The Warrior of The Pain escrita por CDiAngeloOdairSchreave


Capítulo 4
Capítulo 4




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Acordei cedo para o treinamento. Tomei um banho frio, vesti uma calça preta e uma camisa cinza, calcei um par de botas pretas e fui tomar café da manhã. Só Thomas estava na mesa. Excelente. Assim eu poderia falar com ele sozinha.

– Bom dia, irmãzinha –diz ele, me irritando como de costume- Como passou a noite?

– Muito bem, irmãozinho –digo, com um sorriso sarcástico, e pego um pãozinho dos muitos que estavam na mesa- Que papo foi aquele de “talvez possamos treinar juntos amanhã” com o cara do dois? Você quer fazer aliança com ele?

– Talvez, sim. É uma boa estratégia para ficarmos vivos.

– A estratégia para ficarmos vivos é treinarmos bastante, ficarmos juntos na Arena, e procurar por comida e água quando estivermos lá. Essas alianças sempre acabam mal –digo. Todas as edições dos Jogos que eu vi, sempre os carreiristas se aliavam, sempre eles ficavam por último, e a luta entre eles era sempre a mais violenta. Eu preferia trabalhar sozinha, ou apenas com Thomas- Deixe que eles se matam sozinhos.

– Certo. Então vamos imaginar que isso acontece –diz ele, olhando nos meus olhos- Os outros Carreiristas matam os outros tributos e depois se matam, e nós dois somos os dois últimos tributos vivos. O que nós faremos?

Eu tinha a resposta para aquela pergunta na ponta da língua, mas não conseguiria dizê-la a Thomas. Seria terrível, então me livro da pergunta rapidamente:

– Nós resolvemos na hora. Vai dar certo.

Antes que ele pudesse perguntar qualquer coisa, Krystal e Mags apareceram.

– Bom dia, queridos –diz Krystal, com aquela voz irritante e aquela peruca amarela que parecia a lâmpada de um farol- Estão prontos para o treinamento?

– Treinamos a vida inteira, Krystal –digo, mal-humorada- Claro que estamos prontos, só temos que terminar de comer - tomo um gole de chá e como uns bolinhos verdes com coberturas coloridas.

– Algum conselho antes dos treinos, Mags? –pergunta Tom, me encarando. Eu simplesmente detesto quando as pessoas ficam me encarando.

– Não mostrem todas as suas habilidades –diz ela, sentando ao lado dele- Tentem coisas novas, deixem para mostrar o que realmente sabem fazer nas avaliações individuais. E façam algumas alianças, isso manterá vocês vivos por mais tempo.

Thomas me olhou como se dissesse: “O que eu disse? Está vendo, eu tenho razão, até Mags concorda comigo”. Nunca me incomodou quando ele estava certo e eu errada. O problema é que Tom gostava de jogar isso na minha cara, e eu me irritava. Foi numa dessas vezes que eu quase morri. Ficar irritada sempre me deixa com falta de ar.

– Terminem logo de comer para não se atrasarem –diz Krystal- Será horrível se forem os últimos a chegar.

Terminei de comer, escovei os dentes, e Krystal nos acompanhou até o centro de treinamento. Era enorme, haviam armas por todos os lados. Os únicos tributos que tinham chegado eram os Carreiristas do 2, Kyle e uma garota, que eu ouvi ele chamar de Noreen. Eles vieram falar consoco.

– Thomas, Danika, como vão? –pergunta ele.

– Muito bem, obrigada –respondo- E vocês?

– Bem também –responde Noreen- Então, por onde querem começar o treinamento?

– Pensei em começar pelas armadilhas –digo- Tenho certa habilidade com armas, quero deixar isso pra depois.

– Boa ideia –diz Kyle- Vou com você.

Vamos até a estação de armadilhas, e o instrutor começa a explicar algumas coisas sobre como montar arapucas para animais pequenos. Eu não presto muita atenção, então pego alguns fios fininhos que estavam sobre a mesa e teço uma rede. Os fios eram tão fininhos que, quando eu estendi a rede sobre a mesa, ela desapareceu. Era praticamente invisível.

– Onde você aprendeu a fazer isso? –pergunta o instrutor, olhando pra mim com admiração, assim como Kyle.

– Fazer redes é uma coisa muito comum no 4 –respondo- Eu aprendi aos 6 anos.

– Você já começou com vantagem, é injusto –diz Kyle, e ri- Então, como podemos matar alguém com isso?

A pergunta de Kyle me assusta, principalmente o modo como ele a fez. Um tom de exigência, frieza e seriedade. Ele não estava brincando. Mas eu respondo, com indiferença.

– Se você for esperto o bastante, pode deixar farpas afiadas entre os nós, e prender entre duas árvores. Será uma armadilha para animais e pessoas.

Eles me olham espantados, como se não fosse possível eu ser tão cruel. E eu não era. O ambiente dos Jogos estava me transformando no que eu mais desprezei: uma carreirista sanguinária. Deixei a rede na mesa e fui para a estação de plantas. A essa altura, todos os tributos já estavam no centro. Haviam 3 garotas na estação de plantas, dos distritos 3, 6 e 7. Identificamos quais eram as plantas comestíveis e quais eram as venenosas. Depois de algumas horas, soou o sinal para o almoço. Os tributos carreiristas, óbvio, sentaram na mesma mesa. Eles conversavam e riam alto, e comiam como se a comida de Panem estivesse no fim. Eu estava distraída, pensando nas pessoas que eu amava que estavam no 4. Será que eu voltaria a vê-las?

– Danika, está tudo bem? –pergunta Noreen, me trazendo de volta à realidade.

– Está, só estou sem fome –respondi, e levantei da mesa para retomar os treinos. Treinar sempre aliviava meu estresse, mas não estava funcionando. Mirei num boneco alvo e joguei lanças, tridentes, flechas e facas na direção dele. Acertei a maioria dos lançamentos, uma parte das armas caía porque eu mirava sempre o mesmo ponto e faltava espaço. Então eu notei uma arma diferente sobre a bancada. Eu já havia visto um daqueles antes, mas era diferente. O que eu havia visto era de madeira e bem pesado, o que estava sobre a mesa era de aço, leve e extremamente afiado. Um bumerangue. Após analisa-lo por um tempo, joguei o bumerangue na direção do boneco alvo. Ele cortou-lhe a cabeça e voltou direto para minha mão. Esbocei um leve sorriso. Eu havia encontrado o que procurava: algo diferente e mortífero, assim como eu.


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