Te Odeio Por Te Amar escrita por TamY, Mazinha


Capítulo 72
Capítulo 72 - "Desista!"


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi inteiramente feito por D. Gabi. Obrigadaaaaaaaaaaaa, D.
Feito por vc, dedicado a vc. Meninas, agradeçam a D! ♥
Boa leitura!



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# Carlos Daniel narrando #

— Denunciá-lo? – Exclamou, olhando-me exasperada e levantou-se de sua cadeira. - Carlos Daniel, eu lamento, mas receio que não posso denunciar meu próprio filho a polícia. – Concluiu sentando-se novamente.

— Estava demorando pra defender o filhinho consentido! Não pode denunciá-lo, mas pode deixar que ele roube milhões da fábrica causando problemas a todos, inclusive a ele mesmo. – Retruquei irritado.

— Algo deve estar acontecendo com ele e precisamos encontrá-lo, tenho certeza que ele terá uma explicação plausível pra tudo isto.

— Está em suas mãos! É pegar ou largar, Antônia! Se ele não aparecer com o dinheiro, teremos que denunciá-lo e disso não abrirei mão. – Disse-lhe de uma vez enquanto ela relutava em concordar e eu já começava a ficar impaciente.

— Tudo bem, Carlos Daniel, faremos como você quiser. – Respondeu de uma vez, temerosa.

— Você não pode ser ingênua o bastante para continuar confiando nele depois de tantas coisas duvidosas que ele vem fazendo. E eu não acredito que ele vai parar até deixar os Bracho na rua. É nisso que dá confiar demais, agora estamos vendo mais um resultado. – Disse em tom seco enquanto a olhava. – Pedirei que um detetive de confiança vá atrás dele e estou confiante que em poucos dias saberemos onde ele está, então veremos se ele vai se dispor a devolver o dinheiro.

Rodrigo preparou mais uns papéis enquanto eu conversava com Antônia e brevemente assinamos.

— Bom, por enquanto eu acho que acertamos tudo. Assim que houver novidades sobre o paradeiro do seu filho, te comunico. – Conclui enquanto saía.

— Filho, espera! – Parei rapidamente voltando a olhá-la. - Muito obrigada por tudo! Eu fico muito e satisfeita em ver que você não perdeu a sua essência, que continua com o coração bom e que pensa em sua família em primeiro lugar.

— E qual foi o resultado de tudo isso? – A interrompi rapidamente. – Do que adiantou se quando eu mais precisei todos viraram as costas para mim? Bom... Isso já não importa.

— Fabiola nunca foi mulher para você e sei que você sabe disso, meu filho! – Antônia continuou enquanto caminhava para mais perto e Rodrigo saiu da sala, fechando a porta. - O que eu mais quero é recomeçar o nosso relacionamento. Tenho saudades e quero que me perdoe! Apesar de tudo, você está bem melhor agora, está feliz, tem uma linda noiva que te ama e vão se casar em breve… Por favor, me deixa fazer parte da sua vida.

— Não posso deixar de concordar que pra mim foi um livramento ter me afastado dessa mulher e estou bem melhor agora, mas tudo isso não apaga o tempo que me senti amargurado e que me tornei uma pessoa que não gostaria de ser por causa de tudo isso e a pessoa que eu mais precisei não estava ao meu lado. – Justifiquei me referindo a ela mesma e ela me olhou apreensiva.

— Eu sei filho! E acredite que eu também sofri muito por você naquela época e não sabia o que fazer, eu me senti dividida... Por isso que te peço que  me perdoe.

— Entendo… - Respondi tornando-me pensativo. Vamos deixar que as coisas aconteçam naturalmente.

— Tudo bem, tenho certeza que com o passar do tempo você verá que estou sendo sincera. – Sorriu e me olhou com seus olhos lacrimejando.

— Tenho que ir, Paulina ainda está me esperando em casa e hoje mesmo estarei indo para Miami.

— Já irá à Miami? Quando retornará?

— Ainda não sei. Acredito que em alguns dias.

Despedi-me de Antônia e me encontrei com Rodrigo que me esperava no estacionamento da Fábrica Bracho.

Ao chegar em minha casa, estacionei o carro próximo a porta de entrada e entreguei as chaves a Gabriel para que o levasse pra a garagem. Ao descer do carro, avistei Paulina distraída andando pelo jardim, ia me dirigindo em sua direção, mas parei e peguei meu celular que estava no bolso e disquei o número dela, não demorou  e pude ouvir a sua voz suave do outro lado da linha.

Meu amor… - Ela disse com um sorriso nos lábios.

— Deixa eu adivinhar o que você está fazendo agora.

Hmm.. O que eu estou fazendo?

— Você está admirando as flores do jardim... – Respondi em satisfação ao continuar olhando-a. Ela parou rapidamente e olhou para os lados, mas me escondi atrás de um arbusto para que ainda não me visse.

Como você sabe?

— Hmm... Porque não tem nada sobre Paulina Martins que eu não saiba. – Falei em tom brincalhão e a vi sorrindo.  – E tem mais! Eu posso adivinhar no que você está pensando também...

Ah é?— Perguntou ao cheirar uma flor amarela, e logo depois a retirou de sua árvore. - E no que eu estou pensando senhor Bracho?

— Hmm... Você está pensando em mim! – Respondi já bem próximo a ela.

E como adivinhou? — Perguntou ainda sorrindo e pude ouvir sua voz agora de perto.

— Hmmm.. Porque estou bem aqui atrás de você. – Respondi da forma mais suave que pude para não assustá-la enquanto toquei sua cintura levemente e a abracei por trás, cheirando seus cabelos soltos.

— Carlos Daniel… - Ela disse virando-se de frente pra mim.

— Te assustei meu amor? - Perguntei sorrindo ao ver sua expressão de surpresa.

— Não, foi uma surpresa maravilhosa! - Ela disse enquanto volteava seus braços em meu pescoço – Quando você chegou? Não vi seu carro entrar…

— Cheguei agora mesmo, é que você estava tão linda e distraída olhando o jardim que não resisti, quis surpreendê-la. – Expliquei e dei um leve beijo em seus lábios.

— Hmm.. E como foi lá com a sua mãe? Deu tudo certo? – Perguntou-me enquanto me acariciava o queixo.

— Na medida do possível, minha vida... Sinto que essa situação ainda me trará algumas dores de cabeça, mas não quero falar sobre isso agora, quero aproveitar essas últimas horas antes da viagem somente focado em você. - Disse enquanto a puxava pra mais perto de mim e a beijei mais intensamente.

* Paulina narrando *

— Vamos entrar, pedi que preparassem o risoto de camarão que você tanto ama. - Disse após finalizarmos o beijo.

— Assim ficarei mal acostumado, estou amando ter você aqui cuidando de mim e espero ansioso pela nossa vida juntos como marido e mulher… - Ele disse sorrindo enquanto caminhávamos de mãos dadas pelo jardim e não pude deixar de sorrir com a empolgação que continha em suas palavras.

— Muito em breve meu amor, eu serei uma Bracho. - Disse divertida.

— E será a mais linda de todas, minha vida. – Me abraçou e deu um beijo em minha testa com carinho.

— Ao entrarmos em casa, Carlos Daniel subiu rapidamente para tomar um banho enquanto eu pedi a Matilde parar organizar os últimos detalhes para que o jantar fosse servido. Depois de alguns minutos ele desceu.

— O cheiro está maravilhoso! – Suspirou dizendo enquanto adentrava a sala de jantar.

— Sim, e aposto que o sabor também deve estar divino! - Exclamou enquanto me sentava a sua frente na grande mesa. - Já está pronto para viajar? - Disse quando o olhei ele vestia uma camisa polo preta e uma calça sport fino.

— Sim, meu amor. Achei melhor me arrumar logo, assim antes de ir posso aproveitar um tempo a mais com você. – Concluiu estendendo uma de suas mãos para mim e lhe segurei.

— Tão de repente... – Senti meu coração se apertar ao pensar que em poucas horas já não o veria mais e não tinha certeza de quanto tempo o teria longe. - Você ainda está aqui e já estou com saudades…- Disse baixando o olhar enquanto acariciava sua mão.

— Também já sinto saudades minha vida, detesto ter que viajar e deixar você aqui, e te ver com essa carinha só piora as coisas. Sinto vontade de ficar e deixar tudo para depois, mas infelizmente eu preciso ir.

— Desculpa Carlos Daniel, prometo que ficarei bem. Eu entendo que você não pode deixar de ir e também não me sentiria bem em ser a razão pela qual você desistiria de ir, serão apenas alguns dias, logo logo passarão e você estará aqui de volta pra mim – Lhe disse enquanto entrelacei meus dedos nos seus e lhe sorri.

— Assim está bem melhor, meu amor. Não quero te ver triste! Além do mais, estive pensando na nossa casa, quero muito vê-la, mas como não tivemos tempo de ir pessoalmente, você poderia fazer uma chamada de vídeo de lá. O que acha?

— Temos acesso a um portfólio on-line com todas as fotos, inclusive em 3D. Vou te enviar para que você possa ver tudo também, assim poderá dizer se realmente gostou.

— Se você gostou tenho certeza que também gostarei, confio no seu bom gosto minha vida.

— Mas antes de fecharmos faço questão que você também veja Carlos Daniel, afinal será a casa que iremos construir nossa vida juntos é importante que agrade aos dois.

— Tem razão meu amor, entre em contato com a corretora e me ligue, assim que eu vir podemos fechar negócio. - Assenti em concordância, afinal precisaríamos decidir logo sobre a compra ou a casa não estaria mais disponível se demorássemos mais. - Outra coisa, minha vida - Chamou minha atenção pra ele e o olhei com curiosidade.

— O que acha de repetirmos a viagem a Cancun no próximo fim de semana? Como só tenho compromissos marcados até a sexta-feira estive pensando em te encontrar lá no sábado.

— Hmm... Que tentadora sua proposta… - Respondi com um largo sorriso.

— É que foi tão maravilhoso estar naquele paraíso com você que quero repetir a dose. - Ele disse sorrindo e beijou o dorso de minha mão.

Para mim foi difícil ter que me despedir de Carlos Daniel, eu não sabia se conseguiria me acostumar com suas viagens e sua ausência por tanto tempo. Mesmo que ele estivesse fazendo esforços em retornar para mim, estar sem ele era uma tarefa dura a qual eu estava tratando de me habituar.

Nos despedimos e eu precisei retomar a minha rotina, pois havia outras coisas muito importantes que precisavam de mim, o que era bom porque me faziam distrair e o tempo passava mais rápido, eu podia superar um pouco melhor a saudade que sentia de Carlos Daniel.

~ UMA SEMANA DEPOIS ~

 

# Carlos Daniel narrando #

Consegui concluir os compromissos agendados para aquela semana e cumprir com o combinado com Paulina de nos encontrarmos em sua casa de Cancun. Estava ansioso para passar o fim de semana ali com ela mais uma vez.

Cheguei primeiro na casa e tive tempo suficiente para lhe preparar uma surpresa. Quando Paulina chegou, senti meu coração palpitar frenético ao vê-la tão linda e radiante, parecia que havia luz ao seu redor. Eu amo o quão bela é sua aura e como sua luz podia iluminar a minha vida. Apenas em vê-la eu já podia sentir meu ser se encher de paz.

— Bem vinda, amor meu! – Dei-lhe um abraço ao recebê-la na sala principal da casa com um ramo de suas flores favoritas, as rosas brancas e ela me sorriu como um anjo ao deixar para trás sua mala e estender seus braços para mim.

— Carlos Daniel! – Suspirou ao me abraçar. – Que saudades... – Nos abraçamos por um tempinho com o intuito de matar a saudade que sentíamos um do outro e logo nos beijamos suave e lentamente, um beijo calmo, quente e cheio ardor.

Ficamos ali por um tempo desfrutando um do outro quando o timbre do meu celular nos interrompeu ao tocar.

— Ah, não atende! – Pediu segurando-me quando me virei para buscar pelo aparelho.

— Não se preocupe, não vou desgrudar de você... Só preciso atender essa chamada. – Sorri e beijei levemente seu nariz.

...

— Pronto!

Senhor Bracho, está tudo pronto! – Disse uma voz masculina do outro lado da linha.

— Já está...?..

— Sim, estamos apenas aguardando-os no lugar combinado. Quando virão?

— Creio que em meia hora! - Olhei para meu relógio de pulso, que apontava 21h. – Tudo está como pedi?

— Sim senhor, está tudo em ordem. Não se preocupe.

 - Ok. Obrigado! – Despedi-me rapidamente, Paulina me olhava curiosa.

— Está tudo bem? – Perguntou ao chegar mais perto, franzindo o cenho.

— Tudo ótimo, meu amor... Melhor impossível! Aliás, está linda!!! – Lhe sorri e segurei sua mão fazendo dar uma volta, depois a beijei com carinho e admirei seu belo rosto. – Não queria ter de estragar esse momento, mas estive pensando se gostaria de caminhar um pouco na praia.

— Agora? – Perguntou sorrindo em surpresa.

— Sim, senhorita. Agora mesmo! Ainda é cedo e faz muito tempo que não vou à praia. E quero respirar um pouco da brisa do mar, caminhar na areia, ver a lua e as estrelas.

— Está tudo bem mesmo? – Perguntou esboçando um pequeno sorriso e acariciou meu cabelo.

— Está sim, minha vida... Por quê? – A abracei pela cintura e devolvi o sorriso.

— Porque nunca o vi falar assim... Mas eu vou adorar caminhar na praia com você... Só preciso calçar algo mais adequado... – Ela disse sorrindo ao apontar para seus saltos altos.

— Tudo bem, mas não demora... – Brinquei puxando-a para mais perto e Paulina deu uma leve gargalhada antes de me beijar com carinho e ternura.

Ela realmente não demorou, prontamente saímos para nosso ‘passeio’ na praia.

...

— Obrigado por me trazer aqui, Lina.... – Já na praia, paramos um pouco. Paulina volteou suas mãos em meu braço e olhou-me fixamente. - Esse lugar é lindo e inspira muita paz. Já tinha vindo algumas vezes a Cancun, mas a grande maioria a trabalho. Já tive participações em alguns hotéis da região. Como foram muito rentáveis, expandi meus negócios para o exterior e comecei a atuar nos Estados Unidos.

— Que bom que gostou, Carlos Daniel... Desde aquela primeira vez que viemos, também pensei que Cancun seria bom para nós. Longe de tudo e de todos.

— Sim, apenas você e eu...está perfeito! – Lhe beijei suavemente e acariciei seu rosto macio. – Te amo!

Nos beijamos mais uma vez e continuamos a caminhar pela areia da praia, deixando que as pequenas ondas de água gelada tocasse em nossos pés até que pude ver que o que havia pedido já estava diante de nós e girei nossos corpos deixando Paulina de costas.

— Espera! Tem algo que não quero que veja agora... É uma surpresa!

— Surpresa? O que você está aprontando, Carlos Daniel? – Perguntou estreitando o olhar.

— Algo que eu espero que você goste, mas vou precisar vendá-la. – Afirmei retirando minha gravata do pescoço, Paulina acompanhou com o olhar.

— Vejo que você premeditou tudo! – Disse sorrindo e fechando os olhos.

— Sim, meu amor, para que tudo saia perfeito. – Coloquei-me atrás de Paulina, que me ajudou a vendá-la segurando a gravata com as mãos à altura dos olhos. Provoquei dando-lhe um beijo rápido em seus lábios e me afastei.

— Carlos Daniel, não consigo ver nada! – Esticou os braços tateando o vazio.

— Essa é a intenção! – Sussurrei ao seu ouvido e gargalhei vendo-a virar-se subitamente em minha direção seguindo as ondas sonoras.

— Vem, amor! - Segurei sua mão e a guiei, estávamos muito próximos e a cada passo que dávamos Paulina me perguntava se já havíamos chegado. A tomei em meus braços e Paulina deu um leve grito ao envolver seus braços em meu pescoço.

— O que está fazendo? – Perguntou sorrindo.

— Não se preocupe. Confie em mim, Lina. Estou te segurando firme e vou pedir que me solte, pois vou colocá-la em outro lugar.

— Confio sim, amor. Cegamente!

Sorrimos com tal afirmação e a acomodei na lancha subindo logo em seguida, sentando-me ao seu lado. Paulina agarrava forte a minha mão.

— Já podemos ir. – Falei ao condutor após cumprimentá-lo.

...

— Te sinto nervosa, amor meu... – Falei ao seu ouvido por senti-la apertar firme minha mão. – Não quero assustá-la...

— Não me assusta... Estou apenas ansiosa, não se preocupe.

— Já chegamos, vou retirar a venda devagar...

* Paulina narrando *

— Carlos Daniel, isso é... Incrível! - Foi o único que eu consegui dizer ao ver o que estava frente aos meus olhos. Estávamos em uma pequena lancha no mar, um pouco afastados da costa e a nossa frente um enorme e luxuoso iate. Tudo muito iluminado, podia ver o azul da água com o as luzes que tomavam toda a sua base.

Carlos Daniel também admirou o grande barco comigo e sorriu com minha reação.

— Sabia que ia gostar! – O abracei e beijei sua bochecha, sentindo uma emoção tomar conta de meu ser. - Vamos entrar! – Passou a mão por minha cintura e me ajudou a subir as escadas do iate.

— É magnífico! – Falei deslumbrada.

— E será todo nosso por esta noite, meu amor! – Disse abraçando-me por trás roçando seus lábios em meu pescoço arrepiando-me. Observei que havia uma movimentação de pessoas.

— Te amo perdidamente, Carlos Daniel! – Rodeei seu pescoço com meus braços dando-lhe um beijo calmo.

— Suponho que esteja com fome, meu amor!

— Sim, muita!

— Nosso jantar já está servido! Então vamos? – Sorri para Carlos Daniel que me ofereceu seu braço e seguimos até a mesa.

Não consigo definir o quão perfeitos foram os momentos que passamos juntos naquela noite, jantamos uma comida deliciosa, pudemos dançar ao som da musica que ali tocava ao vivo apenas para nós dois e ainda brindamos nossa felicidade ao assistirmos ao show de fogos artifícios no mar.

Foi tudo lindo e inesquecível, nos amamos a noite inteira e parecia que não havia mais nada, apenas nós dois e nosso amor ali, no paraíso.

...

~ na manhã seguinte... ~

Despertei com a claridade dos raios de sol iluminando todo o quarto e lentamente abri os olhos. Escutava ao longe o canto dos pássaros, o som inconfundível das ondas quebrando que tanta paz transmite. Girei a cabeça para o outro lado em busca de Carlos Daniel que dormia profundamente. Estava de bruços com os cabelos bagunçados, e os braços abertos na altura da cabeça. Aproximei-me de seu rosto e lhe fiz uma carícia. Seus cabelos negros eram tão macios. Tudo nele me encantava. Observei com afinco cada detalhe de seu rosto. Não me contive em apenas contemplá-lo e toquei com a ponta dos dedos sua sobrancelha cheia e bem desenhada e fiz o contorno de sua face com traços másculos até alcançar seus lábios. O vi agitar-se e ressonar.

— Bom dia, meu amor lindo! – Cumprimentei beijando seu rosto.

— Bom dia, minha vida! – Falou em tom rouco me envolvendo em seus braços e afundando seu rosto entre o meu pescoço e o travesseiro.

— Vamos levantar? O dia está lindo lá fora.

— Não sei se estou desperto ou se continuo sonhando. – Arrancou-me risos com sua afirmação.

— Quero caminhar na praia, tomar um pouco de sol e um banho de mar.

— Hmm... Isso vai ser ótimo! – Sorriu de canto e me lançou um olhar cafajeste, pegou minha mão e a beijou.

— Sei que está cansado, mas precisamos voltar para casa, lá você poderá descansar mais um pouquinho enquanto eu preparar nosso café enquanto, está bem, amor?

— Uhum...!

Beijei Carlos Daniel suavemente nos lábios e nos aprontamos para voltarmos para casa.

Chegando a casa, tomei um banho relaxante e vesti um biquíni, seguido de uma saída de praia. Vi que Sônia, uma senhora que cuida de nossa casa há muitos anos, estava lá e já havia feito o café, sorri ao constatar pelo cheiro que exalou pelo ambiente.

— Bom dia, Sônia! Que bom revê-la! – Cumprimentei-a assim que adentrei a cozinha. Tudo estava praticamente intacto como mamãe deixou. Os detalhes na decoração, os objetos praticamente nas mesmas posições. Cada cômodo, todo canto da casa me lembrava minha querida mãe. Ela veio ao meu encontro com um largo sorriso e ergueu os braços para um abraço.

— Lina, filha, como você está linda! Estava com muitas saudades! – Disse ao me olhar inteira depois do abraço e lhe sorri ficando sem jeito. – Perdoe-me por não esperá-la no outro dia, mas foi a festa da minha padroeira lá na vila e, como você avisou em cima da hora...

— Não se preocupe com isso, Sônia. Está tudo impecável. Vi o arranjo com as gardênias sobre a mesa. Você sempre cuidando dos pequenos detalhes.

— Sua mãe adorava essa flor e quando vocês vinham ela sempre providenciava um arranjo para perfumar o ambiente. Ela pode não estar mais presente fisicamente, Lina, mas farei tudo para que a casa sempre esteja como se ela estivesse aqui, entre nós.

— Obrigada, Sônia! – Abracei-a emocionada.

— De nada, minha querida. Mas, você veio com o seu noivo...e onde ele está?

— Ainda está dormindo. Tem trabalhado muito ultimamente e estava bastante cansado.

— Hmm.. Entendo. Então senta aqui Lina, deixa que eu preparo o café de vocês. Olha o que está no forno. – Disse ao acender a lâmpada do forno elétrico. – Sua torta favorita.

— Hmmm... Torta de maçã! – Suspirei sorrindo e ela assentiu.

— Isso mesmo! Imaginei que gostaria de comer depois de tanto tempo.

— Claro! Não há melhor que a sua! – Rimos juntas.

— Como estão o senhor e a Phia? Eles pretendem aparecer por aqui também?

— Estão bem, mas não sei te dizer se eles virão proximamente...

Permaneci conversando com Sônia enquanto esperava Carlos Daniel descer para tomarmos café juntos.

# Carlos Daniel narrando #

Despertei um pouco mais tarde que o previsto, quando olhei o relógio, já apontava 8h20. Paulina não estava no quarto e lembrei o que ela disse quando tentou me despertar mais cedo.

Sentei na cama e me espreguicei, lembrando-me do sonho que acabara de ter com Paulina. Uma onda de bons sentimentos me invadiu e suspirei sorrindo, já sentia-me descansado o suficiente para fazer todas as coisas que tinha em mente durante esse dia. Conferi meu celular e havia algumas chamadas da minha secretária, imediatamente retornei-lhe e ela disse que tudo estava sob controle.

— “Preciso de uma ducha fria”. – Levantei e olhei pelo quarto, lembrando-me rapidamente que minhas malas estavam no andar de baixo.

Ao descer as escadas, pude sentir o aroma de café matinal que se alastrou pela casa.

— Lina? – Perguntei me dirigindo à cozinha.

— Carlos Daniel!! – Paulina saltou da cadeira chamando minha atenção e vindo de encontro a mim e só então parei imediatamente ao perceber que não estávamos sozinhos.

— Ah...olá...bom dia! – Sorri envergonhado para a senhora e abracei Paulina pelas costas no intuito de me cobrir, pois estava sem camisa. – Bom dia, meu amor! – Dei um beijo em seu rosto ao constatar quão vermelha estava. A senhora sorriu achando graça da situação.

— Sou o Carlos Daniel Bracho, a senhora deve ser...

— Sou a Sônia, prazer em conhecê-lo. – Ela disse meio sem jeito e eu ergui a mão para lhe cumprimentar após vestir rapidamente uma camisa que segurava.

— Sônia já está com nossa família há muitos anos. Ela cuida dessa casa enquanto estamos fora. – Paulina explicou ao sorrir um pouco desajeitada e eu ri ao ver sua reação.

— Prazer em conhecê-la também. Fico feliz que Paulina tenha alguém como a senhora para cuidar tão bem da casa de sua mãe.

— Não é nada, senhor. Mas obrigada. – A senhora agradeceu com um singelo sorriso.

— Bom... Espero que tenhamos oportunidade para conversarmos, agora terei de subir novamente para tomar um banho e preciso levar as malas para o quarto. E peço que me desculpe. Achei que estivéssemos a sós.

— Não tem o porquê se desculpar, meu filho. Garanto que não vi nada. – A senhora nos deu as costas enquanto retirava algo do forno.

Paulina seguiu calada subindo as escadas caminhando em direção ao quarto enquanto a segui levando nossas malas.

— Como que você desce assim, Carlos Daniel? – Reclamou quando entrou porta adentro.

— Desculpe, meu amor, eu não imaginei que estaríamos acompanhados! – Justifiquei deixando as malas no chão do quarto.

— Meu Deus, que vergonha!  - Lamentou com a mão na testa e a outra na cintura.

— Poderia ter sido pior!

— Pior? – Olhou-me abismada.

— Sim! Pois eu poderia estar completamente nu clamando por mais do que fizemos na noite passada... – Brinquei e Paulina de início me olhou espantada, mas logo sua tensão transformou-se em um largo sorriso.

— Você não tem jeito! – Afirmou rendida, me aproximei tomando-a em meus braços e a beijei.

— Não...não tenho mesmo. – A abracei e rocei meus lábios em seu pescoço. – Adorei essa roupa. – Sussurrei ao seu ouvido e ela sorriu largo. Paulina trajava um biquíni preto que estava à mostra sob uma espécie de vestido branco transparente, seus cabelos estavam presos no alto e sua franja para o lado. – Adoro esse estilo praiano e isso já me faz ter em mente muitas coisas.

— Hmm... Você é um pervertido! – Ela riu segurando em meus ombros quando afastou-se o suficiente para me olhar. – Mas também quero muito vê-lo no estilo praiano. – Sorriu travessa e passeou os dedos em meu abdome.

— Verá com roupa praiana e sem também. – Brinquei e lhe beijei suavemente nos lábios. – Sabe... Tive um sonho com você.

— Um sonho? – Perguntou com um largo sorriso.

— Sim! Um sonho!... E quero que se realize mais uma vez. – A abracei pela cintura e olhei no fundo de seus olhos.

— Mais uma vez? – Perguntou franzindo o cenho e retirei sua franja de seus olhos.

— Sim, porque esse sonho foi algo que já nos aconteceu.

— Eu não estou entendendo... – Gargalhou arqueando seu corpo para trás, dando-me a vista de seu belo pescoço e aproveitei para beijá-lo.

— Mais tarde você entenderá, eu prometo.

— Hum...quanto mistério! – Disse estreitando o olhar.

— Garanto que irá gostar. Quer escolher a minha roupa enquanto me banho, meu amor?

— Sim, claro! – Disse sorrindo.

— Vai me esperar aqui?

— Sim, não quero correr o risco de você descer e dar de cara com alguém novamente praticamente pelado. – Ambos gargalhamos. Estávamos felizes. Ela estava feliz.

Segui para uma ducha rápida, logo vesti-me com o que Paulina escolheu e descemos juntos para tomar o café da manhã já posto pela dona Sônia no jardim da casa.

Pude vê-la melhor de dia e realmente é uma casa linda, o jardim ficava em frente da casa, uma mureta dividia o mar e área externa da casa. Uma enorme piscina no meio do espaço gramado e um enorme quiosque, perto da piscina algumas mesas com ombrelones, o café da manhã estava posto em uma delas.

— A mesa está linda, Sônia! Obrigada! – Paulina agradeceu a mulher enquanto eu a ajudava a acomodar-se a mesa.

— Está mesmo e tudo parece delicioso! – Concordei ao acomodar-me também.

— Então espera só até comer, meu amor...

Tudo estava realmente delicioso e saboreamos nosso desjejum enquanto conversávamos e trocávamos carinhos, Paulina se pôs mais calada, pensativa e olhava muito para a piscina a nossa frente.

— Ei... Está tudo bem, minha vida? – Perguntei tocando seu queixo e ela me olhou esboçando um meio sorriso.

— Está sim... – Respondeu segurando minha mão em seu rosto.

— E por que tá com essa carinha?

— É que aqui eu me sinto tão nostálgica...é sempre igual todas as vezes que volto aqui passe o tempo que passar, mas parece que agora se intensificou.

— Converse comigo sobre sua nostalgia, então.

— Minha mãe está em todos os lugares dessa casa. Tudo aqui são lembranças.

— E do que está lembrando agora?

— Ela adorava aquela cascata. – Disse ao olharmos para a cascata de pedras que ficava na base da enorme piscina. – Brincava dizendo que tinha uma cachoeira só dela enquanto ficava em baixo d’água. – Continuava emocionada ao fechar seus olhos e sorri ao também imaginar. – Posso ouvir o som de sua risada. Posso senti-la perto de mim quando estou aqui, me lembro perfeitamente como ela gostava de respirar a brisa do mar sentada na sacada de seu quarto, como o vento batia em seus cabelos lisos e os fazia flutuar. Ela era tão linda! Tudo que eu queria era ser como ela quando crescesse, a admirava tanto... – Toquei seu rosto com meu polegar para enxugar uma lágrima que rolava.

— Sei que é tão maravilhosa quanto ela, meu amor... – Beijei suavemente seu rosto e Paulina abriu os olhos para me olhar.

— Ela era a melhor mãe do mundo! Amorosa, inteligente, corajosa, determinada, paciente... Adorava brincar comigo e Sophia nesse jardim. Tínhamos um pequeno parquinho ali. – Apontou para o outro lado do jardim onde agora só havia um canteiro. – Ah, se eu pudesse voltar no tempo... Teria aproveitado muito mais o tempo que tinha com ela, não viajaria tanto como costumava... Deixaria de fazer muitas coisas para ficar ao lado dela.

— Não pense assim, você fez tudo que tinha que fazer. Pelo pouco que sei, ela era sua maior incentivadora de viagens, estava sempre te dando impulso para seguir sua carreira de modelo. Tenho certeza que ela estava feliz com isso. – Sorri para ela e acariciei seu rosto delicado. – Mas eu te entendo, e entendo muito bem porque sentia o mesmo quando ia a determinados locais que me faziam lembrar a Malu. Ainda acontece e é muito intenso, tanto que não consigo segurar. – Desabafei enquanto segurava suas mãos. Pude ver seus olhos marejados e ela baixou o olhar. - O Mirante era um desses locais. Fiz questão de te levar lá e agora nós estamos aqui, no local onde mais te traz à tona as lembranças da sua mãe. Percebe como a nossa ligação é forte e como buscamos refúgio um no outro?

— Sim, é verdade! Você sempre está comigo nos momentos em que mais preciso. Tudo se torna tão mais fácil com você ao meu lado. – Fui ao seu encontro e ela beijou meus lábios com leveza.

— É isso que eu serei sempre para você, meu amor: a sua fortaleza. Alguém em quem você sabe que pode confiar, que nunca te dará as costas quando precisar. Sempre estarei ao seu lado em toda e qualquer adversidade.

— Te amo, Carlos Daniel... Te amo muito e estou muito feliz por estar aqui com você.

— E eu a ti, minha vida...

~horas depois... ~

 

* Paulina narrando *

Subimos para o quarto e ficamos ali namorando mais um pouco, curtindo um ao outro com palavras amorosas, carinhos, declarações. Estava sendo maravilhoso compartilhar momentos assim com o homem que tanto amo. Em seus braços me sentia segura, acolhida. Sentia como se nada pudesse me atingir. Amava tanto estar ali.

— Tão bom ficar assim...poderíamos viajar todos os finais de semana.

— Eu adoraria, mas você sabe que não podemos nos ausentar tanto assim.

 - Infelizmente não... Por que então não antecipamos nosso casamento?

— Por que a pressa?

— Porque eu quero que você seja a última coisa que eu contemplo ao fechar os olhos e a primeira ao despertar. Eu já não aguento mais a solidão da minha cama, Lina.

— Já falta pouco, amor. Tenha só um pouco mais de paciência. Vamos seguir o rito natural. Eu quero que seja perfeito e quero cuidar de cada detalhe. – Pedi.

— Tudo bem. Será como você deseja então.

— Obrigada por ser sempre tão compreensivo.

— Eu só quero te fazer feliz, vida minha.

— Já me sinto, meu amor. Você me faz sentir a mulher mais feliz e amada do mundo. – me acomodei para poder olhá-lo nos olhos. – O beijei lentamente, desfrutando do seu sabor único ao qual eu já estava tão dependente.

O beijo foi ficando quente e ousado. Eu quis demonstrar através do beijo toda a felicidade que eu estava sentindo naquele momento em tê-lo comigo, ali. Tínhamos uma vida corrida, cada qual com seus negócios e responsabilidades. E muitas vezes eu sentia que o nosso amor ficava em segundo plano de minha parte. A cada dia que passava eu me sentia mais perdidamente apaixonada e que não o correspondia à altura. Hoje, eu não consigo mais me imaginar sem tê-lo em meus dias. Sem seu afeto, carinho, atenção, dedicação, mimos, beijos. Essa noite estava sendo tão mágica e especial que eu precisava senti-lo em sua totalidade. Precisava estar em seus braços.

Coloquei minha mão por sob sua camisa tocando-lhe a barriga e explorei suas costas. Espalmando-a ali o trouxe mais para mim, quando o senti suspirar.

— Não entendo! – Terminamos o beijo e fiquei admirando-o enquanto lhe acariciava os cabelos que lhe caíam na testa.

— O quê não entende? – Indagou fitando-me profundamente.

— Como alguém pôde brincar com você e te enganar da forma mais leviana possível. – Percebi que ainda o incomodava falar nesse assunto porque ele se agitou. A ferida não havia cicatrizado.

— Da mesma forma que não entendo como um cafajeste como aquele pode brincar e te magoar da mesma forma. Existe muita gente má, que não valora os reais sentimentos, amor. E não se dão a oportunidade de sentir isso que estamos sentindo porque são egocêntricas e materialistas.

— Menos mal que existam então. Senão não teríamos nos conhecido. – Afirmei sorrindo.

— Verdade! Antes de te conhecer a minha cama nunca estava vazia, mas o meu coração sim era vazio e já estava acostumado com a solidão, tinha sido muito maltratado e eu me fechei, assim como você também o fez.

— Já percebeu como passamos por coisas parecidas?

— Sim, uma noite dessas em Miami estava refletindo sobre nós e me peguei sorrindo. Creio ser por isso que estamos aqui hoje, meu amor. Passamos pelas mesmas decepções, nos fortalecemos, aprendemos e hoje estamos juntos. Eu já não tinha mais esperanças de ser feliz, mas eis que aparece uma corredora em meu caminho com seu top, sua calça legging fazendo minha vida virar ao avesso.

— Você também bagunçou a minha vida, só que para melhor.

— Ah, sim? Para melhor, é?  - Perguntou dengoso beijando-me a face.

— Muito, muito melhor. – Disse convincente.

...

— Vou buscar um suco. Tem preferência?

— Qualquer um, meu amor. Enquanto isso eu vou tomar um banho, ok?

— O.K.! – Levantei e fui em direção à cozinha para preparar suco para nós enquanto ele entrava no banho.

Preparei um suco de laranja e quando retornei, ele já havia trocado de roupa. Trajava um pijama e consigo havia um cobertor.

— Vem, meu amor. – Assim que coloquei a bandeja com os copos com suco no apoio, ele puxou minha mão, acomodando-me na mesma posição anterior e tratou de me cobrir com o cobertor que trouxera. Esticou-se para alcançar um dos copos. Entregando-me.

— E o seu? Não vai beber?

— Tomarei com você! – Afirmou e fez menção de beijar o meu rosto quando, de repente, ouvimos o timbre do seu celular tocar alto. Ele beijou minha bochecha e rapidamente levantou-se para olhar seu celular, que estava em uma mesa um pouco mais distante da cama.

— Preciso atender essa chamada meu amor, mas prometo que serei breve... - Ele disse quando virou-se após pegar o celular na mesinha e eu lhe fiz um sinal positivo um tanto sem graça, pois não queria que ele atendesse ao telefone nos finais de semana.

Me arrependi no primeiro momento quando ele atendeu a chamada que era por vídeo e era ninguém mais ninguém menos que “Isabel Velasquez”. Ela só poderia estar me provocando, pois qual seria a necessidade de ligar para Carlos Daniel num dia de domingo e em um horário completamente fora do horário comercial?

— “Boa noite Carlos Daniel, desculpe-me o horário. Sei que este não é o melhor momento para falarmos...” – Óbvio que não é!!!— Pensei chateada enquanto ouvia a conversa. – “Mas o dia acabou de começar para mim e eu preciso mesmo te mostrar uma coisa muito importante ainda esta manhã. Estou ligando agora porque só agora também obtive a resposta!” - Pude ouvi-la dizer com total entusiasmo.

— Oi Isabel, não tem problema! Eu disse que para qualquer novidade sobre o nosso projeto me fosse avisado e entendo perfeitamente a questão do fuso horário. – Ele disse com um sorriso e me olhou rapidamente. Não consegui tirar os olhos dele, mas tentei disfarçar e levantei-me indo direto para a penteadeira no intuito de fazer uma skin care.

— Então Isabel, qual é a novidade em relação ao projeto? – Perguntou sentando-se numa poltrona que havia em meu quarto e pude vê-lo através do reflexo no espelho.

— “Eu tenho ótimas notícias!!! Acabo de receber uma ligação da pessoa responsável por um local perfeito para instalarmos nosso centro de desenvolvimento, por isso te liguei em chamada de vídeo quero que dê uma olhada.”  – Eu não acredito que ela ligou para ele para mostrar um local qualquer. Ela não podia simplesmente lhe enviar fotos do lugar?— “Caso você aprove, já posso fechar negócio com ele...” - Carlos Daniel apenas ouvia atentamente o que ela falava, enquanto eu me levantei cadeira e busquei meu celular.

— Muito bom Isabel! O espaço é bem amplo, poderemos dividir em vários setores como queria, a localização também está ótima! Já sei onde pode ficar cada coisa, apenas vamos fazer alguns reajustes e tudo estará pronto para trabalharmos. Está aprovado, peço que faça o contrato com eles o mais rápido possível! - Ele dizia enquanto tentava me olhar e se concentrar em sua conversa com ela, não pude evitar me sentir extremamente incomodada, e ultimamente se tem uma coisa que eu desejo é que esse projeto seja desenvolvido e lançado o mais breve possível, não suporto pensar nessa proximidade entre Carlos Daniel e Isabel.

— “Ok! Então tudo certo, vou conversar com eles para que preparem o contrato o mais rápido possível, qualquer outra novidade te mantenho informado, e mais uma vez desculpa o horário da ligação.”- Ela disse despedindo-se dele.

— Não tem problema Isabel! Mantenha-me sempre informado. – Ele disse e finalizou a chamada olhando-me.

— Meu amor, me desculpa. Eu realmente precisei atender a essa chamada… - Levantou da poltrona e aproximou-se de mim.

— É impressionante como essa mulher sempre tem um assunto de “trabalho” a tratar com você quando estamos juntos. - Desabafei chateada, não podia mais fingir que estava tudo bem quando essa mulher realmente me incomodava.

— Minha vida, não é nada disso! Eu que pedi que ela entrasse em contato comigo caso houvesse novidades. Dubai é muito distante e precisarei me manter inteirado sobre o que acontece lá por telefone e ela é a pessoa que representa os árabes. Trabalhamos diretamente. - Ele disse mais uma vez o que eu já sabia enquanto colocou suas mãos em minha cintura e ia depositando um beijo em meus lábios, mas virei rapidamente meu rosto e ele acabou beijando minha bochecha.

— Carlos Daniel, não pretendia conversar com você aqui sobre isso, afinal estamos numa viagem para nos distrair, para aproveitarmos o pouco tempo que nós estamos tendo juntos, mas sinto que essa mulher passa dos limites. Ela poderia ter perguntado a você se podia receber uma chamada de vídeo, não apenas te ligar assim como se fosse sua… - Ia dizendo mas deixei a frase que, passou pelos meus pensamentos, morrer e desviei meu olhar do dele para um canto qualquer do quarto.

— Meu amor, está com ciúmes? - Ele disse sorrindo enquanto segurou meu queixo fazendo o olhar nos olhos se encontrarem novamente.

— Não e-estou. - Disse desconcertada e me afastei dele. - Não brinque com isso, Carlos Daniel. Se você estivesse no meu lugar entenderia, se Levy me ligasse a essa hora num dia de domingo você também não ia gostar nada…

— Por Deus, Paulina. São coisas totalmente diferentes. - Ele respondeu com uma leve irritação e afastou-se um pouco de mim.

— Por que diferentes? - Virei-me para olhá-lo nos olhos.

— O Levy não teria motivo algum pra te ligar nesse horário.

— Ah, e a Isabel tem motivos suficientes pra te ligar à hora que quiser? Inclusive, ligação por vídeo chamada às onze da noite? - Rebati com uma certa ironia em minhas palavras.

— Meu amor, você está exagerando! Eu já te expliquei. Não vamos estragar o nosso momento com uma discussão tão banal...

— Sinto muito, mas essa “discussão banal” já me deixou bastante irritada.

— Por favor, Paulina! Não torne as coisas mais difíceis. Para mim a pior parte de tudo é ter de fazer essas viagens e que ficar longe de você, estou tentando desenvolver meu projeto em locais mais próximos aqui no país para não ter que ficar tão distante fisicamente de você... - Ele desabafou aproximando-se novamente de mim e tocou meus braços que estavam cruzados.

— Carlos Daniel eu não consigo evitar essa irritação, estava tudo tão perfeito entre nós e agora são sempre essas viagens, essa mul…- Mais uma vez precisei tentar conter minhas palavras. Não queria demonstrar pra ele a enorme insegurança que sentia com relação à Isabel.

— Minha vida, peço que compreenda... Tudo isso vai passar. - Ele disse enquanto envolvia seus braços em minha cintura – Se você me pedisse pra desistir de tudo, assim eu o faria. - Disse e me puxou mais para si.

JÁ QUE É ASSIM, DESISTA!


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo!

Beijosss



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