Frustrada escrita por Tatiana


Capítulo 1
Início... de novo


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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— Socorro, ele vai me pegar, socorro, Janett me ajuda, socor...

Assim acordei de mais um pesadelo. Suada, com frio, com medo. Olho pro relógio e são...

— Janett querida, já são 7:00 horas.

— Já vou mãe.

Minha mãe é a única família que tenho, desde a morte do meu pai não nos falamos mais. Ela se desligou do mundo, toma remédio controlado e não é mais aquela que me acalmava. Eu por mim mesma. Agora vai ser assim.

Nós nos mudamos pra essa casa faz dois meses. Morávamos em Ohio mas depois do acontecido... está sendo difícil para mim, mas pra ela também. Ela o viu morrer. Não sei como foi e nem me atrevo a perguntar pois no fundo acho que não quero saber.

— Janett, vai se atrasar.

Droga. Peguei a minha toalha e sai correndo, tropeçando nos meus ursinhos de pelúcia. Sim, eu tenho ursinhos de pelúcia. Nos mudamos no verão, logo hoje é o primeiro dia de aula. Eu não aguento mais isso, as cicatrizes no meu pulso já contam por si só.

— Bom dia mãe.

— Bom dia querida, panquecas?

Fiz que sim com a cabeça. Olheiras e marcas de lágrimas passou a ser comum em minha mãe e em mim também. Desde que mudei pra cá, eu não sei, não me sinto bem. E aí esses pesadelos começaram. Um homem, alto, magricelo, cabelo preto e pálido. Sempre suado e com as roupas rasgadas. Não sei se é pálido mesmo ou por estar com medo de algo e essa coisa sempre o pegava no final de cada pesadelo. Nunca cheguei a ver o que era, eu não participava daquilo, apenas parecia ser um filme de terror no qual assistia, o cara correndo em minha direção e porra, ele sabe meu nome. Depois disso eu via apenas sombras. Não dava pra distinguir qual era a sombra do cara, qual era a do que o atacava.

Minha mãe me tirou desse devaneio.

— Querida, olha a hora.

— Oh merda, já vou mãe, beijos, te amo muito, tchau.

Sai correndo, entrando no meu carro. Primeiro dia na escola, que coisa linda. Não, não é nenhum pouco.

— Ah meu Deus!

— Vai mudar, sua história vai mudar!

Acelerei meu carro o máximo que pude e cantando pneu pela estrada. O que foi aquilo? Um cara todo sujo, despenteado e louco se jogou em cima do meu carro. Ficou repetindo algo mas só consegui entender ‘’ sua história vai mudar’’. Bom, Janett não pense nisso, siga em frente. Tudo é um recomeço, minha história já mudou. E só vai melhorar.

Estacionei o carro na minha nova escola. Sai do carro e peguei apressadamente meus livros enquanto todos me olhavam como se eu fosse um alienígena. Sai em direção à administração. Tenho que pegar meus horários, odeio ser novata e ficar perdida entre os corredores, alunos com cremes para espinhas e todos outros hormônios.

— Aqui está seus horários querida.

— Obrigada.

Peguei o pequeno papel na mão de uma moça ruiva e olhos... amarelos?

— Moça, seus olhos estão...

— São as luzes.

Logo que me cortou abaixou a cabeça, e vi os olhos castanhos. Estou louca ou realmente eu vi olhos amarelos? Eu olhei desconfiada mas sai normalmente nem dando bola mais pra isso. Quando cheguei ao corredor fui pega de surpresa por um garoto loiro dos olhos verdes, boca vermelha rosada, cabelos incrivelmente lisos e um sorriso perfeito. Nem o tinha notado se aproximar então logo soltei meu típico...

— Ah meu Deus!

— Acho que não sou seu Deus.

— Desculpe, é que me assustei.

— Tá tudo bem, quer ajuda pra ir para sala ou vai ficar ai parada?

— Quero sim, obrigada.

Caminhamos conversando sobre músicas e filmes, então, como eu não queria mas ...

— Chegamos na sua sala. Você terá aula de Literatura Inglesa com a professora Shit.

— O que?

— É como a chamamos aqui, claro pelas costas. Ela é uma velha chata. Você vai adorá-la.

— Primeiro ela é uma velha chata com apelido de Shit e agora vou adorá-la?

— Senso de humor, não conhece? Ironia?

— Que seja, vou entrar.

— Tudo bem nervosinha, boa aula.

Já saindo ele se vira e quase que me derreto com aquele sorriso e cabelos balançando...

— E aliás, meu nome é Bratt.

— Ah tá

Ficamos nos encarando, um silêncio horroroso quando eu dou mais uma mancada... Droga eu não paro de pagar mico?

— E você?

— Eu o que?

— Tem nome?

— Ér.. Claro.

Disse passando a mão no meu cabelo pra disfarçar a vergonha que só ia aumentando mais.

— E qual é?

— Janett.

— Prazer Janett, teremos aula de História da Guerra Civil juntos no próximo horário.

— Ah... ér... okay.

— Então vou indo. Até.

— Até.

Como sou desajeitada! Ah, porcaria, porque sempre acontece comigo. E pra piorar....

— Ai!

— Desculpa, eu não vi você aí.

— Deveria, pois posso ser seu pesadelo!

— Ah..ér..tá.

Eu fiquei olhando aqueles cabelos cacheados curtos e olhando naqueles olhos furisosos que logo ficaram mais suaves.

— Tô brincando. (risos)

— Ah...

— Nova aqui não é?

— Sim, Janett.

Estendi a mão para ela.

— Hannah.

— Prazer.

— Todo meu. Eu sei que acabamos de nos conhecer mas vou te dar uma dica.

Ela disse olhando disfarçadamente pra um grupo de meninas, que me lembrou muito filmes de patricinha, então entendi o olhar dela e o segui.

— Tá vendo aquele grupinho?

— Sim.

— Elas são as cobras da escola, a loira é Téss, ou melhor Tessália, a líder daquele grupo...

— Tipo líderes de torcida?

— Aqui não temos líderes de torcida ou jogadores de futebol. Aqui é garotas populares e jogo de lacross. Mas continuando, a morena da esquerda é Julie, a mais fútil e só quer saber de pegação. E pra terminar, a loira da direita é Sonya. Muito burra, repetindo de ano em quase todas as matérias.

— E qual é a dica?

— Janett, Tessália é ex do Bratt. Sorte sua que ela ainda não viu vocês conversando. Você não vai querer se meter com elas.

— Mas como sabe que ela não viu?

— O suco dela estaria na sua cara agora se tivesse.

O sinal tocou, antes que eu pudesse entrar o trio entrou antes, ótimo, ficarei na sala delas. Mas por sorte...

— Vamos, Janett?

— Você é dessa turma também?

— Sim.

— Ah obrigado!

— Pelo?

— Achei... ah nada esquece.


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Notas finais do capítulo

Gostou? Então acompanhe a história, indica ou comente... ou faça os três ;)