Nora Fulkert - Um conto de amor na Terra Média escrita por Norha Wood


Capítulo 31
Conselheira de guerra




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_Ainda bem que Nimarie era capaz de prever o futuro! Se não fosse isso tudo Legolas teria morrido! Eu gostaria de ter esse dom....

_ Jamais deseje isso Jane! – Disse Nora levantando-se nervosa, com o olhar severo falou para Jane: _ Você não sabe o que isso significa! você não compreende o que Nimarie perdeu por isso... todos aqueles anos, todos esses anos!... Saia daqui! Deixe-me sozinha! - Esbravejou Nora.

Jane se assustou com a atitude da sempre calma senhora. Realmente não esperava provocar tamanha ira com um simples comentário impensado. Balbuciou algumas desculpas, com os olhos arregalados preparava-se para sair quando Nora, sentando-se novamente falou aparentando mais calma:

_ Desculpe-me Jane! Desculpe uma velha senhora que está cansada de viver... de esperar... desculpe-me, não te sintas responsável pela minha ira! Na verdade você me faz sorrir, me faz sentir jovem, me faz voltar no tempo, querer ser quem eu era novamente... Sente-se por favor sente-se! Não negues o perdão a uma velha louca que perdeu a noção da educação. - Nora parecia profundamente arrependida da atitude de segundos atrás, Jane, ainda um pouco assustada resolveu sentar novamente, mas desta vez ficou bem atenta aos gestos da senhora, e tratou de não fazer mais nenhum comentário.

**

Voltando no tempo, para a prisão de Nimarie. Após viajar ao encontro de Legolas, Nimarie sentiu-se mais aliviada. Tentou em vão contato com o conselho, ela não conseguia mais visualizar o futuro, não sabia o que estava acontecendo. Armou um plano de fuga usando a curiosidade do chefe dos orcs, porém, isso não deu certo pois ele foi alertado por alguém sobre suas intenções. Ela então foi punida; recebendo inúmeras chicotadas sobre as costas foi jogada numa cela ainda mais terrível nas profundezas da caverna. Ficou lá por incontáveis dias, ela sabia que seria requisitada por Sauron quando ele desejasse. Temia esse encontro (ainda mais agora que ela parecia um tanto imprestável sem o dom da visão), mas não lhe restava outra coisa do que aguardar esse dia.

Os dias foram passando, e a escuridão da cela deixava Nimarie num estado de profundo abatimento. Ela foi se sentido confusa, dia após dia, entrando em um estado de profundo alheamento negava todo alimento que lhe era oferecido. Deixou-se abater pelo desânimo, e pensou que tudo seria mais fácil se ela morresse, pouco importava o fato de que ela não teria “pouso” quando partisse. Ela não teria Legolas nem se vivesse nem se morresse, para ela então, viver ou morrer não fazia diferença. A verdade é que a pobre moça estava muito próxima da loucura.

Um dia uma luz bruxuleante lhe fez despertar desconfiada. O pequeno raio de luz vinha do corredor que dava para a sua cela, a luz era pouca mas desacostumada, ela mal conseguia manter os olhos abertos. A cela foi aberta, com medo ela rastejou para um canto que considerava mais seguro.

_ Venha criança! Não tenha medo... tudo ficará bem agora! - Falou a voz melodiosa de um homem.

_ Quem, quem é você? Quem é você?... não consigo ver... não vejo... quem é? - Um raio de esperança brotou em seu coração, ela conseguia ver que o homem lhe estendia os braços.

_ Sou sua salvação! Seu amigo! Dê-me a sua mão... - A voz do homem parecia uma ordem e Nimarie estendeu a sua mão com esperança. No momento que tocou na mão do homem Nimarie subitamente teve uma visão: o mesmo olho de fogo chamuscava em sua direção, viu guerras, desolação, o um anel, um homem de branco se vira e por fim revelava o seu rosto: Saruman, ao mesmo tempo que ela conseguiu reconhecer sobre a luz da tocha a face já conhecida, ele era o traidor que ela previra. Surpresa com a revelação Nimarie deu um pulo para trás. Ela nunca imaginou que o mago fosse o traidor, desconfiou de Galadriel e Gandalf que tanto lhe ajudou, mas nunca Saruman. Percebendo que causara estranheza na moça ele falou:

_ Oh não me julgues criança! Ocupamos o mesmo título de traidor. Venha comigo agora e acabe com esse sofrimento... eu posso dar tudo o que você deseja!

_ Eu nada desejo... - Disse Nimarie ainda recuperando-se da surpresa

_ Ah você deseja!... Se não é para si, deseja para a criança que carrega no ventre...

Nimarie ficou chocada com a declaração de Saruman, como ele sabia? Nem ela tinha certeza que estava grávida, em sua loucura solitária pensava que isso poderia ser coisa da sua imaginação. Sentia que algo estava diferente mas não queria ter falsas esperança. Diante dessa confirmação, ela apenas fechou os olhos e não pode conter as lágrimas, não sabia dizer se isso era ruim ou era bom. Mas agora ela tinha um motivo para desejar... Saruman estava certo, agora ela desejava viver.

_ Venha! - Disse ele estendendo novamente a mão, que ela por fim aceitou. Tudo que ela mais queria no momento era sair daquela cela imunda. Não entendia exatamente o que aconteceria, a aparição de Saruman lhe deixou confusa. A final de que lado ele estava? Provavelmente ele a entregaria para Sauron, pensava ela enquanto caminhavam por um labirinto de galerias.

Chegaram, então, em um local bem mais agradável, mas ainda sombrio. Ela pode então reconhecer que estava em Orthanc. Mulheres de pele escura auxiliaram Nimarie na higienização e na troca de roupa. Vestida com uma roupa negra, e bem alimentada ela apresentou-se para Saruman.

_ Nem parece a mesma criatura! - Disse ele simpático, e parecendo ler os pensamentos da moça ele completou: _ Sei que deve estar cheia de perguntas, elas serão respondidas em tempo oportuno. Agora te contenhas em saber que Sauron acha que você está morta!

_ Mas como? E as minhas visões... ele irá perceber, ele irá me encontrar...

_ Eu bloquei as suas visões com um feitiço, o que você viu na sua cela não foi uma visão do futuro, foi o momento de agora, um relapso da sua mente cansada.

_ Mas então não entendo, o que queres de mim? Irás me libertar? Por que está me auxiliando? - Sem responder as questões, o mago caminhou alguns passos e retirou um pano preto que cobria uma bola de pedra azul. _ A Palantir de Aisengart! - Disse Nimarie admirada ao reconhecer a pedra.

_ As Palantirs só funcionam em sua total potencialidade através das mãos de uma também vidente. As suas visões serão repassadas para ela, de modo que Sauron não capte o seu pensamento no futuro. - O plano do mago era grandioso, Nimarie pensou. Ele continuava: _ As suas visões somada aos poderes da pedra vidente irá nos garantir um futuro imponente. Estudaremos juntos as táticas para alcançar o poder, e dominar a todos com o um anel...

_ Você traí o próprio Sauron e o conselho branco... de que lado você está?

_ Estou do meu lado! Quero apenas sobreviver a essa guerra, e eu garanto que ao meu lado você, vocês, sobreviverão também, e após você me auxiliar estará livre para seguir o caminho que deseja!

_ Você deixará eu ir... e o bebê?

_ Aqui será sua casa, não és minha prisioneira e sim minha hospede! Mas entendo que nessas suas condições, e a agitação do mundo lá fora, fazem daqui o melhor lugar para você e sua criança...

_ Mas se eu auxiliar, não haverá um depois para mim, todos me virarão as costas, e não terei nem o descanso da morte... - Disse ela pensativa, falando mais para si do que para o mago.

_É o seu destino, você pode postergá-lo, mas não pode fugir dele! E além do mais todos já te acusam de traição... - A voz do mago era macia, e possuía uma persuasão sem limites, envolvendo a moça de uma forma que tudo que ele falasse lhe parecesse sábio e razoável, despertando nela um desejo de acordo rápido.

_ … traição! Não, não foi uma escolha!.. eu, eu não tive escolha! Eles não podem me acusar de traição! - Disse Nimarie arrasada.

_ Sim... o mundo é cruel minha cara! As costas já estão viradas para você! Ou por acaso alguém veio em teu auxilio? -

_ …é ninguém veio em meu auxílio... ninguém, nem mesmo... nem mesmo Legolas! – Disse ela tristemente, concordando plenamente com o que Saruman disse. A conversa seguiu e o mago persuasivo mostrou a ela suas armas. Auxiliá-lo não seria tão ruim, além do mais ali ela estaria segura e poderia criar o seu filho longe das pessoas acusadoras e maldosas que por certo os discriminariam. Pensando dessa forma, por fim, Nimarie se convenceu que seria a sua melhor escolha. Prometeu lealdade a Saruman juntando-se ao lado negro da força, maculando para sempre o seu caminho. Ela não sabia mas essa escolha mudaria para sempre sua história.

Naquele mesmo dia a noite, quando estava em seu quarto olhou para a lua, lembrou-se de uma conversa que teve com Gandalf durante sua caminhada até Valfenda, ele dizia:

_ O destino das criaturas são tecidos um dia antes do dia que já aconteceu... - A lembrança dessas palavras vinham vivas em sua mente, alertando-a de que o seu destino dependia das escolhas de hoje, então seu destino não estava fadado, tudo era incerto e mutável... Ela sentiu-se revoltada com a sua sorte, então, ainda olhando para o céu, como se ele próprio lhe acusasse ela falou nervosa:

_ Eu sei que carregarei o peso das minhas escolhas... e não tenho medo, pois escolho viver, escolho ver meu filho nascer, escolho criá-lo! nem que isso me custe um destino terrível! Não me entregarei para a morte. Não sou boa o suficiente para isso, você deveria ter escolhido melhor a sua Tanacëmníss Eru! – Infantilmente ela esperou uma resposta do céu, um sinal qualquer, mas as estrelas pareciam indiferentes a sua dor, tão distantes, tão gélidas, não se importavam com a sua sorte. Deitou-se por fim, mas a consciência pesada não lhe deixou pegar no sono.

No dia seguinte ela caminhava em direção a sala onde deveria se reunir com Saruman, quando passou por uma porta que estava entreaberta. De relance ela viu alguém dentro desse quarto, voltou e espiou melhor, era uma mulher que sentada em uma cadeira manuseando um livro distraidamente. Quem seria aquela mulher? O que ela estaria fazendo ali? Sentiu-se alegre pois agora teria alguém para se distrair, talvez alguém quem pudesse conversar, fazer amizade, já que as criadas não falavam uma palavra, mesmo quando questionadas. Animada, afastou com cuidado a porta e preparava-se para anunciar-se a moça distraída quando viu uma criada aproximar-se silenciosa por trás dela.Com rapidez e sem vacilar a criada cortou o pescoço da moça desconhecida, que imediatamente caiu morta no chão.

Nimarie que não teve tempo de impedir o fato ficou por alguns momentos em choque olhando o corpo da mulher no chão. Transtornada ela caminhou em direção da criada, pegou-a pelos abraços e a sacudiu berrando:

_ Por que você fez isso? Por que você fez isso??? Por que? - A mulher que estava com os olhos cheios de lágrima não falava uma palavra se quer

_ Ela não falará nada disse a voz de Saruman na porta. Ela fez isso por que você chegou... - Diante da expressão confusa da moça ele completou com frieza: _ Não foi tão fácil achar a Tanacëmnísscerta.

Nimarie que tinha soltado a criada, estava abismada com a crueldade do mago. Mas nesse momento entendeu que não poderia vacilar se quisesse continuar viva. Quando ele se virava para se retirar ela perguntou com tristeza:

_ Por que teve que matá-la? Não bastava libertá-la?– Disse tristemente

_ Não pense que me felicito com isso, assim como você minhas escolhas são limitadas... Ela teve que morrer pois viu a face do traidor.

Ela realmente estava lidando com uma criatura fria que não se importava com os outros seres. Ela tinha que cooperar, pois certamente, assim que não servisse mais, ela teria o mesmo destino da pobre moça estendida no chão, ele não a enganaria mais com sua voz melodiosa. A partir desse momento ela, em total segredo, começou a arquitetar um plano de fuga. Mas enquanto isso ela era obrigada a auxiliar Saruman em sua busca pelo poder. E isso ela fazia muito bem, o que deixava Saruman muito satisfeito. Ela era uma ótima vidente, e ao seu lado ele teria muitas vantagens, ela estava ganhando sua confiança. Através da palantír ela pode viajar no tempo conforme lhe convinham. Dessa forma descobriram o destino do anel até chegar às mãos de Gollun. Nimarie forneceu com precisão as coordenadas da criatura que só não foi capturada por incompetência dos subordinados de Saruman.

E o tempo também passava na fortaleza de Orthanc. A barriga de Nimarie crescia devagar, a gravidez de uma elfa demorava em torno de dois anos, mas como ela não era totalmente elfa, não tinha certeza de quando os bebês, nasceriam. Ah sim! Digo os bebês pois ela sentia que duas vidas cresciam em seu ventre, ela teria gêmeos. Sempre que era possível ela caminhava nos espaços abertos de Orthanc, em busca de um pouco de ar puro, nesses momentos ela fechava os olhos e se imaginava em Mirkwood, ao lado de Legolas,e esses momentos eram repletos de alegrias. Logo porém, era chamada por Saruman para discutir assuntos sobre a dominação desse ou daquele território. Ele apreciava muito a sua palavra, pois assim como sua mãe Nimarie estava se tornando uma boa conselheira de guerra.


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam? Dois elfinhos na barriga! Humm... pensa que amores!



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