à velocidade do berserker, mas Gradys logo percebeu a sua falha. O seu inimigo maior não era Miguel, mas sim a rara habilidade que ele domina.

Mas apesar do berserker ter compreendido o que estava acontecendo, ele mais uma vez esqueceu que sua mente era um livro aberto e que Miguel já estava ciente dos seus últimos pensamentos.

O cavaleiro de Prata saltou para trás tomando distância no exato momento em que Gradys atacou, mas ele usou aquela investida como brecha para seguir com um avanço.

Miguel multiplicou a sua imagem usando a técnica “Ataque de um milhão de fantasmas”, encurralando o berserker. Gradys notou que não ia adiantar enfrentar cada réplica, então o berserker elevou o cosmo e o expandiu, gerando um poderoso deslocamento de energia.

— Se eu prolongar essa luta... Ele pode acabar me vencendo por um pequeno detalhe. — pensou o berserker. — Tenho que matá-lo!!  

As réplicas foram desfeitas e Miguel foi golpeado. O cosmo do berserker repeliu Miguel, destruindo o peitoral da armadura de Cães de Caça.

— A armadura que o Senhor Kiki havia restaurado... Foi destruída!! Droga!! Desse jeito... Não! Eu não posso morrer aqui sem vingar a morte do Alec! Eu não vou cair sem acertar esse desgraçado!

O berserker se aproximou de Miguel em rápida velocidade e desferiu um chute que lançou o Cavaleiro de Prata para o alto. Miguel cuspiu sangue durante o percurso e foi surpreendido com uma segunda investida. O berserker surgiu flutuando no céu e com uma grande massa de cosmo concentrada entre as mãos.

— Não se preocupe. Isso acaba agora. Essa é a diferença entre nós. Você precisa dar o seu tudo para tentar me vencer, e mesmo assim não é suficiente. Já eu... — o cosmo de Gradys cresceu ainda mais, ampliando a esfera de cosmo concentrada entre suas mãos. — Preciso apenas mostrar uma fração do meu poder.

Gradys disparou uma poderosa rajada de cosmo que engoliu Miguel e o lançou violentamente contra o chão, despedaçando a armadura de prata por completo na medida em que o afundava no solo.

— Acompanhe o Cavaleiro de Lagarto no mundo espiritual! — disse o berserker pousando e dando as costas. — Mas morra sabendo... Que você também foi fraco e inútil! Logo enviarei o seu outro amigo e o seu mestre também.

Caído e sem forças para se levantar, Miguel não sentia mais o seu corpo e a única coisa que ouvia era um forte zumbido. Sua visão ficou turva e sua consciência parecia querer arrastá-lo para uma escuridão sem fim.

— A-Atena, Grande Mestre... Eu falhei. — pensou Miguel. — No final das contas eu não consegui me tornar forte o suficiente para vencer o meu inimigo. Eu perdi. Apesar de eu querer continuar a lutar, eu não tenho forças. Eu sinto o meu inimigo se afastando, mas meu corpo não obedece. Atena... Eu peço que você me perdoe pelo meu fracasso. Como cavaleiro, eu não consegui chegar até o final da Guerra Santa, mas como humano... — Miguel se lembrou das missões que fez ao lado dos seus amigos, dos treinos que recebeu dos seus mestres, do reconhecimento que um dia recebeu de Atena e de todos os momentos que viveu com os seus companheiros naquela terrível Guerra Santa. — Eu me sinto agraciado por tudo o que eu vivi até aqui. Mas seu eu tivesse só mais uma chance...

“É isso o que você deseja?”  perguntou uma voz acompanhada de um poderoso cosmo dourado.

— Esse... Esse cosmo... — pensou Miguel. — A-Atena?!

“Suas palavras chegarem até mim através do cosmo. — disse a deusa. — Sinto muito por não poder salvá-lo, Miguel. Assim como você, também estou em meio a uma batalha. Mas prometo que lutarei até o fim com a mesma determinação e resistência dos meus cavaleiros. Agradeço pelos seus esforços e peço que você descanse.

— A-Atena... Me conceda então mais uma oportunidade. — disse o Cavaleiro de Prata cerrando um punho. — Me dê... Forças. Só mais uma chance. Preciso abrir caminho para os meus companheiros.

Miguel...”

A imagem cósmica de Atena trajando a armadura divina surgiu diante do Cavaleiro de Prata. A deusa estendeu sua mão esquerda para Miguel e o seu báculo na mão direita brilhou com intensidade.

“Então eleve o seu cosmo mais uma vez rumo ao infinito. Supere todos os seus limites e dê tudo de si. Eu estarei ao seu lado”

— Obrigado...

Gradys parou ao sentir o chão do cemitério tremer. Uma poderosa coluna de cosmo se ergueu da cratera que ele havia deixado para trás e para sua surpresa Miguel de Cães de Caça estava em pé novamente apesar dos seus ferimentos e dos danos em sua armadura. E atrás de Miguel, alimentando o seu cosmo, estava a imagem divina de Atena.

— A-Atena?! — disse o berserker temoroso. — Eu... Eu não consigo me mexer diante desse cosmo. Isso é... Medo?!

— Sempre que as forças do mal ameaçam a Terra... Os Cavaleiros da Esperança se erguem para protegê-la. — De punho cerrado, Miguel encarou Gradys com os olhos acesos por um cosmo ardente e com os cabelos lílas agitados pela intensidade do cosmo. — Esse golpe... O meu último golpe... Eleve-se cosmo! Ao infinito! — o cosmo de Miguel se expandiu e explodiu, emitindo uma luz dourada. O sétimo sentido. — Ataque de um milhão de fantasmas!

A imagem de Miguel se multiplico em milhares, encurralando o berserker no centro do aglomerado. As replicas do Cavaleiros de Prata estenderam a mão concentrando cosmo energia e disparam centenas de rajadas, bombardeando o berserker.

A união de técnicas gerou uma poderosa explosão que estremeceu o cemitério. Exausto, Miguel desabou e aos poucos sentiu o seu cosmo se esvaindo.

— Atena... Gostaria de reencarnar na próxima geração e lutar ao seu lado mais uma vez. Johan... Apesar de todo o meu poder, eu não consegui deter o avanço do nosso oponente.  Sinto... muito...

 

—...—

 

As imagens sessaram na mente de Johan e o Cavaleiro de Prata caiu de joelhos com os olhos cheios de lagrimas, umedecendo a faixa que cobria os seus olhos. Ele não sabia o que sentir naquele momento. Uma mistura de angústia e tristeza desceu de forma seca pela sua garganta enquanto seu corpo estranhamente reagia de uma forma que ele nunca havia sentido antes na vida.

Johan, que sempre desempenhou uma personalidade mais gélida e considerável por muitos como insensível, estava provando pela primeira vez a dor de perder alguém com quem realmente se importava.

— O que foi isso que você me mostrou? —  Perguntou o Cavaleiro de Atena. — É mais uma das suas ilusões, não é?!

— Encare a realidade, cavaleiro. Uma guerra não é feita só de vitórias e conquistas. O que você viu é a realidade do jogo que vocês escolheram jogar. Os cavaleiros de Prata de lagarto e de Cães de caça estão mortos.

Johan cerrou o punho.

— Alec... Miguel... — ainda envolvido pela tristeza o cavaleiro de corvo ergueu a cabeça , enxugou as lágrimas que escorriam em seu rosto e elevou o cosmo. — “Não é hora de se lamentar pelos mortos”. É isso o que eu sempre digo para mim mesmo e para os meus companheiros. Em meio a uma guerra não existe tempo para o luto, pois o inimigo não espera. Então se eu quiser lamentar pela morte dos dois, eu preciso vencer você e essa Guerra Santa. Um morto não pode enterrar outro.

— Quanta frieza. Então esse é o homem que enfrentou Nyctea de Coruja no dia da invasão?! — disse Gradys. — Os comentários a seu respeito fazem jus a você.

— Não é o seu reconhecimento que eu quero.

— E o que seria então?

— Explicações e vingança. Como você conseguiu eliminar cada um sem ser percebido? Como não notamos a sua presença?

— Mas você notou. Assim que pisou no cemitério. Por um instante você disse sentir algo incomum em sua volta. Nesse momento eu achei que você iria arruinar os meus planos rapidamente, mas apesar da sua percepção aguçada, lhe falta amadurecimento.

 — Não perca seu tempo tentando me desestabilizar emocionalmente, me induzindo ao sentimento de fracasso. — disse Johan.

Gradys olhou para Johan com curiosidade. Havia sinceridade naquela postura fria e sólida.

— Pois bem... A partir do momento em que vocês entraram neste cemitério, vocês foram aos poucos sendo envolvidos pela minha técnica “Véu de Banshee”. — explicou o berserker. — A habilidade dessa minha técnica é nublar e fragilizar a mente e os sentidos de percepção dos meus inimigos, sujeitando eles a ilusões. Aos poucos os meus oponentes são embalados por uma pequena e quase imperceptível distorção psíquico-dimensional, que o isola de tudo ao redor.  

— O-O quê?! — disse Johan, surpreso.

— O primeiro a ser afetado foi o cavaleiro de Prata de lagarto por ser o fraco emocionalmente.

 — Mas e o Miguel e eu? Por que não notamos assim que você agiu contra o Alec?

— Por estarem sendo afetados pela minha técnica. Eu só precisei convencer vocês da ideia de que deveriam deixar o amigo ter um momento de luto. Uma ideia simples e óbvia sussurrada na mente de vocês. Para parecer que foi uma ideia própria. Após se afastarem, eu isolei Alec completamente e comecei a agir naquele seu outro colega. O Cavaleiro de Prata de Cães de Caça. Eu consegui extrair uma memória triste da mente dele, que por coincidência do destino se tratava de alguém que estava enterrado aqui, até porque não é difícil um cavaleiro ter um amigo morto — explicou o berserker dando um sorriso malicioso. — O remorso fez com que ele ficasse vulnerável e mais uma vez eu só precisei convencer você a seguir em frente e dar ao colega um momento de privacidade. Mais um sussurro. E ai você se afastou, se perdendo no labirinto que eu criei.

— Você é perverso. Mas por que você não me afetou antes deles? Por que você apenas ficou me convencendo a caminhar em frente? Eu também perdi amigos nessa guerra. — Questionou Johan.

— É porque você está cego e a privação do sentido da visão faz com que os outros sentidos fiquem um pouco mais aflorados. Isso é um problema para alguém que cria ilusões. Se eu afetasse você primeiro com mais intensidade, você iria perceber e iria alertar os outros dois. Minha técnica não iria surtir o mesmo efeito. Mas depois de um certo tempo você foi envolvido o suficiente para caminhar em meu labirinto e se afastar dos seus colegas sem perceber.

— Você arquitetou tudo. — disse Johan, intensificando o seu cosmo.

— Eu tenho milhares de anos, rapaz. — disse o berserker. — Desde a era mitológica, em cada ressurreição, eu enfrentei gerações de cavaleiros. Muitos deles usavam a tática de se privar do sentido da visão para acumular cosmo. Quantas vezes você acha que eu falhei contra esses oponentes?!  Então não subestime a minha experiência de milhares de anos me comparando com você, que não deve ter nem mesmo mais do que 20 anos de idade e que só começou a lutar nos últimos 7 anos. Essa é a sua primeira guerra, ao passo que eu nem lembro mais de quantas eu já participei.

— Não me leve a mal. — disse Johan. — Eu não lhe julgo pela sua estratégia, experiência acumulada ou técnicas, mas é notório que apesar de você humilhar os meus companheiros, você temeu as habilidades deles em algum momento. Você reconheceu que eles eram fortes e propensos a derrotar você. Por isso você os humilhou e tentou fazê-los desacreditar, ainda que no último fôlego de vida, de suas capacidades e honra. Por isso você nos separou. Três Cavaleiros de Prata seria um obstáculo grande demais para você?

Gradys sorriu.

— Não seja tolo, cavaleiro. Eu jamais temi qualquer um de vocês. Não passam de ratos. Se fossem pelo menos um...

— Um Cavaleiro de Ouro?! Não me parece estar falando a verdade. Se esforçou demais para isolar “meros ratos”. Que tipo de predador é esse que tem medo de suas presas?

— Tolice!! — disse o berserker, furioso.

— Aí está. A fragilidade do seu ego. Eu encontrei.

— Ele é diferente dos outros dois. — pensou o berserker analisando o cavaleiro.  Ele não se deixa levar pelas palavras do seu oponente. Ele é frio, calculista, analítico e inabalável.

— Pela sua expressão acredito que já entendeu que é perda de tempo ficar dialogando com ataques pessoais para me desestabilizar. Então prepare-se, berserker! Eu serei o seu oponente! Irei vingar as mortes dos meus amigos! Plumas adagas!!

As asas negras da armadura de corvo se abriram e foram tomadas pelo cosmo de Johan. Centenas de penas negras de Oricalco foram materializadas e disparadas. Tão cortantes quanto uma adaga.

Gradys desviou das lâminas enquanto avançava e conseguiu uma aproximação, concentrando cosmo em seu punho e atacando.

O berserker achou que havia surpreendido Johan, mas o Cavaleiro de Prata não se amedrontou. O corpo de Johan foi cercado por um vento violento que criou uma barreira invisível absorvendo o ataque do inimigo. Em seguida Johan concentrou a energia em sua mão e rebateu contra o berserker.

— Vento neutralizador!!

A rajada cósmica acertou o berserker em cheiro, arremessando Gradys para o alto e o derrubando com um forte impacto.

— Mas que poder é esse?!  pensou o berserker ainda no chão sentindo o seu corpo pesado. Gradys se esforçou para se levantar enquanto encarava Johan. — É maior do que haviam me falado...


Alguns meses atras – Região central do Santuário

A porta da enfermaria se abriu e Gradys entrou no recinto se dirigindo até uma das camas onde um berserker se recuperava dos ferimentos da batalha. Era um berserker “jovem”, de cabelos curtos brancos como a neve e olhos dourados.

— Nyctea de Coruja... Fiquei sabendo que você foi nocauteado por um Cavaleiro de Prata. Estou pensando em solicitar um rebaixamento de patente para você.

— Veio aqui para me humilhar, Gradys? — perguntou o berserker. — Me faça o favor de rasgar a garganta e morrer silenciosamente.

— Está falando da minha garganta ou da sua? — disse sorrindo. — Me diga... Como um Cavaleiro de Prata conseguiu deixá-lo nessa situação?

Nyctea deu um sorriso abafado.

— Apesar do desgraçado ser um Cavaleiro de Prata, ele é tão poderoso quanto um Cavaleiro de Ouro.

Gradys enrugou o cenho incrédulo com aquele relato.

— Poderoso o bastante para confrontar um Berserker como você?! Isso é possível?

— Ele não apenas me enfrentou, como também empatou comigo. A minha técnica mais poderosa colidiu com a dele e ambos fomos repelidos. Se não fosse a proteção da minha Onyx...

— Sugiro você não verbalizar isso tão alto. — alertou Gradys, dando as costas. — Se recupere para poder ser útil ao seu batalhão.

— Tem mais uma coisa, Gradys... — disse Nyctea. O berserker de Banshee parou diante da porta e olhou por cima do ombro. — Ele é discípulo de um dos Cavaleiros Lendários. Aquele que possui o maior cosmo entre os Cavaleiros de Atena. O antigo Cavaleiro de Ouro de Virgem. Shun de Andrômeda.

—...—

 

— Agora eu entendo as palavras de Nyctea... — pensou o berserker enquanto se erguia. — Apesar de pertencer a uma classe secundária, esse cavaleiro é do nível de um cavaleiro de ouro. Assim como o seu mestre, ele é um prodígio. Mas agora ele está ainda mais poderoso devido a perda da visão. Com um dos sentidos privados, ele acumula cosmo e isso reforça suas técnicas.

O cosmo de Gradys se elevou e se expandiu, emitindo uma luz como se fosse uma aurora fantasmagórica cintilando na escuridão da noite.

— O cosmo dele está aumentando... — pensou Johan.

— Reconheço que você não é fraco como seus amigos. Por isso vou acabar com você rapidamente. Não lhe sobrará qualquer membro como vestígio. Presságio da mensageira da morte!!

O vente soprou e trouxe com ele dois gritos aterrorizantes. Eram as vozes de Alec e Miguel gritando por Johan. O Cavaleiro de Prata parecia estar paralisado e estarrecido.

Percebendo a inercia do Cavaleiro de Atena, Gradys avançou para um ataque direto, mas foi surpreendido pelo bloqueio de Johan.

— Mas como?! Como você consegue se mover depois de ter sido atingindo pela minha técnica? Por acaso você é um insensível que não se importa com os seus amigos?

— Nem sempre a mesma técnica funciona duas vezes contra um cavaleiro. Já deve ter ouvido falar disso nesses seus séculos de experiência. — disse Johan. Seu cosmo voltou a se elevar e o vento passou a girar ao seu redor. Centenas de plumas negras se materializaram e se uniram ao turbilhão. — Você me mostrou as suas técnicas no momento em que revelou aquelas lembranças. Como espera que eu caia no mesmo truque barato? Abra bem os ouvidos, pois talvez seja o seu nome que Alec e Miguel estão chamando, Berserker de Banshee!! Tempestade da Pluma negra!!

O turbilhão avançou contra Gradys causando destruição por todo o caminho. O chão do cemitério tremeu e blocos de pedra foram levados pela força do vento.

— Pois bem... — disse o berserker elevando o cosmo e emitindo um sorriso de desdém. — Veremos quem será enviado para o outro mundo! Morra miserável! Presságio final!

O rosto posicionado no centro do peito da Onyx do Berserker abriu a boca e proferiu novamente um grito ensurdecedor, criando poderosas ondas sonoras que se propagaram e colidiram com o turbilhão de plumas disparadas por Joham.

— Vou repetir mais uma vez! É inútil! — gritou Johan. — Eu já conheço a sua técnica e ela não vai funcionar comigo! — o cosmo de Johan explodiu e a venda que cobria os seus olhos se rasgou, revelando o brilho incandescente que fluía dos olhos cegos do Cavaleiro de Corvo. — Meus amigos abriram caminho para mim e eu não vou desperdiçar essa oportunidade!! Vento neutralizador!

Johan conseguiu rebater a técnica do berserker, forçando Gradys a sofrer os danos do seu próprio golpe somado ao Turbilhão de plumas negras que envolveu o berserker.

— Os últimos esforços de Alec e Miguel foram para causar o máximo de dano possível na sua Onyx. Superando a defesa esmagadora do seu traje. E graças a isso...

Rachaduras profundas surgiram em diversas partes da Onyx de Banshee.

— Minha... Onyx...

— Eu posso atravessar a sua defesa e fazê-lo sofrer todo o dano que você merece!!

As plumas negras perfuraram o corpo do berserker e o turbilhão o jogou para o alto, retalhando todo o seu corpo. Cansado, Johan desabou de joelhos e sua técnica se dissolveu, desabando o corpo quase sem vida do berserker.

— Eu... Eu não acredito. — disse o berserker encarando o céu noturno e cuspindo sangue. — Eu... Gradys de Banshee... Fui derrotado por um Cavaleiro de Prata...

— Ale... Miguel... Eu sinto muito. Eu...

Johan engoliu as palavras ao perceber que não estava sozinho. Havia alguém lhe observando. E era mais de uma pessoa. Usando o seu sentido de percepção, Johan varreu a região com a sua mente e percebeu que a presença hostil estava vindo da caverna de onde o berserker saiu.

— Quem está aí? — perguntou Johan. — Por acaso é outro berserker?

De dentro da caverna alguém deu um sorriso abafado. Um par de olhos azuis brilharam em meio a escuridão e do interior da caverna surgiu um homem acompanhado por uma mulher.

Ele era um homem de aparência jovem e dotado de uma beleza obscura. Seus cabelos eram da cor do ébano e sua pele era pálida. Seus cílios eram negros e volumosos e seus olhos eram encantadoramente azuis. Corpo atlético e trajava uma armadura de aspecto roxo fantasmagórico. Uma surplice.

A mulher que o acompanhava era ainda mais bonita.  Usava um longo vestido de seda cor de azeitona por baixa de uma surplice roxa com detalhes dourados. Seus olhos eram verdes com uma sutil linha dourada nas bordas. Seus cabelos eram longos e dourados, e algumas mechas eram trançadas com pequenas flores de cores diversas. Era como a própria primavera personificada. Apesar de toda delicadeza, ela carregava em sua mão direita uma longa foice.

— Que cosmo absurdo é esse que eu sinto fluindo deles?! — pensou Johan. — É tão poderoso que eu mal consigo me mexer. Estou tendo dificuldades até mesmo para respirar. É superior ao cosmo de qualquer Cavaleiro de Ouro ou berserker. É maior até mesmo que o cosmo do meu mestre.

O homem olhou para o relógio de fogo e observou que a chama de Sagitário estava se apagando.

— Restam apenas três horas para o nascer do sol. — disse ele.

— Quem.. Quem são vocês? — perguntou o Cavaleiro de Prata.

— Meu nome é Oberon, o deus da escuridão. — disse ele. — E ela é Perséfone, a deusa da primavera.

— O-Oberon?! Você é um dos deuses que compõem a Corte da Guerra de Ares! É um dos deuses aliados! — disse Johan ficando em posição de ataque. — Você estava no Tártaro. Como pode...

Oberon sorriu.

— Parece que o santuário esconde as informações dos cavaleiros. Pelo visto você não sabe o que tem dentro dessa caverna. — disse o deus. — Essa região é chamada de “Distrito maligno” porque no interior dessa caverna existe um poço que dá direto para uma prisão do Tártaro, onde vive o espírito de um condenado dos deuses.

— E vocês vieram até aqui para se aliar à Ares na reta final da guerra?!

— Nos aliar a Ares?! — Oberon gargalhou. — Você é um tolo...

Os olhos do deus brilharam e o corpo de Johan foi golpeado, tendo a sua armadura de Prata de Corvo danificada.

— Espere, Oberon. — disse Perséfone. — Não derrame o sangue desse jovem em vão. Ouça cavaleiro... Ainda é outono… Estamos no tempo do plantio. O tempo da colheita ainda está para chegar. — o corpo de Johan foi suspenso e arremessado para fora da montanha. — Retorne ao Santuário e comunique a todos…. A primavera do submundo está a caminho!

 

Referências:

— O nome “Gradys” vem de uma das 5 maiores famílias irlandesas ligadas a mitologia da Banshee. De acordo com a lenda, cada família possuía uma Banshee que anunciava a morte dos seus entes queridos.

— Elmo do berserker é semelhante a uma coroa como referência a realeza da família “O’Gradys”.   


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Notas finais do capítulo

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Próximo capitulo: Capítulo 72 - Armas de Libra

Olá pessoal, tudo bom com vocês? Espero que tenham gostado do capítulo. Esse mês de Abril é um mês especial para Saint Seiya. Aguardem os capítulos 72 e 73 previstos para serem lançados entre o final de Abril e o início de Maio.


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