[...]

Fui para a casa de minha mãe. Estavamos tomando um belo café da manhã com a família toda reunida. Aquela era um tipo de família de filmes americanos, felizes, unidos. William, marido de minha mãe, logo se levantou e foi para o quintal ler seu jornal. Patrícia, era a filha do primeiro casamento de William, tinha dezoito anos, foi para o quintal também, ela estava acompanhada de uma amiga e ficou perto da piscina. Wender, tinha quatorze anos, era filho de minha mãe e de William, assim que terminou foi brincar com Lana, a filha mais nova de apenas cinco anos. Ajudei minha mãe a arrumar a mesa.

–Ficou calada o café da manhã todo, aconteceu alguma coisa?

–Sim, muitas coisas.

Contei a ela todos os problemas que passei nos últimos anos e principalmente o que havia acontecido comigo e com Léon. Ela havia dito que eu deveria conversar com Léon, esclarecer o que realmente tinha acontecido e ouvir meu coração.

–No momento ele só fala Tum Tum, Tum Tum. - disse rindo

–Violetta, eu estou falando sério e...

De algum lugar no quintal, Lana começou a chorar. Olhei pela janela e Wender acabara de coloca-lá sentada em cima da mesa. O joelho dela estava sangrando, no mesmo momento minha mãe correu e foi até ela.

–Wender, tome mais cuidado com sua irmã! - minha mãe falava tentando limpar o machucado de Lana

–Mãe, eu não fiz nada! - Wender gritou e foi pro quarto dele

–Eu não sei o que faço com esse garoto.

–Deixa que eu falo com ele.

Sai do lado de minha mãe e fui até o quarto de Wender, bati na porta e entrei. Ele estava na janela do quarto com o fone de ouvidos no máximo, da distância que eu estava eu pude distinguir a música, Anjos de Plantão. Sentei ao lado dele que logo abaixou o volume da música.

–Ela mandou vir falar comigo?

–Não.

–E por que está aqui então?

–Por que você é meu irmão e eu me importo com você.

–Uhum, claro que se importa, mais a Lana sempre é a importante só por que é a mais nova, depois vem a Patrícia por que é a mais velha, mais eu, eu sou deixado de lado por que sou o do meio.

–O que aconteceu pra você ficar assim tão alterado? É mesmo por falta de atenção ou tem algo a mais?

–Eu só fiquei cansado Violetta! Eu sou praticamente ignorado nessa casa, eu nunca tenho vez. Eu queria ter ficado em um internato igual a você, longe da minha mãe e do meu pai.

–Vai por mim, você não quer.

–Por que não? Sua vida sempre foi perfeita!

–Nada é perfeito Wender, você gostaria de ficar preso em uma escola durante praticamente 13 anos?

–Mais você vivi fazendo o que gosta, é conhecida em praticamente o mundo todo.

–Sim, mais eu nunca pude conhecer o mundo todo por causa da escola. Wender, você tem uma vida boa aqui, seu pai dá o melhor de si para poder te dar o conforto. Quando eu tinha sua idade, meu pai nem uma carta mandou pra dizer que estava vivo. A última vez que o vi eu tinha uns cinco anos, ele falou que minha mãe tinha morrido, se casou de novo e foi morar em Paris. Teve uma filha, a mulher dele agora abandonou ele aí sim ele veio lembrar de mim. Tá vendo como a vida não é perfeita?

–Sim, mais também não estão te forçando a você ser quem não é. Meu pai quer que eu me torne um jogador, ele me força a jogar futebol, eu não gosto disso. Eu gosto de ficar quieto na minha, lendo um livro ou saindo com meus amigos.

–Nossa, um garoto que prefere ler ao invés de jogar futebol, é um pouco raro conhecer alguém assim.

–Sim.

–Violetta, Wender! - minha mãe gritou

–Faz o seguinte. - olhei para o céu - Tá meio nublado, pega um casaco pra nós dois sairmos, vou te esperar lá embaixo.

Não dei nem tempo para ele responder e sai. Falei para minha mãe que iria sair com Wender, ela começou a falar que iríamos sair sem nos alimentar e poderíamos passar mal e blá blá blá. Saímos e fomos em direção ao meu apartamento. Havia um bilhete da Francesca dizendo que iria passar o dia na loja da Cami, Maxi e Natália haviam saído pra se divertir. A casa estava uma bagunça, eu não tinha planejado fazer nada com Wender e também não iria arrumar a casa sozinha. Fui até meu quarto e troquei de roupa, coloquei um short e uma camiseta, amarrei o cabelo como rabo de cavalo e voltei pra sala.

–Você vai me ajudar a arrumar essa casa.

–Você me tirou da minha casa, do meu quarto pra vir ter ajudar a arrumar sua casa?

–Foi! Agora pega uma vassoura e comece a varreu a casa.

Wender colocou uma música pra tocar e nossa manhã passou rápido.

[...]

A casa ficou bem arrumada, olhei o relógio e já era uma da tarde. Fui tomar um banho em quanto meu irmão ficou na sala assistindo televisão. Coloquei uma saia azul e uma camiseta, deixei o cabelo solto e prendi o cabelo. Fui almoçar com Wender no shopping, estávamos nos divertindo bastante até encontrar Léon.

–Violetta? - disse Léon se aproximando

–Não, eu sou a Annalu. - me afastei mais ele me segurou pelo pulso

–Ainda temos que conversar. - olhei bem nos olhos dele

–Wender, pega. - dei dinheiro pra ele - Vai lá e compra nosso ingresso pro filme.

–Tá, se precisar me chama. - ele disse olhando pro Léon e indo embora.

–Vejo que arranjou um segurança particular.

–Cala a boca Léon, o que você quer conversar?

–Você sabe, pensou no que eu te disse?

Sim, eu havia pensado no que ele disse, no que Paulo disse, no que todos disseram. Eu iria perdoar Léon, algo em mim dizia que era o certo e também que era errado.

–Me perdoa?

–Por que não me contou do beijo com a Lara?