A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 15
Capítulo 15 - O Bacanal


Notas iniciais do capítulo

Anteiros faz o anuncio oficial para todo o Santuário e assim começa a nova ordem. Deuses e bersekes poderosos se reúnem no Santuário para o festejo do retorno de Ares.



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Capitulo 15 - O Bacanal de Ares


Santuário da Grécia

Sentado na cadeira do Grande Mestre estava Anteros, deus da manipulação, escolhido para ser o representante de Ares no Novo Santuário. O deus vestia os trajes sagrados do sacerdote e trazia em sua cabeça o elmo dourado. Diante dele, ajoelhados em fileiras, estavam os novos Cavaleiros de Ouro que, após anos de treinamento, finalmente se apresentaram com suas respectivas armaduras de ouro.

 Cavaleiros de ouro, vocês chegaram em um momento de mudanças no Santuário. — disse Anteros. — A deusa Atena está morta. — houve um momento de silêncio no grande salão. Anteros analisou as expressões sólidas dos cavaleiros. Eles continuaram ajoelhados e de cabeça baixa. Então Anteros continuou. — Mas no lugar da deusa da guerra se ergue o verdadeiro Senhor da Guerra, o deus Ares, a quem todo o Santuário terá que servir. E não há nada que vocês, Cavaleiros de Ouro, possam fazer para reverter isso. Caso tentem, estariam desperdiçando suas vidas por uma Guerra Santa que já está finalizada.

— Não iremos obrigar nenhum de vocês a jurarem lealdade a Ares e nos servir. — disse o deus Phobos. — Guerreiros poderosos lutam com mais intensidade quando fazem por vontade própria. Então, se quiserem continuar como Cavaleiros de Ouro, terão que se curvar para nós, caso contrário, abandonem as armaduras e deem valor a suas vidas. Não vamos tolerar rebeldia, anarquia ou traições futuras. — alertou ele, olhando para cada dourado. — Iremos passar por momentos de conflitos internos e externos entre alguns antigos seguidores de Atena até que tudo se alinhe. E certamente iremos travar batalhas contra nações que são aliadas ao Santuário da Grécia, como Asgard, Graad Azul, Senkyou, Guerreiros de Vouivre e outros. E para vencer cada um e dar por completo o governo do mundo ao Senhor Ares, vamos precisar até mesmo de vocês. Então... Se algum de vocês não quiser aceitar essa posição, fale agora e deixe para atrás a armadura e ouro que consquistaram.

Nenhum dos Cavaleiros de Ouro rebateram ou pronunciaram algo. Permaneceram de cabeça baixa e curvados. Diante daquele silêncio, Deimos desceu as escadas do altar do Grande Mestre e caminhou entre os Cavaleiros Ouro. 

— Veremos o silêncio de vocês como um sinal de concordância. — disse Deimos. — Mas devo reforçar as palavras de Phobos. Não iremos tolerar qualquer sinal de traição. — o deus segurou no cabo da espada presa na bainha de sua cintura. — Alguém tem algo a dizer?

— Permita-me falar, senhor. — disse o Cavaleiro de Ouro de Gêmeos. Um homem de pele clara e longos cabelos cor de marsala que saiam por baixo do seu elmo. Ele estava no meio da primeira fileira e permaneceu de cabeça baixa.

— Quem é você? — perguntou Deimos, parando atrás do Cavaleiro de Ouro.

— Meu nome é Kastor, senhor. Kastor de Gêmeos.

— E o que deseja falar? — perguntou Deimos.

— Antes de entrarmos no Templo do Grande Mestre, nós, os Cavaleiros de Ouro, havíamos conversado a respeito das mudanças no Santuário e chegamos ao consenso de servir ao deus Ares, mas com uma condição.

— E qual seria? — perguntou Anteros, inclinando-se.

— Que a humanidade seja preservada. — respondeu ele.  Nosso treinamento tem por finalidade protegermos a Terra e a humanidade acima de tudo, mantendo a paz. Por isso acreditamos que se a humanidade for protegida, não há mal algum em servir ao novo deus patrono da Terra.

— Está bem, Kastor. Se esse é o preço que nos cobram, então assim faremos. — disse Anteros. — Lhe dou a minha palavra.

— Obrigado, senhor. — agradeceu Kastor. — Confiaremos em sua palavra.

Deimos fitou Anteros e estreitou os olhos, mas o deus da manipulação ignorou a expressão dura do deus.

— Hoje à noite teremos o festejo da nossa vitória. O Bacanal. — disse Anteros.  Estejam todos presentes no festival. Agora vão para suas respectivas Casa do Zodíaco e protejam esse templo. Podem se retirar. — ordenou Anteros.

— Sim, senhor! — disse unânimes. 

Os cavaleiros de ouro se levantaram e se retiraram do salão. Deimos esperou que a porta se fechasse por completo para então poder falar.

— O que pretende com esse discurso, Anteros? — questionou Deimos, voltando-se para o "Grande Mestre".

— É um discurso arriscado. Eles podem se rebelar na primeira ordem de exterminar um país rebelde. — disse Phobos, olhando pensativamente para a grande porta.

— Ao fazer um acordo, devemos usar as palavras certas. — disse Anteros. — Não menti para eles dizendo que preservaríamos a raça humana, mas não afirmei que nenhum humano seria morto. Todas as nossas atitudes terão motivos lógicos para os interesses do Senhor Ares. Se bem que... É uma tolice ordenar que a raça humana seja extinta da Terra. O que iremos governar? Cadáveres? 

— O desejo do senhor Ares é fazer com que o mundo entre em uma guerra sem fim. — rebateu Deimos. — É o combate que fortalece os nosso poderes.

— E quando não sobrar mais nenhum humano vivo? O que faremos?!  — questionou Anteros. — Como deuses da guerra, eu compreendo a ânsia por combate, mas um caos sem fim não agradaria os demais deuses do Olimpo. É mais prudente que o Senhor Ares vença todas as nações e assim unifique o mundo todo em apenas um único reinado. O seu.  A raça humana é frágil como barro, e com as armas que possuem hoje, não durariam dois anos de guerra.

— Falaria isso para ele, Anteros? — perguntou Phobos.

— Sou conselheiro do Senhor Ares desde a Era Mitológica. Sempre ofereci a ele essa ideia, mas sempre negou. A maioria de seus fracassos foi por causa da teimosia dele em não seguir os meus planos. Até mesmo vocês fracassaram por causa do orgulho e da violência. A maior arma de Atena não era a força, mas sim a inteligência e era isso que fazia ela vencer todas as guerras.

— Aparentemente. — comentou Phobos. — Até então ainda temos a preocupação de alguém estar interferindo nessa batalha.

— Essa ponta solta não é culpa minha. — rebateu Anteros, grosseiramente. — Isso é obrigação de vocês resolverem.

Deimos sacou a espada, se movendo  tão rápido que Phobos quase não percebeu, e encostou o fio da espada no pescoço de Anteiros.

— Meça suas palavras. Não somos seus subordinados. — ameaçou Deimos.

Anteros olhou nos olhos de Deimos com uma expressão de indiferença. Seus olhos prateados percorreram os olhos vermelhos e sanguinários do deus do Terror e emitiram um brilho similar ao da lua.

— Abaixe a sua espada, Deimos. Agora! — ordenou Anteros. O deus do terror, de forma relutante, recuou sua pesada espada e a posicionou ao lado do seu corpo. — As vezes parece que vocês esquecem quem eu sou. Eu não tenho medo das suas ameaças, Deimos. 

— Já chega! — disse Phobos estreitando os olhos, observando curiosamente. — O que vamos fazer ou deixar de fazer com os humanos isso vai depender da ordem do Senhor Ares. Deimos, guarde sua espada. E Anteros, faça o mesmo com as suas palavras afiadas. Vamos manter o foco nos próximos passos.

— E qual seria? Asgard?! — perguntou Deimos.

— Provavelmente. — disse Phobos. — Precisamos reunir o conselho de deuses. Veremos isso após o festival.

 

—...—


Em algum lugar de Roma

— Ela está tomando café lá dentro. — disse uma criada do palácio que conduzia um homem até uma imensa porta branca com maçanetas douradas.

A menina era esguia, de cabelos castanhos com uma touca branca e um avental. Trazia uma bandeja de chá. O rapaz a quem ela conduzia era um homem de cabelos longos cor de vinho, na altura dos ombros, com duas tranças longas no lado direito caindo sobre seus ombros e trajando uma túnica branca, sem mangas, que cobria todo seu corpo. Não era musculoso, mas superficialmente tinha bíceps desenvolvidos. Seus olhos eram verdes como uma esmeralda.

Dois soldados que guardavam a grande porta se moveram para abri-la. Eram dois homens morenos trajando armaduras de legiões gregas e um elmo com plumas vermelhas.

A sala atrás da grande porta era enorme, grande o bastante para uma mesa capaz de comportar vinte pessoas. Um lustre imenso pendia do teto, preenchendo o recinto com um brilho amarelado. Sobre um aparador repleto de louças refinadas, um espelho de moldura dourada estendia-se pelo comprimento da sala. Um vaso baixo de vidro cheio de flores brancas decorava o centro da mesa. Tudo era de muito bom gosto e refinado.

Toda a longa mesa estava coberta com linho branco, mas apenas uma ponta estava posta, com lugar para três pessoas, mas apenas duas já estavam sentadas. Na cabeceira da mesa estava uma linda mulher, de olhos azuis e de cabelos loiros lisos, mas com as pontas cacheadas, com um vestido brilhante decotado. No seu lado direito estava um jovem musculoso de pele clara como a da mulher, cabelos curtos espetados, alto em cima e curto nas laterais, de uma tonalidade verde escuro. Vestindo uma Onyx verde com adornos negros. A Onyx dele, diferente das dos demais berserkes, tinha a superfície escamosa, como se fosse pele de uma cobra.

— Começou a comer sem ao menos me esperar? Quanta indelicadeza. — disse o homem que acompanhava a criada.

Ele se dirigiu para a cadeira que estava ao lado esquerdo da formosa mulher e se sentou, ficando de frente para o jovem rapaz que comia. A criada pousou a bandeja na mesa e serviu a mulher com uma xícara de chá e um prato branco com pedaços de mamão fatiado.

— Demorou demais, Dionísio. — disse a mulher, pegando a xícara e levando a boca.

— Estão sabendo de alguma notícia do santuário? — perguntou Dionísio enquanto se servia. A criada se afastou, fez reverencia, e se retirou do salão, fechando a porta ao sair.

— O fio divino da vida de Atena foi finalmente cortado pelas Moiras. Atena está morta e agora a Terra pertence ao Senhor Ares. Pégasos e Andrômeda estão presos nas masmorras do Santuário e os novos Cavaleiros de Ouro estão nas mãos do Grande Mestre. — respondeu o rapaz, enquanto limpava a boca com um guardanapo. — Não imaginei que a ideia de Anteros fosse funcionar. Geralmente sempre foi um fracasso.

— O fracasso não vinha dos planos dele, mas sim do não cumprimento delas. — rebateu a mulher, pousando a xícara na mesa. — Ordenei que ele ficasse como o Grande Mestre do Santuário.

O jovem olhou espantado e incrédulo para a mulher.

— Então ele é o atual Grande Mestre? Pensei que fosse Phobos! Porque a senhora fez isso? — perguntou ele. — A senhora sabe que o orgulho do Senhor Ares seria um dos seus filhos governando o Santuário.

— O ideal é que o Grande Mestre seja alguém inteligente e estratégico. — disse Dionísio. — Não é só uma posição militar de liderança.

— O que importa é que Ares conseguiu o seu ideal. Atena está morta, o Senhor Ares está retornando e o Olimpo se acalmou. — disse a mulher.

Dionísio estalou os dedos e um cálice dourado, transbordando com vinho, surgiu na mesa. O deus pegou o cálice e deu um gole.

— Então vamos comemorar — disse o deus.

Draco se levantou.

— Irei preparar a carruagem que nos levará à Grécia. Vamos deixar as comemorações para mais tarde. — disse Draco. — Licença.

Draco então se dirigiu até a grande porta e se retirou da sala.

— Algo está errado. — disse a mulher se levantando.

— Esperou Draco sair para dizer isso?! — disse Dionísio. — Qual é a sua preocupação?

A mulher se levantou e foi em direção ao grande espelho.

— O plano de Anteros saiu como planejado, mas não podemos esquecer daquilo que Phobos falou na reunião com Ares. — a mulher olhou para Dionísio através do reflexo do deus no espelho. — Alguém, de alguma forma, está interferindo nessa guerra Santa, mas a pergunta é: Quem? E de qual forma? Atena está morta, o santuário e a Terra estão em nossas mãos. Como pode ter alguém interferindo se tudo já está acabado?

— O destino muda, você sabe disso, então as Moiras podem ter se enganado. — disse Dionísio. — Desde quando passou a ser atenta a esses detalhes?

— Desde o momento em que o nosso futuro depende dessa Guerra Santa. — Ela olhou para trás, diretamente para o deus do vinho.

Dionísio olhou para o vinho do seu cálice.

— Não me inclua nisso. — disse o deus. — Nunca participei de guerra alguma. Apenas acompanho. 

— Os outros deuses do Olimpo estão observando a guerra. Se algo der errado, a ira dos deuses cairá sobre todos.

— Já chega! — Dionísio se levantou. — Os caprichos de Apolo não são do meu interesse. — o deus limpou a boca com um guardanapo. — Logo partiremos para o Santuário, então se arrume. No momento Ares está triunfando. Se algo der errado, sei que serão poderosos para contornar a situação. — Dionísio se afastou da mesa, indo em direção a grande porta. — Até lá, vamos beber!

—...—


Santuário da Grécia - Prisão

No lado Leste do Santuário, no pé da grande montanha onde se encontra as doze casas do zodíaco, existe uma prisão para aonde são levados aqueles que se rebelam contra a ordem do Santuário. A prisão é formada dentro da própria montanha com cinco andares de celas. A entrada é uma grande porta de ferro guardada por alguns cavaleiros de prata e soldados rasos.

Em uma das celas estava Seiya sentado em uma cama com as mãos na cabeça. Estava em uma cela quadrada de pedra, com apenas uma janela de grade sobre a cama pequena e aparentemente dura. A parede oeste da sala também tinha grades — barras grossas de ferro, do chão até o teto, cravadas profundamente no solo. Havia uma porta de barras de ferro na parede, era de dobradiças e sua maçaneta de bronze era marcada com um símbolo dourado e denso. Assim como todas as barras tinham símbolos esculpidos, incluindo as barras das janela. O símbolo era o do báculo de Atena.

Seiya se levantou, atravessou a prisão para testar a maçaneta. Uma dor cortante correu por sua mão. Seu cosmo emanou e foi sugado por todos os símbolos presentes na cela, e então ele foi repelido e lançado no chão.

— Do que são feitas essas barras de ferro? — Sussurrou.

— É o selo de Atena. — respondeu uma voz. Um homem se aproximou da cela e parou de frente para ele. Ele vestia uma armadura de prata. A armadura de Altar. — Cada símbolo desse contém o sangue da própria Atena. E é capaz de repelir qualquer um que tentar fugir. Até deuses, caso sejam selados aqui.

Seiya deu um salto, quase se esquecendo da fraqueza e da dor.

— Você é... — ele arregalou os olhos. — Delfos!

Fez-se uma pausa. Delfos sorriu ao ter o nome pronunciado.

— Gostando da cela, Seiya? É melhor economizar energia. Não perca seu tempo tentando sair daqui.

— Traidor! — gritou Seiya. — Não podem me manter aqui.

— Podemos e vamos, pelo menos até que decidam o que fazer com aqueles que não se curvam diante de Ares. — disse Delfos. — Não pense que está só aqui. Em alguma cela a frente estão outros rebeldes. Shun de Andrômeda, Jabu de Unicórnio e outros cavaleiros.

— Estão aqui? — perguntou Seiya incrédulo.

— Sim, estão. — respondeu Delfos. — Hoje acontecerá o Bacanal, o festival dos delírios para comemorar a vitória de Ares. Logo o mundo todo estará nas mãos do deus da guerra. Essa prisão se chama "Oubliette". Ou seja, local de esquecimento. É onde se joga o lixo do qual não se quer lembrar, para que ele possa apodrecer sem incomodar com o fedor.

— Quem é você afinal? — A voz de Seiya estava inundada em raiva. — Delfos, porque traiu Atena?

— Sou um cavaleiro que apoia os ideais de Ares. Apenas isso. Tenho mais temor ao poder de Ares do que de Atena. E se você fosse sensato, Seiya, também teria.

—...—


Em algum lugar de Roma

No grande pátio, uma carruagem branca com ornamentos dourados e com janelas escuras estava parada diante da grande escadaria que levava em direção a imensa porta do palácio Romano, que servia de sede para as tropas de Ares. No banco de metal preto do motorista estava um jovem musculoso trajando uma Onyx escamosa verde, o deus Draco, segurando rédeas nas mãos. Do outro lado das rédeas, havia dois pégasos, pretos como fumaça, relinchando para o céu.

Uma mulher formosa de cabelos dourados, trajando um vestido decotado branco justo ao corpo, descia as escadas indo em direção a carruagem. Quando ela se aproximou da carruagem, a porta abriu. Dionísio se encontrava dentro da cabine. O deus dos delírios estendeu a mão para ela e a ajudou a subir.

— Entre — disse Dionísio.

Delicadamente ela subiu e se sentou ao lado do deus, que usava uma toga grega cor de vinho com linhas douradas nas bordas. Em sua cabeça havia um enfeite. Uma coroa de louro dourado.

— Vai com isso na cabeça? — perguntou a mulher.

Dionísio riu.

— Na Grécia, seja como os gregos, minha querida. — A carruagem começou a se mover. Os pégasos correram e bateram suas asas, alcançando as nuvens em segundos. — Não acha engraçado que o animal que os deuses usam para se locomover, seja o mesmo da constelação do cavaleiro cuja existência é uma adaga capaz de nos matar?

— Prefiro não comentar. — disse a mulher, se ajeitando no assento, brilhante e estufado.

— Hum... logo chegaremos no Santuário. Então mude esse seu rosto de preocupada e bote um sorriso. Você é uma deusa e vai aparecer diante daqueles que serão seus subordinados. — disse Dionísio.

— Onde está Alceu? — perguntou a mulher.

— Está no Santuário nos aguardando. Deve ter ido na frente com os outros deuses. — respondeu Dionísio. — Por que está assim? Insegura.

— Fui até os aposentos de Ares. — a mulher disse sem olhar para ele. Seus olhos estavam voltados para a janela. — Parece que os selos que o  prendiam danificaram a sua alma. Ele vai precisar passar mais alguns dias se recuperando.

— Estamos deixando um império nas mãos de três deuses jovens.

— Não temos outra opção.

—...—


Santuário da Grécia - Anfiteatro - Noite do Festival

O anfiteatro é o local onde geralmente é feito a seleção e entrega de armaduras aos cavaleiros. O espaço é formado por um imenso círculo e envolta dele há uma grande arquibancada que o rodeia até a metade de sua circunferência. Do outro lado, de frente para as arquibancadas existe um largo altar plano.

Na parte plana havia cinco tronos dourados, sendo o do meio o maior e mais formoso, pois era adornado por pedras preciosas. Soldados gregos e berserkers montavam guarda nos primeiros degraus que dão acesso ao altar.

As arquibancadas e o grande círculo da arena do anfiteatro estavam lotados por homens e mulheres que bebiam, conversavam e dançavam de forma espontânea e livre. O bacanal não era apenas para os berserkes, mas também para os soldados, cavaleiros e pessoas do vilarejo de rodorio que juraram lealdade a Ares. As mulheres com seios à mostra, vestindo apenas longas saias com corte lateral mostrando as formosas pernas. Usavam colares e argolas e dançavam atraindo os homens e oferecendo bebidas.

Os homens estavam apenas de calça, mostrando seus músculos, obtidos por duros treinamentos, para seduzir as mulheres. Eles bebiam, dançavam, se beijavam, e se entregavam. A diversidade sexual era notável no festival. Alguns homens se entregavam aos lábios de outros homens, assim como mulheres também se entregavam nos lábios de outros mulheres. Outros preferiam formar grupos, criando orgias. Era a festa dos delírios.

A iluminação vinha de imensas tochas que ficavam distribuídas ao redor do grande círculo e na arquibancada. Havia também grande trochas nas quatro pontas do plano aonde se encontravam os tronos.

Uma trombeta então foi tocada. Todos pararam de dançar, beber e conversar e voltaram suas atenções para uma carruagem guiada por pégasos negros que descia em direção ao centro do grande círculo da arena. Ao mesmo tempo na escadaria principal do anfiteatro, Phobos, Deimos e Anteros desciam as escadas seguidos por um grupo de Cavaleiros de Ouro e berserkes. Phobos e Deimos se dirigiram até a carruagem, enquanto Anteiros, vestido de Grande Mestre, mas sem o elmo, foi em direção aos tronos seguido pelos cavaleiros de ouro e berserkes. Enquanto eles passavam as pessoas se afastavam e faziam reverencia.

Phobos abriu a carruagem e estendeu a mão para uma mulher, que prontamente aceitou a ajuda e desceu da carruagem. Sua beleza encantou a todos que estavam presente. O ar se torno doce como um perfume de rosas, mas ao mesmo tempo pesado devido ao poderoso cosmo que emanava de sua presença.

— Seja bem vinda. — disse Phobos, beijando delicadamente a mão da mulher. — Deusa Afrodite.

— Obrigada.

Deimos se curvou, seguido por todos os outros. Dionisio desceu logo em seguida, trazendo em sua mão seu cálice de vinho. Olhou para as pessoas no festival e sorriu. Draco desceu da carruagem e entregou as rédeas para um soldado.

— Leve a minha carruagem para um local seguro. Cuide dos meus pégasos. — disse Draco.

— Sim senhor. — disse o soldado pegando as rédeas e retirando a carruagem alada do anfiteatro.

Phobos guiou Afrodite em direção aos tronos. Deimos, Dionísio e Draco os seguiram. Os soldados gregos e berserkes rasos abriram caminho e se curvaram. Nas laterais estavam os cavaleiros de ouro, oito no total, de um lado e os berserkes de patente alta do outro lado, também oito no total. Cada um em um degrau formando uma fila indiana. Na medida que os deuses subiam, cada cavaleiro de ouro e berserker se curvavam. Anteros, de joelhos, já os esperava. Ele se recompôs e indicou o trono central para a deusa, no qual ela sentou e cruzou as pernas.

Dionísio se sentou no trono da esquerda e Anteros no trono da direita. Phobos sentou no trono ao lado de Anteros e Deimos sentou no trono ao lado de Dionísio. Draco ficou atrás do trono central, como um guarda pessoal de Afrodite. Tourmaline e Alec, trajando as armaduras de Ave do Paraíso e Lagarto respectivamente, subiram as escadas e pararam no centro da escadaria, fizeram reverencia e deram as costas aos deuses, mantendo os olhos atento ao povo, terminando assim a formação da guarda divina.

Os convidados do Bacanal seguravam seus cálices e suas atenções estavam voltadas para os deuses. Anteros então se levantou.

— Santuário! Prestem atenção nas palavras do novo Grande Mestre!! Como todos sabem, a Guerra Santa entre o exército de Atena e o exército do Senhor Ares foi encerrada de forma rápida e precisa, graças a um ataque muito bem articulado. A vida da deusa da guerra foi tomada por nós e o Senhor Ares passa a ser então o deus patrono da Terra. Esse festival é para celebrar a queda de um império e o começo de uma nova ordem! Para comemorar a vitória do Senhor Ares, mas também dar nosso reconhecimento a deusa Atena, fazendo um cortejo fúnebre para ela!

Se abriu um espaço no meio do povo e uma carruagem aberta foi colocada no meio do grande anfiteatro. Os cavalos que trouxeram a carroça foram soltos e retirados da arena A carruagem trazia um caixão branco, com um símbolo dourado em sua tampa. O símbolo de Atena. O báculo.

Afrodite se levantou e deu um passo à frente de Anteros.

— Mesmo sendo a nossa deusa adversaria, devemos reconhecer o valor de Atena. Atena lutou até seu último esforço pelos ideais que acreditava, se dedicando ao máximo para vencer! Era uma deusa persistente e que ensinava seus cavaleiros a também serem, mas foi esse empenho desenfreado, e os pecados cometidos por ela e por seus seguidores no decorrer dos séculos, que causou a sua morte. — disse a deusa. — Porem, quero que dentro de cada um de vocês uma coisa de Atena seja mantida. A persistência. Usem essa arma a favor do senhor Ares no campo de batalha, e eu os garanto de que terão uma vida de vitorias e regalias.

Afrodite então se dirigiu a uma das grandes tochas que iluminava o altar. Um dos berserkes lhe entregou uma pequena tocha em chamas e ela desceu as escadarias em direção ao caixão de Atena. Alceu, que estava entre os berserkes montando guarda, saiu de sua posição e seguiu a deusa, fazendo sua escolta.

Deimos, Phobos e Dionisio se levantaram e ficaram ao lado de Anteros, observando a deusa e Alceu se dirigirem até o caixão. Draco permaneceu observando ao lado do grande trono, mostrando uma expressão de tédio, sem se importar com a cerimonia. Enquanto a deusa e Alceu se aproximavam, as pessoas da festa se afastavam e abaixavam a cabeça.

— Como uma deusa Olimpiana, Atena deve ter seu sepultamento na altura de sua patente. — disse a deusa ao se aproximar do caixão. — O contrário disso seria uma falta de respeito para com os outros Olimpianos. Eu, a deusa Afrodite... — Afrodite jogou a tocha flamejante na carruagem que logo pegou fogo. — Dou as minhas honras a Atena, deusa da sabedoria.

O caixão e toda carruagem pegou fogo. O fogo então mudou de coloração e se tornou branco, o fogo dos imortais. As chamas subiram aos céus em uma coluna e então tudo foi reduzindo a cinza em segundos, se espalhando com o vento.

— Volte a fazer parte do fluxo do Universo, Atena. — disse Afrodite.

Um momento de silencio foi feito. Apenas o cantar dos grilos e o vento soprando podiam ser ouvido, até que alguém bateu palmas. Dionísio.

— Bravo! Belas palavras Afrodite, mas agora, vamos voltar para as comemorações! — disse o deus. — Encham os copos e coloquem um largo sorriso nesses seus rostinhos tristes. — Alceu estendeu a mão e Afrodite aceitou. Ele guiou a formosa deusa até seu trono, para junto dos outros deuses. — Não vamos ficar de luto no festival. — continuou o deus. — Façam como estavam fazendo antes. Voltem a festejar! Bebam, dancem, beijem, se entreguem no Bacanal! — Dionísio sorriu e levantou o cálice de vinho. 

Todos sorriram e voltaram a festejar. Fizeram como Dionísio disse. Se entregaram no Bacanal, a festa dos desejos carnais. O discurso feito anteriormente por Anteros estava embalado com o seu poder de manipulação. O deus tirou do povo o amor que eles diziam sentir por Atena, abrindo um vazio que precisaria ser preenchidos pelos seus desejos.

— Humanos. Tão fáceis de manipular. — comentou Anteros.

—...—


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Notas finais do capítulo

O bacanal só acaba quando o sol nascer, mas antes que a festa encerre, uma explosão chama a atenção dos deuses e dos convidados. Um plano audacioso começa a ser posto em prática.

Capitulo 16: O Manipulador de deuses. Dance Excalibur.




Esse capitulo foi muito cheio de detalhes, mas o pior foi perde-lo por não salvar no pc e ter que começar tudo de novo... isso (risos) doeu na alma.
E então, o que está te agradando na historia? Deixa sua opinião ae ;)
Se tiver duvidas é só perguntar.