Eu não sei o que realmente o Lee queria, mas aquilo tudo estava me fazendo ficar desesperada. Ino, Hinata e Henrique no hospital, ele realmente queria me fazer sofrer e estava conseguindo de uma vez só.

— Eu não sei o que devo dizer a você nesse momento, porque sei que é muito difícil e que você também preciso de um tempo pra pensar um pouco, depois do que houve com o Henrique, mas você precisa saber que a notícia que vou te falar não é boa. — Ela abaixou a cabeça e começou a chorar. — A Ino não resistiu. Eu... eu... eu sinto muito.

Ino... Esta morta? Como pode? Meu Deus... Eu rezei tanto, implorei tanto, eu pedi tanto em pensamento para que ela saísse dessa... E agora isso acontece. Deus, Ino esta morta.

— Ela... Bem, os médicos disseram que ela deixou essa carta para você. - Chloe me entregou a mesma carta, que estava em um envelope avermelhado. Sai correndo daquele hospital enquanto tirava a carta do envelope e jogava o mesmo fora. Lá, eu comecei a lê-la...

Olá Srta. Haruno (em outras palavras, minha melhor amiga de todas as horas), bem, se você estiver lendo isso, eu já estarei morta. Bem, se isso tiver acontecido, quero lhe dar as ultimas palavras que eu não tive a chance de falar pessoalmente.
Em primeiro lugar, você sempre esteve errada... Sai era uma pessoa bem melhor que eu. Eu sei que pode não parecer e que você deve ter visto só seu lado negro, mas na realidade, ele é bom. Conheço-o desde a faculdade, foi o meu primeiro namorado e o único que eu amei, conhecia seus pais, dividíamos a mesma casa alguns anos atrás, e ele sempre se mostrou uma pessoa muito melhor que eu…

Ele me pediu em casamento, noivamos por um tempo mas eu não me casei... Teríamos uma filha hoje, se eu não tivesse abortado... E o elevador e a cena do escritório? Era só o nosso jeito de ser, e me desculpe por tentar usar o Sasuke da mesma forma que Sai tentou te usar. E por falar em Sasuke, eu pesquisei a vida do cara pra você... Vocês não tem muito em comum, mas devo dizer que formam um bom casal.

E você... Sakura, você sempre foi a melhor e mais fiel amiga que já tive e desculpe-me por todos os estragos que fiz a você e a todos ao seu redor. Eu te amo muito Sakura, mas se for possível, quero que faça três favores super importantes para mim.

O primeiro, em meu testamento, 75% dos meus bens estão em seu nome, e isso inclui uma casa na praia totalmente mobiliada e metade da minha fortuna. E de toda essa fortuna, quero que doe metade para uma caridade de crianças carentes. Isso é super importante! O segundo, quero que faça um discurso no meu enterro, e lembre-se de não chorar! Prometa-me que nunca vai chorar por minha causa novamente! E o terceiro... Diga a Sai tudo o que eu sinto por ele! Se preciso mostre a carta para ele, ele vai entender a minha letra feia.

Chega de abusar de você! E já que de agora em diante não teremos mais um contato direto... Olhe para as estrelas quando sentir minha falta, e se possível, sorria!

PS: Ainda não suporto sua cor de cabelo!

Eu não aguentei aquilo tudo, comecei a chorar e não consegui evitar, estava nervosa demais, eram muitas coisas acontecendo de uma vez. Contudo, logo pensei no que Ino havia escrito na carta: “Prometa-me que nunca vai chorar por minha causa novamente!”. Então tratei de secar minhas lagrimas. Eu sabia o que eu tinha que fazer…

Voltei para o hospital. Antes teria que saber se meus amigos estavam bem.

— Chloe! Novidades? — Disse, entrando lá com a cabeça erguida.

— Henrique deu sinais de melhora, parece que já está bem melhor. Hinata sofreu uma intoxicação, mas já está melhor. Acho melhor você ir ver o Naruto, parece que ele quer ir em casa pegar alguma pra ela.

— Ok… E o Sasuke?

— O Sasuke foi comprar alguma coisa pro Naruto, ele não come desde que a Hinata veio pra cá.

— Isso não faz nem meia-hora! — Eu brinquei. Queria animar aquela cara infeliz de Chloe… E parece que deu certo, pois ela riu.

— Acho que vou tomar um banho, vigie o Henrique pra mim. — Ela levantou mais animada, e entrou no banheiro do quarto. Eu fiquei ali, observando um Henrique adormecido. Ele parecia tão calmo enquanto dormia. Logo, cheguei mais perto dele e comecei a cochichar coisas em seu ouvido.

— ‘Henrique… Eu vou embora por um tempo. Preciso me afastar de todos para a segurança de vocês. Sabe, Lee disse que vai atrás de todos aqueles que amo, então acho que se eu ficar longe por um tempo, vocês estarão em segurança. E se puder, fala pro Sasuke que eu amo ele… E fala pra Hinata parar de sair sozinha de casa uma hora dessa’

Dito isso, não esperei Chloe sair do banho e fui imediatamente ver Naruto. Minha “missão” seria acompanhar ele até a casa de Hinata… Depois disso, daria adeus a Los Angeles por um tempo…

— Naruto? — Disse entrando no quarto de Hinata e o procurando, quando de repente notei que ela estava sentada na cama. — Hinata! Você esta melhor! — Corri para abraçá-la. Era tão bom vê-la recuperada… Eu temi que não a veria assim novamente.

— Estou me recuperando. Quanto mais rápido eu me recuperar, mais rápido vou sair desse hospital.

— Eu sei… Quase morri quando descobri que você estava em perigo. Ah e… Não se incomoda se tiver uma baguncinha na sua casa ok? — Falei, tentando deixá-la mais solta.

— Que tipo de bagunça? — Ela disse rindo.

— Bom, é melhor você ver com seus próprios olhos — Disse e ela fez uma cara de medo para mim… Porém, eu logo me lembrei que teria que dar a triste noticia. — Ino está morta.

— O que?! — Ela ficou bem assustada. — Mas como? O que aconteceu?

— Parece que ela foi envenenada. Pelo menos é isso que eu acho, ainda não falei com os médicos.

Hinata ficou em silêncio. Ela parecia tão triste quanto eu. Tá certo, ela não tão amiga de Ino quanto um dia eu já fui, mas ela a conhecia o suficiente para saber que, no fundo, era uma boa pessoa.

— Ela deixou uma carta pra mim e quer que eu fale no enterro.

— Eu nem sei o que dizer. Não esperava por essa notícia.

— Ninguém espera a morte além dela mesma… — Frase feita por mim mesma. — Mas não posso negar os pedidos dela.

— Os pedidos?

— Ela também não quer que eu chore a perda dela e quer que eu fique com os bens dela e doe alguns.

— Eu sei que isso é muito estranho pra você, mas eu vou te apoiar sempre.

— Valeu. — Disse um pouco mais seca. — Cadê o Naruto, ele disse que…

— Estou aqui, estou aqui! — Naruto saiu do banheiro rapidamente, com aquele seu sorriso debochado tipico no rosto.

— Chloe me disse que você queria ir pra casa da Hinata, tomar banho e pegar as coisas dela, então eu vim tomar contar dessa mocinha aqui. — Eu apontei a cabeça para Hinata.

— Isso mesmo. Então como ela perdeu a bolsa e as chaves de casa nisso tudo… Bom, ela disse que você tem as chaves e pode ir comigo. — Ele me explicou e Hinata parecia concordar com tudo.

— Ok, então vamos?

Falei, dei um ultimo abraço em Hinata e sai do quarto junto a Naruto. Já na porta do quarto, dei de cara com Sasuke.

— Sasuke! Tudo bem? — O cumprimentei bem, dando-lhe um abraço e um selinho. — O Henrique e a Hinata estão melhor, então eu vou acompanhar o Naruto até a casa da Hinata pra pegar algumas coisas, ok?

— Tudo bem, mas não demore. — Ele disse indo em direção a sala de espera, porém eu logo o parei, pegando-o pelo pulso.

— Ei. — Falei com ele, olhando firme nos seus olhos — Sabe que eu te amo, não é mesmo?

— Claro que sei, eu também te amo. — Ele me deu um beijo calmo. Foi brando e leve, porém forte e quente como o fogo de um incêndio.

— Eu quero que você se lembre de algumas coisas… — Falei, buscando as palavras em minha mente para formar minha frase. — Quando eu te conheci, eu achei que você era, sei lá, só um cara solitário, dono de empresa, que não encontraria felicidade naquilo que ganhasse. Mas hoje, saiba que se eu puder lhe dar felicidade, eu é que vou ser feliz.

Selei meus lábios mais uma vez junto com os de Sasuke. Seria a ultima vez durante algum tempo que eu o veria, e eu queria guardar bem aquele momento: A face morena e serena de Sasuke me olhando, prestando atenção em cada palavra, o toque de sua boca na minha que eu com certeza sentiria falta… E o olhar de “Eu te amo” que ele me dava toda vez que nos encontrávamos… E toda vez que partíamos.

— Você me faz bem, você me faz feliz, você me faz o homem mais feliz que poderia ser.

— E você me faz sentir “A sortuda”. Sortuda por ter você. — Disse, selando seus lábios nos meus pela ultima vez. Logo, Naruto se despediu de Sasuke e fomos embora…

Saímos do hospital e eu me senti triste por ter feito essa decisão, mas queria poupar a vida das pessoas que eu amo e depois de algum tempo voltaria a vê-los novamente. Entramos no carro de Naruto e eu suspirei.

— Então Sakura, eu queria te contar uma coisa.

— Diga-me.

— Eu e a Hinata começamos a namorar. — Ele sorriu. Eu olhei para ele… Eu perdi tanta coisa assim?

— Acho que eu deixei de acompanhar a novela né, mas eu já suspeitava. — Disse, sorridente. Estava feliz por Hinata — Quando vimos um filme na casa do Sasuke vocês ficaram agarradinhos e cochichando coisas no ouvido um do outro, resumindo, vocês não são nada discretos!

— Sério, eu pensei que não estávamos tão juntos assim. — Ele disse ligando o carro.

— Bom, se enganou. Mas é sério mesmo ou só ta querendo usar a Hina?

— Sério mesmo, você me conhece. Eu a amo como nunca amei mulher nenhuma na minha vida.

— Eu acredito… Mas nesse caso, o papo do “você me conhece” não colou porque, fala sério, a gente se viu umas cinco vezes cara! — Brinquei.

— Não precisa exagerar, nos vimos apenas três vezes. — Ele brincou fazendo uma careta. Bem que Sasuke me disse que ele fazia o tipo “engraçadinho”.

— Então ta bom. Só não apressa muito a Hinata, ela nunca namorou sério antes… Pelo que soube ela era bem danada na época do colégio, acho que por isso ela cansou daquela vida e por isso é tão tímida e comportada, mas ainda assim ela se solta bastante ás vezes.

— Obrigado mesmo assim pelo conselho. Eu vou cuidar muito bem dela. — Ele disse e finalmente começou a dirigir o carro.

Conversamos pelo caminho até a casa da Hinata sobre diversos assuntos, e quando chegamos lá, Naruto me pediu para esperar no carro. Eu me lembrava que, perto da casa de Hinata, havia uma estação de trem…

Então, logo sai do carro e caminhei calmamente por aquelas ruas, até chegar a estação de trem. Lá, cheguei a tempo para os trens das cinco da manhã. Sim, eu havia passado a noite em claro com tudo o que havia acontecido.

Eu sei que sentiria saudades de Los Angeles, da California, e principalmente dos meus amigos, mas eu não podia ser egoísta naquele momento, tinha que pensar no bem-estar daqueles que algum dia me ajudaram quando precisei.

Comprei minha passagem e notei a falta de dinheiro. Provavelmente teria que arrumar um emprego quando chegasse lá.

Destino: Phoenix, Arizona.