Destinos escrita por DetRood


Capítulo 9
O fim da Aliança - Parte final




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O delegado que estava no fosso fez menção de pegar sua arma, mas foi impedido por um gesto do demônio, intrigado com a presença da mulher que ele não conseguia identificar.

- E quem é você, bela jovem?

- Alguém que você desejaria não ter conhecido – Valery apontava sua arma para a criatura.

Finalmente ela estava frente a frente com aquilo que destruiu sua família. Era o momento de fazer justiça aos seus mortos.

Ele tentou jogá-la contra a parede, mas ela nem se mexeu.

O demônio a olhava, e não sabia exatamente quem ela era... Sentiu uma energia diferente emanando dela, algo que ele já conhecia, mas não se lembrava de onde...

- Que interessante... Seu corpo é protegido...

- Cala a boca! – Valery empunhava sua arma, mas não estava se sentindo bem... Era como se a presença daquele demônio a deixasse atordoada.

- Mas isso é muito intrigante, minha jovem... Você tem uma espécie de escudo contra meus poderes, mas... Que pena, encontrei uma pequena brecha!

- Cala a boca, desgraçado! – Valery sacudia a cabeça, tentando resistir.

- O ponto fraco de sua raça, o que eu detesto em vocês... – O demônio andava em volta da detetive, que permaneceu imóvel não por causa dele, mas tentando se controlar, entender o que estava acontecendo com ela.

Nunca havia se sentido assim, como se uma energia muito forte estivesse nela, e ela não tinha controle sobre aquilo...

- Valery, ele é muito poderoso! Cuidado! – Sam tentava se debater sem sucesso.

De alguma forma o demônio conseguiu uma conexão com a mente dela, fazendo com que ele soubesse o que ela sentia.

- Sempre o amor! Sentimento medíocre, que se vocês não tivessem, teriam evoluído muito mais... Como vocês são patéticos! – O demônio olhava para os irmãos, e parou na frente do mais velho, que estava quase desmaiado por causa da pancada na cabeça.

E ela tentava bravamente lutar contra aquilo, quando subitamente abaixou sua arma, olhando para o demônio.

Ele, surpreso, encarou-a também.


- Você é diferente... Não sei ainda o que é, mas é... Diferente!

- Escute bem, criatura dos infernos... Não faço idéia de quem ou o que você seja, mas tudo o que eu quero é acabar de uma vez por todas com esta maldição... Estou aqui para te fazer uma proposta...

Os irmãos assistiam espantados à conversa.

- E o que você me propõe? – O demônio olhava para ela, e seus olhos amarelos cintilavam.

Ela olhou para Sam e Dean, que não podiam se mexer.

- Eu proponho que você liberte essa gente desta maldição em troca da minha alma!


- Você ficou maluca! Não!! – Sam tentava se mexer, e começou a sentir uma forte dor de cabeça, aquela quando ele tinha as visões.

- Quieto Sam! – Valery fez um sinal para Sam e continuou.

A detetive sentia que aos poucos podia controlar aquela sensação estranha.

- Você como um demônio, sabe que almas suicidas são valiosíssimas... Valem seu peso em ouro, isso é, se pesassem algo... – Valery caminhava em volta do demônio, ficando mais próxima dos irmãos.

- Além de tudo tem senso de humor... – O demônio estava fascinado por aquela energia que emanava dela.

- Além do mais, será uma caçadora a menos para você se preocupar, você só tem a ganhar...

- Você enlouqueceu Valery! Não pode fazer isso! – Dean gritava do outro lado, sem entender qual era o plano que a detetive tinha em mente.

Durante toda a conversa, ela e o demônio mantinham o contato dos olhos, sem desviar.

- Interessante...

Aos poucos a detetive pôde controlar sua mente, e fazer com que o demônio estreitasse sua conexão.

Normalmente qualquer pessoa ficaria assustada, mas ela se aproveitou daquilo.

- Só que você deve quebrar A Aliança e poupar os meus amigos aqui – Valery andava em direção ao demônio, sem desviar o olhar, e os irmãos ainda não entendiam o que ela estava fazendo.

Ela sacou sua arma, golpeou-a e encostou em sua têmpora.

- E então, temos um trato?

- Não! - Sam gritou mais forte, e sentiu uma dor aguda em sua cabeça, que o fez ficar quase inconsciente.

- Admiro sua coragem, jovem...

- Temos um trato? – Valery suava frio, mas agora consciente do que podia fazer diante daquela situação.

O demônio se afastou, e pensou que de fato a alma daquela mulher era valiosa, pois havia algo nela que ele reconhecia, mas não sabia o que exatamente. Para ele seria muito interessante tê-la em seu poder e desvendar aquele mistério.

Clifford assistia a tudo, mas não acreditava na detetive.

- Meu Senhor, esta mulher quer lhe enganar!

- Quieto, idiota! – O demônio fez um sinal para o delegado se calar, deixando-o imóvel atrás do altar.

Enquanto isso, Valery parou entre os irmãos, imóvel, como se estivesse em transe.

- Acho que está de bom tamanho, mas quanto aos seus amigos... Eu os conheço bem, não sei se os incluirei no acordo...

- Será assim, ou mando você de volta pro inferno! – Valery disse num tom de voz mais alto.

- Ah é, e como?

O demônio pôde sentir aquela energia estranha da detetive emanar mais forte, e pensou que não deveria subjugá-la, já que o que ela queria era apenas que a Aliança se encerrasse. Dos irmãos Winchester, ele sabia que podia cuidar mais tarde, pois a hora certa ainda não tinha chegado.

- Ok, então temos um acordo.

- Não Valery! Seu desgraçado! – Dean gritou com raiva, ainda imóvel.

Num segundo, o demônio voltou para o fosso, aguardando a detetive cumprir a parte dela do acordo.

- Você primeiro! – Gotas de suor escorriam das têmporas da detetive, seus ouvidos e nariz começaram a sangrar diante daquele novo esforço mental.

O demônio olhou fundo nos olhos dela, e viu que ela de fato estava disposta a dar a vida por aquelas pessoas que estavam condenadas, mas que a um gesto dele seriam libertas.

- É esse amor medíocre pela sua raça que os torna fracos!

O demônio quebrou a gamela de cristal, e uma luz branca tomou conta do lugar durante alguns segundos.


“ – Sam!”

“ – Mas o que...”

“ – Que merda é essa?”

“ - Valery??”

“ – Não me pergunte como aconteceu isso!”

“ – Você consegue ouvir meus pensamentos?”

“ – E eu os seus... Rápido, que não sabemos se o demônio também nos ouve...”

“ – Mas por quê...”

“ – Preste atenção: Temos pelo menos um segundo para você atirar no desgraçado... E Dean está no ângulo dos outros dois, ele precisa fazer o mesmo...”

“ – Você não pode se matar!”

“ –Confie em mim que eu confiarei em você!”

“ – Valery, você não vai se sacrificar por causa disso!”

“ – Sam...”

Sam estava pregado à parede, olhando para a detetive com a arma em punho.

Dean olhava para ela, totalmente impotente, colado à parede, os olhos brilhantes pelas lágrimas que queriam cair.

“ – Por Deus, Valery... Sempre há um jeito, não faça isso...”

Na face da detetive uma lágrima sozinha rolava, a sua arma apontada pra própria cabeça, olhando diretamente para o demônio dos olhos amarelos.

“ – Valery, você não pode fazer isso com você... Não pode fazer isso... Comigo...”

A detetive pôde ouvir este único pensamento de Dean, e rapidamente olhou para ele.

“ – Por Deus, Dean... Espero que não tenha confiado em mim...”

Dean pôde ouvir este único pensamento dela, e neste instante fechou os olhos e suspirou fundo.

- Esqueceu de pegar isso – Dean deixou ao lado dela o carregador da sua arma, que na pressa ficou em cima da mesa.

- Eu nunca faria algo sério de cabeça quente - Valery respondeu a pergunta que Dean fez mentalmente, o que o fez segui-la até lá.

- Eu não disse nada...

- Não precisa dizer, você veio aqui...”

Quando a luz branca se dissipou, no segundo seguinte a detetive disparou a arma apontada para a sua cabeça, e nada aconteceu.

Valery pôde sentir que tinha controle sobre seus poderes descobertos ali, anulando por alguns instantes os poderes daquele demônio, que permaneceu imóvel.

Isso fez com que Sam se soltasse da parede e num tiro certeiro atingiu entre os olhos amarelos, fazendo um buraco escuro.

Antes que o delegado sacasse de sua arma Valery com a mão livre tirou a outra pistola da jaqueta e o acertou no peito, fazendo-o cair de joelhos e seu sangue a escorrer pelo corpo.

Dean ao mesmo tempo que Sam se libertou da parede e atirou contra os dois demônios que estavam ao lado do atingido por Sam.

- Maldito, isso me deu dor de cabeça! – O demônio de olhos amarelos sentiu-se zonzo por causa do tiro certeiro.

- Munição benta! Uma pena que não mata! – Dean correu em direção aos outros demônios, que se contorciam de dor pelas queimaduras.

Rapidamente grossas bolas de fumaça preta saíram da boca dos dois corpos possuídos, que se dissiparam em direção ao solo. Os homens caíram no chão, e podiam-se ver as poças de sangue sendo formadas por debaixo deles.

O demônio de olhos amarelos antes de desaparecer olhou para Sam, que ia em direção a ele.

- Jovem, ainda não chegou sua hora, mas em breve, muito em breve, você não terá escolha...

Virou-se para a detetive, e finalmente reconheceu aquela energia.

- Nos veremos em breve também... Minha filha...

E numa fumaça negra ele desapareceu.

- Só se for pra te mandar de volta pro inferno... – Valery respondeu quase sem forças.

Neste momento todos os homens que estavam escondidos entre as pedras começaram a cair em direção ao fosso, com suas mãos no peito, como se seus corações estivessem sendo esmagados.

Um a um, caíram por cima da mesa de mármore, e os irmãos e a detetive sentiram a caverna estremecer.

- Vamos sair daqui logo! – Sam gritou, apontando em direção ao corredor por onde entraram.

As estalactites começaram a cair por cima dos corpos, esmagando-os e soterrando toda a câmara. Os três corriam pelo extenso corredor no escuro, que também soltava pedaços de rocha do teto.

Assim que saíram correndo pela porta de madeira, pôde-se ouvir um estrondo. A casa começou a afundar, como se fosse engolida pela terra.

Tio Jack desceu da Van e foi ao encontro dos três, assistindo àquela cena bizarra.

Ainda no chão, os três puderam ouvir gritos de crianças e viram a terra se mexer, se arrumando para esconder tudo aquilo que havia por baixo dela...

De repente, tudo ficou silencioso. E saindo daquele pedaço de chão, agora parecendo intacto, puderam ver pequenas luzes indo em direção ao céu.

Os irmãos se levantaram com dificuldade, mas Valery, que estava coberta com seu próprio sangue permaneceu deitada.

- Minha garotinha! – Tio Jack correu para socorrê-la.

- Valery! – Dean tentou levantá-la, mas também estava ferido e não conseguiu tirá-la do chão.

- Rapazes, conseguem caminhar até a Van? - Tio Jack tomou-a nos braços, temendo que o pior tivesse acontecido.

- Sim, tio... Dean, vá com ela aí atrás! – Sam era o que estava menos ferido e ajudou seu irmão a andar e tio Jack a colocar a sobrinha na parte de trás da Van.

Durante o trajeto de volta, Dean estava com a detetive desacordada em seus braços.

“ – Você é completamente insana, Valery! Que diabos foi essa idéia de se matar por causa deste bando de dementes!” – Pensava com dificuldade, seus ferimentos latejavam. – “Mas não podia ter sido melhor...” – Fechou seus olhos, lembrando que foi justamente a dúvida dele em esvaziar o carregador de sua arma, e a confiança dela nisso, que fez com que tudo desse certo...

“ – Mas o que foi que aconteceu lá, afinal!...” – Dean apertava-a contra seu peito.

- Meu jovem, o que afinal de contas aconteceu lá embaixo para ela sair neste estado! – Tio Jack dirigia perigosamente para chegar o quanto antes à sua casa. Já estava amanhecendo.

- Tio... É algo que não sabemos explicar... – Sam pensava também no que raios havia acontecido lá embaixo, como ele havia conseguido se comunicar com Valery sem palavras.

- Mas que pergunta idiota, não? - Tio Jack olhou para Sam e sorriu, pois sabia que no ramo deles para a maioria dos acontecimentos não havia explicação.

- Mas algo estranho com Valery aconteceu lá embaixo, tio... Na presença daquele demônio aconteceu alguma coisa estranha com ela... – Sam tentava racionalizar os acontecimentos para o tio.

“ – Oh meu Deus...Porque eu não contei para ela antes...” – Tio Jack pensava.


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