Nora Fulkert - Um conto de amor na Terra Média escrita por Norha Wood


Capítulo 22
Nora


Notas iniciais do capítulo

Acho que já está na hora de conhecermos melhor essa misteriosa senhora!



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No dia seguinte, quarenta minutos antes do combinado, Jane já estava na frente da casa de Nora. Olhou no relógio e viu que se adiantara muito. Havia pego o ônibus muito cedo. Por educação,não queria se apresentar para Nora antes do horário combinado. Resolveu, então, explorar a paisagem da redondeza.Largou sua bicicleta no portão do casarão, e caminhou até a esquina onde a cerca viva terminava delimitando o terreno. Ao virar sentiu um vento frio e salgado que vinha daquela direção. Nunca antes havia ido a aquela cidadezinha, mas, sabia que se trava de uma pequena e pacata vila de pescadores, que se erguia em uma planície verdejante sobre o mar. O ônibus que ela pegava não ia até lá, então, ela locava uma bicicleta e pedalava até a casa de Nora, mesmo assim, subindo por uma estrada rente ao mar, Jane não havia notado que a casa da velha senhora ficava tão próxima ao mar.

A distância que separava a casa do mar era de mais ou menos sessenta metros e somente agora, dado alguns passos em direção ao oceano, Jane conseguia ouvir o barulho das ondas quebrando nas pedras do penhasco. A vila possuía não mais de vinte casas e todas elas muito simples, a casa de Nora era a única que estava em uma parte mais alta, mais afastada das demais. E na opinião de Jane com certeza era a casa que possuía a melhor vista para o mar. A rua gramada por onde ela seguia, em direção ao mar, não era bem uma rua, e sim uma trilha por onde somente a pé o andante conseguiria transitar.

Ao chegar no limite do penhasco, Jane percebeu que não era tão alto assim, talvez uns vinte ou trinta metros, a vista era muito bonita daquele ponto. Distraiu-se por alguns momentos olhando o oceano sem fim e as florzinhas que nasciam no contorno das encostas gramadas. Realmente era um local muito belo e o nascer do sol no horizonte tornava a paisagem ainda mais surpreendente. De repente, para a sua surpresa, reconheceu lá em baixo Nora, que com os pés na água olhava o mar como uma estátua de cera. Ela aparentemente não vira Jane, então ela procurou um melhor ângulo e ficou observando a velha senhora.

Como longo cabelos prateados, soltos ao vento, e o vestido branco que lhe caía até os pés, flamejando com o soprar do vento, Nora parecia para Jane uma figura mística, quase que surreal. Os braços finos pendiam ao longo do corpo, e ela apenas olhava e olhava o horizonte sem se mexer ou se desequilibrar com as ondas mais fortes que lhe batiam e lhe molhava as vestimentas. O que ela estaria fazendo no mar numa gélida manhã de outono?Que segredos essa estranha mulher guardava? Será que não estaria cometendo uma idiotice ao ficar perdendo tempo ouvindo histórias de uma senhora louca? Ela falou, falou, falou, mas não disse uma palavra a respeito de Tolkien. Idiotice ou não, Jane tinha que admitir que Nora pelo menos era uma boa contadora de histórias. Sentia-se como uma criança ouvindo um conto da avó, e precisava ouvir o que ela tinha a dizer, precisava saber do final dessa história de amor, dessa paixão entre dois seres de outro mundo...Jane pensava em tudo isso quando, como se sentisse a sua presença, Nora lá de baixo, a olhou subitamente, fazendo ela se sobressaltar intimamente. A senhora, assim a viu acenou simpática saindo do mar, atravessou a estreita faixa de areia, e começou a subir a trilha de pedra com certa agilidade.

_ Bom dia Senhora Nora! Me adiantei, peço desculpas! - A moça falou assim que a senhora chegou.

_ Sem problemas Jane, já lhe esperava mais cedo... apenas me distraí olhando o mar. - A senhora lhe respondeu simpática.

_ Como é linda a vista daqui de cima!

_ Sim, esse lugar me lembra um lugar pra onde não posso voltar, por isso o escolhi - Jane identificou um pouco de melancolia na voz de Nora, mas a senhora disfarçou muito bem: _ Vamos entrar? você deve estar com frio!

Jane aceitou o convite prontamente pois realmente estava com muito frio, e além do mais não conseguia mais conter a sua curiosidade com a história contada por ela. Ao entrarem na casa Nora pediu licença para trocar a sua roupa. Jane, então, estava livre para observar a casa por alguns minutos. Procurou então sobre os aparadores do hall de entrada qualquer coisa que pudesse remeter ao passado de Nora, porém, nada encontrou, seguiu adiante. Na sala de estar onde a velha lhe contava a história, agora sozinha, conseguiu observar melhor. Procurou por retratos de netos, ou familiares, ou antigas fotos, tão comuns em casa de qualquer senhora dessa idade, mas ela parecia não possuir família e nem passado. Suas únicas companhias eram os gatos, cães, pássaros e demais animaizinhos que transitavam livres pela casa, e a Senhora mesmo afirmou, que eles não pertenciam a ela, e eram livres para irem embora assim que quisessem pois pertenciam a natureza. A casa aparentava ser muito antiga, possuía alguns vitrais de vidro que refletiam em luz colorida a luz solar. A decoração parecia ser do século passado, se é que não era do retrasado. Apesar de tudo isso a casa era muito bem cuidada e possuía até um certo requinte.

_Aceita algo para beber ou comer Jane?

_ Não senhora Nora, obrigada.

_ Bom, então, se você voltou é por que realmente está interessada na história. – A senhora falou, sentando-se na poltrona, no que foi acompanhada por Jane que se sentava na cadeira que havia usado no dia anterior.

_ Sim! ... sabe Senhora Nora, eu não acredito muito no amor. No final do ano passado, depois de um três anos de namoro Jonh me trocou por uma mulher mais jovem e mais bela...

_ Oh! então, certamente ele está namorando uma adolescente cuja beleza é inigualável... - Nora falou isso com tanta doçura que Jane entendeu que ela lhe fazia um elogio ao citar características da outra. Jane sorriu:

_ Por isso acho que o amor não existe, pois ele muda conforme lhe convêm. Ele é passageiro e por algumas vezes cruel, te deixando desprovida de tudo assim que a pessoa que você tinha certeza que te amava parte.

_ Oh querida Jane! Algumas vezes somos forçados a viver, ou conviver com a falta, a perda, a ausência. Mas nem por isso o amor deixa de existir! Há certas coisas que não podemos ter de volta quando partem e há outras que simplesmente não valem a pena!

_ Agora entendo Senhora Nora, por que gosto tanto de sua história! Vejo que Nimarie e Legolas se amam sinceramente, sinto inveja desse amor. Dessa confiabilidade entre eles... pena que tiveram que se separar, e assim, como na vida real, mais uma vez o amor morre no final...

Nora ouviu com atenção o que Jane falava. Olhou fixamente nos olhos de Jane, sua expressão era séria e seus olhos brilhavam de emoção quando falou:

_ Jane, na memória o amor vive para sempre!O verdadeiro amor não deixa dúvidas, quando ele existe você tem certeza de que ele está lá, já não restam mais dúvidas, e a sua felicidade já não depende mais só de você. É como se o mundo fosse feito apenas para que vocês possam se amar...

_ Diga-me Senhora Nora, já amou alguma vez na vida? já foi casada? tem filhos? família?

Nora riu divertida, espessando um pouco a emoção de segundos atrás:

_ Claro que tive uma família... E já amei, e ainda amo! Posso dizer que o amor é o único evento importante que restou no planeta!

As duas riram enquanto Nora retomou a narração de sua história.

Senhora Nora


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Notas finais do capítulo

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