A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 60
Capítulo 55 — Guerra em Atlântida: Adeus, meus amigos


Notas iniciais do capítulo

Anatole, o berserker de Quimera, revela o plano arquitetado para invadir Atlântida. Enquanto isso, no primeiro distrito de Atlântida, Ares e Sehrli, o terceiro Almirante, batalham arduamente. Em Rozan Shiryu recebe uma visita enviada por Senkyou, mas o encontro é interrompido quando duas armas de Libra saem da armadura em direção a Atlântida por vontade própria, para ajudar um cavaleiro que está diante da morte. A promessa de Éris se cumpre e as Moiras preparam o fio da vida para ceifar um homem puro e justo.



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Capítulo 55 — Guerra em Atlântida: Adeus, meus amigos


Oceano primordial do Atlântico Norte — Outro lado do véu

O exército de Ares estava dando uma reviravolta inesperada. Moshchnost, Agave e Sorento tombaram, um após o outro. A morte de Sorento, que era a grande vantagem do exército marinho, deixou os marinas vulneráveis aos poderes dos berserkers e deuses que agora estavam livres da restrição de cosmo. O grito de Dionísio e a revolta de Tritão chamaram a atenção de todos os marinas, que lamentaram a morte do antigo general.

Um plano calculista da parte do exército de Ares deixou o exército de Atlântida desorientado, levantando a bandeira de uma possível derrota de Atlântida.

— Eu sou Anatole de Quimera, do exército do Medo. — disse o berserker se apresentando.

Os olhos de Tritão ficaram arregalados.

— Se você não é Ares, então...

— Nesse exato momento o Senhor Ares está triunfando em Atlântida. Está vendo aquela coluna de cosmo se erguendo no oceano? — perguntou Anatole, apontando para uma grossa coluna de cosmo vermelho que se erguia como um pilar ao longe, vindo do Oceano Pacífico. Milhares de quilômetros de onde estavam. — Aquela luz é o nosso farol da vitória.

— Miserável!! Então vocês sabiam a localização de Atlântida esse tempo todo?

Anatole gargalhou.

— Mas é claro que não. Mas devo dizer que o meu plano saiu melhor do que eu esperava. E volto a dizer novamente que é o meu plano, caso algum deus queira ficar com os créditos para si. — disse o berserker com um sorriso debochado para o deus Anteros. — Você está tão desnorteado, filho de Poseidon, que chega a ser engraçado.

— Eu vou acabar com você!! — gritou o deus, erguendo o tridente e disparando uma rajada de cosmo. O golpe teria acertado Anatole, mas Dionísio bloqueou o ataque em silêncio. — Droga Dionísio!! Se vocês não sabiam a localização de Atlântida, então como chegaram lá?

— Essa é a parte mais interessante. — disse Anatole, com um largo sorriso. — Como o Senhor Ares declarou o ataque antecipadamente, esperávamos que vocês não fossem medir esforços para tentar nos deter durante a invasão, e tínhamos a certeza de que estariam nos observando assim que saíssemos do litoral da Grécia. Foi ai que eu tive a ideia. Aproveitando a minha habilidade metamórfica, eu iria me passar pelo senhor Ares, e para isso precisei de algumas gotas de sangue do meu senhor. Precisava copiar tudo perfeitamente, incluindo o cosmo. E para ter a certeza de que seria uma cópia convincente, eu fui até os aposentos da senhorita Afrodite antes de partir. No início eu a enganei perfeitamente, mas acredito que antes de eu sair do quarto, ela notou a farsa. Não esperava que fosse diferente, já que ela o ama, mas se por um momento eu consegui engana-la, com vocês seria ainda mais fácil. O senhor Ares e Draco, o deus dragão, se infiltraram em meio aos berserkers se passando por soldados. A minha ideia era que ao chegarmos aqui, os soldados fossem lançados ao mar para descobrirem de onde vocês estavam vindo, mas ai vocês facilitaram tudo. Duas nereidas foram enviadas para nos espionar ainda nas águas do mar mediterrâneo, e ao retornarem para Atlântida, enviamos três soldados para segui-las.

— E um desses soldados... Era o Ares. — concluiu Tritão.

— Exatamente. Nunca duvidei da sua inteligência. — disse sorrindo. — Voltando... E como eu havia suspeitado, vocês de fato não mediram esforços para deter a invasão. Enviaram quase dois terços do exército e da frota para nos impedir. Não pouparam ao enviar Generais, Almirantes e até deuses. Mas com isso, o que sobrou para proteger Atlântida? Um terço do exército e um Almirante? Isso não é suficiente para impedir o meu senhor.

— Senhor Tritão! — chamou Nasile, que enfrentava um berserker. — O senhor deve ir para Atlântida. O senhor Chrysaor, a senhorita Cunning e eu cuidaremos do resto junto com os outros marinas.

— Não seja estúpido. Vocês não irão a lugar algum. — disse Anatole, e logo o deus Anteros bloqueou o caminho de Tritão, apontando sua espada prateada para ele. — Nossa missão agora é impedir que vocês retornem. Vocês só voltam para Atlântida se for como cadáveres.

— E o que vocês querem com Atlântida? — perguntou Hyoga, no momento em que desviou de um dos ataques de Éris.

Anatole olhou para Hyoga como se tivesse esquecido a sua presença.

— Você ainda está vivo? Pensei que a Éris já tivesse empalado você já que não escutei os seus latidos. E falando em latido... Aquele seu discursinho dizendo que iria matar o senhor Ares... — ele gargalhou. — Eu me segurei para não rir. — chamas azuis tomaram o braço de Anatole. — Sua presença aqui não é necessária, Hyoga. Desapareça!!

Um turbilhão de chamas azuis avançou em direção a Hyoga, mas Éris bloqueou.

— Não se meta nisso, Anatole. Eu cuidarei dele. — disse a deusa.

— Como quiser. Mas não vamos ficar perdendo tempo. Devemos matar todos eles para depois irmos auxiliar o senhor Ares na invasão. E quanto a sua pergunta, Hyoga... Governar a Terra e o Mar fortalecerá o senhor Ares. Será um governo absoluto que nem o Olimpo poderá se levantar contra.

— Não permitirei!! — gritou Tritão, elevando o cosmo. — Atlântida nunca pertencerá a Ares!! Nunca!!

Os olhos de Tritão foram tomados por um brilho azul e o tridente de Poseidon emitiu um cosmo tão poderoso que parecia ressoar, deixando Dionísio desconfiado com tanto poder emanando da arma divina. O deus marinho girou o tridente e o cravou na camada de gelo, gerando uma poderosa explosão de cosmo que arremessou todos ao seu redor. Toda a camada de gelo se desprendeu na medida em que a explosão se espalhava, e Anteros foi arremessado para longe.

Aproveitando que Anteros havia dado uma brecha, Tritão correu em sua direção com o punho cerrado, mas um berserker tentou impedi-lo.

— Onde você pensa que vai?

— Saia da minha frente, berserker!!

O deus continuou o avanço e atacou o berserker de frente, golpeando o abdômen com o ombro. O golpe foi tão forte que deixou o berserker sem ar e sentindo uma dor aguda na região.

— Eu matarei todos vocês, um por um, se for necessário. — gritou Tritão, girando com o braço erguido e o punho cerrando. Ele desceu com um soco nas costas do berserker, arremessando violentamente contra a placa de gelo e afundando nas águas do oceano já morto.

— Anteros!! O próximo será você!!

— Venha!! — disse o deus da manipulação, agora em pé e apontando sua espada prateada para o deus marinho. Seus olhos prateados brilharam e seus longos cabelos roxos ficaram esvoaçantes. — Venha com o máximo que você puder!!

—...—


Primeiro distrito — Atlântida

Enquanto os marinas e berserkers batalhavam na superfície, o verdadeiro Ares estava invadindo Atlântida acompanhado por Draco.

As defesas de Atlântida foram superadas pelo poder divino de Ares.  Caribdes e todo os marinas que cruzaram o caminho do deus da guerra, foram mortos pela espada rubra que se alimenta do sangue dos oponentes. Ao saber da invasão, Anfitrite ordenou que um grupo de Nereidas fosse formado para conter os “berserkers” que haviam invadido o primeiro distrito, o qual estava em chamas, mas o que ela não sabia é que não se tratava de berserkers, mas sim de deuses.

— Ares?! — perguntou Sehrli incrédulo o almirante do terceiro distrito. Ele chegou antes de Anfitrite para deter a invasão, mas assim como a deusa, ele tinha recebido a informação de que eram soldados rasos. — Isso é... Isso é...

— Impossível, almirante?! Não é apenas vocês que sabem articular uma guerra. Quantas guerras você e seus subordinados já enfrentaram para se acharem tão primorosos a ponto de superarem o deus da guerra? Agora saia da minha frente.

Ignorando o pedido, Sehrli apontou sua lança azul com adornos dourados para Ares.

— Vai me enfrentar?

— Não dê mais nenhum passo, Ares. — o seu cosmo se elevou e os símbolos azuis em sua pele negra também reagiram. Ares estreitou os olhos ao reconhecer os símbolos e sentiu o cosmo que emanava deles. — Eu, Sehrli de Hipocampo, o braço direito do Trono e líder do exército especial do deus do mar, não deixarei que continue a corromper esse país com a sua presença.

Sehrli flexionou os joelhos, apontou sua lança e avançou. O som do deslocamento do almirante em alta velocidade foi como um disparo de canhão. O chão de pedras rachou e se desprendeu com a força posta nos pés, e nuvens circulares se formaram como rastros de seu percurso.

Ares, que observava a lança indo em sua direção, deslizou para o lado com bastante tranquilidade. A ponta da lança passou de raspão na lateral do seu rosto. O deus então se abaixou, girou com sua espada na mão e subiu de encontro ao pescoço de Sehrli. O almirante sentiu a lâmina encostar na sua pele. O calor pulsante da espada divina sedenta por sangue forçando contra o seu pescoço prestes a corta-lo. Foi então que um dos símbolos em seu pescoço reagiu ao toque da lâmina e brilhou.

Sehrli se afastou da espada com uma agilidade espantosa, deixando Ares surpreso. Porém, o deus se levantou e avançou, girando e aplicando um potente chute na barriga do marina. O almirante foi arremessado contra as colunas gregas de um edifício, causando o desabamento da faixada.

Entre os escombros uma luz brilhou e o cosmo de Sehrli se expandiu, afastando os blocos de concreto. Ele se levantou repleto de escoriações, mas pouco a pouco ele estava se curando.

— Vejo que sua escama é mais resistente que as outras. Se não fosse por isso, o meu chute teria esmagado até mesmo os seus órgãos.

Ignorando os comentários de Ares, Sehrli ergueu a lança e invocou cristais de Oricalco que brotaram do solo em direção ao deus. Com facilidade, o deus da guerra se esquivava das lanças e as partia em pedaços com sua espada, mas a intenção do almirante era encurrala-lo. Ao notar que as lanças de Oricalco estavam brotando cada vez maiores e mais afiadas, fechando cada vez mais o círculo ao seu redor, o cosmo de Ares explodiu na forma de chamas, formando um círculo de fogo que se ergueu como um turbilhão, transformando as lanças em cinzas. Mas em meio as chamas o Almirante permaneceu intacto.

Ares franziu o cenho.  

— Você é interessante almirante. Uma de suas marcas reagiu a minha espada, e em seguida você obteve velocidade para se afastar. Uma velocidade que supera a da luz e se aproxima dos deuses. Eu já vi essa marca antes. É a runa de Hermes. E agora você sobreviveu as minhas chamas. Acredito que seja a runa de Hefestos. Essas marcas no seu corpo, essas runas, onde você conseguiu?

— Essas runas são passadas de geração em geração no terceiro distrito para aqueles que são descendentes da minha família, mas apenas o almirante pode utiliza-las por conter habilidades divinas. — respondeu. — Por isso sou chamado de mestre dos poderes ocultos do mar. Por que você acha que eu fiquei aqui em Atlântida?! Nós, do terceiro distrito, somos a última barreira que defende o trono e o país. Eu contava com a possibilidade de que você ou qualquer um dos seus cães chegasse até aqui, mas não poupamos soldados ao enviar nosso exército para fazer um forte bloqueio. Por isso o senhor Tritão e todos os generais e almirantes dos outros distritos também foram enviados. Sua frota está condenada, e qualquer rato desorientado que passar pelo bloqueio, será aniquilado. Foi por isso que o terceiro distrito permaneceu

Sehrli avançou com sua lança para um confronto direto com Ares novamente. No momento em que houve o choque entre a lança e a espada, uma das runas em seu braço brilhou embaixo de sua escama, e sua habilidade com armas se intensificou. Ele agora acompanhava os movimentos do deus da guerra.

 — Então Poseidon tem um combatente com esse nível de habilidade?!  — disse o deus, enquanto duelava de forma acirrada contra Sehrli. — Mas acha que é o suficiente para me vencer?

— Estou apostando nisso!!

— Cuidado com aquilo que você promete em um campo de batalha, Almirante. — os olhos de Ares brilharam em um vermelho sangue, e seu cosmo violento se elevou. — Será cobrado de você!!

Ares sumiu, deixando Sehrli surpreso, e em seguida apareceu diante do Almirante descendo a espada em sua direção. Usando a lança, o marina se defendeu do golpe, mas a força exercida pela espada o empurrou para trás, forçando-o a flexionar os joelhos para ter mais resistência na postura.

Ares seguiu para mais um ataque. Sua espada brilhou e se transformou em uma lança, a qual ele girou e avançou em direção ao peito do Almirante.

— A espada se transformou em uma lança?! — pensou o Almirante.

 Sehrli projetou um escudo de escamas reluzentes como arco-íris e saltou para trás com a ajuda de runa de Hermes. Mas o escudo só serviu para ele se afastar do alcance da lança. O golpe de Ares atravessou a defesa com extrema facilidade, e o deus seguiu o seu avanço desferindo novos golpes.

Se Sehrli fosse um Almirante qualquer, a luta já teria sido encerrada em menos de dois minutos, mas o poder das runas estava dando uma margem de vantagem para ele. Contudo, essa margem parecia ficar cada vez mais curta.

Umas das investidas de Ares passou de raspão pela escama, provocando um corte no traje, mas não profundo o suficiente para atingir o corpo de Sehrli.

— Essa foi por pouco. Alguns centímetros a mais e teria sido fatal. Mesmo com a runa de Hermes, não consegui me mover a tempo diante de tanta agilidade em combate. Se continuar assim... — o cosmo dele se elevou e a imagem de um Hipocampo surgiu atrás dele. — Eu não vou perder!!

Usando o dedo ele desenhou no ar símbolos azuis antigos, que se multiplicaram em dezenas formando um círculo, e em seguida ele abriu os braços.

— Corrente destrutiva!!

Os símbolos brilharam e um redemoinho de cosmo se formou no centro do círculo, avançando como uma poderosa correnteza aquática. A força destrutiva do golpe rasgava o caminho durante seu avanço e sugava para si tudo que fosse atraído pelo seu forte poder de sucção.

Se um oponente cair nesse golpe, ele será severamente comprimido e contorcido no interior do redemoinho, tendo seus membros e ossos quebrados, e em seguida será sugado para fora do oceano através de um caminho aberto pelo redemoinho, lançando o oponente na superfície.

— Não seja tolo, rapaz. — disse Ares estendendo a mão e segurando a técnica sem esforço. — Nenhum dos seus golpes irá...

A força do redemoinho continuou a crescer e passou a empurrar o deus da guerra.

— Não é uma técnica qualquer. Essa é a manifestação da runa de Poseidon!!! Agora exploda correnteza!! Corrente destrutiva!!

A correnteza emitiu um forte brilho e explodiu, avançando ainda mais forte e violenta. Ares tentou segurar a técnica, mas o poder de Poseidon foi mais forte que ele. A sucção puxou Ares para o interior da correnteza, e ela seguiu seu percurso em direção a superfície se erguendo como um pilar devastador. Em seu interior, Ares era lançado para todos os lados pela força interna do redemoinho. Ele sentia que seu corpo seria esmagado com tanta pressão.

— Marina miserável!! — gritou o deus. — Se acha que vai me lançar para fora de Atlântida com isso... — os olhos de Ares brilharam e seu cosmo explodiu, rompendo a correnteza. — Está enganado!! Desapareça!!

A lança de Ares se multiplicou e ele disparou uma chuva de lanças divinas contra Sehrli e todos os soldados marinas que haviam chegado com ele para deter a invasão. O Almirante usou a runa de Hermes para se esquivar, mas os soldados marinas foram pegos pelo golpe.

Aproveitando que o almirante estava atordoado com o ataque, Ares deu início a mais uma sequência de avanços e ataques com a lança, mas Sehrli se defendia ou desviava.

— O que foi, Almirante? Não consegue disparar um outro ataque ou ativar outra runa enquanto se esquiva? Eu já descobri o seu ponto fraco!!

— O que?! — disse surpreso.

— Eu vou mata-lo, Almirante.

— Então faça isso antes que eu crave essa lança no seu peito!!

Uma das runas brilharam e em seguida ele avançou em direção a Ares. Ambos se chocaram usando suas lanças e deram início a um acirrado confronto.

— Esse homem... Ele deve possuir incontáveis runas no corpo. Uma para cada deus. Velocidade de Hermes, perspicácia de Atena, Habilidades marinhas de Poseidon, Cura de Asclépio, Chamas de Hefesto... e agora usa contra mim a habilidade de combate armado. A minha habilidade. — pensou Ares — Mas agora que eu sei seu ponto fraco como combatente... Essas runas não servirão de nada!

Em meio aos incontáveis choques das armas, a lança de Sehrli brilhou e emitiu poderosos raios. O almirante saltou e ergueu a lança, desferindo uma tempestade de raios ao redor. Surpreso com o golpe, Ares foi pego por um dos raios e foi arremessando para trás. O almirante avançou novamente, mas o deus da guerra foi mais rápido e se teletransportou, surgindo diante de Sehrli e parando a lança com apenas uma mão.

— Você está indo longe demais com isso!! — disse furioso. — A habilidade de manipular raios divinos... Você tem a runa de Zeus?! Apenas o meu pai e seus descendentes podem ter tal habilidade. — o cosmo de Ares se elevou e a força exercida na lança pela sua mão começou a trinca-la. As rachaduras tinham o brilho vermelho do cosmo do deus e avançavam por toda a lança até que ela quebrou em centenas de pedaços. — Você realmente pensou que poderia me enfrentar usando esses poderes minimizados em runas? Usar minha própria habilidade contra mim e agora a do meu pai também? Humano...

A espada de Ares brilhou. O deus estava pronto para usa-la, mas o almirante notou o perigo e se afastou usando a runa de Hermes novamente, tomando por segurança bastante espaço entre eles.

 — Mesmo com as runas, eu não consigo enfrenta-lo? É isso que significa ser um deus?! Não importa! Eu tenho que detê-lo custe o que custar. — pensou ele elevando o cosmo mais uma vez. — Ares!! Eu vou deter você!!

O deus girou a lança e a cravou no chão, gerando estranheza em Sehrli, que olhou desconfiado.

— Achei que fosse chegar aqui e encontrar apenas peixes assustados se escondendo atrás de lanças e escudos, mas me enganei. Faz poucos dias que eu lutei com alguém poderoso que aguentava uma boa briga. Mas você também aguenta, não aguenta Almirante? — os músculos do braço de Ares se contraíram e suas veias dilataram. — Eu irei mata-lo, como prometi.

—...—


Fundo do Oceano primordial do Atlântico Norte

Bedra, o General Marina de Lymnades, havia caído com Nyctea nas águas turbulentas do Atlântico Norte após o general salvar a Almirante Cunning das garras do berserker.

Mesmo após caírem no oceano, o general não soltou Nyctea nem por um segundo, mesmo com o berserker se debatendo. Bedra criou um redemoinho ao redor deles que os levava cada vez mais fundo.

— Para onde você está me levando, general? — gritou o berserker, tentando se soltar dos braços de Bedra.

— Para um lugar onde eu possa mata-lo, e assim vingar a morte da senhorita Agave e de todos os marinas que você matou. — respondeu Bedra. — E já que você consegue respirar e falar debaixo da água graças a marca que você recebeu, então poderemos encerrar com uma luta aqui.

A “queda” continuava de forma intensa e quanto mais fundo eles iam, mais diferente era as formas de vida e a quantidade de seres vivos. Chegou um momento em que Nyctea achou que estivesse perdendo a consciência. Sua visão estava ficando turva e a luz desaparecendo, mas não era isso. A luz estava realmente diminuindo, mas era porque eles haviam chegando a uma profundida onde a partir daquele ponto a luz já não conseguia mais penetrar na água. E ainda assim continuavam a afundar.

A temperatura também estava diminuindo, um frio insuportável que parecia congelar os ossos, e a pressão estava aumentando drasticamente. Nyctea já não mais conseguia se mover como antes. Seus músculos estavam paralisados e doendo. Havia uma pressão esmagadora ao redor dele, mas nada daquilo parecia incomodar Bedra. O general apertava o berserker cada vez mais forte até que o redemoinho se dissipou e ele soltou Nyctea.

— Onde... Onde nós estamos? — perguntou assustado olhando para os lados, e com dificuldade para respirar. Não havia nada ali. Não tinha vida. Não tinha corais. Não tinha nada. Era apenas uma escuridão fria e silenciosa.

Nyctea olhou para cima, procurando a superfície, mas tudo estava escuro demais até mesmo para ele olhar. Ele pensou que talvez se nadasse para cima, conseguiria chegar na superfície, mas ao tentar acabou sendo empurrado apara baixo.

— Só para lhe deixar situado, não estamos mais nas águas do Oceano Atlântico Norte. — disse Bedra, frente a frente com Nyctea em meio a uma imensidão escura. — Estamos nas águas profundas do Oceano Antártico, o qual eu protejo. Aqui é o meu território. Abaixo de nós está a fossa Sandwich do sul. E estamos a treze mil cento e vinte pés abaixo da superfície. Cerca de quatro mil metros de profundidade do nível do mar até aqui. Aqui é onde começa a Zona Abissal, e onde eu encerrarei a sua vida como berserker.

— Não fale bobagens! Matarei você e voltarei para a superfície levando a sua cabeça como prêmio.

O general marina deu um sorriso abafado e removeu o seu elmo, revelando um homem de longos cabelos rosas e olhos dourados.

— Você ainda não entendeu? Você não vai voltar para a superfície. Nunca mais.

— Veremos! Caia na completa escuridão!! Invocação das trevas! Brilho de Nyx!! — Se a área já era escura, o golpe de Nyctea intensificou ainda mais a escuridão. — E é assim que você morre, general. Em completa escuridão. Você pode não me ver, mas eu vejo você nitidamente.

Bedra elevou o cosmo e o concentrou na palma da mão. Uma luz violeta fluía do seu cosmo e crepitava em raios ao redor da mão e do braço de Bedra.

— Não adianta elevar o cosmo ou tentar iluminar o caminho. — alertou Nyctea. — Direi a você a mesma coisa que eu disse a sua amiguinha... É inútil. A escuridão primordial irá anular qualquer luz que tente emanar e assim...

Bedra disparou um golpe e acertou Nyctea, que não esperava ser atingido. O berserker foi lançado para trás até colidir violentamente com as paredes da fossa submarina.

— Você... Você me atingiu. Mas como?!

Em meio a escuridão, os olhos dourados de Bedra brilharam e o general se moveu rapidamente até Nyctea, colocando a mão em seu pescoço e forçando o berserker contra a parede da fossa.

— Eu disse a você. Aqui é o meu território. A zona abissal é semelhante a sua escuridão. A luz não alcança essa região. As criaturas que vivem nesse habitat são geralmente cegas e precisam desenvolver habilidades sensoriais para sobreviver. E isso me inclui. — disse o general se afastando. O cosmo ao redor de Bedra expandiu e ruídos estranhos começaram a ecoar abaixo deles, vindo das profundezas da fossa. Ao estreitar os olhos, Nyctea achou ter visto imagens cósmicas de criaturas abissais estranhas, com dentes afiadas, escamas esqueléticas e corpos de diferentes formas. — Passei anos treinando com o Mestre Sehrli em águas profundas, para despertar habilidades cada vez mais especiais. Agora chega de conversa! Receba o meu golpe! Desespero Abissal!!

Os ruídos se converteram em gritos e rugidos de horror vindo das profundezas, gerando uma sensação de medo que Nyctea jamais havia sentido antes, ficando com o corpo paralisado. E acompanhando os ruídos, surgiram centenas de criaturas cósmicas gigantes e pavorosas materializadas por Bedra, que subiram entre eles e atacaram Nyctea violentamente, formando ao redor do berserker uma escura mancha de sangue.

— Vocês berserkers... Me dão nojo! — raios lilás voltaram a circundar os braços de Bedra. — Salamandra Satânica!!

Uma poderosa descarga de energia foi lançada contra Nyctea, que não teve condições de se proteger devido ainda sofrer com os danos causados pelo ataque anterior. Ele se contorceu enquanto a descarga percorria seu corpo e atravessava seus órgãos.

— General maldito!! — gritou o berserker, tentando se recompor. Mais sangue saia do seu corpo e a mancha se tornava cada vez maior. Seu grito foi acompanhado com a expansão do seu cosmo e de suas asas. Dezenas de esferas negras surgiram ao redor. — Eu vou matar você!!

—...—


Rozan, Cinco Picos Antigos — Manhã do 4º dia

O sol estava se erguendo no horizonte e criando sombras entre as montanhas, trazendo com ele um vento quente que espalhava as folhas.

O antigo cavaleiro de dragão estava sentado diante da grande cachoeira de rozan. Seu posto como sentinela das estrelas malignas presas na Torre Maldita.

— É um belo nascer do sol, não acha Shiryu? — perguntou Shunrei, colocando ao lado de Shiryu uma bandeja com duas xícaras de chá quente.

— Nem parece que o mundo está em guerra, não é mesmo? — perguntou uma mulher, a pouco metros deles.

Shunrei virou-se assustada e quase bateu na bandeja.

— Shiryu... — disse preocupada.

— Quem é você? — perguntou Shiryu, ainda sentado. Ele olhou para a mulher por cima do ombro.

Ela vestia um longo Kimono vermelho com bordas mais escuras. A estampa branca trazia símbolos chineses e a imagem de uma grande ave de longas asas e cauda. Em sua cintura havia um largo laço preto que prendia o Kimono de forma justa na sua cintura, e atrás do traje havia mais sete laços de cores distintas como uma longa cauda. Seus longos cabelos eram brancos nas raízes e iam mudando de cor até se tornar um vermelho intenso nas pontas. E seus olhos eram como ouro em chamas.

A mulher tinha uma postura imponente e um cosmo quente e poderoso como chamas.

— Meu nome é Suzaku. Sou uma das quatro divindades chinesas e sou a guardiã dessa região de acordo com a decisão de Senkyou. — disse ela. — Acredito que Hóu, o Taonia de Macaco, tenha lhe informado.

— Shunrei, poderia nos deixar a sós? — pediu gentilmente, e com um sorriso no rosto ela consentiu e se retirou. — Já veio tomar posse da região?

— Não. Ainda não. Apenas vim informar que Senkyou está debatendo sobre a possibilidade de esperarmos os nove dias até que Atena retorne do Tártaro, de acordo com o que você disse. Por enquanto a China permanece do jeito que está. Apenas estamos reforçando as defesas e vigílias.

— Entendo. Obrigado por levar em consideração o meu pedido. Sobre a sua pergunta a respeito de não parecer que o mundo está em guerra... É verdade. Não sinto conflitos em Jamiel ou no Santuário. Apenas pequenos deslocamentos de alguns berserkers.

— Isso é porque no momento a guerra está direcionada para uma outra dimensão. — disse Suzaku. — Segundo as informações que recebi, Ares foi com seu exército em direção a Atlântida, e desde então as atividades no Santuário diminuíram. Estão se preocupando em ficar na defensiva esperando o resultado da guerra contra o reino de Poseidon. Já faz dois dias que Ares se dirigiu para lá e desde então a guerra vem sendo travada. Não temos notícias de quem está ganhando ou perdendo. A dimensão em que Atlântida se encontra é distante do nosso alcance.

— Poseidon ainda está selado. — disse Shiryu. — Quem está protegendo Atlântida?

— Anfitrite. A esposa de Poseidon. E ela possui um poderoso exército ao seu lado. Mas essa guerra em Atlântida só fez com que aumentasse o nosso receio de ter uma segunda tentativa de invasão em Senkyou. Enquanto uma decisão ainda não é tomada a respeito do seu pedido, a barreira na China vem sendo mantida e vigiada, mas creio que não está sendo suficiente, e acho que você já deve saber o motivo.

— Fala dos cosmos suspeitos que estão rondando a região? — perguntou Shiryu.

— Exatamente.

— Estou ciente. Seja lá quem for, parece ter interesse com a Torre Maligna. Inúmeras vezes tentou se aproximar. O que mais me preocupa é que o cosmo que estava rondando a torre se assemelha bastante com o cosmo das estrelas malignas, mas tenho a absoluta certeza de que as cento e oito estrelas estão seladas e que nenhuma ficou desgarrada. — disse Shiryu

— Pedirei para que meus Taonias o ajudem na vigília. E quanto a Amazona de Capricórnio? — perguntou Suzaku. — Acompanhei o combate de vocês aqui em Rozan.

— Tourmaline... Ela na verdade é uma Saintia, e não uma amazona. Pertence a uma classe especial que serve Atena intimamente. Não sei de que lado ela está. É a irmã mais nova de Delfos. Ela sumiu desde o dia em que lutamos. Senti o seu cosmo em um vilarejo próximo, mas depois disso desapareceu. — ele olhou para ela por cima do ombro. — Você tem alguma notícia sobre o seu paradeiro?

Suzaku sorriu e balançou a cabeça negando.

— Não. Apenas fiquei curiosa ao sentir a espada sagrada que ela carrega no braço esquerdo. — Suzaku olhou para o chá na bandeja e deu mais um sorriso. — Sua esposa faz um ótimo chá. O aroma é delicioso. Talvez eu volte outro dia para conversarmos mais. Agora tenho que ir.

— Espere. — pediu Shiryu. — Eu posso lhe pedir um favor?

Suzaku enrugou a sobrancelha.

— E o que seria?

— É sobre uma proposta que Hóu me fez. — disse Shiryu. — E eu irei aceitar.

—...—


Oceano primordial do Atlântico Norte — Outro lado do véu

— Vamos acabar logo com isso, Éris! Preciso ir até Atlântida para que eu mesmo mate Ares. — disse Hyoga, elevando o cosmo.

— Você ainda está com isso na cabeça? — a deusa elevou o seu cosmo e segurou firme em seu tridente. — Seu destino é morrer nas minhas mãos.

— Não antes de dar um fim a você. — Nas mãos de Hyoga surgiram duas lâminas de gelo materializadas pelo seu cosmo.

— Idiota!

A deusa avançou como um raio em direção a Hyoga, que esperava por ela posicionado com as lâminas. O encontro dos dois gerou um forte choque de cosmo.

Éris lutava com maestria. Sua lança era como uma extensão do seu corpo. Ela girava a lança e golpeava Hyoga, que se defendia com as lâminas e saltava para tomar uma distância segurava. Enquanto lutavam, nuvens de escuridão se formaram acima deles. Relâmpagos começaram a rugir e raios começaram a cair. 

Houve um momento que Hyoga teve que desviar de um raio, mas acabou sendo pego pelo ataque de Éris, que girou e atingiu seu braço com a haste da lança, derrubando a lâmina de gelo da sua mão direita. Quase perdendo o equilíbrio, Hyoga passou a lâmina da mão esquerda para a mão direita, afim de se defender do próximo ataque, mas de forma astuta Éris saltou e desceu acompanhada por seus raios.

A lâmina de gelo foi partida e a lança rasgou o peito da armadura de Aquário, que logo ficou banhada por sangue, e arremessou Hyoga para trás.

— É o seu fim. — disse Éris. — Eu disse a você desde o início. Lutar contra um deus enquanto carrega essa maldição, é suicídio. Se você não morrer pela minha lança, morrerá pela maldição estrangulando seu coração.

— Cala a boca! — disse Hyoga se levantando. — Apenas lute.

— Que assim seja!! Irei corresponder a sua tolice! — disse Éris.

A deusa da discórdia ergueu a lança e elevou o seu cosmo, formando um turbilhão ao seu redor que se direcionava até a lança. Raios dançaram envolta dela respondendo a explosão do cosmo da deusa.

— Morra Hyoga!!

— Esquife de gelo!!

— Não adianta!! Nenhuma das suas técnicas irá deter a minha lança!! Morra!!

Éris lançou o seu golpe através da lança em direção a Hyoga. Uma poderosa rajada de cosmo que cortava o caminho até ele rasgando a placa de gelo durante seu avanço.

...


Rozan, Cinco Picos Antigos — Manhã do 4º dia

— Tem certeza que é isso o que você quer, Shiryu?  — perguntou Suzaku.

— Sim. — respondeu Shiryu. — Até que Atena volte. Tenho certeza que assim...

Um forte brilho dourado vindo do fundo da cachoeira cortou a conversa entre Shiryu e Suzaku.

— Mas que brilho é esse? — perguntou a deusa.

— Isso é... A armadura de Libra!! O cosmo da amadura está se elevando. Mas porquê?

Em meio ao brilho se ergueu duas estrelas cadentes que subiram ao céu em rápida velocidade.

— Sumiram!! Não sinto mais o cosmo. — disse Suzaku, olhando apara o céu. — Aquilo por acaso eram...

— Duas das doze armas de libra saíram da urna da armadura por vontade própria. — disse Shiryu. — Algum cavaleiro deve estar precisando delas, mas quem? — o cosmo da armadura ressoou com o cosmo de Shiryu. — Hyoga?!

...


Oceano primordial do Atlântico Norte — Outro lado do véu

Duas estrelas cadentes douradas rasgaram o céu de trevas no momento em que o golpe da deusa quebrou o Esquife de Gelo e estava prestes a atingir Hyoga em cheio. Diante do Cavaleiro de Ouro de Aquário surgiu o sagrado escudo da armadura de Libra contendo o golpe de Éris, e na mão direita estava a poderosa espada dourada.

— Essas são...?!

— Libra?! — disse Hyoga, surpreso. — Será que o Shiryu... — Hyoga fechou os olhos e sorriu. — Obrigado pela ajuda.

Graças ao escudo de libra, o golpe foi detido, mas a força divina ainda estava empurrando Hyoga para trás e o escudo estava começando a apresentar rachaduras. Mesmo sendo uma poderosa arma, Éris era uma deusa antiga e poderosa. A arma de libra não iria suportar todo aquele poder por muito tempo. A energia destrutiva da lança vazava para os lados e continuava a empurrar Hyoga para trás.

— Mesmo que o escudo de Libra tenha a intenção de salvar você, ele não irá suportar o poder de um deus. É o seu fim, Hyoga!!

— Libra... Obrigado pela ajuda!!

Hyoga soltou o escudo e saltou por cima do golpe. A rajada de cosmo passou direto, destruindo o escudo em pedaços, mas Hyoga desceu em direção a Éris brandindo a espada dourada nas mãos, e a deusa usou sua lança para se defender.

— O seu pecado por levantar uma arma contra um deus só irá aumentar a dor no seu coração, imbecil!

— E porque se importa tanto em falar isso? — gritou Hyoga forçando a espada contra a lança. — Se você me quer morto, cale a boca e lute!! Éris!! Eu vou partir você e essa lança ao meio!!

— Não seja idiota!!

A espada de libra quebrou-se em pedaços, mas não antes de quebrar a lança divina no meio. A destruição das duas armas gerou uma força desequilibrada que arremessou ambos para lados opostos. Éris colidiu em um dos navios de Atlântida, e Hyoga caiu no oceano.

—...—


Oceano primordial Antártico — Outro lado do véu

— Não pense que vai me derrotar com esses seus truques ridículos!! — disse Nyctea furioso. — Esfera das trevas!!

As esferas avançaram contra Bedra, mas antes que o general pudesse fazer qualquer coisa, Nyctea explodiu seu cosmo e abriu suas asas, gerando um forte deslocamento de energia que desequilibrou Bedra. O berserker em seguida avançou em meio ao próprio golpe para fazer um ataque direto. Suas garras cresceram e seus olhos brilharam como ouro.

— Um ataque duplo?! — pensou o general.

Um confronto de socos e chutes se iniciou nas profundezas do oceano. Mesmo com a forte pressão e a baixa temperatura, a ira de Nyctea fazia ele superar essas dificuldades e acompanhar os movimentos de Bedra, que não só se defendia dos punhos do berserker, como também de sua técnica.

Bedra então se teletransportou para atacar Nyctea por trás, mas o berserker se dissolveu em trevas pegando Bedra de surpresa e surgiu ao lado do general, girando e aplicando um poderoso chute concentrado com cosmo. E em seguida desferiu centenas de esferas negras que golpearam Bedra em cheio com consecutivas explosões, e o arremessaram contra a parede da fossa marinha.

— Eu jamais perderei para você, general!!

— Se eu fosse você, não diria essas palavras com tanta certeza assim. — disse Bedra se levantando. Seu rosto estava com escoriações e sua escama estava destruída na região do abdome. — Você só está vivo até agora porque eu queria fazer você sofrer por mais tempo, mas você não é o tipo de inimigo que devemos manter por muito tempo. É ardiloso e poderoso. Por isso... O meu próximo golpe será o golpe final.

— Golpe final para quem de nós dois? — vários olhos fechados surgiram atrás de Nyctea. — De uma coisa eu sei... Você não viverá!!

O cosmo de Bedra se elevou e seu braço direito foi tomado por uma fina camada de gelo, e um cosmo azul se concentrou na ponta do seu dedo como uma pequena esfera.

— Isso aqui será o suficiente. — disse o general.

— Tolo!! Olhar de Nyx!!

Os olhos se abriram e cada olho lançou uma rajada de cosmo dourado em direção a Bedra. O general serpenteou entre os golpes, se aproximando de Nyctea, até que o alcançou com um sorriso no rosto.

— Você perdeu. Dedo da morte!

Bedra tocou o dedo na testa de Nyctea, e instantemente o berserker ficou paralisado. Seu golpe se desfez, e seu cosmo se apagou. A pele de Nyctea congelou rapidamente e seus olhos ficaram arregalados. Aos poucos a vida ia abandonando o seu corpo e seus olhos iam perdendo o brilho.

— Antes que você morra, deixe eu lhe explicar. Esse meu golpe cria um frio tão intenso que se equivale ao zero absoluto. Semelhante ao Dedo da morte que mata as criaturas no Oceano Antártico, o meu golpe mata tudo aquilo que toca. Mas eu irei garantir que o seu corpo e a sua onyx fiquem aqui, no fundo dessa fenda, por toda a eternidade. Mesmo que você volte a vida daqui a dois séculos para mais uma guerra santa, a pressão da zona hadal, que fica no fundo dessa fossa marinha abaixo da zona abissal, irá impedir que você volte para a superfície e você ficará preso nas profundezas desse mar congelante sofrendo afogado até que morra novamente. E assim será para sempre, pois... — Bedra removeu a peça da onyx que cobria o antebraço de Nyctea, e rasgou a parte em que o berserker havia recebido a marca que permitia que ele respirasse debaixo da água. — Você não voltará a ter essa benção.

Segurando Nyctea pelo pescoço, Bedra o ergueu e em seguida o soltou no abismo. Em agonia, mas sem poder se mover, Nyctea afundou até sumir por completo na escuridão. Lá ele morreria com uma grande quantidade de água entrando no seu pulmão, e com o frio intenso que congelaria todo o seu corpo, deixando ele condenando para sempre sendo esmagado pela pressão.

—...—


Oceano primordial do Atlântico Norte — Outro lado do véu

Deimos e Chrysaor ainda batalhavam no navio Atlântis, e ambos estavam seriamente feridos. Chrysaor era um deus combatente de extrema habilidade. Um gladiador prodígio. Somando com sua lança, ele rivalizava com Deimos em pé de igualdade.

A divina lança dourada tinha um poder de corte superior a espada de Deimos, e até mesmo a pressão da trajetória da lança era capaz de cortar tudo em seu caminho.

Porém, Deimos também era um excelente lutador e sua espada tinha a propriedade de provocar uma intensa dor, como se queimasse o oponente ao corta-lo.

— Estou surpreso. — disse Deimos enquanto golpeava com sua espada. — Não esperava que você fosse tão bom.

— Nem sempre os mitos mentem. — desdenhou Chrysaor, se defendendo da espada negra de Deimos. Os longos cabelos verdes do deus estavam pingando de suor. — Principalmente os que narram as minhas glórias.

Chrysaor saltou para trás, concentrando seu cosmo dourado na lança e girou, deixando rastro de cosmo em seu percurso. Em seguida ele disparou um golpe na forma de rajada cósmica, que copiava a forma de sua lança.

Brandindo sua espada, Deimos saltou e cortou a rajada de cosmo ao meio, que acabou se dividindo para os lados, mas não perdeu seu fio cortante e rasgou a lateral dos braços do deus do terror.

— Não tem como fugir do poder de corte da minha lança. — disse Chrysaor orgulhoso. — Ou você recebe o golpe em cheio, ou tenta se defender e acaba sendo ferido, ainda que não seja de forma mortal.

— Já derrotei Atena em combate. Não irei perder para um verme como você. — disse Deimos, se deslocando com uma velocidade espantosa e descendo a espada contra Chrysaor.

O deus da lança dourada se esquivou com uma expressão de espanto, e girou sua lança para se defender do segundo ataque de Deimos, que foi empurrado para trás. Chrysaor girou a lança mais uma vez, mas o deus do terror se abaixou e atacou com a espada. Por pouco as entranhas de Chrysaor não foram arrancadas. O filho de Poseidon se jogou para trás, saltou para o mastro e desceu em um novo ataque.

Deimos o recebeu bloqueando a lança, mas o poder cortante dela mais uma vez voltou a feri-lo. Nesse ritmo ele iria acabar perdendo mais sangue do que Chrysaor, e logo estaria perdendo a consciência. Chrysaor continuava a atacar, girando sua lança e investindo em ataques diretos, que eram bloqueados por Deimos.

Em uma nova tentativa de encerrar o combate, Deimos desferiu golpes cortantes a longa distância, mas Chrysaor cravou a lança no piso do navio e saltou, passando por cima de Deimos e descendo com um golpe nas costas do deus, mas Deimos girou a tempo de para o golpe. Só que dessa vez a espada trincou.

— Ora, ora... Por quanto tempo essa espada velha irá suportar os meus golpes? — perguntou Chrysaor. — Vejo rachaduras nelas. Foi essa a espada que você usou para derrotar Atena? Ou será que não foi bem assim como você diz? Fiquei sabendo que Atena era uma jovem sem preparo de combate por ter crescido longe do Santuário durante treze anos. Então você é Deimos, o deus que se orgulha em matar jovens despreparadas? Você é uma vergonha!!

Chrysaor chutou Deimos, que foi arremessado para o alto, mas o deus abriu suas asas e recuperou o equilíbrio.

— Você fala demais, Chrysaor. Cortarei sua língua, ou melhor, a sua cabeça!!

 Deimos desceu desferindo mais um golpe, e Chrysaor girou para o lado, defendendo-se com sua lança. Mas o deus continuou atacando. Em uma das investidas Chrysaor saltou para trás, e a espada de Deimos rasgou o navio partindo-o ao meio.

Chrysaor perdeu o apoio para pousar e com isso perdeu o equilíbrio. Aproveitando a brecha, Deimos avançou com cosmo concentrado em seu punho e disparou uma rajada de cosmo que atingiu Chrysaor em cheio e o arremessou contra os escombros do navio.

— É... Até que você bate bem. — disse Chrysaor , tentando se levantar. Sua escama estava seriamente danificava e sangue escorria em seu rosto. — E sua espada... Os cortes dela estão queimando. É assim mesmo? É uma dor incomoda, mas nada que não dê para suportar. Já você... Vejo perdeu bastante sangue e está ofegante. Assim como eu. Tá cansadinho Deimos? Quer parar para tomar um pouco de água?

— Deboche enquanto pode. Terro Te

— Acha que eu sou idiota?! — Chrysaor rapidamente se moveu e desferiu um golpe com sua lança, impedindo que Deimos prosseguisse. O deus interrompeu o seu golpe e desviou. — Acha que vou lhe dar a brecha para que você invoque o seu golpe? Vamos Deimos!! Isso aqui não é brincadeira de criança!! Lute feito homem!!

Chrysaor se teletransportou como um raio e surgiu atrás de Deimos, que girou espantando e desviou no momento em que a lança quase atravessou o peito. Sem dar tempo do deus do terror se posicionar, Chrysaor recuou a lança e girou com um golpe em meia lua, rasgando o peito da Onyx de Deimos e provocando um corte quase profundo. O deus grunhiu de dor e tentou golpear, mas mais uma vez Chrysaor foi mais rápido e desferiu um chute que fez Deimos cuspir sangue e o arremessou contra três navios, atravessando um por um até se chocar e cair no último.

Chrysaor saltou entre os navios indo até Deimos, mas foi surpreendido quando o deus surgiu diante dele com as asas abertas e disparando uma sequência de golpes. Sem ter tempo para se defender, Chrysaor foi atingindo em cheio e desabou até o fundo de um navio.

— Já está na hora de encerrarmos isso! — disse Deimos erguendo o braço para cima e abrindo a mão. Seu cosmo girou ao seu redor e se concentrou na palma da sua mão. Uma grande e poderosa esfera de cosmo se formou. — Morra filho de Poseidon!!!

O golpe foi lançando como uma poderosa rajada de cosmo vermelho como sangue. O som do disparo foi como o de uma bomba. Ensurdecedor. O golpe pulverizou o navio e transpassou a camada de gelo que o prendia, causando uma forte explosão, mas em meio a rajada de cosmo brilhou um objeto dourado que subiu como uma estrela e cravou-se no peito de Deimos.

— Isso é... — Deimos tentou falar, mas se engasgou com o próprio sangue e cuspiu. Na tentativa de tirar a lança do peito, suas mãos tremeram e sua espada caiu. — Desgraçado!!!

— Deimos?! — disse Anteros, que ainda lutava contra Tritão, ao ver a lança cravada no peito do deus.

— Senhor Deimos?! — disse Anatole, se dirigindo em direção ao deus, mas Dionísio o segurou.

— Se quiser viver, fique aqui. — disse o deus. — O seu senhor é Phobos, portanto, não se meta.

— Senhor Dionísio?!

Dionísio olhou para a área, analisando os inúmeros duelos entre marinas, deuses, berserkers e cavaleiro, e balançou a cabeça em negação.

— Não a nada para se fazer aqui. Irei até Atlântida. — disse o deus, que em seguida desapareceu.

Deimos tentou tirar a lança, mas quanto mais ele puxava, mais sangue jorrava em seu ferimento devido ao grande poder de corte da arma.

— O que foi hein Deimos? — perguntou Chrysaor, se levantando entre os escombros. Sua escama estava completamente destruída, mostrando seu corpo musculoso repleto de ferimentos. Seus longos cabelos verdes estavam encharcados de sangue, seu corpo estava repleto de cortes e ferimentos profundos que os banhavam em sangue, mas seus olhos dourados em forma de fendas estavam mais vivos do que nunca. — Acabou, amigão. Você vai naufragar aqui. Enfrentar um filho de Poseidon em pleno oceano... É loucura.

Chrysaor estendeu os braços e o oceano explodiu, ser erguendo atrás do deus em uma gigantesca onda. E como se ele fosse um dominador de água, as águas do oceano seguiram os movimentos do seu braço, dando forma a um gigantesco tridente feito de águas escuras que brotou de dentro da onda e flutuou, ficando acima de Chrysaor.

O tridente gigante foi tomado pelo cosmo dourado do filho de Poseidon, mas ali havia um cosmo maior do que o do pequeno deus. Era um cosmo esmagador que parecia se erguer junto com a gigantesca onda. O cosmo de Poseidon. A imagem do deus surgiu na gigantesca onda.

— Deus desgraçado!! — disse Deimos entre os dentes ao sentir o cosmo do Imperador dos Mares. — Mesmo selado, ainda consegue manifestar sua vontade?!

— O que você esperava de um dos três grandes deuses do Olimpo? — desdenhou Chrysaor. — Caia diante do meu pai!! Sagrado Tridente!!

Como se estivesse lançando o tridente, Chrysaor fez o movimento com o braço e disparou a gigantesca arma, que se converteu em cosmo e cruzou o céu em direção a Deimos. O golpe atingiu Deimos em cheio e transpassou o peito deus, que caiu sem vida.

Satisfeito com a imagem do deus caindo como um anjo sendo lançado ao inferno, Chrysaor sorriu e desabou. Cunning, a almirante do segundo distrito, derrotou o berserker que estava enfrentando e correu para ajudar Chrysaor.

Surpresos, os berserkers de Deimos olharam espantados para a imagem do deus caindo, mas isso fortaleceu ainda mais a esperança dos marinas, que avançaram com todas as forças. Furiosos, os berserkers explodiram seus cosmos emanando uma essência sanguinária. O confronto se intensificou, e ambos os lados deram tudo de si.

—...—

 
Japão, região de Kanto, província de Chiba — Escola Particular Meteoro, da Fundação Kido — Final da tarde do 4º dia

A escola era uma grande mansão branca de três andares, com largas janelas e telhado vermelho-barro. O pátio, largo com árvores, plantas e fonte de água, estava lotado de jovens que conversavam e brincavam. A região de Kanto foi uma das poucas regiões do Japão que não sofreu com os conflitos da grande guerra santa, mas o governo havia aumentando a cautela e um alarme de urgência poderia soar a qualquer momento.

Na frente da escola, em uma rua larga e pouco movimentada, havia um luxuoso carro preto estacionado e um homem alto e careca estava encostado nele de braços cruzados. Ele não parecia ser um segurança. Seus trajes sociais eram nobres demais. Eram trajes de um mordomo de uma rica família.

Ele se afastou do carro e abriu a porta no momento em que duas mulheres se aproximaram. Uma tinha longos cabelos loiros, olhos azuis e pele clara. Ela estava usando um vestido preto justo ao seu corpo, que ia até seus joelhos, e um salto alto. A outra mulher parecia ter quase a mesma idade que ela. Seus olhos eram castanhos assim como o seu cabelo, que estavam amarrados e iam até a altura do ombro. Ela estava vestida um pouco mais formal. Usava uma camisa social preta de botão, saia branca, um blazer branco por cima da blusa, e calçava salto alto preto.

Uma adolescente passou por ela e se despediu, chamando-a de diretora, e com um singelo sorriso ela respondeu.

— Desculpe por fazer você esperar, Tatsume. — disse ela.

— Não precisa se desculpar, senhorita Seika.

Seika e a outra mulher entraram no carro e Tatsume fechou a porta, entrando em seguida no carro.

— Faz tempo que não ando pela cidade. — disse Seika, olhando pela janela.

— É perigoso, senhorita. Já conversamos sobre isso antes. Até essa guerra terminar, a senhorita deve evitar se expor nas ruas. — disse a outra mulher. — Já evitamos ficar na Mansão Kido para não deixa-la ainda mais exposta aos inimigos do Santuário.

— Compreendo. — disse sela soltando a respiração. — E o meu irmão? Alguma informação sobre ele, June?

— Faz quatro dias que recebi o último comunicado de Kiki. Ao que parece, Seiya ainda está vivo.

Seika apertou as mãos, nervosa.

— “Ainda está...”. — disse pensativa. — Tenho medo de ouvir outra resposta sempre que eu pergunto por ele. Passei sete anos sem o meu irmão, e depois que o acho, passo mais sete anos sem vê-lo

Tatsume olhou para ela através do retrovisor de teto. A expressão de Seika o deixava de coração partido.

— Quando essa guerra acabar e o mundo voltar a ter paz, eu mesma levarei você até ele. — disse June segurando nas mãos de Seika. — Mesmo que o Santuário me puna por isso. Mas por enquanto, devo seguir as ordens do Santuário e protege-la. Custe o que custar.

— Obrigada.

Tatsume saiu da pista principal e dobrou em uma estrada que levava para o interior de uma floresta. O caminho era um pouco íngreme até chegar em uma mansão antiga de dois andares. Um jardim circular de flores com uma grande arvore de cerejeira no centro enfeitava a área. O carro parou na entrada da mansão, e June desceu estendendo a mão para Seika.

— Venha.

Algumas horas se passaram e logo anoiteceu. Olhando pela janela da sala, tudo ao redor era escuro. Do topo da montanha dava para ver as luzes da província de Chiba. A distância era tanta, que o cântico das cigarras era maior do que o som as buzinas dos carros.

— Já preparei seu banho, senhorita. — disse June, entrando na sala. Ela agora estava com um vestido vinho um pouco mais solto e confortável.

— Obrigada. — disse Seika se afastando da janela, mas algo chamou sua atenção no lado de fora.

Ela teve a impressão de ter visto algo se movendo, e sua expressão estreitando os olhos gerou desconfiança em June.

— Senhorita? Algum problema?

— Eu... Eu acho que não. Apenas tive uma leve impressão de ter visto alguém lá fora e...

— Alguém lá fora? — disse com uma voz de surpresa. — Senhorita Seika, por favor, se afaste da janela!!

Seika arregalou os olhos ao ver uma pessoa em pé, em meio as arvores, acenando para ela lentamente. Ela não conseguia distinguir bem a sua fisionomia. Ele parecia usar trajes escuros e seu rosto pareia estar com um largo sorriso, mas protuberâncias grossas saiam de sua cabeça.

June correu até Seika para ver o que era. Ao olhar através da janela, June viu o indivíduo no exato momento em que as nuvens se afastaram e a luz da lua iluminou as árvores.

— Um berserker?! — disse June espantada.

 O berserker tinha a aparência de um coringa. Sua onyx tinha a forma de um bobo da corte, com guizos pendurados nas ombreiras e na cintura. Suas cochas eram largas e seus sapatos eram pontudos. Seu elmo cobria toda a sua cabeça, dividindo-se em dois volumes parecidos com chifres curvados para trás, e cada um trazia um guizo pendurado. A máscara perversa que cobria todo o seu rosto tinha um sorriso largo e sádico, e seus olhos eram estreitos e brilhavam em um vermelho sangue.

O berserker parou de acenar e ele entrou em posição de ataque.

— Temos que sair daqui!! — gritou June, segurando no braço de Seika. — Agora!!

June correu com Seika em direção aos fundos da casa. Tatsume, que parecia ter acabado de acordar de um cochilo, apareceu assustado.

— O que houve?!

— Um berserker!! O exército de Ares nos achou! — disse June, nervosa. — Ela correu pelos corredores até chegar em uma porta estreita que dava para o porão.

— Mas como nos acharam?! — questionou Tatsume. — Esse local possui diversos selos.

— Atena está no Tártaro. Está praticamente morte em relação ao mundo dos vivos. O selo de Atena deve ter perdido as forças, ou então... — June chutou a porta e desceu as escadas correndo puxando Seika. — Ou então alguém no Santuário nos traiu.

O porão era na verdade uma garagem subterrânea e havia dois carros Bugatti Chiron pretos estacionados.

— Senhorita Seika, por favor, entre no carro. — pediu June, que apertou o botão para abrir a garagem, pegou as chaves que estavam penduradas na parede e jogou uma para Tatsume. Ela olhou para o mordomo antes de entrar no carro. — Sabe o que fazer. — barulho de portas sendo arrombadas e vidros quebrando foram ouvidos. O berserker havia invadido a mansão e estava procurando por eles. — Agora vá!!

June ligou o carro e pisou no acelerador, subindo a rampa em alta velocidade e pegando a entrada que levaria era para longe da mansão.

Em um dos quartos o beserker ouviu o som do motor e do pneu cantando na estrada ao fazerem uma curva brusca. Sorrindo por debaixo da máscara, o berserker correu em direção a uma janela e saltou, caindo no jardim e seguindo o carro que ainda descia a estrada.

Ele pegou um atalho entre as árvores, cruzou a floresta como um assassino louco emitindo um barulho irritante com seus guizos e saltou, caindo em cima de um carro. Assustado sem saber o que era, o motorista quase perdeu a direção. O berserker olhou para os lados, procurando o carro onde estava Seika, até que o viu cortando outros carros em alta velocidade, rasgando uma estrada bastante movimentada. Já era noite e as pessoas estavam voltando para suas casas após um dia de trabalho cansativo.

Acidentes quase eram cometidos com tanta velocidade, mas o carro continuava acelerando em meio ao tráfego, e os motoristas buzinavam e xingavam. Para o berserker, isso facilitava ainda mais sua busca. Bastava seguir o tumulto.

Na tentativa de despista-lo, o carro entrou em uma rua, saindo da estrada principal. Mas foi inútil. O berserker logo surgiu na entrada da rua, correndo o bastante para se aproximar do carro. Enquanto um Bugatti Chiron alcança 200 km/h em 6,5 segundos,  podendo ir até 420 km/h, um berserker com certeza supera a velocidade de Mach 1, que equivale a 1 225,044 km/h, que é a velocidade do som. A mesma velocidade alcançada pelos cavaleiros de bronze.

O berserker saltou e passou por cima do carro, pousando poucos metros a frente e desferindo um soco no capô do carro. O vidro do para-brisa explodiu em pedaços, e por causa da velocidade que vinha o carro acabou capotando por cima do berserker, girando várias vezes até cair com as rodas para cima.

O berserker correu e se abaixou ao lado da porta do motorista. No volante estava Tatsume, preso em meio as ferragens e com um corte profundo na testa, que o deixou coberto de sangue. Ele parecia ainda estar vivo, mas sentia dores no corpo e na cabeça. Mas ao olhar para o banco de trás, o berserker viu que estava vazio. Não havia ninguém além do mordomo.

— Onde ela está? — gritou o berserker apertando o pescoço de Tatsume. — responda seu verme maldito!! Onde ela está??!

Tatsume sorriu, cuspindo sangue.

— Está longe do seu alcance.

— Miserável!!! — o berserker apertou o pescoço de Tatsume com força, cravando as garras e em seguida puxando, arrancando a laringe e a traqueia. — Humano desgraçado!! Me fez perder tempo. Mas ela não vai escapar!!

—...—


Primeiro distrito — Atlântida

— Por que está abandonando sua espada, Ares? Não me diga que você tem honra para não lutar contra alguém desarmado.

— Não me importo com isso. Lutaria até com duas espadas contra você desarmado se eu quisesse, mas o que eu quero mesmo... — os punhos do deus ficaram tomados por cosmo. — É uma luta direta. Punho contra punho.

— Uma luta... direta?

— O que foi, Almirante? Suas runas não irão lhe garantir vantagens? Invoque suas lanças de Oricalco se quiser. Já disse que não me importo. Apenas lute!

Ares cerrou o punho e avançou. Sehrli materializou uma lança de Oricalco, mas Ares se esquivou por baixo, subindo em seguida com um soco no queixo do almirante. Sehrli foi lançado para o alto, mas ele girou e pousou. Contudo, antes que recobrasse o equilíbrio, Ares já estava indo em sua lateral, aplicando um soco em sua costela. O almirante sentiu os ossos se quebrando antes de ser jogado contra uma coluna.

Sehrli levantou-se cambaleando e levando a mão até o peito. Ele tinha a sensação de que um dos seus pulmões havia sido perfurado. Mas Ares não deu tempo para ele recuperar o folego. O deus se moveu superando a velocidade da luz. Ares cruzou o espaço entre Sehrli e ele em milésimos de segundos, segurou no pescoço do almirante e aplicou um golpe arremessando-o contra o chão.

A força exercida por Ares causou uma explosão de cosmo que desprendeu o solo, abrindo uma cratera e fazendo Sehrli cuspir sangue. Tentando reagir, o almirante tentou aplicar um chute, mas Ares se afastou, girou e agarrou na perna de Sehrli, girando mais uma vez para lança-lo contra uma sequência de edifícios.

— Você não é grande coisa, Almirante. — disse o deus caminhando até Sehrli. — Percebi isso logo no início. Pode até ser um difícil oponente contra um berserker, anjo ou cavaleiro de ouro, mas não contra um deus. Ainda que suas runas lhe concedam habilidades divinas, você só consegue usar uma runa por vez. Esse é o seu ponto fraco. Você não consegue usar a velocidade de Hermes enquanto se cura com a habilidade de Asclépio e luta com a minha habilidade. — Ares levantou os escombros e viu Sehrli caído em uma poça de sangue. — Humano... Por quanto tempo você acha que eu vou ficar caindo em seus truques?

Ares estendeu a mão para o lado, materializando sua espada, e então girou para se defender de um golpe que veio por trás. O almirante estava com duas lanças de Oricalco nas mãos prestes a perfurar Ares por trás.

— Acha que eu não vi? — perguntou o deus. — Runa de Hécate. O feitiço para iludir o inimigo. Você criou uma cópia do seu corpo enquanto estava sendo arremessado. Escondeu-se atrás de um dos pilares esperando que eu me aproximasse do seu corpo falso caído no chão. Idiota!! — Ares explodiu o seu cosmo e empurrou Sehrli para trás com a força da sua espada. Em seguida o deus se moveu, aplicando uma joelhada na altura do estomago do almirante. — Meus olhos acompanham velocidade superiores a da luz. Se você pudesse utilizar a runa de Hécate  com a runa de Hermes... — Ares girou e chutou o rosto de Sehrli, jogando o almirante contra alguns pilares. — Você poderia te mais hesito nessa estratégia. Ou talvez devesse ter usado a runa de Atena para ter mais sabedoria e não agir como um tolo diante de um deus!! Agora... — Ares estendeu a mão elevando o cosmo. — Vem a punição. — A espada de Ares se transformou em lança e mirou o coração de Sehrli. — Poseidon ter um marina como você é preocupante. Já imaginou se os deuses começarem a adotar essas runas em seus combatentes? O mundo viraria um verdadeiro inferno em guerra. E mesmo eu, que gosto de guerra, não vejo a menor graça em dar essas runas aos meus berserkers. Por isso, irei mata-lo, matarei seus descendentes e reduzirei o terceiro distrito a pó, para que isso morra junto com você.

Com o movimentar da mão, a lança foi disparada contra Sehrli, mas um cosmo poderoso caiu diante do almirante e parou a lança, erguendo uma parede de cosmo que bloqueou o ataque. Atrás da barreira estava Anfitrite, com seus longos cabelos verde-oceano escorrendo por debaixo do seu elmo. Seus olhos verde-perolado miraram Ares com desprezo. Seu corpo estava protegido por uma escama dourada e em sua mão direita ela trazia um tridente semelhante ao de Poseidon. E ela estava acompanhada por um grupo de nereidas.

A deusa segurou o almirante antes que ele desabasse no chão.

— Você lutou bem, Sehrli. Agora descanse. As nereidas cuidarão de você.

— Anfitrite... — disse Ares

— Então foi você e... — a deusa olhou para o topo de um prédio e avistou Draco, que acompanhou de longe o confronto entre Ares e Sehrli. — O seu filho que invadiram Atlântida?! Vocês dois eram os soldados disfarçados?! Algo inteligente vindo de você.

A barreira foi desfeita e Ares chamou sua lança, que voltou para sua mão.

— Por que está armada? Por acaso veio lutar no lugar do seu almirante? — desdenhou Ares. — Volte para o seu palácio, mulher. E se esconda no meio das suas preciosas nereidas. Talvez sirva como uma das minhas concubinas.

Um forte tremor vindo da superfície chamou a atenção dos deuses e das nereidas. Um cosmo poderoso estava se apagando e outro estava bastante fraco.

— Deimos?! — disse Ares surpreso.

— O outro cosmo é do... — disse uma das nereidas.

— Chrysaor. — respondeu Anfitrite. — Parece que o filho bastardo de Poseidon matou um dos seus gêmeos. Será um prazer mandar pai e filho para o Tártaro.

O deus segurou a lança e elevou o cosmo.

— Nós deuses somos imortais. Nunca morremos. Alguns séculos depois e ele estará de volta. Mas ele não irá para o Tártaro sozinho. Mandarei você para fazer companhia a ele!!!

O deus elevou o seu cosmo e partiu para cima de Anfitrite, mas a deusa não hesitou e também avançou elevando o seu cosmo.

—...—


Oceano primordial do Atlântico Norte — Outro lado do véu

Éris se levantou dos escombros repleta de ferimentos, e a primeira imagem que viu foi o golpe de Chrysaor transpassando o peito de Deimos e o deus caindo morto.

Surpresa, a deusa correu em direção ao deus. Com o peito aberto em meio a uma poça de sangue, que escorria pelo gelo, e com os olhos arregalados, a imagem do deus era penosa. Toda a arrogância e imponência havia desaparecido. Agora era apenas mais um corpo amontoado em meio aos escombros dos navios e a tantos outros corpos que se acumulavam.

Éris viu Cunning correndo até Chrysaor e cerrou o punho.

— Não permitirei que viva.

A deusa elevou o cosmo e correu para matar Chrysaor, mas Hyoga surgiu vindo pela sua lateral e aplicou um soco no rosto de Éris, lançando sua cabeça para o lado.

— Eu ainda estou vivo, Éris!!

A deusa agarrou o braço de Hyoga e o girou contra um navio.

— Por enquanto!! — gritou Éris. — Como ousa bater no rosto de uma mulhe? De uma deusa!!

— Para mim não faz diferença se você é mulher. — seu cosmo dourado se elevou. — Se está no campo de batalha então é porque aguenta apanhar.

Hyoga disparou contra Éris, que desviou rapidamente do punho congelante e saltou no exato momento em que Hyoga girou e disparou uma rajada de cosmo. No céu, a deusa estendeu o braço direito e disparou uma poderosa rajada de cosmo rodeada por raios. O golpe acertou Hyoga e o arremessou contra o chão de gelo.

— Lembra da nossa primeira conversa, Hyoga? Lá no Santuário? Eu disse a você que nenhum lendário sairá vivo desta guerra santa. Apenas errei ao dizer que você seria o último a morrer. Levarei seu cadáver para o santuário antes de entregar ao Olimpo.

— Peça para algum outro deus ou berserker fazer isso por você. — disse Hyoga se levantando. — Pois você será detida aqui.

— Vou é? Você já olhou para o seu pescoço ou para o seu peito? — perguntou a deusa parecendo estar satisfeita. As veias de Hyoga estavam ficando negras. — Isso é sinal de que a maldição está se espalhando. Me diga... Como consegue aguentar a dor?

O cosmo de Hyoga continuava a crescer cada vez mais e com isso a camada de gelo ia se estendendo e ficando cada vez mais grossa.

— Ao invés de ficar pensando na dor, eu miro meus pensamentos para o seu cadáver e o de Ares!! — o cosmo de Hyoga explodiu em uma tempestade de neve, que foi ficando mais violenta e mais densa, com afiados fragmentos de gelo.  Turbilhão congelante!!

O turbilhão se formou e avançou contra Éris, causando um forte tremor e sugando para si tudo que encontrava pelo caminho. A deusa da discórdia acabou sendo puxada para o interior do turbilhão, mas ao elevar o cosmo ela dissipou o turbilhão e o gelo que cobriu o seu corpo.

— Já deveria saber... — Éris sumiu e voltou a aparecer diante de Hyoga. — Para congelar um deus é necessário um frio cem vezes mais intenso que o zero absoluto.

A deusa aplicou uma sequência de socos no peito de Hyoga, em seguida aplicou um soco no queixo lançando-o para cima e por fim girou, aplicando um chute no abdome de Hyoga, que foi arremessando contra um dos navios de Ares.

— Você conseguiu naquela vez, lá na Sibéria, mas não é um milagre que se alcança várias vezes. — disse a deusa, pairando acima de Hyoga. Nuvens negras voltaram a se formar e a girar, e raios roxos como o cosmo de Éris dançavam em meio as nuvens. — Vou deixar bem claro a diferença entre nós dois. — A deusa ergueu o braço, atraindo uma chuva de raios para a sua mão, formando uma poderosa concentração de cosmo. — Morra!!

O golpe foi disparado como uma rajada devastadora de raios, que explodiu erguendo uma grossa coluna de chamas e cosmos.

— Hyoga!! — gritou Tritão, que ainda lutava contra Anteros.

— Terminou. — disse a deusa sorrindo. Ela pousou na camada de gelo e olhou para Cunning. Raios voltaram a se formar na palma da sua mão. — Agora é a vez de acabar com vocês dois.

— Espere!!

A deusa virou-se surpresa.

— Não é possível!! Não lhe resta mais nada!!

Hyoga havia se levantado mais uma vez. Sua armadura estava quase toda destruída. O peito, abdome e ombreiras foram despedaçados. Os braços, as pernas e a cintura estavam com tantos danos que no próximo golpe com certeza seriam destruídos completamente. Mas ele ainda queimava seu cosmo.

Seu corpo estava ensanguentado e com queimaduras graves. A pele do seu peito estava tão escura que parecia estar em fase de necrose. Seus longos cabelos loiros estavam sujos de sangue e suor.

— Resta sim. Resta a esperança de derrotar você antes que a vida abandone esse corpo.

O cosmo de Hyoga explodiu e ele avançou mais uma vez com o punho cerrado. Dessa vez seu cosmo não emitiu um brilho dourado. Seu cosmo brilhou em um azul vivo e poderoso.

Éris estendeu a mão e segurou o punho de Hyoga, mas a força e o cosmo de Hyoga começaram a empurra-la para trás.

— Como pode ter uma cosmo energia dessa nesse estado?! Esse cosmo... Ele continua a crescer infinitamente. Esse é... O cosmo que supera o sétimo sentido. O oitavo sentido!!

— Eleve-se cosmo!!

— Irei matar essa esperança que lhe move e depois arrancarei a sua cabeça!!!

— Execução Aurora!!

O golpe de Hyoga avançou contra a deusa, que contra atacou com uma poderosa rajada de cosmo. A colisão gerou um forte impacto e por um momento se estabilizou.

— Seu cosmo continua crescendo. Nem mesmo a minha maldição arrastando-o para a morte está sendo capaz de detê-lo. — pensou a deusa. — Hyoga... De onde vem tanta força? Não pode ser apenas a raiva por mim e por Ares que move esse homem. É mais do que isso. É essa a força que o Olimpo teme?

—...—


Olimpo — Palácio dos deuses — Noite do 4º dia

No topo do Olimpo se encontra o palácio onde os doze grandes deuses olimpianos possuem seus respectivos tronos. Aparentemente não havia ninguém. Duas grandes tochas iluminavam a entrada e um grupo de anjos faziam a guarda.

Mas no interior do palácio, por trás da grande porta, haviam três mulheres idosas no centro do salão principal, que era circundado pelo trono dos deuses. Elas estavam tecendo fios que saiam de um globo, e nesse globo havia imagens do combate entre Éris e Hyoga. Naquele momento ambos colidiam seus cosmos de forma surpreendente.

Do globo saiu um fio azul que foi em direção a uma das mulheres.

O fio da vida de Hyoga, o Cavaleiro de Ouro de Aquário.” — disse ela. Sua voz soava pelo salão e era uma voz velha e arranhada. — “Um dos homens que pecaram contra os deuses.”

O fio então seguiu para as mãos da segunda mulher, que analisou ele como se estivesse lendo-o.

Ele está com uma maldição no peito que está lhe atraindo para a morte, e agora usa sua vida como lenha para queimar o pouco de cosmo que ainda lhe resta.” — disse a segunda mulher, passando o fio para a última.

A terceira mulher puxou o fio e encostou uma tesoura prateada.

“Chegou o momento de encerrar a vida desse homem.”

— Esperem!! — disse um homem que estava sentado no trono principal. — Não cortem ainda.

“Mas a morte não pode ser evitada, meu senhor. É o destino que se encarrega disso. Nem mesmo o senhor tem autoridade sobre isso.” — disseram as três mulheres, simultaneamente.

— Apenas não o matem agora. — seu tom de voz soou mais firme e imponente.

—...—

Link do video. (click no link, coloque um fone, e leia o resto da história com a trilha sonora de fundo)


Oceano primordial do Atlântico Norte — Outro lado do véu

O corpo de Hyoga já não aguentava mais. Se as moiras não lhe tirassem a vida, o próprio corpo de Hyoga iria entrar em colapso. Seus braços estendidos se esforçavam para permanecerem firmes, mas seus joelhos tremiam pedindo descanso. Sangue escorria pela sua boca e lagrimas escorriam dos seus olhos.

O cosmo de Éris começou a avançar, superando o cosmo de Hyoga, e quando ele não suportou mais, os braços cederam e o cosmo da deusa avançou. Mas em meio aquilo tudo uma luz branca e pura brilhou. Diante de Hyoga, protegendo ele do cosmo de Éris, estava a armadura de cisne em sua forma divina.

— Essa armadura... Não é possível!! — disse a deusa.

— Cisne?

O resto da armadura de Aquário abandonou o seu corpo, dando lugar a armadura de cisne que uma vez mais voltou a protege-lo. A força de vontade da armadura transbordou, emprestando sua vida e seu cosmo a Hyoga.

Respondendo a sua armadura, Hyoga ergueu os dois braços tomando a posição da sua técnica suprema e elevou o seu cosmo em silêncio. Lagrimas escorreram dos seus olhos naquele momento, pois ele sentia que a armadura também chorava junto com ele. Mais do que nunca ele sentiu que aquele seria o seu último golpe.

— Está pronto Hyoga? — Éris concentrou seu cosmo mais uma vez na palma da mão.

— Armadura de Cisne, Atena, dai-me força e sabedoria nesse momento... — pediu Hyoga em silêncio. — Deusa da discórdia, em nome de Atena, eu invoco o pomo de ouro para que uma vez mais você volte a dormir, e assim a Terra fique livre da ira da sua discórdia

A deusa arregalou os olhos ao ouvir aquelas palavras. Da armadura divina de cisne saiu uma pequena gota de sangue dourado. O Ikhor de Atena que um dia foi dado para que a armadura fosse restaurada. O sangue divino atraiu alguns fragmentos da armadura de ouro, que se uniram e giraram diante de Hyoga e Éris, se fundindo até formar uma maçã dourada cravada com o nome “Atena” em grego.

— O que está fazendo, Hyoga?! Pare agora mesmo!! — gritou a deusa, que disparou uma rajada acompanhada por raios.

— Suprema Execução Aurora!!

O golpe foi disparado e colidiu com o de Éris, mas o cosmo de Hyoga começou a superar o da deusa, empurrando-a para trás. A onyx divina começou a congelar e a se despedaçar. A deusa, assustada, estava incrédula com tamanho poder. Seu cosmo estava sendo superado por um humano. O cosmo de Hyoga então explodiu, alcançando o nono sentido e sobrepujando o cosmo de Éris.

A deusa recebeu o golpe em cheio, foi arremessada para o alto e em seguida desabou. A maça dourada então brilhou e começou a sugar a essência da deusa.

Tentando se levantar, Éris olhou para Hyoga. Ele estava quase morto. Não iria sobreviver, mas todo aquele sacrificou tocou no coração da deusa uma coisa que a milhares de anos ela não sentia. Misericórdia e compaixão. E por uma força de vontade que ela não conseguia explicar, seus lábios se moveram e ela concedeu a Hyoga o perdão. Livrando ele da maldição.

O corpo e a alma da deusa se desfizeram em cosmo, e foram drenados para dentro da maçã, que em seguida subiu para o céu e desapareceu entre as estrelas.

Após ser liberto da maldição, Hyoga pôde sentir um pouco de paz. Seu corpo já não doía mais, seu coração não estava mais sendo estrangulado, e isso lhe fez chorar. A vida de um cavaleiro é sempre dura, cheia de dores, perdas e agonias, e nem sempre eles desfrutam da paz que tanto lutam para manter. Por isso é injusto que ele venha sentir essa paz logo agora que a morte já o abraça. Talvez essa seja uma maldição pior. Ver diante de si o que sempre almejou, mas sabendo que não chegará a aproveitar.

...


Olimpo — Palácio dos deuses.

— Moiras... — o homem no trono olhou para Hyoga mais uma vez através do globo. — Podem cortar.

E assim fizeram. A terceira mulher cortou o fio da vida, que aos poucos foi perdendo o seu brilho.

...

Em Rozan, na China, Shiryu já chorava diante da grande cachoeira, sentindo a perda do grande amigo. No Etna, na Ilha Sicília, os olhos de Ikki ficaram inundados em lagrimas e seu coração ficou apertado sem ele se quer entender o motivo. Na queda para o Tártaro, Seiya e Shun, que caiam inconscientes, choravam em silêncio pela morte do companheiro. No Tártaro, no palácio de Oberon, Atena sentou no chão e chorou abraçando seu corpo, sentindo um cosmo amigável se despedindo.

— Seiya... Shiryu... Shun... Ikki... Atena. Adeus, meus amigos.

O corpo de Hyoga desabou sem vida.

—...—


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Notas finais do capítulo

Grupo da fanfic no facebook: https://www.facebook.com/g roups/562898237189198/

Nesse grupo você acompanha o lançamento dos capítulos e ainda tem acesso ao perfil e histórico de alguns cavaleiros.

Contato: 81 97553813

Próximo capítulo: Capítulo 56 — Guerra em Atlântida: Poseidon.
Sinopse: indefinida.
Data de publicação: indefinida

Não sei nem o que dizer. Foi um capítulo difícil. Uma mistura de amor e raiva. Deixo o resto pra vocês.

E assim começo 2018. Feliz ano novo a todos, obrigado por estarem comigo por mais um ano. Agora vamos iniciar a contagem regressiva para o fim da fanfic. Faltam 5 dias para Atena voltar do Tártaro.

Como vocês já sabem, a critica de vocês é sempre bem vinda e fundamental para a história. Estou bastante empolgado com esse arco de Atlântida.

Beijos e abraços. Vejo vocês nos próximos capítulos!! Deixem seus comentários ♥



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