Os quatro percorreram por todos os bairros da pequena Gardênia, era como tentar encontrar uma agulha no palheiro.

— Vamos ao quiosque, procuramos por ele depois – Sky fala e todos assente.

Estavam exaustos, procurar por Damon era uma tarefa inútil e chata, considerando que ele não desejava ser encontrado e eles não faziam ideia de como resgatariam a magia dele.

— Tem uma fada aqui – Aurora fala olhando de um lado para o outro, eles haviam ido em um quiosque de frente para a praia, era um lugar interessante, considerando que parecia muito familiar.

— Como assim? – Diego fala confuso, afinal, a maioria das fadas haviam perdido a magia – como é possível?

— Uma fada como eu, que nunca tocou a dimensão mágica, pode ter seus poderes naturalmente – Aurora fala ainda com os olhos semicerrados, enquanto procurava atentamente a energia de fada que rodava aquele lugar.

A garçonete se aproxima e Sky pede seus sucos de fruta, ela então sai e Aurora fica encarando as costas da garota.

— Acha que pode ser seu irmão? – Leon pergunta e Aurora nega com o olhar misterioso.

A garçonete volta e Aurora segura o braço da garota, quando ela coloca o suco sobre a mesa, os três rapazes encaram a morena com dúvida.

— Posso saber seu nome? – Aurora pergunta e a menina franze o cenho.

— Sou Roxy – ela responde intercalando o olhar entre os meninos, a mão de Aurora e seu rosto – pode me soltar?

Aurora pisca atônita e larga o braço da menina.

— Desculpe, achei que você tinha algo familiar – a castanha fala com um suspiro.

Roxy ri e assente, logo volta para o balcão.

— O que foi isso? – Diego pergunta e Aurora nega confusa.

A magia de fada era sempre como um farol, elas se reconheciam e sentiam seu faro, mas talvez uma fada perdida, não soubesse exatamente como utilizar seu senso de fada.

Um garoto se senta ao lado de Aurora e suspira, ela olha para ele de soslaio e volta sua atenção ao suco.

— Se eu me negar a ser quem preciso ser, serei condenado? – pergunta e Aurora assente com um sorriso travesso.

Leon sorri com isso, ela tinha o mesmo perfil de Clarissa, é como se elas fossem a mesma pessoa, ele suspira com uma melancolia tomando conta do seu coração, Clarissa havia se tornado muito mais do que uma amiga, havia se tornado um porto seguro para ele, ele aguentou tudo por ela e agora não a ter mais era como perder o chão.

— Iremos resgatá-la – Sky sussurra para Leon, e o loiro assente com tristeza, os gêmeos brigavam pelo que deveria fazer para atravessar a barreira até o jardim secreto.

Leon olha de soslaio para uma garota ao canto e vê o reflexo de Violetta, a mulher que ele tanto amava, mas que sacrificou para poder ajudar Clarissa.

— Me pergunto se teria sido diferente, se nada disso tivesse acontecido, se não fossemos tão leais e tão devotos aos nossos – Leon suspira.

— Para que nada acontecesse, a Bloom precisaria nunca ter nascido e o universo mágico não deveria ter sido criado – Sky fala – e Deus me perdoe, mas eu não mudaria nada, aquela garota ainda será a nossa esperança, nossa salvação, ela tem tudo Leon, ela é tudo.

Leon sorri, Sky pensava na ruiva, da mesma forma que ele pensava em Clarissa, a única diferença é que o amor era diferente, Leon amava Clarissa como sua irmã, como seu porto seguro, seu consolo e Sky ama Bloom como a mulher para sua vida.

— Vocês podem deixar de ser tão melosos e voltar ao problema real? – Aurora resmunga, agora sim, estava mais parecida com Clarissa do que nunca.

— Eu sei como podemos ir ao jardim de Solaria – Damon fala entortando o lábio – mas só eu posso ir.

Aurora franze o cenho, aquela informação era nova, afinal, se todos eles iriam ajudar, como só ele podia ir?

— Eu consigo sentir a minha magia, só eu posso adentrar o jardim, Clarissa tomou medidas próprias quanto a isso – Damon explica e Aurora assente com um bico de deboche.

— Como podemos te mandar para lá? – Diego pergunta.

— Para isso, voltaremos ao lugar onde acordamos e quando chegarmos, eu entrarei em coma ao lado do corpo de Clarissa.

Aurora resmunga algo e todos assentem, eles se levantam e saem dali, para que pudessem achar um lugar seguro, para Aurora levá-los de volta ao lugar onde tudo começou. Ela fecha seus olhos e respira fundo, estava começando a ficar muito boa em teletransporte.

Uma luz brilha intensamente das mãos dela, e quando o clarão passa, todos eles aparecem dentro de uma gruta.

— Sejam bem-vindos a Lunar, o reino que minha mãe construiu – Aurora fala – esta é a gruta onde nós fomos mantidos, ela nos protegeu de qualquer magia externa, mas ninguém sabe que o nosso reino existe.

Os meninos se entreolham e investigam a gruta com cuidado, era um lugar muito bonito e algumas pedras de cristais brilhavam na parede, havia uma janela e lá fora, uma floresta os guiava até o castelo.

— E o castelo? – Diego pergunta.

— Ainda não fomos lá, não tivemos tempo, mas é nosso – Damon fala e os meninos assentem.

Ele então se deita de volta na sua cama, ao lado o caixão de Clarissa permanece fechado, com seu corpo completamente imóvel dentro. Damon respira fundo e fecha os olhos, seu corpo relaxa e sua mente voa, enquanto isso, Aurora utiliza da sua magia para lincar Clarissa a Damon.

...

O garoto acorda dentro de um castelo, parecia completamente vazio, e na medida em que ele caminha pelos corredores, percebe que aquele lugar, estava deserto, como uma alma sozinha no vazio, ele caminha até uma porta dourada, empurrando-as logo em seguida, fazendo a fechadura ranger e ecoar por todo aquele castelo.

Damon caminha pelo jardim lentamente, havia as mais belas das flores naquele lugar, de alguma forma, ele se lembrava de brincar naquele lugar, como se houvesse realmente pertencido ao jardim de solaria, e mal sabia ele, mas ele realmente pertencia.

Em um balanço, uma mulher sentia a brisa do vento de primavera bater em seu rosto, fazendo seus cabelos longos e castanhos fluírem a cada sopro.

Ele se aproxima lentamente da mulher, ela parecia ter tanta paz e aquele lugar parecia tão magico que ele parecia flutuar.

— Olá – Damon fala e a mulher olha para ele com um sorriso doce.

— Esperei por você meu filho – Clarissa fala e ele franze o cenho, aquela não se parecia com a Clarissa da vida real, parecia uma versão diferente dela – sou aquela que cuidou de você durante o seu tempo em Solaria, até Stella desaparecer e eu precisar mandá-lo a Lunar.

Damon parecia confuso, afinal, não possuía nenhuma memória daqueles momentos, mas ele sabia que de alguma forma, ele havia pertencido a Solaria.

— Como é possível? Eu não me lembro de nada, eu...

Clarissa sorri e se levanta, caminhando até ele.

— Sou aquela das suas lembranças, aquela que cuidou de você e da sua irmã, aquela que te perdeu e removeu os poderes de um garoto que não podia se lembrar de nada – Clarissa fala.

— Não entendo.

Clarissa toca o rosto dele.

— Você tinha 15 anos quando perdeu a memória depois de bater a cabeça, durante um ataque a Solaria – Clarissa explica – sua irmã possui todas as memorias dela, mas você não pode ter o que não se lembra.

— E os meus poderes? – Damon pergunta confuso.

Clarissa aponta para uma arvore muito bonita, com um único fruto em seu galho.

— O fruto do poder é único, feito especialmente para você.

Damon assente e se encaminha até a arvore, logo arranca a fruta e a come, nada havia mudado, ele não sentia nada estranho ou diferente.

— O que acontece depois?

— Terá que usar seu poder com sabedoria, aonde for, as trevas irão lhe perseguir, pois aquele que possui o poder da escuridão se torna o príncipe das trevas, seja sábio Damon, a sua irmã é o seu elo para seu equilíbrio.

Damon franze o cenho.

— Não existe luz sem trevas, não existiria o universo se a chama do dragão fosse completamente do bem – Clarissa fala e começa a desaparecer – poupe o seu tempo e não me procure, minha alma já se foi a muito tempo.

— Mãe, espera....

Na medida em que o jardim secreto de Solaria desaparecia, uma nova dimensão tomava seu lugar, a dimensão galactea havia reascendido até o topo do universo, onde pertencia antes de despencar no abismo, na medida em que as horas passavam tudo voltava ao seu lugar original, afinal, Bloom já havia dado o primeiro passo e com ele, todas as coisas assumiram sua forma depois de Damon encontrar seu poder verdadeiro, como a peça que faltava para que a magia retornasse naquele lugar.

O povo de Domino sentiu tudo mudar e seu reino voltou ao eixo, onde ele pertencia, dentro da dimensão mágica. Lunar também entrou no seu lugar de direito e após isso, tudo foi estabelecido da mais perfeita forma, mas na verdade, nada estava perfeito, pois tudo já havia mudado de tal forma, que não dava para voltar atrás.

...