Durante todo o caminho eu perguntava ao Maxon aonde ele estava me levando, mas a única palavra que ele dizia é: surpresa.

Assim que percebi aonde estávamos indo parei bruscamente.

— Nós estamos indo para o terceiro andar? Maxon, as Selecionadas não podem ir lá! — Assim que terminei de dizer ele sorriu.

— Que eu saiba você já foi no terceiro andar antes. Por que toda essa preocupação agora? — Ele perguntou.

— Por que agora o seu pai está de olho em cada um dos meus passos. — Eu disse pacientemente.

— Isso ele sempre esteve. — Ele respondeu rindo.

— Nossa, você me deixou muito aliviada agora. — Rolei os olhos.

— Vamos logo América, eu vou ter uma reunião daqui à meia hora. Garanto que não vai acontecer nada. — Ele disse, me tranquilizando, e apressando.

— Tudo bem, vamos. — Respondi sorrindo.

Subimos as escada e paramos em frente à uma porta, Maxon a abriu e deu espaço para eu passar. Ouvi Maxon fechar a porta atrás de mim e comecei a observar o lugar. Estávamos em um quarto. Não qualquer quarto, o quarto dele.

Era enorme. As paredes eram revestidas de um tipo de madeira escura que eu não conhecia. Na parede ao fundo, havia uma grande lareira esperando para ser usada. Devia ser apenas decoração, já que em Angeles nunca fazia frio suficiente para justificar que ela fosse acesa.

A porta do banheiro estava entreaberta; era possível ver uma banheira de porcelana sobre o piso elaborado de azulejos.

Maxon possuía uma biblioteca particular, e a mesa perto da lareira parecia mais de jantar do que de trabalho. Imaginei quantas refeições ele não teria feito ali sozinho. Perto das portas que davam para a sacada, havia um armário com portas de vidro cheio de pistolas perfeitamente enfileiradas.

Sua cama, também de madeira escura, era gigante. Quis chegar perto e tocá-la para ver se era tão boa quanto parecia.

— Por que me trouxe aqui? — Perguntei sorrindo. Me virei para olha-lo.

— Foi dentro desse quarto que passei a maior parte da minha vida, você me contou seus segredos, sei do que você gosta ou não gosta e, apesar de saber que você ainda me esconde alguma coisa, acho que já está na hora de você saber um pouco mais de mim. — Sorriu tímido.

Caminhei até ele, coloquei minhas mãos uma de cada lado do seu rosto e o beijei. Foi um beijo calmo e delicado. Quando nos separamos olhei dentro dos seus olhos e disse:

— Eu te amo.

— Eu também te amo. — Ele disse sorrindo e acariciando meus rosto.

— Então, o que você tem a me contar sobre você? — Perguntei sorrindo.

Ele sorriu e me guiou pelo quarto. Maxon me contou sobre sua paixão pela caça, o que explica a quantidade de armas, ele também disse que se não fosse Príncipe seria fotografo, de fotos artísticas ou até retratos de família. Faria fotos para publicidade. Tudo o que fosse possível. Chegamos à uma parede com um enorme mural de fotos, tinha fotos de todas as Selecionas, várias minhas, lugares que ele conhece, lugares que ele quer conhecer, e por fim a foto de uma garota ao lado dele, ambos com coroas.

— Maxon, quem é essa garota na foto com você? — Perguntei apontando para a foto.

Ele suspirou.

— Essa é Daphne, a Princesa da França

— Vocês são amigos? — Perguntei curiosa.

— Está com ciúmes, América? — Perguntou com um sorrisinho.

— Não, só quero saber se ela é sua amiga, por quê? Não posso? — Eu disse brincalhona.

— É claro que pode. — Ele rindo — E sim, ela é minha amiga, ou era, eu não sei. — Disse cabisbaixo.

— Como assim não sabe? — Perguntei enquanto pegava a mão dele e o levava para sentarmos na cama.

— Daphne sempre foi minha única amiga, eu nunca tive contato com muitas pessoas e sempre que tinha não favamos a mesma língua. Então eu cresci tendo apenas ela como amiga, mas no meu aniversário desse ano nós brigamos, e não nos falamos desde então. — Ele disse triste.

— Sinto muito. Assim como você eu nunca tive muitos amigos e perder o único que tem... — suspirei — eu não posso nem imaginar.

— Está tudo bem, mas agora nós temos que ir. Eu tenho uma reunião, lembra?

— Lembro sim, vamos. — Disse sorrindo.

Fomos a caminho do meu quarto, quando chegamos na porta ele me deu um beijo de despedida e eu entrei no quarto.

Assim que fechei a porta lembrei da carta, é impressionante como o Maxon consegue me fazer esquecer de tudo quando eu estou com ele.

Espera, Daphne a Princesa da França, será que foi ela que escreveu a carta?

Fui correndo pegar as cartas, precisava descobrir logo quem a escreveu se não enlouqueceria.

Peguei a carta Francesa, abri e comecei a ler desesperadamente.

América,

Você deve estar se perguntando quem escreveu essa carta, pois então vou me apresentar.

O meu nome é Daphne e eu sou a Princesa da França.

Agora você deve estar se perguntando, o que a Princesa da França quer comigo?

É simples, eu vim te dizer que você tem o meu apoio, eu torço por você, América.

Eu assisto ao Jornal Oficial de Illéa e vejo o jeito que cada uma das Selecionadas olha para o Maxon, e você é a única que olha com paixão, carinho, com amor.

Vocês nasceram um para o outro e disso eu tenho certeza.

Eu não sei se o Maxon alguma vez falou de mim, mas eu sou amiga dele ou era, eu não sei. Nós brigamos no dia do aniversário dele, ou melhor, eu briguei com ele. Eu me declarei para ele, disse que o amava, e quando ele disse que não sentia o mesmo por mim eu enlouqueci, eu passei tantos anos escondendo a minha paixão por ele que quando contei a verdade e não fui correspondida... Eu não sei o que aconteceu comigo naquele momento.

À essa altura do campeonato você já deve saber que o Maxon não lida muito bem com mulheres aos prantos, e eu acho que na hora a cara de desespero dele só me deu mais raiva.

Você não sabe o quanto eu me arrependo.

Hoje eu posso dizer que nunca o amei de verdade, era só uma paixão besta de adolescente. Mas o que vocês tem é especial. É amor de verdade, vocês são o que nós podemos chamar de almas gêmeas.

Acho que vou para por aqui. Espero que você responda a minha carta!

Ass: Daphne.