Não é nada fácil ser a pessoa que esperam que você seja...

Não é nada legal fazer as coisas que esperam que você faça...

Não é nada engraçado quando lhe dizem que você é diferente...

Não é nada seguro nascer para ser usado como a arma que decidirá o lado vencedor de uma guerra.

Se você pensa que ser diferente dos outros humanos seria uma coisa totalmente legal, e com certeza uma coisa boa.

Tenho uma coisa para te falar...

Você não passa de uma criança que pensa no mundo como um lugar onde não existem desgraças, ou que tudo que acontece ao seu redor não irá atingi-lo.

Antes que fale alguma coisa, deixe-me lhe explicar o que está acontecendo por aqui.

Meu nome é Romeu Figueiró, um humano diferente dos outros.

Venho de uma linhagem difícil de entender, uma linhagem que não é nem humana, nem imortal. Nascemos com sangue de um Nephilim e de um Imortal. Sendo assim, temos sangue humano, de imortais e de celestes, que são chamados aqueles que não caíram do Éden.

No meu caso, não faço ideia de que Imortal ou Celeste eu vim, mas não é isso que importa.

O que importa é que não sou uma pessoa normal. Nem no meio das pessoas da minha espécie.

Existem milhares de raças, e sabem-se lá quantas sub-raças, e as mais conhecidas são dos imortais, dos celestes, dos humanos, e outras. As pessoas chamam a minha raça de sensitivos. Apenas isso.

Por não ter o sangue de um humano normal, nós os sensitivos conseguimos fazer algumas coisas que não estão ao alcance de humanos normais. Como ver o que está por trás do véu branco, que é a linha que divide o mundo dos vivos com o mundo dos mortos. Ou até conversar com as pessoas que estão do lado de lá. Curar doenças espirituais entre outras coisas que você com certeza já escutou alguém falar.

E como já falei não sou normal nem entre os meus.

Histórias contam que de 700 em 700 anos uma criatura nasce com os poderes de todas as raças, para servir como o zero de uma batalha, e essa pessoa vai ser a que vai decidir quem ganha e quem perde a guerra. O lado que ele estiver terá a força de todos os exércitos.

Bom, gostaria de dizer pra você que isso é só uma baboseira sem limites... Mas não é.

Quando eu era pequeno uma feiticeira amiga de minha avó à convidou para passar uma semana inteira em uma pequena ilha perto da cidade de Bragança, no estado do Pará. E minha avó aproveitou a oportunidade para me levar, junto com meu melhor amigo Ryan e meu irmão gêmeo Rodjero. Lá ela nos ensinou muitas coisas, e como sempre fomos curiosos demais acabamos saindo dos limites. Encontramos algumas coisas dentro da casa da feiticeira e ficamos com algumas coisas. Eu peguei um cordão com um grande medalhão de bronze, Rodjero trouxe alguns cristais e Ryan encontrou um livro pequeno de capa de couro.

Escondemos as coisas em nossas malas antes de vim embora.

Quando estávamos indo para o barco a feiticeira nos chamou e nos levou para uma casinha velha que ficava na margem do rio. Lá ela conversou sobre as coisas que pegamos, mas no fim acabou deixando que levássemos os objetos. Com a condição de que aprenderíamos a usa-los da forma correta.

E antes de eu sair, ela me chamou e disse que tinha tido uma visão, e que meu corpo estava dentro de um caixão.

Ela me explicou tudo, e disse que eu não era uma pessoa normal como o Ryan ou meu irmão.

De sete em sete anos as habilidades de uma pessoa aumentam o equivalente ao dobro do que estavam. Mas as minhas seriam diferentes. E que eu deveria usar o medalhão de bronze quando isso acontecesse novamente.

Depois de toda a enrolação fomos embora, e esqueci-me de tudo aquilo. Quem me poderia culpar? Eu tinha apenas 11 anos.

Em uma das faxinas na minha casa jogaram fora o medalhão e eu não me lembrei. Meu irmão deu os cristais para seus amigos e Ryan aprendeu a usar alguns rituais que estavam no livro. Mas depois o perdeu em uma de suas viagens.

Quando estava para completar 14 anos, Ryan e meu irmão fizeram um ritual juntos. Mas eu não soube sobre o que tinha sido.

Meu irmão passou a ficar estranho, e ninguém conseguia perceber. Ele passou a comer pouco e também passou a frequentar mais a casa de outros amigos. Eu conheci dois deles. Bella e Jorden. Eles eram do mesmo jeito que meu irmão estava ficando.

Quando fiz 14 anos descobri o que a feiticeira falava. Minha transformação não foi nada boa.

Meus poderes aumentaram de uma forma que meu corpo quase não aguentou.

Mas essa não é uma boa hora para contar os detalhes.

O importante é que não mudei fisicamente. Mas por dentro... Minha alma escapava de meu corpo, tentando se enrolar em tudo o que estava a minha volta.

Demorou um tempo para eu me acostumar com tudo aquilo. Espíritos de mortos andavam ao meu encontro para tocar minha alma que parecia aquela névoa que sai do congelador da geladeira de sua casa. Era assim que minha alma extravasava de meu corpo. Como se eu estivesse tomando banho quente em um dia frio.

Meu irmão passou por uma transformação parecida, mas ao contrário de mim, ele ficou mais forte, suas unhas passaram a crescer mais rápido, seus olhos ficaram incisivos como os de um felino e ele ficou ainda mais estranho.

E depois de alguns meses meu irmão sumiu. Simplesmente fugiu de casa. E foi aí que as coisas passaram a acontecer.

Bella me contou tudo o que havia acontecido, pois estavam atrás dela e de outros amigos de meu irmão, e provavelmente de mim.

Ela me contou que agora ela e o Jorden haviam se transformado em vampiros e outras raças estavam atrás deles. E foi por isso que meu irmão havia fugido, para Florianópolis, para procurar mais da espécie deles, e continuou falando outras coisas. Mas não dei a mínima importância. Só estava pensando no que eu iria falar para ela. Que merda de história idiota era aquela? Vampiros?! O que ela pensa que se passa no mundo? Que estamos num episódio de Buffy?

Foi quando eu me dei por si. Ela estava falando a verdade. Corri para minha casa antes de ela terminar de falar sobre os Cavaleiros.

Quando cheguei em casa vários homens estavam na frente de minha casa conversando com meu pai.

Ele me mandou entrar e ficar dentro de casa até que ele fosse falar comigo. Depois de esperar algumas horas ele entrou em casa e me pediu para sair com ele.

Depois disso foi tudo uma loucura.

Tornei-me o líder dos DeMoley e passei a caçar a espécie de meu irmão.

Até que um dia me deparei com uma vampira ruiva no meio de uma batalha entre outros cavaleiros. Três cavaleiros contra uma garota.

Estavam atrás dos muros de uma escola. A luta foi intensa quando de repente um dos cavaleiros apontou uma arma de fogo em direção ao peito da ruiva que não conseguiu se defender.

Pulei na frente da garota e abri os braços para protegê-la. Os tiros ribombaram em uma barreira verde que apareceu na minha frente e ricochetearam nos cavaleiros que caíram logo depois de serem atingidos, e dois pareceram ter levado tiros fatais.

Virei-me para a garota, segurei sua nuca e gritei com ela.

Saia daqui agora Bella! Vá atrás de meu irmão! Conte para ele que nós estamos preparando uma guerra! Vão dizimar sua raça por aqui! Esse só foi o primeiro ataque! Vai! Agora!

Depois a soltei e saí atrás de uma pessoa que poderia me ajudar a fugir da cidade.

Nayemy Ranger entendeu tudo e prometeu apagar meu rastro.

E então fugi para o Amazonas, e agora estou aqui... Com duas feiticeiras que vieram ao meu encontro. Mas não era elas que eu chamei. Chamei um Bruxo e o que me mandam são duas aprendizas.

Que felicidade!