A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 34
Capítulo 32 - O rei caído de Arcádia


Notas iniciais do capítulo

Seiya e os outros chegam á França, mas não demora muito para que outro grupo de berserkers enviados por Fobos apareça iniciando um novo ataque. Lycaon, o berserker Licantrope do exercito do Medo, os caçam incansavelmente. Alkes se vê na necessidade de lutar, mas acaba tendo problemas durante a luta. O antigo Lince então afia suas garras para lutar e para honrar a promessa que fez quando conheceu Aiolia.



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Capítulo 32 – O rei caído de Arcádia


Santuário - Salão do Grande Mestre - Grécia

— A armadura de Atena? Está com Seiya?! — disse Phobos incrédulo.

O deus estava sentado no trono do Grande Mestre, enquanto Anteros, sem o elmo e trajando as vestes de Grande Mestre, estava em pé ao lado de Phobos. O deus do medo estava vestindo uma toga grega branca com bordas vermelhas, ombreiras negras de sua onyx, abraçadeiras, um sinto adornado por rubis e calçava as botas negras de sua onyx. Os olhos azuis estavam tomados por ódio. Sua expressão de calma tinha desaparecido nos últimos dias. Diante de Phobos estava o berserker Ortos de joelhos passando as informações da luta em Barcelona.

— Mais uma vez o plano de Delfos nos atrapalha!! — gritou Phobos, cerrando o punho no apoio do trono. — Mas e a armadura? Conseguiram roubá-la?

— Não, senhor! — disse Ortos.

Phobos deu um soco no apoio do trono e se levantou emanando um cosmo tão poderoso que gerava uma onda de ar em sua volta. Ortos teve que cravar suas garras no chão para não ser arremessado contra o teto. Seu elmo, porém, voou e se chocou violentamente em um dos pilares que sustenta o teto do salão. Os olhos de Phobos brilhavam em um roxo sinistro.

— Como podem ser tão incompetentes?! — gritou Phobos. — A cada berserker que eu envio o resultado é sempre uma falha! Sempre estamos um passo atrás desses desgraçados! — Phobos estendeu a mão em direção a Ortos e concentrou o seu cosmo na palma da mão. Ortos se levantou rapidamente assustado. — Eu não preciso de inúteis no meu exército. Daqui a alguns séculos volte a vida sendo mais competente!

— Senhor Phobos, espere! — a grande porta do salão se abriu e Hugo entrou. Ele trajava sua onyx e trazia seu elmo debaixo do braço esquerdo. Seu rosto estava com escoriações e seu cabelo verde estava sujo de sangue. — Não o mate ainda.

— Hugo! — disse Phobos entre os dentes. A pronúncia saiu mais como um sussurro de ódio. — Talvez eu realmente não tenha que matar Ortos, mas sim você, que é o I comandante do meu batalhão. Vejo que também não roubou a armadura de Atena.

Hugo parou imediatamente no meio do salão. Seu coração ficou acelerado. Um sinal claro de que ele estava com medo. Tentou forçar um sorriso no rosto, mas como ele poderia enganar o deus do medo? Quanto mais nervoso Hugo ficasse, mais sua mente se abriria para Phobos. Bastava um estalar de dedo para que Phobos o matasse da pior maneira possível.

— Senhor... — disse Hugo falando mansamente. — Não vou implorar ao senhor para que não me mate. Sou seu servo e minha vida lhe pertence assim como também pertence ao senhor Ares, mas antes que me mate, permita-me lhe contar o que eu descobri.

Phobos hesitou por um momento, mas deu uma chance a Hugo.

— E o que tem para me contar?

— É sobre como o senhor pode acabar com os cavaleiros atacando onde eles sãos mais frágeis. — disse Hugo, levando a mão direita ao coração.

Phobos recuou com o seu cosmo e se sentou no trono.

— Continue. — disse Phobos.

Hugo deu um sorriso de canto como um alívio e se dirigiu para frente do trono, ficando ao lado de Ortos.

— Como o senhor sabe, eu sou um caçador de joias, mas após tanto tempo lhe servindo aprendi a caçar outras joias. — Hugo abriu a mão e dez esferas de cosmo se materializaram em esferas cristalinas e dentro de cada uma existia uma fumaça, cada uma de cor diferente. As dez esferas giravam na palma da mão de Hugo como se fossem planetas girando em torno do sol. — O tesouro do coração. Passei a caçar as joias mais preciosas dos humanos. Aqueles que eles amam. — Phobos se inclinou no trono para olhar as esferas. — Dentro de cada esfera está a imagem daqueles que são os mais preciosos para Seiya e os outros. O ponto fraco de cada um. Se usarmos essas joias contra eles, iremos desestabilizá-los. Causar uma crise em suas emoções. — disse Hugo. — Do jeito que são emotivos, e no fundo egoístas, vão querer proteger essas pessoas primeiro para depois seguirem em frente para salvar Atena. Os humanos sempre são corroídos por sentimentos e dúvidas.

— Isso iria fazer com que eles perdessem o foco e consequentemente perderiam tempo também. — disse o deus Anteros. — Agora sabemos por que o plano de Delfos vem tendo tanto sucesso. Não é apenas porque ele é inteligente, mas é porque a armadura de Atena está com Seiya e consequentemente Nike também está. A sorte e a vitória estão a favor deles guiando o plano de Delfos com louvor. Se continuar dessa forma, não vamos conseguir derrotá-los e vamos ter uma grande baixa em nosso exército, então devemos atrasa-los o máximo possível até que a segunda lua de sangue brilhe no céu. Após a segunda lua não teremos motivos para temê-los e muitos menos o plano do humano. A magia que sela uma parcela dos nossos poderes irá se desfazer e o exército do senhor Ares ficará com força total. Isso vai...

— Silêncio. — disse Phobos levantando a mão e interrompendo Anteros. — Já entendi. — O rosto de Phobos voltou a sua forma serena. — E como você aconselha que isso seja feito, Anteros?

— Dessa forma... — Anteros desceu as escadas do altar e parou diante de Hugo, abrindo os braços e elevando o cosmo.

O sorriso largo e fino não saia do seu rosto. Os seus olhos brilharam e foram tomados por cosmo. Um tabuleiro de xadrez surgiu entre eles e as esferas saíram da palma da mão de Hugo e foram até Anteros se transformando em peças de xadrez brancas e se organizando no tabuleiro. Cada peça estava marcada pela constelação que correspondia a cada integrante do grupo de Seiya e cada uma tinha um detalhe diferente que sinalizava a constelação. O chão então tremeu e um bloco de mármore se soltou do chão e subiu até a altura da cintura de Anteros, como se fosse uma coluna brotando do solo. Anteros pousou o tabuleiro na coluna e se afastou permitindo que Phobos pudesse ver o tabuleiro. — Isso é como um jogo de xadrez, Phobos. E primeiro devemos começar com os peões. — Anteros pegou uma peça e deu a primeira jogada. — Atingindo a base do exército, o líder sofrerá abalos. — A peça que Anteros moveu tinha a marca da constelação de Cobra e havia uma cobra de cor purpura enroscada na peça. A peça brilhou ao encostar novamente no tabuleiro e deu forma a um homem.

— Quem é esse? — perguntou Phobos.

— Esse, meu senhor, é "a joia". — respondeu Hugo. — A peça que o senhor Anteros moveu foi da amazona de prata, Shina de Ophiucos. A peça ao ser movida revela uma das pessoas mais preciosas. Se matarmos ele, iremos atingi-la emocionalmente.

— Também é como um efeito dominó. — disse Anteros. — Não irá apenas atingi-la, mas também aos demais, só que talvez em uma proporção menor se comparado ao quanto ela vai sofrer ao vê-lo morrer.

Ortos se levantou e deu um paço a frente.

— Senhor, permita que eu vá. — pediu ele. — Deixe que eu mesmo tire a vida desse homem.

Phobos encarou Ortos e depois relaxou no trono.

— Vá! E traga a cabeça dele para mim. — Ordenou Phobos. — Se você falhar e sobreviver, corte a sua garganta, mas não volte ao Santuário.

Ortos colocou o elmo na cabeça e elevou o cosmo.

— Sim senhor!!

—...—


Cordilheira Pirenéus, Canillo - Andorra

Entre a Espanha e a França existe uma extensa cordilheira que forma uma fronteira natural entre os dois países. As montanhas mais altas estão constantemente cobertas de neve. Entre as cordilheiras existe um pequeno país chamado Andorra. O território do Principado de Andorra está estruturado em sete divisões que são conhecidas como "paróquias". E Canillo é uma dessas sete paróquias.

O clima estava bastante frio e a neve forrava as ruas de Canillo. As casas antigas e a magnifica fauna que cobre as cordilheiras dava a cidade uma beleza encantadora. Após a luta entre os cavaleiros e os berserkers em Barcelona, Seiya e os outros partiram para a França, mas Henry estava bastante ferido devido a sua luta contra Hugo e os ferimentos acabaram limitando seu cosmo, por isso eles tiveram que parar em Andorra para descansar. Se hospedaram em uma casa de luxo que fica na fronteira entre Canillo e a parte sul da cordilheira, ao pé da montanha entre os grandes pinheiros e afastado das moradias do civis.

A casa era na verdade uma mansão. A Mansão possuía dois andares e sua parede era feita de pedras e argamassas, com exceção do primeiro andar onde as paredes são feitas de madeira e possui largas janelas que vão do piso ao teto que também dão acesso a sacada da casa. Na parte exterior da mansão existe uma grande piscina e um jardim de diversas flores, inclusive rosas.

— Essa casa é sua, Eros? — perguntou Jabu, que vestia uma camisa preta de botão com as mangas dobradas até o cotovelo, calça jeans escura e sapato preto.

Ele estava em pé diante da lareira vendo os porta-retratos. Em uma das fotos, Eros, de paletó e gravata, estava acompanhado de uma linda mulher de pele clara, cabelos loiros e que vestia um longo vestido azul escuro e um colar de diamantes. Eros estava com a mão na cintura da mulher e ambos esboçavam um largo sorriso.

O Eros da foto era totalmente diferente do homem que Jabu tinha acabado de reencontrar. Um homem sério e de poucas palavras, mas sempre afiadas. Jabu pousou a foto de volta à bancada da lareira e pegou outra foto. Agora ele estava com a mesma mulher, só que com duas crianças entre eles. Dois meninos. O mais velho, que estava em pé entre Eros e a mulher, tinha a mesma cor dos cabelos de Eros, mas os olhos eram parecidos com os da mulher, só que em um tom mais claro. O mais novo, que estava nos braços de Eros e aparentava ter cinco anos, tinha o cabelo escuro e olhos caramelo.

— São seus filhos e sua esposa? — perguntou Jabu, se virando e mostrando a foto.

Eros, que estava sentado no sofá da sala com as pernas educadamente cruzadas, pousou a xícara de café no criado mudo ao lado e acenou com a cabeça dizendo que sim.

— Minha esposa, Dália, e meus filhos Cristhian, o mais velho e também meu herdeiro, e Páris, o meu filho adotivo. — respondeu Eros. — E sim, essa casa é minha.

— Assim como aquele iate na Grécia e aqueles dois carros de luxo em Barcelona. — disse Alkes, de costas, em pé olhando para a cidade através das janelas. Estava vestindo uma camisa branca de manga comprida, uma calça cinza grafite e sapatos pretos. — O "M" marcado no iate era na verdade a inicial do nome da sua família. M de Michaelis. Estou certo, Eros?

Todos ficaram surpresos e olharam para Eros.

— Sim. Está certo. — respondeu o Cavaleiro de Ouro. — Também foi eu quem teletransportou vocês do Santuário para o iate no porto.

— Foi você? — disse Alkes, se virando. — Mas aquilo foi arriscado.

— E vocês estavam perdendo tempo. — rebateu Eros. — O iate foi a pedido de Delfos e Asclépio, o seu mestre. Coloquei os carros no caminho pra ajudar vocês a chegarem o mais rápido possível na Alemanha sem chamar atenção.

— Claro, porque os carros de luxo e um iate daquele tamanho jamais chamariam atenção. — brincou Plancius, que estava encostado na parede ao lado da janela. Ele tentou fazer uma piada, mas ao ver que Eros não esboçou nenhum sorriso, ele se calou e agradeceu pôr em seguida Eros ignora-lo.

— E obrigado por mexer nos meus acervos. — disse Eros, sendo irônico para Alkes. — Aqueles livros pertenciam a casa de peixes.

— E você os tirou de lá. — disse Shina, que estava sentada no sofá oposto ao de Eros. Ao seu lado estava Retsu e Nachi. Ela vestia uma blusa verde, uma jaqueta preta, calça jeans e estava sem máscara.

— Não só da casa de peixes. — disse Eros. — Das outras casas também. São livros com informações valiosas demais para estarem ao alcance do exército de Ares. Deixei no iate o suficiente para vocês terem a curiosidade de ler e entender mais sobre o que estamos enfrentando. Os demais livros estão guardados em outro lugar.

— E por quanto tempo ainda vamos ficar aqui parados? — perguntou Seiya, entrando na sala. Ele vestia uma camisa branca, de gola alta, com finas listras pretas na vertical, um cachecol cinza, calça e sapatos pretos

— Até Henry melhorar dos ferimentos. Ao final da tarde, provavelmente, já poderemos sair e chegaremos na Alemanha até o amanhecer. — disse Eros, sem olhar para Seiya.

— Enquanto isso Atena e Delfos correm perigo no Tártaro. — disse Seiya.

— Eu sei disso. E nós também estamos correndo perigo aqui. Precisamos estar vivos para salva-los. Se ela for mesmo Atena, ela ainda estará viva, mesmo que bastante machucada. Mas se for apenas uma menina imatura tentando ser Atena, ela já deve estar morta há dias. — disse Eros se levantando. Seiya cerrou o punho e Eros o olhou estreitando os olhos. — Algum problema Seiya?

— Vocês dois, parem! — disse Shina, ainda sentada no sofá. — Seiya, Henry realmente está bastante machucado. Alkes deu a ele um pouco da água da armadura de Taça, então logo ele estará melhor. Apenas precisa descansar.

...

— Que lugar é esse? — perguntou Henry assustado.

Ele estava vestindo uma camisa preta que definia seus músculos, uma calça preta jeans e estava descalço. Em pé, na beira de um alto penhasco, Henry podia ver toda a paisagem. Era um lugar grande e escuro formado por planícies e montanhas negras cortadas por rios. O ar fedia a enxofre e era bastante quente, um lugar improprio para a vida humana. O ar era tão quente que respirar ali fazia o pulmão arder. Urros, grasno e rugidos podiam ser ouvidos vindo de todos os lados. O céu era formado por nuvens vermelhas, como sangue, que pairavam no ar e vultos negros passavam voando entre as nuvens.

— Aqui... Esse lugar cheira a morte, mas não é o Yomotsu.

— Não, não é o Yomotsu. — disse um homem se aproximando atrás de Henry.

Henry se virou assustado e cerrou o punho pronto para atacar, mas o homem que estava agora na sua frente vestia uma armadura de prata. Sua expressão era serena, mas ao mesmo tempo demonstrava estar cansado. Seu corpo estava com várias feridas e muitas delas inflamadas. Seu cabelo cinza estava sujo de sangue e bagunçado. A capa, que antes era branca, presa em sua armadura estava suja e rasgada. Apenas seus olhos permaneciam vivos e cheio de cosmo.

— Aqui é o Tártaro.

— O que foi que você disse?! — perguntou Henry dando um passo para trás arregalando os olhos. — Tártaro? Mas como? Como eu vim parar aqui? Só posso estar sonhando. Eu...

— Quase isso. — disse o homem.

— O quê? Quase isso o quê? — perguntou Henry, nervoso.

— Você está quase sonhando. Eu sou Delfos, o cavaleiro de prata de Altar e Mestre do Santuário. — disse Delfos.

— O quê?! Cara, cada vez que tu fala a coisa piora. Como assim Tártaro? Como assim "quase sonhando"? E como assim você é o "Delfos"?

Delfos tentou respirar fundo, mas o fedor de ovo podre e o ar quente fez seu nariz e seu pulmão arderem.

— Vou explicar, mas não temos muito tempo. — disse Delfos. — Reuni o máximo de forças com Atena para me conectar com a sua alma já que você tem o domínio do sekishiki. Estamos no tártaro e sua alma se projetou aqui, mas esse lugar é tão espiritual que sua alma acaba sentindo os danos que esse inferno provoca. — explicou Delfos. Ele caiu de joelhos e cuspiu sangue. Suas veias ficaram mais expostas e sua pele mais pálida. Henry correu para ajuda-lo, mas sua projeção não conseguia tocar em Delfos. Era como se ele fosse um fantasma. — Esse lugar rejeita aqueles que são mortais e que não tem permissão para andarem por aqui. Ainda estou vivo graças ao sangue de Atena que corre em minhas veias, mas a cada ferimento eu perco mais sangue e o Tártaro tenta me repelir com mais força.

— E onde está Atena, Grande Mestre? — perguntou Henry. — E como vamos conseguir entrar no Tártaro e salvar vocês se esse mundo rejeita aqueles que são mortais? Mesmo que a gente consiga abrir as portas da Morte, não conseguiríamos colocar um pé se quer aqui sem sermos repelidos.

— Tenha calma. — sua voz parecia estar cada vez mais cansada. — Atena está escondida dentro de uma caverna nessa montanha. — respondeu Delfos. — Atena tem muitos inimigos aqui. Monstros e deuses que foram derrotados por Atena e seus cavaleiros e que ainda estão aqui se recuperando para voltarem a Terra mais uma vez. Fomos caçados por algumas bestas e tivemos que lutar, mas até Atena, que é uma deusa, está bastante cansada. — Delfos cuspiu sangue e por um momento a projeção de Henry tremeu. — Volte e fale com Eros. Devem abrir a porta da Morte o mais rápido possível. Façam uma barganha com Thanatos, mas saiba que ele é um deus orgulhoso. Se conseguirem convence-lo, e eu creio que vão conseguir, ele terá que dar permissão a vocês para entrarem aqui, mas mesmo com a permissão não terão muito tempo...

Henry ia perguntar como eles iriam convencer Thanatos a abrir a porta, mas de repente tudo começou a tremer e as nuvens começaram a girar. Tudo foi tomado por uma luz dourada e então ele pode ouvir o grito de uma mulher.

— Atena!! — gritou Henry acordando. Ele acordou ofegante e bastante suado a ponto de sua camisa grudar em seu corpo. Sua cabeça doía e ele ainda podia sentir o cheiro de ovo podre que havia sentido quando esteve no Tártaro. Henry sentou na cama e olhou para os lados. Estava em um quarto bastante espaçoso e mobiliado com uma cama de casal forrada com lençóis brancos, um guarda roupa preto, uma escrivaninha com livros ao lado da porta e uma larga janela que ia do piso ao teto. — Que dor de cabeça.

Henry tentou se levantar, mas uma dor aguda em seu abdome percorreu o seu corpo como um choque e então ele caiu sentado na cama. Ao levantar a camisa viu que havia um curativo que estava melado de sangue e escorrendo secreção.

A porta do quarto se abriu e Eros entrou correndo acompanhado de Seiya e Alkes.

— Que grito foi esse? — perguntou Eros.

— Henry! Seu ferimento! — disse Shun entrando no quarto. Ele vestia um gorro cinza, camisa branca, um sobretudo preto desabotoado, cachecol vinho, calça cinza e sapatos pretos.

Eros, que agora estava ajoelhado ao lado de Henry, olhava o ferimento com bastante cuidado tirando devagar o curativo.

— Uma parte do ferimento abriu. — disse Eros. — Shun, traga a bandeja com os instrumentais. Vou precisar limpar e fazer uma sutura, mas dessa vez sem anestesia. Quero que ele sinta dor. Só assim ele vai aprender a não ser teimoso.

— Desgraçado. — disse Henry sorrindo.

— Por que você acordou gritando por Atena? — perguntou Seiya.

Shun entrou no quarto trazendo a bandeja, mas parou ao perceber o clima tenso entre eles. A pausa de Henry para responder chamou a atenção de Eros que olhou para o amigo esperando a resposta.

— Temos que conversar. — disse Henry, sério, olhando para Seiya e depois para Alkes. — Chame os outros.

Alkes saiu correndo para chamar os outros e não demorou muito até que todos estivessem reunidos no quarto. Enquanto isso Eros fazia a sutura no ferimento e Shun o auxiliava. Henry rangia os dentes e enrugava a testa cada vez que Eros entortava a pinça atravessando a agulha no ferimento e depois puxava o fio cirúrgico.

— Agora fale o que você quer conversar. — disse Eros, se levantando e colocando os instrumentos na bandeja. Ele pegou álcool em gel e limpou a mão, secando em seguida com uma toalha branca. — Por que acordou chamando por Atena?

— Eu estive no Tártaro. Espiritualmente falando. — disse Henry, ainda sentado na cama. Todo ficaram tenso ao ouvirem a palavra a "Tártaro". Shun deixou um instrumento cair na bandeja fazendo um barulho de metal. — Delfos, que também parece dominar o sekishiki ou qualquer outra habilidade espiritual, reuniu forças com Atena para falar comigo. Ele disse que temos que nos apressar o máximo que pudermos. Ele e Atena estão bastante cansados e feridos. O tempo no Tártaro parece ser um pouco diferente do tempo terrestre. É um ambiente horrível.

— Diferença de dias? — perguntou Shun.

— Mais ou menos. — confirmou Henry. — Delfos também disse que o Tártaro repele os que são mortais. Ele ainda consegue se manter lá graças ao sangue de Atena que lhe dá a condição de se infiltrar, mas quanto mais ele se machuca, mais sangue ele perde e mais forte fica a força que tenta arranca-lo de lá. Ele está tão machucado que seus ferimentos estão inflamando ao invés de cicatrizar.

— E Atena? Como ela está? — perguntou Seiya.

— Eu não sei dizer... Ele me disse que ela estava machucada e cansada, mas fora isso estava bem. Ela lutou contra muitas criaturas e deuses inimigos que tentaram atacá-la. — disse Henry. — Ele está protegendo-a o máximo que pode. Temos que ir o mais rápido possível até Thanatos e convence-lo a abrir as portas da Morte e pedir a ele a permissão para transitar no Tártaro.

— Droga! — disse Seiya dando um murro na parede. Shun olhou para ele preocupado, pois não sabia se aquela reação do amigo era a preocupação de sempre com Atena ou porque teria que se humilhar para Thanatos, um inimigo antigo. — Se preparem. Vamos partir em menos de meia hora.

— Espere Seiya! — disse Eros. — Henry ainda está bastante machucado e...

Seiya parou e olhou para Eros por cima do ombro.

— Quando eu e os meus amigos subimos as doze casas, estávamos com feridas abertas e alguns de nós estavam com os ossos quebrados, mas seguimos em frente até o fim. — disse Seiya. — Henry, se você não quiser ir...

— Vá se preparar Seiya. — disse Henry se levantando. — Iremos partir em vinte minutos.

Seiya, surpreso, acenou com a cabeça.

— Mas antes... — começou Henry. — Antes de partirmos, tenho uma coisa a dizer. — disse ele olhando para Seiya. — Shiryu está vivo. Eu não o matei. Não sei quem teve sorte nisso tudo. Se foi Shiryu quem teve sorte por Phobos ter me escolhido para ir matá-lo, logo eu que sabia sobre o plano de Delfos, ou se foi os outros Cavaleiros de Ouro que poderiam ter sido mortos enfrentando o poderoso e velho Dragão.

— E onde ele está agora? — perguntou Shun.

— Eu o enviei para Jamiel, onde o Cavaleiro de Ouro de Aries está. — respondeu Henry. Shun e Seiya pareciam mais aliviados. — Agora vão meninas. — disse Henry com um sorriso debochado. — Vão se preparar.

Seiya esboçou um sorriso e saiu do quarto. Era uma ótima notícia no meio de tantas preocupações. Alkes e os outros saíram também deixando Eros e Henry no quarto. Quando a porta se fechou Henry sentou na cama levando a mão para o ferimento e fazendo expressão de dor.

— Por que fez isso? — perguntou Eros.

— Você não ouviu? Não temos tempo Eros. Você sabe. Delfos citou o seu nome e pediu para nos apressarmos.

— Você não vai lutar até que esteja recuperado. — disse Eros, abrindo a porta. — Vá se arrumar.

A porta se fechou com uma batida.

Era meio dia e nevava. Eros trancou a porta da mansão e se uniu ao grupo que o esperava na entrada do caminho que levava para dentro da floresta. Eles teriam que subir a cordilheira para poderem chegar na França, mas teriam que fazer isso de um jeito mais "humano". Sem chamar atenção dos berserkers que os procuravam incansavelmente. Eles entraram na floresta indo em direção ao topo da cordilheira. A floresta era bastante silenciosa, escura e coberta de neve.

— Que floresta assustadora. — disse Plancius, comentando com Retsu.

— Fique próximo. — disse Retsu.

Todos corriam em direção ao topo da cordilheira. Eros e Henry iam atrás porque Heny sentia dores ao correr.

Um uivo ecoou na floresta fazendo os pássaros se agitarem e voarem. Plancius e Retsu pararam e olharam para os lados.

— Ouviram isso? — perguntou Retsu.

— São apenas lobos. — comentou Shina. — Continuem!

Retsu e Plancius ignoraram os uivos e seguiram Shina e os outros. Os uivos, porém, continuaram e cada vez mais próximos.

— Eros, existe lobos aqui? — perguntou Henry.

— Não que eu lembre. — respondeu Eros, mas só depois ele percebeu do que se tratava os uivos. — Espere Henry! — disse Eros segurando no braço do amigo. — Não há lobos aqui. Só pode ser...

Shun sentiu uma vibração em seu cosmo e notou que era sua armadura, unida ao seu cosmo, alertando sobre a presença de um inimigo.

— Esperem!! — disse Shun, parando e olhando para os lados. — Não são lobos! Não estamos sozinhos!

O uivo se transformou em uma risada.

— Muito bem, Andrômeda. Boa percepção. — a voz grossa ecoou pela floresta.

A floresta foi tomada por um cosmo poderoso e o céu ficou extremamente nublado tornando a floresta cada vez mais sombria. Olhos vermelhos começaram a surgir por todos os lados e brilhavam como se fossem bestas observando suas presas e se preparando para atacar. Surgiram lobos de todas as direções, lobos grandes e negros com olhos vermelhos e trajando onyx negras.

Entre eles surgiu um outro lobo, maior do que todos os outros, que se adiantou e parou obstruindo o caminho. Também trajava uma onyx negra com detalhes prateados e tinha pelos negros e acinzentados. Ele ficou em pé e começou a se transformar enquanto caminhava mansamente até Seiya e os outros. Suas patas traseiras viraram pernas e suas patas dianteiras viraram braços fortes. Seu focinho se encolheu dando forma a um nariz e uma boca normal para um humano. Seu pelo começou a se transformar nos fragmentos de sua onyx que passou a cobrir o resto do seu corpo. Seus olhos permaneceram vermelhos e suas unhas eram garras longas e afiadas. Agora era um humano de pele pálida, cabelo negro com fios prateados, trajando uma onyx negra e uma capa preta de pele de animal. Em sua cabeça havia uma coroa negra com uma pedra da lua no centro.

— Lycaon, antigo Rei de Arcádia. — disse Alkes.

— Ora, ora. Temos um conhecedor do exército de Ares aqui? — perguntou Lycaon, dando um sorriso mostrando suas presas afiadas. — Eu sou Lycaon de Licantropo, do exército do Medo. O senhor Phobos ficou sabendo que você, Seiya, está carregando a armadura de Atena. Entregue-a para mim. — disse ele estendendo a mão. — Caso contrário, os meus filhotes irão destroçar os seus amigos.

Os lobos uivaram e ficaram em pé nas patas traseiras.

— É um acordo estupido que você está me propondo. — disse Seiya. Lycaon levantou uma das sobrancelhas. — Jamais entregarei a armadura de Atena, mas também é certo que nenhum deles irão ser derrotados por esses lobos. — Seiya expandiu o seu cosmo, fazendo os lobos darem paços para trás.

— Você é corajoso, pégasos. Depois de séculos nos encontramos novamente. Na última vez que nos encontramos você estava com uma armadura divina, coberto de sangue. — Lycaon sorriu e gritou. — Lobos! Ataquem!

E assim fizeram. Os lobos correram em direção a Shun e os outros, que os esperavam. Enquanto o grupo de lobos guerreiros atacavam e lutavam com agilidade, outros cosmos começaram a se aproximar da floresta.

Henry estava encostado em um dos pinheiros e Eros fazia a retaguarda. Estando mais sensível a percepção psíquica do que os outros, Henry percebeu o avanço de outros berserkers nas sombras se aproximando lentamente.

— Estamos encurralados. — disse Henry pegando no braço de Eros. — Presta atenção jardineiro, e você também cara. — Henry estava falando diretamente na mente de Alkes, o cavaleiro de Taça. — Outros berserkers estão se aproximando. Não são mais poderosos que o cachorrão ali, mas são fortes. Lycaon deve ser apenas para chamar a atenção de Seiya e cansá-lo o máximo possível. Eles querem a armadura de Atena. Não estão com um verdadeiro desejo de matar.

— E o que nós devemos fazer? — perguntou Alkes, enquanto enfrentava os lobos. Mais lobos saiam da floresta e avançavam.

— Não posso usar o Sekishiki contra eles, não vai funcionar. E no estado em que estou não tenho forças para invocar as correntes da alma. Você vai ter que lutar contra Lycaon enquanto Eros e Shun fazem a retaguarda de Seiya e seguem em frente. — disse Henry. — Você tem o nível de um cavaleiro de ouro. Tem capacidade de sustentar uma luta contra ele.

— Mas o que você tá falando? — perguntou Eros. — Se eu deixar você aqui sozinho, você vai acabar sendo pego e... — Henry estalou os dedos e conjurou chamas azuis que explodiram e lançaram Eros contra a arvore.

— É, acho que ainda posso me defender um pouco sozinho, bonitão. — disse Henry com um tom irônico. — Agora vista a sua armadura, coloque a rosa na boca e saia andando até lá e proteja o pangaré de ouro. Deixe o resto comigo.

Eros se levantou se limpando e elevou o cosmo materializando a sua armadura.

— Tudo bem então. Levarei Seiya ao pico da cordilheira. Nos encontrem lá antes de meia noite. — disse Eros colocando o elmo na cabeça. — Lycaon é um berserker que fica mais poderoso na medida em que anoitece. Não vai demorar muito até o sol se por.

— Entendi! Agora vá! — disse Henry. — Shun está esperando por você. Já falei com ele.

Eros saiu correndo com uma rosa vermelha na mão e invocou a neblina de veneno das rosas diabólicas derrubando assim os lobos enquanto avançava.

— Lycaon! — gritou Eros. — Morra! Rosas diabólicas reais!

— Rosas? — perguntou Lycaon, com um sorriso sádico no rosto. Ele estendeu a mão e gerou um deslocamento de cosmo que pulverizou as rosas e afastou o veneno que avançava junto com Eros.

Aproveitando que a atenção de Lycaon estava voltada para Eros, Shun avançou e segurou no braço de Seiya mandando ele correr para dentro da floresta. Ao perceber o que estava acontecendo, Lycaon tentou atacar, mas Eros o golpeou lançando-o contra um rochedo. O berserker se levantou para um novo ataque, mas Alkes se lançou na frente e segurou o punho de Lycaon.

— Vá Eros!! — gritou Alkes.

— Eles não vão a lugar algum. — Lycaon deu um chute no peito de Alkes fazendo com que ele se afastasse e avançou atrás de Seiya, mas uma barreira de cristal surgiu diante de do berserker.

— Se tem alguém que não vai sair daqui, esse alguém é você. — disse Alkes com a mão estendida formando a parede que impedia o avanço de Lycaon.

O berserker se virou com os olhos fervendo em ódio.

— Vou arrancar as suas entranhas — disse cerrando o punho e cravando as garras em suas mãos, fazendo sangue escorrer entre seus dedos. — e espalhar por cada lugar desse país.

Encarando Alkes, Lycaon elevou o cosmo gerando uma pressão poderosa fazendo o chão ceder e o vento se deslocar com violência.

— Morra humano!!

Lycaon atacou e Alkes arregalou os olhos ao perceber que não conseguia acompanhar os movimentos dele tão bem. A presença do berserker desapareceu por um momento, mas Alkes notou o ataque na lateral e girou rapidamente conseguindo se defender do golpe invocando duas lanças de cristal e travando as garras de Lycaon. O licantropo se afastou e atacou novamente, mas o Cavaleiro de Prata usou suas lanças mais uma vez para bloquear o ataque, tendo dessa vez uma das lanças destruídas.

Com a defesa abalada, Alkes atacou com a lança que restou antes que Lycaon o atacasse, mas o berserker usou suas garras para parar o avanço da lança. O choque das garras e da lança gerou um rangido como se fosse duas espadas se chocando. Lycaon correu pela lateral e atacou Alkes antes que ele se virasse, provocando um corte no seu abdômen quando as garras perfuraram a armadura.

— Lanças de Gelo da Lótus Branca!  gritou Alkes, disparando o golpe, forçando Lycaon a recuar e tendo assim tempo para se posicionar para um ataque mais efetivo.

O rei licantropo não teve dificuldades para se desviar das lanças afiadas ou até mesmo dificuldade em destruí-las com as suas garras, mas foi pego de surpresa quando Alkes o atacou e o lançou para o outro lado da floresta, afastando Lycaon dos demais. O rei caído foi arremessado com tanta força que sua trajetória derrubou algumas arvores até cair no chão. Alkes correu de encontro ao berserker e tentou ataca-lo novamente, mas Lycaon era ágil demais e se levantou a tempo de parar o punho do cavaleiro de Taça.

Alkes estava conseguindo tomar a atenção de Lycaon enquanto Seiya, Eros e Shun seguiam em frente, então correu ainda mais para dentro da floresta fechada atraindo Lycaon, que o seguiu como se fosse um lobo caçando um cervo. Em poucos segundos Lycaon alcançou Alkes, estando a poucos metros de distancias da lateral do cavaleiro.

Alkes pulou na arvore pegando impulso e girou contra Lycaon, o atacando com uma lança de cristal que ele materializou na mão, mas o berserker desviou do ataque e atacou novamente. Para desviar do golpe, Alkes saltou para trás, mas não foi rápido o suficiente.

— Imbecil! — disse Lycaon com um sorriso largo e afiado. Ele atacou com suas presas acertando o peito de Alkes e lançando-o contra um tronco caído. — Mesmo que se esforce, não vai conseguir me acompanhar. Só vai ficar fugindo. Não precisei se quer usar uma das minhas técnicas para derrotar você.

— Mas você ainda não me derrotou. — disse Alkes se levantando. — Não enquanto eu ainda estiver vivo. — O cosmo de Alkes se elevou e se expandiu pela floresta. A neve que cobria grande parte da floresta começou a reagir ao cosmo de Alkes. Lanças afiadas de gelo e oricalco começaram a se formar e flutuar tomando toda a área. — Preciso salvar Atena. Não tenho tempo para perder com você, por isso, acabarei logo com você. Com o meu golpe... Lanças de Gelo da Lótus Branca!!

Lycaon sorriu e elevou o cosmo.

— E o que essas lanças frágeis poderão fazer? — perguntou ele, parando o avanço das lanças com o seu cosmo. A pressão emanada pelo berserker provocava trincas e rachaduras nas lanças.

— Minhas lanças podem perfurar uma armadura de ouro. — disse Alkes.

— Mas a minha onyx é mais resistente que uma armadura de ouro. E mesmo se você conseguisse perfurar a minha onyx, teria que ter um cosmo mais poderoso que o meu para poder atravessar o meu corpo e me golpear mortalmente. — disse Lycaon. — Isso acaba aqui. — Lycaon expandiu o seu cosmo fazendo as lanças se despedaçaram, mas algumas foram tomadas pelo cosmo de Alkes, que continuava a crescer. — Mas... o que está acontecendo? Até pouco tempo ele não tinha todo esse poder.

Alkes estendeu a mão e uma lança surgiu. Ele a agarrou com força e encarou Lycaon.

— É nas horas mais difíceis que o verdadeiro poder dos cavaleiros transborda. — disse Alkes. Uma das lanças rompeu o controle de Lycaon e disparou contra o berserker, perfurando o seu peito, atingindo seu pulmão. O rei caído ficou sem ar na medida em que também ficou impressionado. — Meu cosmo arde no sétimo sentido, mas se for necessário ultrapassar esse nível para derrotar você, meu cosmo queimará até que alcance o oitavo sentido. E se ainda não for o suficiente, o meu cosmo queimará ainda mais até que você caia! — Alkes girou a lança e disparou atingindo o coração de Lycaon. Em seguida todas as demais lanças perfuraram o berserker fazendo sangue escorrer de cada ferimento. Lycaon deu alguns passos e caiu de joelhos cuspindo sangue. — Acabou.

Bastante ferido, Alkes deu as costas e saiu cambaleando, mas foi surpreendido ao sentir o cosmo do berserker explodindo ainda mais forte atrás dele. Ao se virar, se deparou com um homem metade lobo da cintura pra baixo se levantando como uma besta sedenta por sangue saindo do poço do inferno. As lanças ainda estavam cravadas no seu corpo e sangue escorria, até que o cosmo ficou tão quente que as lanças começaram a derreter e outras ele arrancou urrando de dor e raiva. Seu corpo ficou ainda mais robusto e suas garras cresceram.

— Um berserker só para de lutar quando morre. Não será esses ferimentos fúteis que vão me deter. — disse ele com uma voz grossa. Lycaon estendeu a mão lançando um deslocamento de cosmo contra Alkes, que foi pego pelo impacto e lançado com força contra um pinheiro. O berserker então correu e pulou em direção a Alkes, agarrando-o pelo pescoço e jogando-o no chão com bastante força, para em seguida pular em cima do cavaleiro. A armadura de prata de taça sofreu sérios danos e Alkes urrou de dor ao sentir uma de suas costelas ser fraturada. — Onde está todo aquele seu cosmo agora? Eu vou matar você lhe rasgando em pedaços.

Lycaon o segurou pelo pescoço novamente e o jogou para o alto aplicando uma sequência de socos na velocidade da luz. Por fim, concentrou cosmo em seu punho e disparou contra o peito de Alkes, pulverizando o peito e as ombreiras da armadura.

Alkes foi arremessado contra um pinheiro. O impacto em suas costas se espalhou como um choque pelo seu corpo, arrancando ar de seus pulmões e fazendo ele arregalar os olhos na medida em que cuspiu sangue. Ele desabou no chão sem forças para se levantar novamente.

—A diferença entre nós é que vocês, Cavaleiros de Atena, tem limites. A dor e a morte limitam vocês! Mas nós... — Lycaon caminhou até Alkes, segurou o braço direito do Cavaleiro de Prata e o levantou, como se levantasse um animal pela pata. — Nós somos imortais. Vocês vão morrer um após o outro, mas nós voltaremos depois de séculos para matar mais de vocês e tentar, uma vez mais, dominar a Terra. Não nos limitamos a dor porque já não importa mais. — Lycaon apontou as garras afiadas para o pescoço de Alkes. — Levarei a sua...

— Garras cortantes de ventania!! 

Poderosos feixes de luz cortantes se propagaram pelo ar e avançam contra Lycaon, o pegando desprevenido, lançando o berserker contra uma arvore e libertando Alkes das garras do Licantropo. Retsu chegou correndo e ofegante. Tinha alguns cortes no corpo, certamente causados pelas garras dos lobos com os quais ele lutou. 

— Alkes! Você está bem? — perguntou Retsu, tentando levantar Alkes apoiando-o no ombro.

— Por que veio até aqui? — perguntou o Cavaleiro de Taça. — E Plancius e os outros?

— Não se preocupe. Restou apenas berserkers menores e... — Retsu se virou ao sentir a ameaça que vinha do cosmo de Lycaon.

O licantropo atacou com uma rajada de cosmo concentrado em seu punho lançando Retsu e Alkes longe.

— Não me atrapalhe, seu lixo. — disse ele.

Alkes se levantou cambaleando e tirou o elmo. Ele estava tonto e havia um ferimento em sua testa que sangrava bastante.

— Saia daqui Retsu! — disse Alkes. — Volte para junto dos outros.

— Pare com isso! Olhe a sua situação! — disse Retsu se levantando. — Se continuar, vai acabar morrendo. Não seja egoísta. Você, Alkes, é igual ao meu mestre. — Retsu caminhou passando por Alkes. — Quando o meu mestre enfrentou uma poderosa Górgona, ele teve metade do corpo petrificado e mesmo assim ele rejeitou a minha ajuda. Ele era orgulhoso demais. Acabou sendo morto, mas entregou todo o seu cosmo para danificar ao máximo a Górgona. — Retsu elevou o cosmo e o concentrou em seu punho direito. — Isso não vai se repetir. Não vou esconder as minhas garras como fiz naquele dia. Conheci um homem de cosmo dourado e garras afiadas que me ensinou a confiar no meu cosmo. E que eu deveria ser forte para honrar o meu Mestre. — Os olhos de Retsu foram tomados por um cosmo poderoso e a sua armadura brilhou com bastante intensidade. — Eu serei o seu adversário, Lycaon.

— E quem é você? — perguntou Lycaon.

— Eu sou Retsu, o Cavaleiro de Prata da constelação de Triangulo.

—...—


Alemanha - Frankfurt

O local mais procurado na cidade de Frankfurt é Romer. O local onde se encontra as construções mais antigas da Alemanha e que é um atrativo turístico. A fachada dos prédios, fontes e praças preservadas encantam os amantes da arquitetura.

A praça, como sempre, estava lotada de mesas e barracas onde os turistas eram servidos pelos garçons que iam e viam com bandejas cheias de cerveja e petiscos. No centro da praça havia uma fonte e no centro da fonte havia uma estátua de uma mulher que carregava uma espada na mão direita e uma balança na mão esquerda. Os turistas que se aproximavam da fonte para tirar fotos, se assustaram ao notar que uma nevoa vermelha estava se formando em cima da estátua. Ela emanava um cosmo de cor purpura e exala um cheiro pesado de ferro como se fosse uma nevoa de sangue.

— Dizem que essa imagem representa a deusa grega da justiça. A deusa Atena.  disse uma voz rouca que saia da nevoa. Os turistas gritaram assustados, mas eram curiosos o bastante para não correrem e ficaram observando, ainda que com medo, a nevoa. Aqueles que estavam sentados nas mesas se levantaram de boca aberta impressionados. — Que sua justiça é equilibrada como a balança que carrega na mão esquerda e que é afiada como a espada que carrega na mão direita, mas isso é apenas uma grande mentira contada para iludir os humanos. Essa estatua apenas reflete a imagem de uma deusa fraca e caída. A justiça de Atena definitivamente não existe mais e o mundo agora pertence ao senhor da guerra e deus absoluto da Terra. Ares!

Rompeu um raio de dentro da nevoa e desceu contra a estatua cortando a cabeça que desabou dentro da fonte. As pessoas se desesperaram e começaram a correr gritando e gerando tumulto nas ruas. A nevoa envolveu a estatua que em seguida explodiu espalhando destroços para todos os lados. Pedaços da estátua atingiram carros, mesas, prédios e até mesmo as pessoas mais próximas. No lugar da estátua estava agora um homem de pele acinzentada como um zumbi e cabelos longos de cor verde escuro como lodo. Ele trajava uma Onyx negra com adornos vermelhos, possuía longas garras negras afiadas e usava um elmo que lhe cobria o rosto. O elmo era no formato de um crânio com dentes afiados. O espaço onde deveria estar os olhos era coberto por uma lente negra, mas dava para ver os olhos vermelhos brilhando atrás do elmo. Ele emanava um cosmo negro poderoso e sorria como um demônio.

— Corram seus ratos covardes! — disse ele gritando e disparando uma rajada de cosmo que arremessou carros contra os prédios, fez as mesas e barracas voarem e muitas pessoas foram violentamente arremessada para longe. Chamas começaram a surgir e em poucos minutos a praça estava um caos. Diante de toda aquela confusão algo lhe chamou a atenção. De longe, do outro lado da praça, havia um homem encostado na parede apenas observando a movimentação. Era um homem de cabelo curto azul, pele parda, possuía uma musculatura definida e estava vestindo uma jaqueta preta, uma calça escura, sapatos pretos e óculos escuros. — Ora, ora, ora. Vejo que tem alguém aqui que não fugiu como os outros. Com certeza é o meu dia de sorte.

O homem se afastou da parede e começou a caminhar em direção a fonte. As chamas que consumiam a praça se intensificaram. O homem caminhava em meio a elas sem se preocupar. O fogo não lhe incomodava e o calor não derretia os seus pulmões.

— Devo dizer que é o "meu" dia de sorte. Já estava ficando entediado. — disse ele, enquanto atravessava as chamas. Suas roupas foram cobertas por uma armadura de bronze. Ele tirou os óculos e jogou no chão, pisando-o em seguida, e vestiu o seu elmo. — Finalmente Ares enviou um dos seus subordinados.

 Esse homem... que cosmo absurdo. — pensou ele.  É tão imponente quanto a ave lendária que ele representa. — Ele sorriu como se estivesse se divertindo. — Eu sou Hysminai, o espirito da Carnificina. Um dos espíritos da guerra. E você deve ser...

— Deixe que eu mesmo me apresento. — disse o homem saindo das chamas. — Ouça bem meu nome porque será o último que ouvirá antes de queimar até os ossos e ir para o inferno. Meu nome é Ikki, a ave Fênix.

—...—


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Notas finais do capítulo

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Próximo capítulo: A luta entre Retsu e Lycaon continua em um sangrento confronto. Será que as garras do antigo Lince podem ser mais afiadas do que as garras do Rei Licantropo? Durante a luta contra Lycaon uma emboscada armada por Fobos é revelada e Henry sente a morte se aproximando de dois companheiros e Seiya lamenta a morte do seu amigo. Na Alemanha a cidade de Frankfurt é aquecida pelas chamas do bater das asas de Fênix contra o espirito da Carnificina. Enquanto isso no Santuário, após saber do fracasso de Deimos em Asgard, Ares envia um homem para levar Deimos de volta á Roma.

O circulo está se fechando cada vez mais. A lua de sangue começa a dar sinal.


Capítulo 33: A promessa de Lince


Foi um capitulo que demorou bastante devido a minha época de provas na faculdade. Peço desculpas pela demora. Gostaria de compartilhar que eu fui aprovado nas matérias e passei para o 2° período. kkk Finalmente férias. Acho que vou ter mais tempo para adiantar a fic e mais tempo para aperfeiçoar na narração.

Obrigado a todos pela atenção!! Boa leitura e se possível deixe um comentário sobre o capitulos.



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