A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 30
Capítulo 28 - Galáxias explodem em Jamiel.


Notas iniciais do capítulo

Kastor é enviado para Jamiel para matar Kiki e diante dos questionamentos de Kastor uma dura batalha se inicia entre os cavaleiros de Gêmeos e Áries. Estrelas vs galaxias. No Santuário, Jake, o cavaleiro de ouro de Leão, encontra uma curiosa menina no Vilarejo de Rodorio que o revela algo despertando a fúria do Leão dourado. Em Roma, Afrodite diz não confiar mais na capacidade de Fobos e então envia um assassino para matar Seiya e os outros.



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Capítulo 28 - Galáxias explodem em Jamiel


Mar do Mediterrâneo

— A Plavin... morreu?! — perguntou Shina, lamentando silenciosamente a morte da companheira de luta.

Retsu contou a Shina o que havia acontecido com Pavlin, e que agora os cuidados na viagem deveriam dobrar. Phobos sabia que eles estavam indo para a Alemanha na tentativa de convencer Thanatos a ajudá-los. Muitos bersekers seriam enviados para matá-los durante o caminho e é certo que muitos outros vão estar esperando por eles na Alemanha.

Shina estava acompanhada de Seiya, Retsu e Shun. Eles estavam em uma sala oval grande e espaçosa com sofás brancos, formando um semicírculo, e uma mesa de mármore negro no centro. Luzes embutidas na lateral do teto iluminavam o recinto. No lado oposto da porta de entrada havia três largas janelas que davam para a lateral do iate. Retsu estava sentado ao lado de Shina. Seiya estava em pé olhando pela janela e Shun estava deitado no sofá descansando.

A porta da sala abriu e Alkes entrou. Ele estava vestindo roupas civis. Uma camisa branca apertada em seu braço, uma calça vinho e um sapato preto. Ele trazia em suas mãos dois livros grossos de capa verde, mas desgastado. Ele se sentou no sofá, ficando no lado oposto de Shun, e pousou os livros na pequena mesa de mármore.

— Esse iate pertence a alguém que tem conhecimentos sobre o Santuário e as guerras santas. — disse Alkes.

Shun se levantou e tomou um dos livros, passando a folheá-los. Shina e Retsu olharam para Alkes, mas foi Seiya, ainda olhando pela janela e de costas para eles, quem falou primeiro.

— E por que você acha isso?

— Existe um pequeno acervo com copias dos principais registros do Santuário, mas também possui livros e registros originais. — respondeu Alkes.

— Alguma novidade sobre Ares? — perguntou Seiya.

— Algumas. Achei no acervo alguns livros ditos como "proibidos" pelo Santuário. Isso porque são livros que contém informações sigilosas aos demais, como o paradeiro de algumas armaduras especiais, incluindo a de Atena, e sobre o Ikhor, por exemplo. Um dos segredos guardados é a última guerra santa contra Ares. — disse Alkes.

— Mas a última não foi a primeira e única guerra Santa? — perguntou Shun.

Alkes abriu o livro e folheou até parar em uma gravura. A imagem era de um jovem acorrentado pelos braços e pés em uma sala grande e vazia.

— Esse é Ares. — disse Alkes apontando para o desenho. Seiya saiu da janela e se sentou ao lado de Shun. Shina e Retsu se levantaram e ficaram em pé atrás do sofá onde Seiya e Shun estavam sentados. — Na primeira guerra santa Ares e seu exército foram encurralados por Atena e pelos cavaleiros, então ele se escondeu no mundo dos mortos com a permissão de Hades, mas na segunda guerra, que ocorreu séculos depois, Ares voltou a lutar contra Atena, mas dessa vez ele não mediu os meios para derrotar a irmã. E isso veio se repetindo por vários séculos.

Alkes folheou o livro novamente até parar na imagem de um anjo de asas negras e cabelos cinzas que estava acorrentado. Ao lado dele, segurando a corrente, estava Ares segurando também uma espada na mão.

— Essa é... A espada de Hades?! — disse Seiya, um pouco confuso.

— Por que Ares está segurando a espada de Hades? — perguntou Retsu.

— Ele a roubou. — Revelou Alkes. — Em uma das Guerras Santas ele foi aos Elíseos, atravessando a Hiperdimensão, e roubou a espada de Hades, mas não foi só isso que ele fez. Ares também teve a ousadia de acorrentar Thanatos. Acorrentou a morte. Assim nenhum dos seus berserkers iriam morrer e entrar no sono profundo até a próxima guerra santa. Essa atitude de Ares acabou gerando uma grande baixa no exército de Atena. Diante da ousadia, Hades se arrependeu de ter um dia ajudado Ares e desde então o repudia. Hypnos enviou os Oneiros para ajudar Atena na guerra santa, para recuperar a espada de Hades e libertar Thanatos. No final Ares foi mais uma vez vencido e não podia se esconder novamente no mundo dos mortos. Atena então o selou em Esparta, no antigo Santuário de Ares, que hoje não passa de ruínas. Séculos se passaram e os dois deuses continuaram a se enfrentar. Na última Guerra Santa Atena selou Ares em Roma, e deixou o espirito sanguinário do deus aos cuidados dos olhos atentos dos padres e bispos da Igreja Católica. Ares foi selado nas masmorras do Vaticano.

— E é lá onde ele continua após ter despertado. — Concluiu Seiya. — Mas o que isso influencia em nossa missão?

— Em tudo. De acordo com os registros, Ares escondeu a Onyx dele em algum país da Europa. Acredita-se que tenha sido na Alemanha. Se a Onyx realmente estiver lá, Ares irá redobrar o envio de berserkers para nos deter. Provavelmente seremos vistos assim que entrarmos lá. — explicou Alkes.

— E por que no Santuário essa história nunca foi contada? Apenas se conta sobre a guerra santa que Ares se escondeu no Mundo dos mortos. — disse Shun

— Eu não sei. Esse livro deveria estar na biblioteca do Star Hill, por causa de sua classificação restrita, ou na biblioteca da casa de peixes, já que o autor do livro foi um cavaleiro de peixes que sobreviveu. — disse Alkes.

Seiya se levantou e respirou fundo. Parecia preocupado e ansioso.

— Vai demorar muito para chegarmos na Espanha? — perguntou Seiya.

— Já estamos no final da tarde. Se continuarmos em frente, sem nenhuma parada ou imprevisto, chegaremos amanhã depois do meio-dia. — respondeu Retsu.

— Quando chegarmos lá, teremos que nos separar. — comentou Alkes. — Estamos em um grupo muito grande e podemos chamar atenção.

— Dividimos os grupos quando chegarmos lá. — disse Seiya.

—...—


Santuário – Vilarejo de Rodorio

O vilarejo de Rodorio fica dentro das terras do Santuário e, portanto, faz parte do mesmo, sendo obrigação do deus patrono do Santuário e de seus cavaleiros a proteção daqueles que moram no vilarejo. Rodorio é formado por pessoas que já serviram ou servem ao Santuário. Guardas, aspirantes a cavaleiros e cavaleiros, que um dia lutaram por Atena e sobreviveram as duras batalhas, vão morar no vilarejo quando a paz é mantida na Terra e uma nova geração de cavaleiros e guardas surgem para ficar em seus lugares. Lá constroem suas famílias e tentam levar o máximo possível uma vida normal.

Com o início da guerra santa entre Ares e Atena, o vilarejo acabou sendo alvo da maldade do exército de Ares e esse é o lado negativo de morar em Rodorio. O vilarejo pode se tornar um alvo fácil em uma guerra, pois por mais que seja dever dos cavaleiros proteger o vilarejo, isso não é cumprindo e sempre é dado prioridade a Atena. Deimos, o deus do Terror, usou as pessoas do vilarejo para criar o sacrifício que serviria de ritual para o despertar de Ares na primeira lua de sangue. Crianças e adolescentes foram levados como cordeiros e foram mortos. O vilarejo ficou arrasado. Alguns ex-cavaleiros reagiram, mas acabaram sendo mortos ou presos.

A situação atual de Rodorio está estampado no rosto de todos que ainda moram por lá. O semblante triste, mas com um crepitar de desejo de vingança nos olhos. É um povo que se entregou fisicamente aos caprichos dos filhos de Ares, mas seus espíritos se mantem armados até os dentes para um ataque na primeira oportunidade que tiverem.

Jake entrou em Rodorio se passando por um morador local. Tirou a sua armadura e escondeu seu cosmo. Vestia uma camisa bege com retalhos e um manto por cima. Ele possui os sentidos bastantes aguçados e nos últimos dias ele escutou um ruído acompanhando de gritos vindo do vilarejo que perturbavam seu sono. Ele notificou ao Salão do Grande Mestre, mas nada foi feito. Foi dito que os cavaleiros estavam proibidos de ir ao vilarejo e que a proteção do local estava sob a responsabilidade dos berserkers, mas Jake logo soube que era mentira. Mentir para ele é inútil já que ele sabe ler a áurea das pessoas, então ele foi pessoalmente ao vilarejo para verificar.

— "Mas o que vem acontecendo por aqui?" — pensou Jake. — A cidade parece morta.

Os moradores trabalhavam, varriam o quintal de suas casas, lavavam roupas e faziam qualquer outra coisa com animo baixo. Ao passar diante de uma casa, onde uma menina de cabelos castanhos estava sentada separando grãos, ele escutou o mesmo ruído que o perturbava de noite, acompanhado de uma pequena ressonância. Imediatamente ele parou, e ao olhar para a menina, ele viu uma áurea tão grande e viva que era semelhante a chamas. A menina levantou a cabeça e avistou Jake parado diante dela, olhando-a como se estivesse espantado.

— Algum problema, moço? — perguntou ela carinhosamente.

— N-Não. Estou bem. — respondeu Jake. — É que...

— Está perdido? O senhor não é do vilarejo, ou é? — perguntou ela.

— Estou apenas de passagem.

— Entendo. Deseja entrar e comer algo? — perguntou ela. — Logo vai anoitecer e a temperatura cai muito.

— Você convida um estranho para entrar na sua casa? 

— Você é bom. Dá para ver em seus olhos. Sinto segurança quando olho pra você. Venha. Entre.

— Agradeço o convite. — respondeu Jake, com um sorriso discreto no rosto.

A menina se levantou, com uma vasilha cheia de grãos debaixo do braço, e entrou em sua casa. Ela vestia um vestido marrom longo um pouco abaixo do joelho. Seus cabelos castanhos meramente ondulados caiam em seus ombros e uma mecha cobria sua testa.

O interior da casa era simples. Era uma casa com um primeiro andar, uma sala simples com dois sofás cobertos por um pano de retalho colorido e uma mesa pequena de madeira no centro. A cozinha, que era ligada com a sala, ficava ao fundo da casa e tinha em suas paredes as pequenas panelas penduras próximas da pia. Jake se sentou no sofá enquanto a garotinha foi até a cozinha preparar o chá e pegar bolachas para ele comer.

Não demorou muito para que ela voltasse com uma bandeja contendo duas xícaras de chá quente e um prato com bolachas. Ela pousou a bandeja na mesa e se sentou no sofá oposto ao de Jake.

— Qual o seu nome? — perguntou ela.

Jake tomou um gole do doce chá e pousou a xícara na mesa.

— Meu nome é Jake! E qual é o seu nome e onde estão os seus pais?

— Eu não sei meu nome. — respondeu ela de cabeça baixa. — Acho que perdi uma parte da minha memória. Não lembro de muita coisa sobre a minha vida. Lembro que meu pai morreu em uma tempestade quando foi pescar. Já a minha mãe... — ela fechou o punho no vestido. — Lembro dela sendo morta por alguns homens vestindo armaduras negras. Pareciam demônios saindo das sombras. Minha mãe me escondeu na tentativa de me proteger, mas eles a mataram.

— Quando foi isso? — perguntou Jake.

— No mesmo dia em que a lua se tornou vermelha e o cosmo de Atena desapareceu. 

— O quê?! No dia da invasão do exército de Ares!! — concluiu Jake, em seu pensamento.

— Lembro de um homem alto que dizia ser um deus. Ele trazia uma espada na mão e tentou me matar, mas... depois disso... lembro apenas de acordar um dia depois na casa de um desconhecido que cuidou dos meus ferimentos. O vilarejo estava todo destruído, minha mãe já tinha sido enterrada, Atena não estava protegendo a Terra e os cavaleiros tinham se retirado do vilarejo, deixando os mesmos homens de armadura negras aqui.

— Os berserkers. — disse Jake.

— Logo depois um homem chamado Nyctea veio ao vilarejo e explicou o que estava acontecendo. Ele disse que Ares era o novo deus patrono do Santuário e que deveríamos servi-lo. Contudo... os homens de Ares, os berserkers, não nos protegem como haviam prometido. Alguns dias se passaram e os abusos no vilarejo se tornaram cada vez mais constantes. Eles passam recolhendo boa parte do lucro dos comerciantes, invadem as tabernas e expulsam os clientes, invadem as casas recolhendo jovens para levá-los para as casas noturnas. Muitos jovens apareciam mortos no outro dia.

— Não posso acreditar que...

— O pior aconteceu quando um homem chamado Enyalios chegou no vilarejo. Ele se apossou de uma mansão de um rico comerciante e deu início a "colheita".

— Colheita?!

— Sim. Crianças e adolescentes, não só do vilarejo, mas também de toda a Grécia, passaram a ser sequestradas em grupos de sete a cada cinco dias. Elas são levadas para a mansão e nunca mais voltar. De noite podemos ver as luzes da mansão acesas e alguns gritos.

— "Então é de lá que vem os gritos que eu escuto?" — pensou Jake. — "Enyalios é um deus. Um dos deuses que apoia Ares. Ele faz parte da Corte da Guerra. Phobos e o Grande Mestre mentiram para nós. Para os cavaleiros de ouro."  os punhos de Jake se fecharam. — "Eles não estão protegendo os humanos. Estão usando eles".

— Algum problema? Possui algum familiar aqui?

— Não. Está tudo bem. Eu acho. — Jake se levantou e foi até a porta. — Queria que me fizesse um pequeno favor. Poderia me levar até a mansão?

— O quê?! Você quer ir até lá? Podemos ser capturados se nós...

— Não se preocupe. — disse Jake. — Eu protegerei você.

—...—


Jamiel – Fronteira entre a China e a Índia

Jamiel é uma região bastante montanhosa entre a China e a Índia, onde se agrupam os sobreviventes do antigo continente Mu que afundou diante da ira de Poseidon. Jamiel é um local de renascimento, onde os cavaleiros levam suas armaduras danificadas para serem restauradas.

— É possível notar uma certa agitação vinda do Santuário. — disse Marin que estava sentada nas escadas que davam para o alto palácio de Jamiel. Ela estava usando sua roupa de treino.

Ao lado dela havia um homem deitado. Ele tinha cabelo lilás e um cavanhaque curto.

— Há dias que essa agitação está assim. Também dá para notar o cosmo de Ares cobrindo a Terra. Esse cosmo está deixando até os animais raivosos. Imagine então o quanto isso afeta os humanos normais. — disse ele.

— Ele está incentivando guerras, Miguel. — disse Johan saindo de dentro do Palácio. — Isso fortalece o espírito dele. Até quando iremos ficar aqui?

— Não sei. O senhor Kiki não comentou nada desde o dia em que chegamos. — disse Miguel.

— Delfos pediu para termos paciência. Será tudo em seu devido tempo. — disse Marin. — Espero que Seiya e os outros estejam bem. Eles agora devem...

Uma cosmo energia poderosa estava se aproximando. A presença inesperada chamou a atenção de Marin e dos outros. Miguel deu um salto e ficou atento.

— É um cosmo muito poderoso. Tão poderoso quanto o de um Cavaleiro de Ouro. — comentou Miguel.

— Seria um berserker se aproximando? — perguntou Johan

— Provavelmente é algum inimigo enviado pelo Santuário. Não estávamos esperando ninguém até agora. — comentou Marin. — Qualquer um que se aproximar de Jamiel...

— É um inimigo. — disse Kiki, calmamente saindo do palácio emanando seu cosmo dourado. — E ele é poderoso. Essa pressão é o espírito de luta dele, e ele está deixando claro sua intenção hostil. Todos vocês, para trás. Agora!!

Marin olhou para trás.

— Kiki...

— Entre com Johan e Miguel. Protejam "ele" enquanto está se recuperando. Eu cuidarei disso. — disse Kiki — Alguém que emana um espírito de luta desse nível, só pode ser um semelhante.

Marin acenou com a cabeça e logo Johan e Miguel estavam ao seu lado. Os três entraram no palácio, mas ficaram na porta observando o que se passava. O céu estava laranja por causa do pôr do sol. O vento soprava normalmente, mas a pressão do cosmo que se aproximava era tão forte que parecia que o vento estava soprando em alta velocidade.

— Marin, veja. O céu. — disse Johan.

— O céu está se distorcendo. — comentou Miguel.

Uma distorção abriu uma fenda dimensional. Dentro da fenda havia planetas, pedaços de meteoros e uma rede marcando a dimensão. E de dentro da fenda surgiu um homem.

— Aquilo é...

— É um cavaleiro de ouro. — disse Marin. — Como o Kiki falou, é um semelhante.

Era um homem de pele clara, cabelos cor de marsala longos e olhos dourados como ouro. Estava usando a armadura de gêmeos e tinha uma capa branca presa em sua ombreira. Kastor saiu da dimensão e ficou em pé na ponta do penhasco encarando Kiki, que estava logo abaixo em frente ao palácio.

— Você por acaso é Kiki, o cavaleiro de ouro de Áries? — perguntou Kastor. Os olhos do Cavaleiro de Gêmeos podiam ver o enorme cosmo que emanava de Kiki. — Sem dúvidas seu cosmo faz jus a sua reputação no Santuário. O discípulo do lendário Mu.

— Parece me conhecer muito bem. Que tal se apresentar? Poderia começar com o seu nome, Gêmeos. Quem é você?

— Meu nome é Kastor, o Cavaleiro de Ouro de Gêmeos. Fui enviado pelo Grande Mestre do Santuário para levar a armadura de Áries e encerrar a sua vida como cavaleiro. O motivo é você não responder aos chamados do Grande Mestre e permanecer contra o Senhor Ares, que é o atual deus protetor da Terra e da justiça. — Explicou Kastor. — Diante de tudo o que eu acabei de dizer, Kiki, me responda, as acusações feitas contra você estão corretas? Você é contra a justiça?

— Você recebeu ordens de um Grande Mestre que na verdade provavelmente é um deus servindo a Ares e as acusações são porque me nego a voltar para um Santuário que está corrompido pelo exército do deus da guerra, e porque sou contra Ares que desde a era mitológica possui apenas o desejo de mergulhar a humanidade em uma guerra sangrenta. — Kiki deu alguns passos e olhou para Kastor. — Você está sendo iludido Kastor. Se acha que Ares é a justiça, então sim, estou contra essa justiça.

— O senhor Ares é a justiça até que se prove o contrário. Se está contra ele, então não me resta escolha a não ser matá-lo como eles desejam. — disse Kastor, elevando o cosmo.

— Me matar? Então venha, Kastor! — desafiou Kiki, elevando o cosmo. — Com o meu cosmo eu irei lhe mostrar a verdadeira justiça.

Kastor deu um salto concentrando uma esfera de cosmo em sua mão, uma pequena galáxia, e a lançou contra Kiki como um disparo direto. O golpe gerou uma explosão que em seguida foi absorvida por um brilho dourado. Diante de Kiki uma barreira dourada trincada reluzia.

— Espelho de Ouro!! — disse Kiki, com a mão estendida. A barreira brilhou e dezenas de esferas, semelhantes às que Kastor disparou, surgiram diante da barreira. O cosmo de Kiki gerou um impulso que disparou todas as esferas contra o Cavaleiro de Gêmeos.

Kastor elevou o cosmo e estendeu a mão pensando que poderia parar o contra-ataque, mas percebeu que os golpes não estavam voltando no mesmo nível que ele tinha disparado. Ele, percebendo que poderia sofrer sérios danos, concentrou cosmo entre suas mãos e disparou uma nova rajada de cosmo destruindo as esferas.

— Você tem uma boa defesa, Áries — disse ele.

— O "Espelho de Ouro" é uma barreira que além de me defender dos golpes também os reflete, mas reflete multiplicando os golpes e dobrando as forças deles. — explicou Kiki — Se você conseguiu se livrar tão fácil assim, devo supor que você não tenha me atacado com todas as forças.

— Apenas queria testá-lo. Agora vejo que não posso me descuidar. Estou de fato lutando contra um poderoso Cavaleiro de Ouro. Você disse que seu cosmo iria me mostrar a justiça pela qual luta, me mostre então.

A muralha se desfez e o cosmo de Kiki se apagou.

— Você sabe me responder qual o critério básico para uma armadura de ouro vestir um cavaleiro? — perguntou Kiki.

— Ele tem que no mínimo lutar por uma justiça que visa manter a paz na Terra e cuidar dos humanos. — respondeu Kastor.

— Que bom que você sabe disso, Kastor. Se você veste uma armadura de ouro então devo pensar que seu coração luta por essa justiça. Que você segue esse critério básico. Pois bem... — o cosmo de Kiki se elevou e passou a se modelar em seu corpo. — Olhe bem para mim, Kastor.

O cosmo de Kiki passou a ficar cada vez mais solido, dando formas enquanto cobria seu corpo.

— Aquilo é... uma armadura? Uma armadura de ouro está se materializando em seu corpo através do cosmo. — Kastor ficou espantando. — Uma armadura de ouro não vestiria alguém que vai contra a justiça, mas como pode haver duas justiças?

— Não é que exista duas justiças, Kastor. — disse Kiki, agora vestindo a armadura de ouro de Áries. — Eu e você temos o mesmo ideal, mas lutamos em lados diferentes. Você luta por Ares e eu luto por Atena.

— Você também acredita que ela pode ser salva do Tártaro? Você também apoia essa loucura? — perguntou ele.

— Como ele sabe? — perguntou Johan a Marin.

— Eu não sei. Ele não deveria saber. — respondeu Marin.

— Kastor, como você sabe sobre isso? — perguntou Kiki. — Quem contou a você?

— O cavaleiro de ouro de Touro me contou quando soube que eu estava vindo para Jamiel. Ele disse que esse rumor se mantém entre os berserkers. Parece que uma sacerdotisa de Atena, que era um dos integrantes do grupo de Seiya, revelou o plano e em seguida foi morta por um dos berserkers. Eles não querem que tal rumor se espalhe. Ápis deve ter me contando acreditando que você também era um dos seguidores do plano de Seiya.

— Uma sacerdotisa? — Kiki arregalou os olhos e olhou para trás. Para Marin e os outros. Ele não pôde evitar.

Miguel se perdeu em seus próprios pensamentos. Pavlin estava morta. Johan silenciosamente colocou a mão no ombro do amigo. Marin abaixou a cabeça e deu um soco na parede.

— E então, Áries, você é um dos que acreditam nisso?

Kiki cerrou o punho.

— Sim Kastor, eu acredito. Seiya e os outros estão indo até o Tártaro e vão salvar Atena das trevas. Atena é a verdadeira justiça a ser seguida. É por isso que nós estamos apostando as nossas vidas nesse plano. Foi por isso... Foi por isso que Pavlin arriscou a própria vida!! — uma onda de ar gerado pela expansão do cosmo se deslocou de Kiki e passou por Kastor. — Você está sendo iludido por Ares. Ele não é um deus que conserva a justiça. A presença de Ares na Terra apenas vai incentivar os corações humanos por mais guerras e isso o fortalece. Desde a era mitológica a única coisa que Ares faz é derramar sangue dos inocentes por motivos egoístas.

— Então me derrote. Se você estiver certo e eu estiver errado, você irá me vencer. A verdadeira justiça é a que prevalece. — Kastor elevou o seu cosmo e um grande peso gravitacional surgiu no campo. — Vamos lutar, Kiki!!

Kastor saltou em direção a Kiki que também correu em direção ao Cavaleiro de Gêmeos, mas por um rápido momento Kastor sumiu, saindo do campo de visão de Kiki. O ariano parou para procurá-lo, mas foi pego de surpresa com um soco em seu peito que o fez cuspir sangue. Kiki se teletransportou para alguns metros de distância de Kastor. Ele não conseguia entender como o cavaleiro de gêmeos sumiu e apareceu de forma imperceptível. Nem ao menos usou telecinese.

— Eu fico feliz que meu primeiro oponente possua tamanha força e cosmo. — disse Kiki

— Digo o mesmo a seu respeito

Os dois elevaram os cosmos e se prepararam para um novo ataque. Em um rápido movimento Kiki correu em direção a Kastor. O soco que ele aplicou com cosmo foi bloqueado pelas mãos do Cavaleiro de Gêmeos. O choque dos golpes fez o chão rachar e se desprender.

— Para alguém que aparenta ser tão pacífico, você tem um punho forte. — comentou Kastor.

— Esse meu punho vai tirar essa sua cegueira.

Com a mão livre Kastor disparou um golpe, mas Kiki se teletransportou para o penhasco. Seu cosmo cresceu ainda mais e parecia atrair o brilho das estrelas.

— Kastor, prepare-se!

— Eu... — Kastor sorriu e elevou o seu cosmo. — Estou preparado!! Ainda mais agora, depois de ver tamanha demonstração de poder. Dê tudo de si, Kiki. Farei o mesmo para recompensar o seu esforço. Ouça, o som das galáxias explodindo. — O cosmo de Kastor gerou um pequeno universo que tomou todo a área. — Explosão Galáctica!!

Kastor estendeu a mão e lançou uma poderosa onda de choque explosiva que assumiu a forma de diversos planetas explodindo.

— Veja... — Kiki abriu os braços. — O brilho das estrelas se extinguindo. Extinção estelar!!!

O cosmo acumulado por Kiki foi liberado na forma de choques múltiplos e brilhantes, parecendo várias galáxias avançando contra Kastor.

Os dois golpes se chocaram provocando um tremor. O universo amplo criado por Kastor foi atravessado pela “Extinção Estelar” de Kiki que seguiu em direção a Kastor, mas o choque das galáxias explodindo não foi detido e explodiu lançando Kiki para o alto.

O Cavaleiro de Gêmeos estendeu os braços e abriu um vórtice dimensional para engolir o golpe de Kiki, mas a luz do golpe engoliu o vórtice aberto por Kastor e explodiu diante dele, levantando uma coluna de luz. Kastor foi arrastado pela explosão, tendo seu elmo arrancado e caindo de joelhos.

— É impressionante... — pensou Kiki, se levantando. — Ele possui uma força esmagadora, assim como Saga também possuía. Será que mais uma vez Gêmeos será um dos mais poderosos?! Não posso cair diante dele. Não antes de mostrar de que lado está a verdadeira justiça. Terei que lutar a sério com ele, caso contrário eu...

— Senhor Kiki!! — gritou Miguel saindo do palácio.

— Volte Miguel!! — gritou Johan. — Não podemos interferir nessa batalha. Caso você entre no meio dos dois, você pode acabar morrendo.

— Ele está certo, Cavaleiro de Prata. — disse Kastor, ficando de pé. Havia um corte em seu rosto. — Não interfira. Esse homem... — Kastor sorriu ao ver Kiki se levantando. — Está iluminando a minha visão.

— E será que ele realmente precisa fazer isso?!! — gritou Miguel. Kastor virou para ele e se espantou ao olhar em seus olhos. Os olhos dourados de Miguel brilhavam. — Eu posso ler pensamentos, Gêmeos. Eu sei que você acredita nele, que sabe que Ares está errado. Que os deuses mentiram na promessa que fizeram a vocês, Cavaleiros de Ouro. Então por que quer levar isso adiante? Isso pode acabar com a morte de um de vocês ou até mesmo dos dois.

— Não atrapalhe, Miguel! — disse Kiki. — Está tudo bem.

— Eles possuem cosmos semelhantes. Se continuarem assim vão gerar uma guerra de mil dias. — disse Marin para Johan.

— Eles podem até estar aparentemente prestes a iniciar uma batalha de Mil dias, mas... eu ainda vejo um pouco de diferença entre eles, mas não podemos fazer nada. Não temos forças para impedi-los. — disse Johan

Kastor e Kiki avançaram um contra o outro novamente gerando uma deslocação de ar poderosa. Com o punho envolvido por cosmo, Kiki aplicou um soco, mas Kastor desviou e aplicou um golpe nas costas de Kiki. O ariano então girou para um novo ataque mais se defendeu levando o braço no momento em que Kastor avançou com o punho fechado. O espaço se distorceu e Kastor desapareceu, reaparecendo flutuando próximo ao penhasco.

Dessa vez foi Kastor quem avançou com os punhos envolvidos por cosmo, mas Kiki interceptou o ataque com uma barreira semelhante a Muralha de Cristal e com a outra mão lançou um ataque, arremessando-o contra a parede do penhasco. Kastor se levantou limpando o sangue que escorria de sua boca e estendeu a mão lançado um golpe similar a Explosão Galáctica, mas em forma de uma rajada mais simples. Kiki desviou para o lado, fazendo o golpe passar direto e explodir no céu, e lançou uma rajada de cosmo como se fossem estrelas cadentes, mas Kastor abriu uma fenda dimensional e entrou nela. O golpe explodiu formando diversas crateras no rochedo. Kastor voltou a aparecer próximo ao palácio e foi pego de surpresa quando viu que Kiki já o esperava e o atacou com um soco lançando-o contra a parede do palácio.

— Como soube? — perguntou Kastor, se levantando. Ele estava com escoriações e sangue escorrendo na lateral do rosto.

— Usar fenda dimensional contra mim não adianta. Percebi que você fazia o espaço se distorcer rapidamente e assim poderia surgir em um angulo cego e atacar. Habilidade inteligente, mas não contra mim. — disse Kiki. — Acho que já podemos dar um fim a isso.

Com o cosmo acumulado em sua mão, Kiki estendeu a mão e lançou várias lanças de cosmo parecendo cristais.

— Lança estelar!! — as lanças douradas atacaram Kastor, que rapidamente cruzou os braços para se defender, mas as lanças se dissolviam em luz e atravessavam as frestas da armadura.

Kastor gritou ao sentir as lanças atravessando seu corpo e em seguida cuspiu sangue. Vendo que acabaria sendo morto caso não se defendesse, Kastor estendeu a mão e lançou uma variação pequena do "explosão galáctica" que, mesmo em proporção pequena, atingiu Kiki e o lançou contra o palácio.

Kastor se ajoelhou e pós a mão na boca no momento em que voltou a cuspir sangue. As lanças tinham provocado ferimentos profundos e internos. Ele olhou para a armadura e não viu nenhuma rachadura ou perfuração.

— Como conseguiu me ferir dessa maneira se minha armadura está intacta?

Kiki se levantou com dificuldade. Estava com escoriações no rosto.

— Sou um reparador de armaduras. Posso ver cada abertura, cada fresta, de sua armadura. Minhas lanças atravessam justamente essas passagens pequenas.

— Mas não vai ter essa mesma sorte. Nem se quer vai aplicar um próximo golpe. — Kastor ergueu a mão e uma nebulosa negra se formou. Esse era o seu golpe secreto, e um dos mais poderosos. — Se você sobreviver, a sua justiça estava certa.

Uma pressão gravitacional imobilizou Kiki, forçando-o a se ajoelhar. O seu cosmo começou a fluir do seu corpo e a entrar em desordem. O chão começou a tremer e então se desprendeu, levando blocos de rocha e terra. Tudo estava sendo tragado para dentro daquela nebulosa negra. Kastor estava provocando um "caos". A nebulosa negra então começou a crescer e a gerar uma força poderosa que sugava o cosmo de Kiki.

— Você sabe que nem mesmo a luz foge de um buraco negro. Acabou Aries! Seja envolvido nesse buraco negro que consome tudo!

Kastor se preparou para lançar o golpe, mas um cosmo saiu de dentro do palácio em sua direção.

— Isso é... — Kastor se virou e arregalou os olhos. — Um dragão?!!

Um dragão dourado mostrando as presas veio em direção a Kastor, e ele usou a nebulosa negra para absorver o cosmo e desfez a imagem do dragão dourado. O choque das técnicas fez com que Kastor fechasse o buraco negro.

Kiki se virou para ver um homem, de longos cabelos negros e vestindo apenas uma calça clara, saindo do palácio. Ele estava com o pescoço, braço direito e o peito enfaixado. Tinha também um curativo em sua barriga, mas esse estava manchado com sangue. Certamente o ferimento abriu quando ele fez esforço.

— Quem é esse homem? Que cosmo imenso é esse que flui dele. Mesmo ferido seu cosmo é imponente. — Pensou Kastor. — Tão poderoso que foi capaz de forçar o fechamento do buraco negro.

— Shiryu, volte! Você está ferido. — disse Kiki.

— Você disse... Shiryu?! — Kastor apagou o seu cosmo e pegou o elmo de sua armadura. — Como pode estar vivo? Foi relatado ao Santuário que você estava morto. Você e o Cavaleiro de Câncer.

—...—


Santuário – Vilarejo de Rodorio

— O sol está quase se pondo. Estamos a quase meia hora atravessando essa floresta. — comentou Jake.

A jovem do vilarejo estava fazendo o que Jake pediu. Levando-o para a mansão onde crianças e adolescentes eram levadas e nunca mais voltavam. Os berserkers estavam sendo cúmplice disso e o deus Enyalios também tinha algo a ver com os sequestros que eles chamavam de "colheita".

— Estamos chegando. — disse ela.

Uma parte da mansão já podia ser vista entre as arvore. Era uma casa grande com três andares e cheia de janelas. Na porta principal havia dois berserkers fazendo a guarda. Jake e a menina se esconderam entre as arvores para não serem vistos.

— Não podemos sair da floresta. Eles vão nos capturar e não sabemos que fim podemos ter. — disse ela.

Nesse momento eles escutaram cavalos correndo e pessoas gritando. Jake segurou no braço da garota e correu junto com ela arrodeando a mansão por dentro da floresta. A parte de trás era um grande campo aberto. Três homens estavam montados a cavalo. Dois estavam com lanças nas mãos, mas o outro estava com um arco negro e um suporte de flechas nas costas.

— É ele! — disse a menina, cochichando e apontando para o arqueiro montado no cavalo. — Aquele é Enyalios.

Era um homem pardo, cabelo preto azulado curto e espetado, mas em suas laterais era raspado em três riscos finos. Usava um brinco em sua orelha direita. O brinco era uma miniatura de um crânio com três penas negras penduradas. Vestia um colete preto, sem manga e de gola alta, com botões vermelhos e uma calça escura. Seus braços eram musculosos e repleto de cicatrizes finas. Calçava as botas de sua onyx, uma onyx negra e vermelha, que cobria até os joelhos. Ele tinha uma expressão séria e assassina, acompanhada de um sorriso insano.

Enyalios pegou uma flecha, colocou no arco e então disparou. Segundos depois um grito ecoou. Rapidamente Jake subiu na arvore para verificar de onde vinha os gritos e então parou arregalando os olhos. O que ele avistou quase o fez perder o equilíbrio e cair. O campo estava coberto de jovens e crianças, todos pelados, mortos por flechas. Uma flecha não era o suficiente para mantar dependendo do local onde ele acertasse e por isso muitos recebiam várias delas em seu corpo até morrerem. Restava apenas duas crianças, nuas, que estavam abraçadas uma à outra chorando. Buscavam no outro o consolo para aquela brutalidade.

— Então é isso o que ele está fazendo!  disse Jake para si mesmo. Ele estava indignado.

Enyalios estava levando as crianças para a mansão e fazia delas animais de caça ao soltar no campo. As crianças tinham que correr para sobreviver, mas seriam caçados até a morte. Era a diversão dele. Enyalios preparou mais uma flecha e a disparou, mas um raio dourado cortou o campo e a flecha foi interceptada.

— Aquilo é cosmo!! Aquele cosmo dourado... — comentou a menina do vilarejo, ao ver Jake parado no campo segurando a flecha. — Então ele é...

— Se moveu tão rápido que mal pude ver seus movimentos. — disse Enyalios. — O que você faz aqui garoto? O que um Cavaleiro de Ouro faz fora das doze casas?

— Sou eu que faço as perguntas. O que pensa que está fazendo? Você é um deus! Como pode fazer isso com essas crianças? — perguntou Jake, cerrando o punho. Ele jogou a flecha no chão e pisou.

— Do que está falando? Os seres humanos não passam de gado. São como um boi qualquer que é morto no matadouro. Como uma gazela na floresta prestes a ser caçada. — respondeu o deus com tom de deboche. Enyalios desceu do cavalo e os outros dois homens fizeram o mesmo. Eram berserkers que acompanhavam o deus. — Você está me atrapalhando garoto. Atrapalhando a minha caçada.

— Gado? — perguntou Jake e em seguida olhou para as duas crianças. Provavelmente eram irmãos. Dois meninos de cabelos curtos castanhos. O mais velho abraçava o mais novo com todas as forças. Certamente usaria seu próprio corpo para defender o irmão. Aquela cena fez Jake lembrar do seu passado.

***

1996 - Cinco anos antes da Lua de Sangue – Estados Unidos

O sol estava se pondo e a escola estava quase vazia. O garoto parou na porta da escola e olhou para os lados. O estacionamento também estava quase vazio. Talvez hoje ele não tivesse mais um dia terrível. Ele colocou sua bolsa nas costas e levantou o capuz do seu casaco preto. Ele usava camisa branca com a bandeira dos Estados Unidos, uma calça jeans clara e sapato all star preto e branco. Ele saiu da escola e nenhum sinal daqueles garotos. Colocou o fone no ouvido e ao entrar em uma rua ele se arrependeu por isso. Se não tivesse com o fone tão alto talvez tivesse percebido a chegada dos meninos. O que ele sentiu foi apenas um chute em suas costas que o jogou contra o chão.

— Passamos mais de meia hora esperando você aqui! — disse um dos meninos. Ele usava um casaco de um time de baseboll e uma calça jeans escura. Ele era alto e forte. Tinha o cabelo preto curto e olhos claros. Os outros garotos eram um pouco mais magros que ele. — Pensou que fossemos desistir? Ei Andrew! — disse o menino chamando o colega. — Pega todo o dinheiro dele.

O menino obedeceu. Começou a revistar os bolsos da calça do menino ainda caído enquanto o outro menino pegava a bolsa e jogava as coisas no chão. Andrew pegou tudo o que tinha recolhido de valor e entregou ao menino.

— Só isso? — perguntou ele chutando o menino caído. — É só isso que você tem hoje?

— Eu... eu lanchei. — respondeu o garoto tentando se levantar.

— Eu disse pra você não comer! — e deu mais um chute. — Que deveria ficar com fome! Você é um inútil mesmo.

O garoto escutou algumas pesadas fortes, como se alguém estivesse correndo, e em seguida o grandalhão caiu no chão. Alguém chegou aplicando um chute no garoto.

— Ei Jake, você está bem? — perguntou o menino que tinha derrubado o grandão. Parecia ser mais velho que Jake e da mesma idade que os outros. Era um jovem alto, magro, pele clara, camisa branca com palavras em latim, um casaco social cinza claro por cima, calça jeans azul escuro, sapato preto e uma bolsa preta nas costas. Jake se virou, estava com escoriações no rosto, e sorriu com vergonha para o menino. — Me dê a mão. — disse o menino estendendo a mão. Jake estendeu a sua e então se apoiou e se levantou.

— Você deve ser um nojento igual a ele! — gritou o garoto enquanto fugia com os amigos. — Tenho nojo de vocês! Bando de inúteis.

— Acho que você não é de ter muitos amigos. Pegue suas coisas. Vamos comer algo.

— Obrigado Brent, mas não estou com fome. — disse Jake, enquanto pegava a bolsa do chão.

— Mas eu estou, então me acompanhe pelo menos. E também... — Brent tocou em uma das escoriações no rosto de Jake. Jake deu um "ai" baixo ao sentir o dor. — Você precisa limpar o rosto. Vamos. Tem uma cafeteria logo ali na frente.

Eles caminharam até uma cafeteria próxima e foram direto ao banheiro.

— Por que aqueles meninos te perseguem tanto? — perguntou Brent apoiado na pia do banheiro. Jake estava molhando o rosto e secando com papel. — Como você aguenta isso todos os dias? Deveria contar aos seus pais sobre...

— Não!! — disse Jake. Brent parou de falar e olhou assustado. Jake notou que havia falado de forma grosseira e ficou com vergonha. — Desculpa! Mas eu... Não posso contar a eles. Nem sobre mim e muito menos sobre os meninos. Um dia eles cansam. E eles são da sua turma. Estão no segundo ano do ensino médio. Só tenho que aturá-los por mais um ano e pronto. Paz.

— Terá paz de mim também? — perguntou Brent, baixinho.

— Nã... Não quis dizer isso. — Jake ficou nervoso e com vergonha.

— Eu entendi. — disse Brent rindo. — Apenas estava brincando. Escute Jake, de uma coisa você está certo. Só precisa tolerá-los por mais um ano, ou então você toma uma atitude em relação a isso e estabelece um ponto final. Você não é um inútil. Não importa o quanto você seja "diferente" do ponto de vista deles, você não é saco de pancadas de ninguém por ser “diferente”. Já basta as dificuldades na sua casa. Um dia eles irão embora e eu também, mas outros sempre vão aparecer para querer lhe oprimir e lhe desmerecer. Não deve abaixar a cabeça para nenhum deles, Jake. — Brent foi até ele e pegou o papel de sua mão e passou a limpar os ferimentos de Jake. — Nunca abaixe a sua cabeça. Isso não é orgulho. Isso é estar se valorizando. Seja forte para proteger os outros assim como eu te protejo e sempre vou proteger.

***

— Eu me tornei um Cavaleiro de Ouro... Me tornei forte para proteger os outros assim como um dia alguém arriscou a vida para me proteger. — disse Jake enquanto seu cosmo crescia emanando de forma poderosa. A armadura de ouro de Leão veio até Jake e o vestiu. Seu cosmo emanava tão forte que vibrava como um rugido. — Como um ser que se diz "deus" age como um demônio dessa forma? Nós... não somos... inúteis!!

O cosmo de Jake causou uma pressão gigantesca. Raios crepitavam do seu cosmo. A jovem do vilarejo apareceu saindo da floresta acenando para as crianças correrem até ela.

— Não sei se você é burro ou um desesperado por falar dessa maneira com um deus. Vocês, seres humanos, existem para nos servir. Para satisfazer nossos desejos, independente se reprovem. — Enyalios se moveu rapidamente e aplicou uma sequência de socos em Jake, mas ele conseguiu se afastar e disparou uma descarga de cosmo em forma de raios. — Você é realmente um tolo. — Enyalios tomou o golpe de Jake e disparou contra ele. Jake foi lançado para o alto e caiu no chão. — Quer me odiar mais, garoto? — perguntou o deus sorriu. — Saiba que antes de matá-los, eu me diverti bastante. Eu adoraria matar você agora, mas vamos deixar para depois. Nesse momento estou indo aos Estados Unidos iniciar uma terceira guerra mundial em nome do senhor Ares. Matarei bem mais do que algumas crianças. Eu gostaria de continuar com essa luta e esfregar a sua cara no chão, mas não tenho tempo.

— Espere!! Enyalios, espere!! — gritou Jake enquanto se levantava.

Enyalios deu as costas e desapareceu junto com os outros dois berserkers. Jake, caiu de joelhos no campo, tirou o elmo de sua cabeça e jogou no chão.

— Droga!! — gritou ele, dando um soco no chão. O seu cosmo se elevou e emitiu um rugido.

A menina do vilarejo foi até ele e se abaixou.

— Obrigada por nós proteger. — disse ela colocando a mão na cabeça dele. — Veja, eu e as crianças estamos seguros.

Jake olhou para as crianças, agora sentadas nas escadas da mansão, que olhavam pra ele e esboçavam um sorriso de gratidão. Jake sorriu para eles e então a menina do vilarejo o abraçou. Seu abraço era quente e confortável. Como um abraço de mãe. Um abraço que a anos Jake não sentia. Daquela menina fluía uma energia poderosa e acolhedora.

— Tem mais uma coisa que eu tenho que te contar. — disse ela ainda abraçada com Jake. — Vendo você proteger aquelas crianças me fez lembrar do meu nome. Me chamo... Hestia.

Hestia se afastou de Jake e ficou em pé. Ele levantou a cabeça a tempo de ver a pequena garota do vilarejo se transformando em uma linda jovem de pele clara, longos cabelos ruivos castanhos e trajando um vestido grego.

— Hestia? — Jake ficou espantado. — Então você é...

— Eu sou a deusa do lar e do fogo. Reencarnei nessa era e a minha consciência estava adormecida no corpo dessa jovem. O seu afeto pelo seu próximo, a força acolhedora do seu cosmo, me despertou por completo. Agora escute Jake. — Hestia abriu as mãos e fez surgir fogo. As chamas mostravam alguns lugares do mundo que estavam em conflitos por causa do cosmo de Ares. — Ares voltou mais uma vez para tentar ter o controle absoluto da Terra. Com Atena morta tudo está perdido, mas creio que ainda exista uma esperança, não é?

— O Tártaro. — disse Jake, pensativo lembrando da conversa com Ápis. — Seiya e os outros estão indo para o Tártaro tentar salvar Atena.

— Então nem tudo realmente está perdido. Ainda temos esperança, mas é um plano arriscado. Você tem que se aliar a eles. Tem que salvar Atena. Ela é a justiça e o equilíbrio na Terra. Sem a paz na Terra os humanos estarão sentenciados a dias de guerra e sofrimento. Vocês têm cerca de uma ou duas semanas até a próxima lua de sangue. — alertou Hestia.

— Mas eu não sei onde eles estão.

— Também não consigo sentir o cosmo deles. Devem estar usando alguma barreira para bloquear a presença deles, mas você pode achá-los. Se o seu coração estiver trilhando o mesmo caminho e tendo os mesmos desejos que os deles, você vai achá-los. — disse Hestia. Ela pegou o elmo no chão, colocou na cabeça de Jake e o beijou no rosto. — Eu sei o quanto foi difícil na sua casa. Sei o quanto você sofreu quando foi expulso apenas por revelar quem você é. Sei o quanto sofreu quando você perdeu 'ele', mas agora você tem um novo lar. O Santuário. Cabe a você conservá-lo. Agora, meu pequeno Leão, vá proteger aqueles que precisam das suas presas.

— Obrigado. — Jake elevou o cosmo e olhou para as crianças sentadas olhando para eles. — Cuida bem deles. Voltarei para protegê-los.

Jake elevou o cosmo e desapareceu como um raio subindo aos céus.

—...—


Jamiel – Fronteira entre a China e a Índia

— Quando acordei estava aqui, em Jamiel. Henry tinha desaparecido e eu já não sentia mais o seu cosmo. — disse Shiryu.

Kastor, Kiki e Shiryu estavam conversando sobre os últimos acontecimentos e a guerra santa.

— Eu pensei que Kiki tivesse me salvado no meio da luta contra Henry no Yomotsu, mas...

— Nem mesmo eu, com todo meu poder psíquico, posso interferir no Yomotsu. É um lugar onde apenas aqueles que controlam o Sekishiki tem acesso. Não sinto o cosmo do cavaleiro de Câncer, mas... — Kiki olhou para as estrelas. O céu agora estava repleto de estrelas. — A constelação de Câncer ainda brilha fortemente. Não acredito que Henry esteja morto.

— Então, se o Cavaleiro de Libra, que é o cavaleiro que serve como balança da justiça, está apoiando Seiya e os outros, não me resta dúvidas de que meu inimigo seja Ares. — Uma fenda dimensional abriu atrás de Kastor. — Foi um prazer conhecê-los. Na primeira vez que nos encontramos lutamos como inimigos, mas na próxima vez que nos reencontrarmos, seremos aliados.

— Para onde você vai, Kastor? Não está pensando em ir atrás de Ares sozinho, está? — perguntou Kiki.

— Não. Não estou. Não sou tolo em fazer isso. Também não voltarei ao Santuário. Irei atrás de Seiya e dos outros. Irei me aliar a eles nessa batalha. — Kastor entrou dentro da dimensão. — Nos veremos em breve, Cavaleiros de Atena.

A fenda dimensional se fechou e a pressão gravitacional causado pelo espírito de luta de Kastor sumiu. Kiki olhou para as estrelas e sorriu.

— Obrigado, meu amigo, por ter me salvado. — disse Kiki.

Shiryu acenou com a cabeça e sorriu.

— O que você vê nas estrelas, Kiki?

— Sobre a guerra? Tudo está se encaixando, mas ainda assim está confuso para os meus olhos. — disse Kiki. — Vejo também um cosmo poderoso ameaçando as constelações de Gêmeos e Sagitário. Creio que Kastor e Seiya logo estarão em perigo.

— Enquanto a isso, não me preocupo. Tanto Seiya quanto Kastor são cavaleiros de ouro e são poderosos e habilidosos. Shun também está com Seiya. Vamos salvar Atena e derrotaremos Ares. Custe o que custar.

—...—


Vaticano – Roma

— O senhor me chamou, Senhor Ares? — perguntou um berserker ao entrar no salão.

O salão era retangular e bastante largo. O alto teto abobadado era repleto de desenhos de anjos e santos no meio das nuvens. O mármore branco dos pilares e do chão refletiam a onyx negra que o berserker vestia. No final do salão havia um trono dourado onde um homem estava sentado. Era um homem jovem de porte atlético forte, aparentemente alto, pele parda, cabelo curto castanho esbranquiçado, trajando um elmo emplumado que escondia uma parte do seu rosto deixando apenas a boca amostra, ombreiras de uma Onyx vermelha com adornos e um manto negro cobria todo o seu corpo. A presença de Ares era imponente. Ao lado dele, sentada em um trono, estava Afrodite. Uma linda mulher de cabelos longos dourados, olhos azuis e usava um vestido branco com adornos de ouro.

— Adonis, o berserker de Javali do exército do Medo, se apresentado.

O berserker se ajoelhou e tirou seu elmo. Era um jovem de pele pálida e cabelo longo cor de cobre até os ombros. Seu elmo tinha o formato da cabeça de um Javali e ele trazia uma capa negra presa em seus ombros.

— Adonis, alguns cavaleiros ainda insistem em me desafiar. — disse Ares. — Phobos e Deimos falharam em aniquilar alguns desses vermes, mas não podemos ignorá-los. Por isso ordeno que você cace os Cavaleiros de Atena rebeldes e mate-os.

— Não vou falhar, meu senhor!! — Adonis se levantou e colocou o elmo em sua cabeça. — Vou esmagá-los com todas as minhas forças.

—...—


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Notas finais do capítulo

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Próximo capítulo: Seiya e os outros chegam na Espanha, mas sentem que de alguma forma estão sendo seguidos. Adonis, enviado por Afrodite e Ares, ataca o grupo de Seiya e inicia uma batalha contra o dourado de Sagitário. A luta porem é interrompida com a chegada de Kastor. O Mito de gêmeos então se repete. A luta entre gigantes começa.

— Capítulo 29: O mito de gêmeos se repete. Luta de "titãs".

Obrigado a todos que ainda permanecem aqui comigo e seja bem vindo você que está começando a me acompanhar. Lembre-se, opinião e sugestão são sempre bem vindas



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