POV Annabeth

–Você é...

–Exatamente isso que você está pensando Thalia. – Disse eu. – Sou uma filha da Lua, um anjo da Lua, se preferir.

O olhar de Thalia se demorou muito nas minhas asas alvas. Como tinha acabado de me transformar, elas ainda estavam abertas, como se eu fosse voar a qualquer instante.

–Mas... Isso é impossível! Eu não posso acreditar em algo... A Lua não podia... Os anjos não... Você me enganou. Todo esse tempo, pensei que você fosse minha amiga, mas não. Você é só mais um peão da Lua não é?

–Thalia eu... Posso explicar.

–Não. – Thalia falou séria. – Não quero ouvir suas explicações, me desculpe Annabeth, mas não posso. Se é que você é mesmo Annabeth. Não posso. Não posso mais acreditar em você.

E Thalia partiu correndo para o meio das árvores outra vez. Ótimo, ela nunca mais vai falar comigo outra vez.

–Ah, mãe. – Falei para a lua. – O que eu posso fazer.

POV Thalia

Annabeth não podia ser um anjo da Lua. Eu não posso mais falar com ela, não posso! Os anjos da Lua não são mais bem-vindos no nosso mundo, não mais. Por que logo Annabeth? Minha melhor amiga? Minha única amiga.

Ela estava mudada, dava para sentir o poder emanando dela, mas o rosto era o mesmo. O mesmo cabelo loiro, os mesmos olhos cinzentos, a adaga na cintura, mesmo com o vestido branco... Não era Annabeth, mas ao mesmo tempo era Annabeth!

Correndo entre as árvores, acabei esbarrando em alguém. Logo bati na minha pulseira e ela se transformou em Aegis.

–Ei Thalia, pode fechar a sua medusa aí. – Disse o garoto a minha frente. Reconheci a voz e fechei o escudo.

–O que você está fazendo no meio da floresta à noite, Nico di Angelo? – Perguntei para ele.

–Ah, eu... Nada. E você, senhorita Thalia, o que anda fazendo aqui?

–Não, eu só... Estava procurando a Annabeth.

–E encontrou?

–Não. – Menti. Não iria dizer a ele. Nico reagiria do mesmo jeito que todas as outras pessoas, não podia correr esse risco. – Estava voltando para o chalé um. E você, estava indo para onde?

–Eu estava... – Sua voz reduziu-se a um sussurro e quase não pude ouvir. – Procurando você.

–Me procurando? – Eu ri. – Sei me virar, di Angelo, não precisava vir me procurar.

–Você sumiu logo depois do jantar! Todos queriam saber onde você foi, mas ninguém quis vir te procurar. Você desaparece do nada Thalia, parece até que viaja nas sombras!

–Não iria gostar de ser filha de Hades Nico, mas valeu a tentativa.

–O quê? Eu não queria que você fosse minha irmã.

–Ah é? E por que, hein di Angelo?

Mesmo estando escuro, pude ver um leve tom rosado colorir sua face pálida. Ele ficou calado, se virou, e saiu pisando duro, provavelmente para a saída da floresta.

–Ah, desculpa esquentadinho – Gritei enquanto corria atrás dele para sair do bosque também. – Garoto problemático. Ei! Você pode me esperar agora?

Quando consegui emparelhar com ele, Nico parou de andar.

–Sabe por que é que eu não queria que você fosse minha irmã? – Ele perguntou aborrecido virando-se para mim.

–Por quê?

–Por isso. – Ele agarrou a minha jaqueta e me puxou para frente. Ali mesmo, no escuro, ele me beijou como eu nunca tinha sido beijada antes. Fechei os olhos, foi um beijo longo (e bom, vale acrescentar). Quando nos afastamos, ele soltou minha jaqueta e completou. – Só por isso.

Ele saiu correndo em direção ao chalé treze. Enquanto eu caminhava lentamente para o chalé um, repassei os fatos de hoje na minha cabeça. Primeiro, minha melhor amiga é um anjo da Lua. Segundo, eu fujo dela. Terceiro, esbarro em Nico di Angelo. Quarto, ele me dá o melhor beijo da minha vida. Será que ele toparia outro?

Ai meus deuses, acho que me apaixonei!