Destinos escrita por DetRood


Capítulo 5
Encontro com Tio Jack


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo eu faço uma singela homenagem a um dos atores da série... Quem é fã saberá na hora!
Agradeço pela audiência e pela paciência!



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Somente a lua cortando a escuridão da noite, e a silenciosa estrada era invadida pelo ronco dos motores do Chevy Impala Preto e da Shadow Vermelha que seguiam na direção sul, sob uma garoa fina, e um frio de doer os ossos.

- Cara, estamos há pelo menos 04 horas neste frio e sem parada... Ela deve ter morrido em cima daquela moto e a moto está andando sozinha! - Bradava Sam, batendo os dentes e esfregando as mãos de tanto frio, dando uma olhada de rabo de olho só pra ver a reação do seu irmão ao comentário idiota dele.

Dean estava dirigindo no piloto automático. Sua mente estava longe, mas não muito longe dali. Pelo menos uns 200 metros de distância, em cima daquela moto rápida e barulhenta.

Não conseguia entender porque em sua mente só havia a imagem daquela mulher arrogante, cheia de si e nem tão bonita assim... Conheceu tantas mulheres bonitas, interessantes, mas nenhuma que atormentasse tanto seus pensamentos como uma alma penada vagando por sobre a terra... Ainda mais porque nada de mais tinha acontecido entre eles, nada além de brigas, desaforos e desafios.

- Qual é, Sam, ela mesma quis fazer a viagem sem escalas, e pela distância que ela falou, em pouco tempo estaremos lá.

Pouco depois de falar, a luz de seta da moto piscou, indicando a direção fora da estrada. Entraram numa estreita estrada de terra, escorregadia por causa da chuva que caía, e o carro quase atolou em alguns momentos, mas o motorista nunca admitiria que ele não era capaz de passar por ali, então acelerou e forçou um pouco o motor, que mesmo potente, foi castigado pelo peso do pé de Dean, que só pensava que aquilo era mais um desafio que Valery estava propondo a ele.

"Se o motor pifar ela vai ter que se ver comigo", pensava.

- Hey, calma aí cara! Você não gosta tanto deste carro? Vai com calma! Sam estava até estranhando a atitude do irmão, pois sabia a consideração que ele tinha pelo carro, a quem tratava carinhosamente, como se fosse sua namorada.

Depois de uns 10 minutos de estrada adentro e muita lama no caminho, enfim chegaram à casa do tio de Valery. No final da estrada, uma casa em estilo colonial em tons de verde contrastava com a paisagem de outono, pelas árvores em volta com as folhas douradas, e ao fundo uma pequena lagoa, onde na primavera e verão deveria ser fonte de peixes e diversão para a família.

- Pensei que nem chegariam até aqui - Valery desceu da moto tirando a capa de chuva que usava, aparentando não estar com o mesmo frio que os irmãos que estavam no carro, supostamente mais aquecidos do que ela.

- Você não me conhece mesmo, detetive... - Retrucou Dean, ajeitando a jaqueta para se proteger do vento que soprava forte, mesmo com as muitas árvores do local.

- Escutem, não me importo se vocês discutirem quem é melhor motorista, mas será que pelo menos dá pra gente entrar logo e sair deste vento gelado? - Sam se encolhia e tremia, caminhando em direção à porta do casarão.

- Ora, Valery, que grande alegria vê-la novamente!!

Tio Jack era um homem enorme, de cabelos grisalhos e pele clara, quase avermelhada, indicando descendência alemã ou italiana, e seu sorriso conseguia iluminar até mesmo aquela noite escura e fria.

- Olá tio, é muito bom vê-lo também!

E os dois se abraçaram, e no abraço tio Jack conseguiu levantar Valery do chão e rodá-la no ar, sem dificuldades por causa de sua força. A gritaria foi geral na casa toda, todos vieram recebê-los.

- Nossa, como você está bonita, minha garotinha! Pelo visto os trabalhos têm sido mais agradáveis, não?- Deu uma rápida olhada nos rapazes enquanto colocava sua sobrinha no chão, sorrindo também para os dois.

- Tio, apresento-lhe Sam e Dean Winchester, são filhos de John Winchester, lembra-se?

- Ora, mas é claro! É um prazer conhecê-los! - Apertou firmemente a mão dos irmãos, sorrindo e quase esmagando pela sua força e seu jeito bonachão.

- É uma honra tê-los aqui em casa, o pai de vocês foi um grande homem, mas, por favor, entrem que está muito frio aqui fora! - Tio Jack logo empurrou os rapazes e logo deram de cara com um batalhão de mulheres, de todos as idades e tamanhos, todas recebendo com grande alegria Valery, abraçando-a e beijando-a, um verdadeiro ‘harém’ pra todos os gostos!...

- Veja só, mas que belos rapazes! – Disse tia Olga, olhando os dois rapazes e espremendo o rosto de Sam entre as mãos gordas e cheirosas, ainda aquecidas por causa do preparo do jantar da família. – Qual deles é seu escolhido, hein Valery?- Sorria a tia, deixando Valery completamente sem graça e os irmãos mais ainda.

- Tia Olga, sempre querendo que eu me arranje!... – Fez uma careta pra tia, que nem ligou, pois estava feliz em rever a sobrinha querida.

Toda aquela cena não era nada ‘familiar’ para os irmãos, já que eles sempre estavam em lugares estranhos, hotéis baratos e sozinhos, estavam deslocados...

- Vamos, vamos, se acomodem, tomem um banho, se aqueçam, que hoje é dia da famosa sopa mediterrânea!!

Foram levados por duas meninas até a parte de cima da casa, onde Sam e Dean foram acomodados em um quarto e Valery em outro, ao lado. A casa era realmente grande, pois a família também era.

- Bom, perdoem pelo jeitão dos meus tios, eles são pessoas muito especiais para mim, por isso trouxe vocês comigo... E também para conversarmos com meu tio sobre o nosso trabalho.

- Ouça Valery, já sabemos o que aconteceu com você... Sam perguntava sobre as informações que ele encontrou no antigo jornal.

- Sabem... Valery lançou um olhar curioso.

- Que você sobreviveu a morte da sua família e que este caso está ligado a isso...Mas porque não nos contou antes?

Valery deixou sua mochila numa cadeira perto da porta, olhando para os irmãos.

- Porque não tinha certeza de que eram as mesmas pessoas ou o mesmo caso, Sam... Até porque não queria me expor sem necessidade.

- Não quis se expor mas quer arriscar a nossa pele numa caçada pessoal... Dean interrompeu secamente.

Valery desviou o olhar em direção a janela entreaberta da parede oposta a eles.

- Caçada pessoal, eu sei que vocês também têm a sua... E sabem que podem contar comigo no que precisarem...Mas também sabem que no fundo tudo isso não é pessoal, é algo que temos que fazer, que cumprir, é nosso trabalho, nosso destino...

Os dois sabiam exatamente do que ela falava.

- Nós entendemos perfeitamente que você quer vingança... Mas sabe muito bem que isso não vai trazer sua família de volta... – Sam pensava nas próprias perdas.

- Sei Sam, mas o que faremos é justiça para todas as famílias que perderam suas crianças, e isso já é o bastante para mim.

- Ok, mas o que seu tio tem a ver com isso? – Dean interrogou, também deixando suas coisas em cima da cama.

- Meu tio é policial aposentado, trabalhou junto com meu pai, e ainda trabalhando fez algumas ‘caçadas’ a pedido de seus superiores. Pra época era tudo muito novo...

- Então a polícia há tempos trabalha nestes casos... Agora fico mais tranqüilo! – Dean fez uma careta interrompendo a detetive.

Valery franziu a testa, desaprovando o comentário, e continuou.

- Ele trabalhou até se aposentar, pouco antes de seu pai começar o trabalho dele. Depois disso só se dedicou à caça como esporte, literalmente. Foi ele quem me ensinou a arte de atirar, me mandou pra escolas boas, me mandou pra academia, foi meu tio quem me adotou depois do que aconteceu comigo...

- Mas no que exatamente ele vai nos ajudar? Sam perguntou também colocando sua mochila sobre a cama.

- Foi ele quem me resgatou entre os corpos da minha família, e como eu era muito pequena eu não me lembro de quase nada... E ele por precaução também nunca me disse nada antes, estava esperando o momento certo... E este momento chegou.

- E ele conheceu nosso pai como? – Dean perguntou, abrindo sua mochila.

- Na realidade ele não conheceu John, só ouviu sobre seus feitos e sobre as munições no mínimo diferentes que ele encomendava de um amigo deles em comum. Lamentou muito quando soube da sua morte, e sabia que seus filhos seguiriam os passos do pai de qualquer maneira.

Os três desfaziam as malas enquanto conversavam, aguardando a liberação do banheiro ao lado para que pudessem se lavar e se livrar da lama e da sensação de cansaço pela longa viagem.

- Podem ir primeiro senhores...

- De uma vez por todas, não nos chame mais de senhores! – Franziu a testa Dean, realmente irritado com o tom de voz de Valery ao se referir a eles.

- Ok, se você quer que nosso relacionamento chegue a esse grau de intimidade hoje, então reformulo: Podem ir primeiro, ‘rapazes’... – Fez uma cara tão cômica que Sam só conseguia rir da situação, se recompondo ao ver a expressão negativa do rosto de seu irmão pelo deboche dela.

- Quer que eu esfregue suas costas também, querido? – Acrescentou Valery, saindo do quarto e dando uma piscada de olho para Dean que só fez aumentar a irritação dele, pois aquela atitude claramente era puro sarcasmo pra cima dele...

- Então Sammy, está se divertindo muito com o show?? – Disse Dean extremamente irritado, pegando suas roupas para logo usar o chuveiro.

- Hey cara, calma lá... Ela está tirando um barato da sua cara e você fica nervosinho... Você sabe que você faz a mesma coisa!! E não me chame de Sammy, tá bom? – Disse Sam, também juntando suas roupas para tomar banho.

- Um de vocês pode usar o banheiro de baixo, acabou de desocupar... Eu vou agora, já que vocês estão batendo boca e perdendo tempo... – Falou Valery, voltando em direção ao quarto onde os irmãos estavam acomodados, que ficava ao lado do banheiro, no final do corredor.

Sam desceu as escadas, sendo acompanhado por uma das primas de Valery, que por sinal era linda...

- O banheiro fica por aqui... - Responde a bela moça, de cabelos loiros e longos.

- Obrigado... – Sam fez uma expressão de que gostaria de agradecê-la pelo nome, mas não sabia qual era.

- ... Diana, muito prazer. O Seu é Sam, não é? – Estendeu a mão a jovem, num aperto de mão amigável.

- Sim, Samuel... – Pigarreou Sam, quando percebeu que tio Jack estava do outro lado da sala de olho na conversa dos dois.

- Bem, obrigado Diana... nos vemos daqui a pouco.

Ela sorriu, e tio Jack franziu a testa...

Dean voltou ao quarto, terminou de desfazer as malas e reunir os recortes de Sam sobre o caso na escrivaninha (era um daqueles quartos enormes, com uma espécie de ante-sala com escrivaninha, além da cama grande e macia, digna dos filmes antigos), quando pensou ter ouvido seu irmão chamar, e saiu do quarto em direção ao começo da escada, passando antes pela porta do banheiro onde Valery estava, que ficava no caminho.

O agradável perfume que emanava do vapor, escapando pela porta entreaberta deixada de maneira descuidada por ela, instintivamente o convidava a se aproximar, e...

- Você está louco? Ela é insuportável! – Dizia, batendo no próprio rosto fazendo com que ele retomasse o caminho da saída do andar.

Durante o jantar, a cena típica de uma família normal: As crianças em volta da mesa, as moças cochichando sobre os convidados, o patriarca pedindo silêncio durante a refeição, a matriarca servindo a comida, enfim... Tudo muito estranho para os irmãos Winchester...

Mesmo não gostando muito de sopa, os dois se deliciaram e repetiram, pois há muito não comiam uma comida tão saborosa.

- Muito bem, rapazes – Tio Jack com um pedaço de pão na mão – Hoje vamos só descansar, e amanhã cedo faremos nossa reunião – Abocanhando o pão – Vamos para a sala conversar um pouco, lá está mais quente do que esta cozinha gelada...

- Hey pai, não fale assim da minha cozinha! -Tia Olga deu uma colherada na cabeça de tio Jack, que arrancou risadas das meninas e de Valery, que há tempos não sorria sinceramente e estava com saudades daquele tipo de cena entre seus tios...

Dean a observava, e viu que ela era capaz de sorrir de maneira sincera... E era fascinante!

- Dean, tudo bem? – Cutucou Sam, já se levantando em direção à sala. – Parecia estar tão longe...

- Tudo bem, Sam... Estou assim por causa da sopa, você sabe que faz tempo que não botamos uma comida decente nos nossos estômagos... – Levantou-se também e se juntaram á família que os esperava ao pé da lareira, conversando animadamente.

- Toca, toca!! – Fez-se o coro das mais jovens junto à Valery, que estava um tanto sem graça por que pessoas fora da família estavam lá, e as meninas pediam que ela tocasse no velho piano do canto oposto á lareira da sala.

- Mas faz tempo que eu não toco, meninas... – Tentou se esquivar da convocação, temendo se passar por ‘mocinha-prendada’ diante dos rapazes.

- Ora, minha querida! Hoje os belos rapazes aqui poderão comprovar que você também é excelente musicista, além de excelente policial! – Piscou tio Jack, se reunindo ao coro das crianças e da Tia Olga.

- Ok, ok, eu vou... Droga... – Murmurou baixinho, olhando de relance um meio sorriso de Dean, que se surpreendeu por ela ter mais este ‘talento’...

- Muito bem, o que querem que eu toque? – Ajeitando o banco à sua altura e se posicionando para a execução.

- ‘Mary tinha um carneirinho’?... – Dean falou baixo e rindo, mas Sam pôde ouvi-lo e deu um cutucão no irmão.

- Pelas crianças, oras! – Tentou se explicar.

- Tá legal, lá vai...

Quando as suaves notas do início da melodia ressoaram no velho piano, toda a família reconheceu, e a sensação era de que aquela música seria capaz de invadi-los...

I heard there was a secret chordthat David played and it pleased the lordbut you don\'t really care for music do yaWell it goes like this the fourth the fifththe minor fall and the major liftthe baffled king composing hallelujahHallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah...”

As crianças começaram a bocejar e a se deitar no colo das moças, que estavam com os olhos brilhantes, emocionadas com a música suave, que no fundo revelava um significado triste.

Well your faith was strong but you needed proofyou saw her bathing on the roofher beauty and the moonlight overthrew youshe tied you to a kitchen chairshe broke your throne and she cut your hairand from your lips she drew the hallelujah.

Hallelujah,hallelujah, hallelujah, hallelujah...”

Valery olhava para o vazio, mergulhada em seus próprios pensamentos, tocando impecavelmente, cantando suavemente, com uma voz que os irmãos Winchester não reconheciam, tão oposta àquela que eles ouviram quando se encontraram com ela pela primeira vez.

Baby I\'ve been here beforeI\'ve seen this room and I\'ve walked this floorYou know, I used to live alone before I knew youAnd I\'ve seen your flag on the marble archand love is not a victory marchit\'s a cold and it\'s a broken hallelujah

Hallelujah,hallelujah, hallelujah, hallelujah...”

Tio Jack a olhava com uma feição de orgulho, pois apesar de tudo o que aquela garota sofreu, ainda lhe restava ternura suficiente no coração para poder expressar seus sentimentos através deste talento, ora esquecido pelo caminho que ela mesma escolheu seguir.

Well there was a time when you let me knowwhat\'s really going on belowbut now you never show that to me do youbut remember when I moved in youand the holy dove was moving tooand every breath we drew was hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah...”

Sam olhava discretamente para o outro canto da sala, onde Diana estava com uma de suas irmãs mais novas no colo. Ela retribuía discretamente o olhar, com medo de que seu pai lhe surpreendesse.

Well maybe there\'s a god abovebut all I\'ve ever learned from lovewas how to shoot somebody who outdrew youAnd it\'s not a cry that you hear at nightit\'s not somebody who\'s seen the lightit\'s a cold and it\'s a broken hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah...”

Dean não sabia o que pensar sobre uma mulher que dirigia como um piloto de provas, atirava melhor do que ele (mas isso ele nunca reconheceria em público), era sarcástica e grossa, e tinha um dom maravilhoso e totalmente desconhecido, de acalmar as pessoas daquele jeito!

Todos estavam sonolentos, lentamente se retiraram para descansar em seus aposentos. Os tios recolheram as crianças, as moças bocejavam e se despediam dos convidados.

- Durmam bem rapazes... – Sussurrou tio Jack com duas meninas no colo.

Era sempre assim quando Valery ainda morava com eles, quase todas as noites ela tocava e todos se aquietavam, iam dormir e tinham um sono tranqüilo.

Só ela, que mesmo tendo esta ferramenta em suas mãos, literalmente, seu coração nunca se aquietava, ainda mais agora na presença de seus convidados, um em particular.

- Me surpreendeu, Valery... Se não fosse policial, podia ganhar dinheiro com isso... – Disse Sam, sentindo a atmosfera tranqüila e pensando em se recolher, até mesmo para dar a deixa para Dean, pois havia percebido que ele se incomodava com a presença da detetive. Gostava de deixar o irmão encrencado, de vez em quando, só pra descontar algumas situações constrangedoras as quais ele passou por causa das grosserias dele.

- Bom, boa noite pra vocês, eu já vou deitar... – Forjou um espreguiçar, e mesmo na penumbra da sala, iluminada só pela lareira, conseguiu ver a cara de desespero de Dean sabendo que iria ficar sozinho com a policial.

- Eu vou com você, Sammy!

- Que nada, Dean! Sei que você não dorme cedo, vai ficar me enchendo o saco! Fique por aí, tenho certeza de que Valery te faz companhia, não é? – Sam lançou um olhar para Valery, que também denunciou desespero pela situação, mas rapidamente se recompôs a tempo dos rapazes não notarem.

- Claro Sam... Só não faço questão se Dean for muito medroso... Afinal, nesta noite acabaram conhecendo um lado meu que só minha família conhece... Quem sabe eu não me transformo numa criatura sedenta por sangue e mate a ‘garotinha’ aqui, não é... Que surpresas mais estarão reservadas... – Riu, levantando-se do piano e caminhando em direção a Dean, que assumira um ar de raiva diante de mais um comentário sarcástico.

- Prefiro enfrentar uma criatura lá fora a ficar com você aqui... – Dean deu as costas pra ela, bravo, saindo da sala.

Valery, de alguma forma, sentiu um alívio, misturado com frustração. E desistindo de entender o porquê, também foi se deitar.


Mesmo com todo aquele frio, Valery suava em bicas.

Estava tendo pesadelos novamente sobre quando era criança, na ocasião da morte de seus pais.

Vestiu um casaco e desceu até a cozinha, para beber um pouco de água.

Aquela noite iria ser mais longa do que imaginava...

Na luz da lareira ao fundo, pôde ver uma silhueta sentada no sofá, de costas para a entrada da sala.

- Tio... – Sussurrou Valery, se aproximando da poltrona e encostando sua mão no ombro da sombra que via, pensando ser seu tio.

Na realidade era Dean, que também acordara pois freqüentemente tinha pesadelos sobre as ‘coisas’ que enfrentava.

Dean estava distraído olhando o crepitar da madeira queimando, e quando sentiu a mão quente da detetive sobre seu ombro, nem se mexeu... Como se já tivesse sentido aquele toque antes, estranhando-se por não ter nenhuma reação negativa quanto à atitude dela.

Pois aquilo foi o primeiro contato físico amigável entre os dois.

- Não, desculpe... – Dean virou a cabeça para olhá-la.

- Ah, é você... Também não consegue dormir?

- Insônia é meu terceiro nome.

- Tenho até medo de saber quais seus outros sobrenomes... – Valery se ajeitou na poltrona ao lado, se cobrindo com grossa manta de lã que ficava na sala, aproveitando o calor das chamas.

Só se ouvia o barulho da madeira rangendo, e lá fora o vento soprando forte.

Aquele silêncio era meio constrangedor para os dois, mas sabiam que naquele momento estavam partilhando mais coisas do que se estivessem conversando.

Após alguns minutos, ambos adormeceram, sentados, cada um em sua poltrona.


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