Maga, Bruxa ou Semideusa? - Hiatus escrita por Marina Leal
Notas iniciais do capítulo
Hey, sabem que dia é hoje???
É o aniversário da Nat pessoal. Boa leitura.
Aos poucos eu estava começando a me acostumar com o clima do acampamento e com as pessoas olhando onde quer que eu fosse, acho que porque depois de algum tempo eles deixaram me ver como novidade e pararam de olhar.
Devo dizer que fiquei grata por isso.
Linda e eu demos a volta e chegamos novamente à área dos chalés.
– Vou deixar você com Will por algum tempo, está bem? – Linda falou enquanto andávamos.
– Tudo bem, mas o que você vai fazer?
– Enviar uma Mensagem de Íris para o meu pai, dizer para ele que estou no acampamento, explicar que houve uma emergência.
– E essa emergência fui eu. – Murmurei e ela assentiu. – Tudo bem.
– Mas faço questão de levar você até a porta do chalé. – Linda estava novamente com um sorriso malicioso em seu rosto.
Passamos por várias construções, e minha amiga me explicou que antes havia apenas doze chalés, mas isso foi há muito tempo, antes dela ir para lá. E que depois outros foram acrescentados.
– Esse é o chalé que eu fico. – Disse quando passamos por uma construção rosa que mais parecia uma casa de boneca e que soltava um forte odor de perfume de grife. – Número 10, Afrodite.
– Nossa! – Falei automaticamente tampando o nariz. – O cheiro é sempre forte assim?
Linda sorriu.
– Quase sempre, fica mais forte quando tem pouca gente. – Ela comentou e apontou para o próximo chalé. – Ártemis.
– Ela não é uma deusa sem filhos? – Falei surpresa enquanto estudava o chalé.
Era uma construção com a fachada feita de prata e desenhos de luas, arcos e ursas caçando, entalhados a ouro. Havia pequenos degraus de madeira até a porta do chalé, com ramos de árvores enroscados entre os degraus. A porta entreaberta do chalé também era feita de madeira, com a cara de uma ursa entalhada a prata na porta.
– Sim, mas ela possui um grupo de servas, são chamadas de Caçadoras. Imortais. – Estranhamente o tom de Linda me chamou a atenção, pois ela parecia um tanto irritada.
– Imortais? Legal.
– Não tanto assim. – Ainda irritada. – Elas podem morrer em combate, ou se quebrarem os votos.
– Você não parece gostar delas e que votos são esses?
– Ártemis é legal, porém ela se recusa a aceitar o amor romântico, suas caçadoras seguem o mesmo princípio.
Franzi a testa.
– Não entendi. – Admiti.
– Para se tornar uma Caçadora é preciso abandonar os homens, o amor. – Linda explicou. – Elas fazem esse juramento à deusa.
– Ah, entendi agora. – Falei pensativa e soltei sem querer. – Seria legal virar uma Caçadora mesmo assim!
Minha amiga me surpreendeu com sua reação.
– Me prometa que não vai fazer isso, pelo amor dos deuses, Nat! – Linda falou, sua voz assumindo um tom urgente.
– O quê? Por quê? – Perguntei.
– Nada. Só me prometa que se um dia elas tentarem te recrutar, você não vai aceitar. – Ela estava na defensiva e isso me incomodou. – Prometa.
Mordi o lábio, ela sabia que eu levava minhas promessas a sério, mas Linda estava obviamente escondendo algo de mim e eu não gostei muito disso.
– Eu... – Abri a boca para argumentar, mas nesse momento a voz de Annie chegou até nós.
– Linda! Nat! O que houve?
Olhei para frente, ela estava sentada na porta do chalé com dois garotos sentados na frente dela e um livro em seu colo. Um deles eu reconheci como meu irmão, ele me olhava estranhamente, como se eu estivesse interrompendo algo importante.
Olhei para o lado dele e achei o outro garoto estranhamente familiar, embora não soubesse o motivo. Ele possuía cabelos pretos e sedosos, olhos também pretos, usava uma camisa preta (embora achasse que estivesse quente demais para usar aquela cor) e jeans. Enquanto eu o observava ele se pôs de pé, revelando que era quase da mesma altura que meu irmão e aproximadamente da mesma idade. Também devo acrescentar que ele era bonito.
Annie e Will rapidamente imitaram seu movimento, reparei que os olhos cinzentos de Annie iam de mim para o garoto repetidas vezes, quase como se ela estivesse tentando ver o que achávamos um do outro. Eu não tinha certeza, mas aquilo era ciúme?
Eu esperava que não. Linda tossiu, reparei que era para disfarçar uma risada.
– Estamos interrompendo algo? – Perguntei quando ninguém falou nada e olhei de Annie para Will, mas meu irmão fitava a filha de Atena.
Ah! Agora tudo faz sentido! Pensei enquanto entendia o que estava acontecendo ali. O Will gosta da Annie. A Annie gosta do Nico, mas ela não sabe se ele gosta dela.
– Não. – Annie respondeu tranquilamente, mas senti pelo seu tom de voz que a resposta era sim. – Já estávamos terminando mesmo.
O garoto que eu não conhecia, mas que deveria ser o famoso Nico, pigarreou.
– Ah, me desculpe, Nat, esse é Nico Di Angelo, filho de Hades. – Annie falou e eu ergui uma sobrancelha. Era o mesmo sobrenome que o dela. – Nico, essa é Natália, ou Nat, filha de Apolo.
O garoto assentiu e eu estendi a mão.
– Muito prazer. – Falei enquanto ele retribuía meu aperto.
– Espero que goste do acampamento. – Ele falou e olhou para Annie. – Tenho que ir, acho que o Kevin deve estar me esperando no chalé.
Quando ele falou isso foi que percebi o motivo para que ele fosse tão familiar para mim. Ele era irmão do garoto que vi na arena.
– Já? – Annie perguntou parecendo desapontada.
– Na verdade eu também tenho que ir. – Linda pegou o embalo e eu a fuzilei com o olhar. – Preciso mandar uma mensagem de Íris para o meu pai.
Revirei os olhos para a desculpa sincera dela.
– Então vamos, acompanho você até a metade do caminho. – O garoto chamado Nico falou e olhou para a filha de Atena. – Até mais tarde Annie.
– Até. – Ela respondeu com um sorriso.
– Nos vemos depois. – Ele falou para mim e Will, apenas concordamos com a cabeça enquanto ele se afastava com Linda.
– Nat, eu preciso organizar algumas coisas aqui dentro, em seguida falo com você, está bem? – Annie disse assim que Nico e Linda não estavam mais visíveis.
Olhei para ela e sorri.
– Está bem, vou te esperar aqui fora.
– Will, você precisa ler um pouco mais aquele capítulo da Ilíada, ok?
Meu irmão assentiu, seus olhos brilhando enquanto olhava para ela.
– Ótimo, nos vemos no jantar! – Ela falou erguendo a voz assim que entrava no chalé.
Quando eu e Will estávamos perfeitamente sozinhos eu disse:
– Você gosta dela?
Ele me olhou, suas bochechas ficaram vermelhas.
– Eu não, ela é minha amiga! – Ergui uma sobrancelha, sério que ele ia tentar mentir para mim?
– Você gosta dela. – Afirmei.
Will suspirou e baixou a cabeça.
– Está tão na cara assim? – Perguntou começando a andar e eu o segui.
– Só um pouquinho. – Menti de leve. – Porque não fala para ela?
– Acho que ela sabe, mas...
– Mas...?
– Ela gosta dele, do Nico, todo mundo já sabe. – A voz de Will estava arrasada, me senti triste por ele.
– Sinto muito. – Murmurei.
Se ela gostava do Nico, acho que meu irmão não tinha muitas chances. Ele era bonito, claro, mas Nico era intrigante, eu podia ver claramente o que a Annie via nele. E honestamente, Nico e a Annie combinavam, eram fofos juntos. Claro que eu via o lado de Will, mas não havia muito que eu pudesse fazer.
Olhei para ele e decidi. Nem que eu tivesse que conhecer cada garota desse acampamento, eu encontraria uma que o fizesse esquecer a Annie. Ele não iria sofrer mais.
POV: ANNIE
Arrumei as últimas coisas no chalé para poder ir falar com a Nat, que como havia dito estava me esperando do lado de fora e parecia ansiosa.
– Annie, posso te perguntar uma coisa? – Perguntou quando cheguei perto dela.
– Claro, pergunte. – Respondi.
– Você gosta do Nico, não gosta? – Disse indo direto ao assunto.
Eu não quero nem pensar em como estava minha expressão naquele momento. Senti que eu estava começando a corar. Rosto, você pode, por favor, parar de corar? Não? Ok, muito obrigada.
– Você chegou a essa conclusão sozinha ou alguém te contou? – Não sei por que eu perguntei isso, todo mundo já sabe mesmo, é claro que alguém contou para ela, provavelmente a Linda, o que explica o olhar que elas trocaram antes da filha de Afrodite começar a se afastar com o meu Nico.
– Eu percebi agora a pouco, na verdade. – Ela respondeu tranquilamente.
– Ah, certo... – Fiquei sem graça. – Sim, eu gosto dele.
– Ta, eu não devia estar te contando isso, mas é só porque ele é meu irmão, mesmo que eu o conheça há pouco tempo eu já gosto muito dele... – Nat parecia bem insegura enquanto tropeçava nas palavras, olhei para ela.
– Fala menina! – Exclamei ficando curiosa.
– O Will, bem... O Will... – Ela gaguejou.
– O que tem o Will? – Perguntei quando Nat ficou muda.
Então ela murmurou algo baixinho e muito rápido.
– Como? – Perguntei.
Ela mais uma vez deu um murmuro na velocidade esquilo da cafeína.
– Ok, agora repita, por favor, devagar e pronunciando todas as palavras. – Pedi.
Ela me olhou, respirou fundo uma vez, duas.
– Ele gosta de você. – Disse por fim.
Eu a encarei por algum tempo tentando processar aquilo, ela realmente havia me pegado desprevenida com essa.
– O Will? De mim? – Detesto perguntar o que acabou de ser dito, mas ainda estava perplexa.
Aquela informação ainda não havia entrado completamente na minha cabeça.
– Você realmente não notou? – Foi a vez de ela parecer perplexa.
– Estava tão óbvio assim? Só eu não percebi?
– Acho que sim. – Ela disse timidamente.
– Nossa... Nossa... QUE DROGA! Nossa que mancada! – Comecei a murmurar e Nat me olhou com preocupação, agora eu entendi porque ela estava me contando isso. – E eu, suspirando pelo Nico feito uma tonta na frente dele, deuses...
Parabéns Annie! Pensei. Meus parabéns mesmo! Merece um applause na cara!
– Calma, não vim cobrar você a gostar dele, sei que não se controla esse tipo de coisa, mas é por isso que precisamos achar alguém que goste de verdade do meu irmão. – Disse Nat tranquilamente e eu a olhei agradecida.
– Certo, mas quem? – Perguntei.
– Não sei, mas vamos encontrar. – Ela disse.
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