Te Odeio Por Te Amar escrita por TamY, Mazinha


Capítulo 71
Capítulo 71 - "Precisamos de sua ajuda"


Notas iniciais do capítulo

Oie, meninas! Obrigada por aparecerem aqui e mostrarem interesse pela continuação da história. Eu estou de férias da faculdade e vou tentar finalizá-la durante esses tempos para vcs saberem o desfecho da história. Obrigada de coração a todas.
Este capitulo é dedicado à Gabi. Gabi, obrigada pelo apoio também! ♥



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# Carlos Daniel narrando #

...

— Bom, o contrato com uma grande empresa árabe que estamos celebrando, como você sabe, é muito importante. A sede dela está em Dubai, tendo a filial em Miami, onde nos reunimos. O projeto a ser desenvolvido será na sede e eu precisarei fazer algumas viagens para tomada de decisões e para acompanhar de perto o andamento de tudo. - Expliquei calmamente enquanto Paulina me olhava.

— Hmm… Entendo. Então, consequentemente vamos ficar menos tempo juntos. - Disse baixando seu olhar.

— Estaremos longe por algumas vezes, mas eu garanto que nosso relacionamento não será afetado por causa dos negócios. Tentarei estar com você o máximo que puder e você também pode me acompanhar quando quiser. - Argumentei segurando levemente seu queixo, fazendo-a me olhar novamente.

— Carlos Daniel, a questão não é querer acompanhar você. - Disse Paulina sentando-se sobre a cama, olhando-me. - Não sei se poderei sair do país por muitas vezes e deixar o trabalho e minha família.

— Tudo bem meu amor, não vamos discutir sobre isso agora. - Sentei-me de frente a ela e segurei sua mão. - Quero que entenda que essas idas e vindas serão necessárias, eu precisarei acompanhar pessoalmente pelo menos o início e depois poderei decidir tudo daqui. - Esclareci com o intuito de encerrar o assunto naquele momento para evitar que tivéssemos uma discussão.

— Tudo bem. Mas… Temo que você precise se mudar para Dubai e eu não possa acompanhá-lo, nem como sua esposa. - Ela proferiu em tom preocupado e a olhei sem entender.

— Por que está dizendo isso? - Perguntei intrigado.

—  Porque sinto que minha família não pode ficar sem mim… Mas, bom… Eu acho que é melhor não falarmos sobre isso. Vamos apenas aproveitar esse momento que temos aqui. Quero que conheça um pouco da minha história aqui em Cancun. Vou te contar tudo sobre minha mãe e sobre o tempo que passamos aqui nessa casa. - Paulina disse ao abraçar-me, mudando seu humor para mais animada e correspondi o seu abraço.

 

Após um par de dias, retornamos juntos para a Capital. 

 

Alguns dias depois...

Quando adentrei os portões de casa, notei que havia um carro familiar estacionado. Familiar mesmo, pois era um dos carros dos Bracho, cumprimentei o chofer com um aceno de cabeça.

“Será que a vovó está bem?”— Pensei ao adiantar os passos para dentro da casa.

Matilde, como sempre, já me esperava no hall, mas dessa vez não estava com seu habitual sorriso no rosto, naquele instante senti meu coração gelar por pensar que algo poderia ter acontecido com a vovó.

— Matilde, aconteceu alguma coisa? – Perguntei-lhe seriamente e ela cruzou seus braços olhando em direção a sala de estar. – A vovó está bem?

— Está tudo bem, não se preocupe. – Sussurrou e tocou em meu braço. – É que a sua mãe está aqui, quis avisá-lo logo para não ser tomado em surpresa.

— O quê? – Perguntei sentindo-me já irritado. – O que ela está fazendo aqui?

— Eu não sei, ela disse que quer conversar com o senhor.

— Era para você ter me ligado, Matilde. E eu não viria para casa agora.

— Sinto muito senhor, mas não faz muito tempo que ela está aqui.

— Tudo bem... - Respirei fundo e afrouxei a gravata tentando diminuir a tensão que já sentia e caminhei até a sala.

Ela não havia percebido que eu já estava ali, estava andando lentamente pela sala analisando cada detalhe, vi quando passou o dedo por um dos móveis e conferiu se estava realmente limpo.

— O que foi dessa vez? – Perguntei com frieza e ela me olhou rapidamente.

— Boa noite para você também, meu filho! – Disse enquanto caminhava até mim.

— Aconteceu algo grave? Porque se não, não deveria ter tido o trabalho de vir até aqui. – Eu disse ao aproximar-me da garrafa de uísque, despejando um pouco num copo.

— Sei que não o agrada a minha presença aqui, mas preciso conversar com você. Já que não me atende em seu escritório, decidi vir aqui mesmo sabendo que também correria o risco de não ser bem recebida.

— Poderia ter ligado, ao invés de ter vindo de tão longe para conversar. – Rebati ao tomar de uma vez a bebida, logo enchendo o copo novamente.

— Liguei, mas você não me atende! – Exclamou seriamente, chamando a minha atenção.

— Então o que deve ser tão importante assim para que tenha vindo aqui pessoalmente? – Perguntei desdenhando e sentei-me no braço do sofá que estava perto.

— É sobre a empresa de seu pai. Eu estou muito preocupada. – Disse sentando-se perto de mim, tomei mais um gole da bebida e meneei a cabeça. “Ela mesma fazia questão de dizer que a empresa estava em ótimas mãos. Agora está preocupada com a empresa? Que diabos anda passando na cabeça dela?”

— Não tenho nada a ver com isso. – Respondi sem interesse e levantei-me indo novamente em direção a garrafa de uísque. – Ou você não se lembra mais de quem me disse essa mesma frase?

— Você tem a ver sim, afinal você é um Bracho! Esqueceu disso também?

— Acredite, se eu pudesse, esqueceria. – Desdenhei mais uma vez ao encher novamente o meu copo.

— Sabemos que não diz isso com o coração. – Ela disse em tom mais suave e baixou a cabeça.

— E então, o que veio fazer aqui, mamãe?

— Vim por causa disso. – Levantou-se e estendeu alguns papéis em minha direção. – Quero que dê uma olhada.

Peguei rapidamente aqueles papéis da mão dela e li em seu conteúdo. Tratava-se do histórico financeiro da empresa ...

— Mas o que significa isso? – Perguntei completamente indignado, apontando os papéis para ela.

— Significa que eu deveria ter ouvido você antes. – Inspirei e meneei a cabeça, começava a ficar preocupado com o que acabara de ver e ela se aproximou de mim. – E em primeiro lugar eu quero te pedir desculpas. Me perdoe por não ter acreditado quando você tentava me abrir os olhos.

— O que quer dizer com isso?

— Quero dizer que tudo isso aí – Apontou para os papéis em minha mão. – ...é coisa do Alex. – Dizia já em lágrimas, eu não estava tão surpreso com os desfalques que haviam naquela conta bancária, mas sim com o seu pedido de desculpas repentino.

Eu não tinha palavras para respondê-la naquele momento, apenas fiquei parado olhando-a enquanto ela chorava e também me olhava. Quando ouvimos o timbre do meu celular e o tirei do bolso do terno, o visor indicava “Paulina”, senti certo alívio por algo estar desviando a minha atenção naquele momento e atendi rapidamente a chamada.

— Alô. – Respondi quase sem voz e olhei novamente para minha mãe, que caminhava até o lado oposto da sala, enxugando seu rosto com um lenço.

Oi, meu amor. Boa noite, como está?

— Estou bem, Lina... – Respondi rapidamente e afastei-me mais de Antônia.

— Está mesmo? Sua voz está estranha... O que houve?

— Nada! Eu...eu estou bem!

— Eu te conheço muito bem para saber que não.

— Não se preocupe, meu amor, eu só não posso falar muito agora... te ligo daqui a pouco, está bem?

— Sim, mas...onde você está?

— Estou em casa. Cheguei há pouco. Eu te ligo. Um beijo. – Desliguei rapidamente incomodado ao ter de falar com Paulina na presença de minha mãe.

[...]

— Vocês estão bem?

— Estamos MUITO bem. – Respondi sem lhe dar detalhes.

— Que bom, me alegra saber. – Ela disse ao aproximar-se novamente e agora sorria. – Sei que essa moça te faz muito feliz, você não sabe, mas isso é algo muito óbvio e fácil de se notar e....

— Por favor, diga porque veio aqui. Estou muito cansado e não quero prolongar a conversa.

— Precisamos da sua ajuda, filho. Aconteceu isso com a empresa e tudo desencaminhou. Temo que precisemos decretar falência se as coisas continuarem assim ou ficarem piores e você sabe que esse é o nosso único sustento, mal pudemos cobrir os gastos desse mês.

— Minha ajuda...! Agora precisam de minha ajuda.

— Não fale assim, Carlos Daniel, por favor...eu...eu estava enganada. Por favor, não me martirize mais.

— Onde ele está?

— Não sei! Não sabemos dele há algumas semanas.

— Mas é muito pilantra mesmo. Não me surpreende.

— Por favor, diga que vai nos ajudar! 

— Vá a um banco, você pode pedir um empréstimo e consertar isso.

— Eu já o fiz, três bancos se negaram. É muito dinheiro, Carlos Daniel, não há como...

— Boa noite...! – Escutei a voz de Paulina e olhei em direção à porta. Ela estava parada próximo à entrada.

— Boa noite, Paulina! – Antônia cumprimentou-a indo ao seu encontro.

— Boa noite, Antônia! Como está? – Indagou olhando para mamãe e logo em seguida para mim com certa apreensão.

— Bem, na medida do possível! – Lançou-me um olhar.

— Oi, meu amor! Que surpresa! – Cumprimentei Paulina estendendo-lhe a mão, ela retribuiu o gesto e logo em seguida beijou meu rosto e me abraçou. 

— Eu estava passando por perto e resolvi conferir se está tudo bem mesmo. – Ela disse com um doce sorriso e acariciou meu peito com uma das mãos.

— Não se preocupe, está tudo bem, Antônia apenas passou para conversar e...

— Já estou de saída! – Antônia completou minha frase e Paulina nos olhou sem entender.

— Espera um pouco. – Pedi fazendo-a me olhar surpresa. – Estarei lá amanhã com o Rodrigo e veremos o que pode ser feito.

— Tudo bem. Obrigada, filho. Sabia que podia contar com você. – Aproximou-se mais de mim e Paulina, beijou meu rosto e sorriu para Paulina. – Até amanhã.

—Até! – Despedi-me.

— Eu te acompanho, Antônia. – Paulina a acompanhou até a porta.

Tirei o terno e servi-me com mais uma dose de uísque enquanto refletia sobre o que havíamos conversado. Não sei definir se estava feliz por finalmente terem descoberto a verdade e acreditado em mim e nas coisas que eu dizia ou se estava com raiva por aquele infeliz expor a minha família a esta circunstância. Eu não sabia da gravidade da situação, mas para Antônia ter chegado ao ponto de me pedir ajuda humildemente sem a arrogância  que estava acostumado, imagino que seja calamitosa.

Fui tirado de meus pensamentos quando Paulina retornou à sala e parou em minha frente.

— Desculpe-me Lina, eu não falei com você direito ao telefone, Antônia e eu estávamos tendo uma conversa muito séria, ainda me sinto tenso com isso. – Respirei fundo e engoli de uma vez a bebida do copo.

— Não se preocupe, Carlos Daniel. Eu entendo, não sabia que ela estava aqui, mas fiquei preocupada pelo tom da sua voz. – Ela disse em tom compreensível enquanto acariciava minha barba por fazer.

— Não sabia que me conhecia tanto assim... – Sorri sem graça e tirei uma mecha de cabelo do seu ombro.

— O conheço mais do que imagina. – Sorriu enquanto me olhava intensamente e desceu sua mão para a minha gravata. – Tanto que sei que precisa relaxar um pouco, vem, vamos lá para cima e eu o ajudarei. – Ela tirou o copo de minha mão antes que eu fizesse menção de enchê-lo novamente, apenas assenti com a cabeça e a acompanhei até meu quarto.

— Você é um anjo de luz em minha vida. – Declarei ao sentar-me na cama e puxá-la para sentar sobre minha perna. Senti minha cabeça pesada, mas não me importava com tal sensação, apenas queria tê-la mais perto para abraçá-la forte.

Paulina me beijou suavemente nos lábios após esboçar um meio sorriso, depois acariciou meu rosto e enterrou as mãos em meus cabelos em um delicioso cafuné.

— É bom tirar essa roupa e ir tomar um banho quente. – Disse enquanto ainda acariciava meu cabelo e em seguida fez menção de levantar-se.

— Não, não levante ainda... quero ficar assim, abraçado com você, estou morrendo de saudades. – Eu disse volteando meus braços em seu corpo quando ela sentou novamente em meu colo e ela me correspondeu. – Estava mesmo passando por perto? – Perguntei afastando-me o suficiente para olhá-la nos olhos.

— Não, eu já estava a caminho. – Respondeu meiga. – Queria fazer uma surpresa, pensei em sairmos para jantar ou irmos dançar para aproveitarmos o tempo que ainda teremos juntos, mas quando percebi que algo estava acontecendo, vim o mais rápido que pude.

— Que bom que você veio, minha vida... – Sorri, peguei sua mão que espalmava o meu peito e beijei o dorso. – Estava pensando realmente em te pegar em sua casa para jantarmos juntos, mas não foi como pensei. – Lamentei.

— Não se preocupe, meu céu... Podemos jantar aqui mesmo, amanhã faremos algo. – Ela disse levantando-se devagar enquanto segurava minha mão.

— Amanhã terei de ir a La Marquesa bem cedo. – Levantei-me sentindo um gosto amargo na boca e desfiz de uma vez o nó da gravata. – Preciso ligar para a minha secretária para ainda hoje providenciar um helicóptero e falar com Rodrigo para ir comigo. – Senti uma pontada mais forte na cabeça e a segurei com as mãos, deslizando-as por meus cabelos, Paulina aproximou-se mais e me olhou seriamente.

— Está tudo bem, Carlos Daniel?

— Estou com muita dor de cabeça. – Respondi brevemente e comecei a desabotoar minha camisa.

— Quando foi a sua última refeição?

— O almoço. – Eu disse ao olhá-la rapidamente retirando a camisa.

— Precisa comer algo imediatamente, vou pedir que preparem seu jantar.

— Obrigado, meu amor... O que eu faria se não fosse você...? – A abracei forte e beijei-lhe o pescoço, fazendo-a sentir algumas cócegas.

— Por que não vai para o banho enquanto eu peço seu jantar e providencio uns analgésicos para você? – Pediu Paulina ao acariciar meu peito nu, tomei suas delicadas mãos e as beijei.

— Sim, senhora Bracho! – Brinquei tocando a pontinha do seu nariz e ela logo corou.

— Senhora Bracho? – Perguntou ainda vermelha.

— Sim, a minha futura esposa. – Sorri um pouco sem graça, tentei contornar o que estava sentindo para não preocupá-la, mas estava extremamente chateado com a situação que descobri há pouco.

...

Tomei um banho quente como Paulina havia sugerido e vesti uma roupa confortável para dormir, Matilde trouxe nosso jantar e comemos na sacada do quarto, depois tomei alguns analgésicos que Paulina me deu para a dor de cabeça. Paulina não me perguntou absolutamente nada do que minha mãe e eu conversamos, mas era muito óbvio que se preocupava pela maneira que me olhava e perguntava se eu me sentia melhor.

Enquanto Paulina arrumava a cama para deitarmos, fui até a sacada novamente e  liguei para Rodrigo, que me atendeu prontamente.

— Rodrigo, preciso que cancele todos os seus compromissos de amanhã para me acompanhar até La Marquesa.

— La Marquesa? O que faremos lá? – Perguntou em tom surpreso.

— Iremos à fábrica Bracho. Preciso que analise um e-mail que acabo de te enviar antes de irmos, prepare um contrato e consiga com o banco a liberação de, pelo menos, dez milhões para o mais rápido possível.

— DEZ MILHÕES? – Perguntou exasperado. – O que fará com dez milhões?

— Vou comprar uma parte das ações.

— Tem certeza que fará isso? Valerá a pena? Porque se se tratar de um investimento, tudo bem, mas se não vai deixar uma grande lacuna nas suas finanças...

— Não tenho certeza, mas preciso fazê-lo, amanhã te explico tudo melhor. Mas analise os documentos que enviei por e-mail e amanhã conversaremos melhor sobre isso. – Respondi em tom frio desliguei a chamada. 

Engoli em seco, ele tinha toda razão e sempre fomos muito cautelosos quanto aos investimentos como holding, por isso que ele é o meu braço direito e sócio nos negócios. 

Eu realmente precisaria pensar muito bem antes de aplicar tanto dinheiro na fábrica Bracho, mas por enquanto queria pensar que essa seria a possibilidade mais viável, principalmente para mim.

Quando retornei ao interior do quarto Paulina não estava e notei que estava no banheiro escovando os dentes, vestia um robe cor perolado e seus cabelos estavam presos no alto, já não usava mais maquiagem. Sorri ao notar o tanto de produtos de beleza feminina que continham sobre a pia e dentro de meu armário e ao vê-la tão linda distraída ao olhar seu celular e escovar os dentes.

— Como consegue escovar os dentes enquanto digita no celular, meu amor? – A abracei por trás e beijei seu ombro, peguei minha escova ainda abraçado a ela e coloquei um pouco de creme dental.

— Da mesma forma que consegue escovar enquanto me abraça. – Respondeu enquanto me olhava através do reflexo do espelho. – Como está a dor de cabeça? – Perguntou ao concluir o que fazia e esperou que eu também terminasse.

— Ainda dói. – Respondi sinceramente.

— Meu amor, quero pedir uma coisa... – Disse ao puxar-me para o quarto novamente.

— O que quiser, minha vida. 

— Quero que diminua as doses do uísque. – Sentamos na cama e ela me olhava fixamente enquanto ainda segurava minha mão.

— Por que, meu amor? Isso não faz mal algum, ao contrário, é até recomendado por conter propriedades medicinais. – Brinquei ainda estando um pouco sem graça.

— Eu sei, meu amor, por isso peço apenas para moderar mais na quantidade que ingere, não gosto quando toma em excesso, afinal é uma bebida alcóolica.

— Não se preocupe, Lina. Não tomo tanto assim, apenas quando encontro motivos para exagerar. Mas está bem, prometo que vou tentar diminuir a quantidade. – Lhe sorri e beijei sua delicada mão.

— Eu te amo, meu amor... – Disse me abraçando forte.

— Alex desviou uma enorme quantia em dinheiro das finanças da empresa e sumiu. – Desabafei ainda no abraço de Paulina e ela me apertou mais forte, depois se afastou um pouco do abraço para me olhar nos olhos. – Antônia veio me pedir ajuda. São quase trinta milhões desviados.

— Meu Deus, Carlos Daniel... Por que ele fez isso? 

— Ele é um mal caráter, um vagabundo que só pensa em dinheiro. Confesso que isso não me surpreendeu tanto.

— E agora, o que acontecerá?

— Eu não sei, ela disse que não sabe dele há algumas semanas. Parece que fugiu. Mas ele não vai se safar dessa, logo a polícia o encontrará.

— Vai denunciá-lo? – Ela perguntou com o semblante assustado.

— Eu ainda não sei, mas vontade não me falta. Aquele miserável precisa aprender uma lição de uma vez por todas e a falta desse dinheiro pode arruinar de uma vez os negócios da família.

— E o que você vai fazer?

— Vou comprar algumas ações para tapar um pouco o buraco que ele deixou até que consigamos resgatar o dinheiro, depois não sei o que farei.

— Vai ajudá-la... – Paulina esboçou um sorriso e me lançou um olhar orgulhoso.

— Não tenho outra escolha... – Respondi pensativo ao deitar-me na cama e Paulina fez o mesmo, apoiando sua cabeça em meu peito. – Mas quando eu o fizer, estabelecerei algumas condições e terá de ser do meu jeito. – Completei com certo rancor.

Paulina levantou a cabeça e a apoiou em seu cotovelo sobre a cama enquanto me olhava pensativa.

— Você disse que já esperava uma atitude dessa de seu irmão. Por que não tentou intervir antes de acontecer? – Imitei sua posição.

— Porque eu não tenho mais nada a ver com isso. Meu pai deixou a fábrica para os filhos, dentre outros bens, mas com o Alex eu não quis geri-la e ele não abriu mão de sua parte, então eu precisei abrir mão da minha. Aquele ditado ‘os incomodados que se mudem”. – Sorri sem jeito. 

— E o que sua mãe dizia disso tudo?

— Minha mãe nunca aceitou isso, mas eu sempre a alertava sobre o caráter de seu filho querido e ela me repreendia e se punha contra mim. Então, decidi abdicar dos negócios da família para construir os meus e quando o fiz, ela disse que eu não deveria mais dar nenhum palpite sobre nada que tivesse relação com os negócios do meu pai, pois acabara de lhe dar um desgosto e não sabia o que estava fazendo, mas aquela escolha havia sido minha. – Baixei o olhar e sorri em ironia. – E agora, olha só como o mundo gira...

— É isso que mais o machuca, não é? – Ela perguntou acariciando meu rosto, senti meus olhos arderem um pouco, mas tentei não demonstrar fraqueza em meus gestos.

— Tudo que eu sempre lhe dizia era para que ficasse alerta, que não se deixasse levar por ele, mas ela confiava piamente. Eu deveria estar feliz por ter razão no fim das contas, mas não consigo me sentir satisfeito, ao contrário, estou aflito, angustiado, me sinto despeitado.

— Você é um homem bom, meu amor... É normal que se sinta assim, mas não se preocupe que vai ficar tudo bem! Procure ver o lado bom nisso. – Ela disse baixinho. Suspirei fundo e Paulina entrelaçou sua mão na minha.

— E há um lado bom nisso? – Perguntei desanimado e deitei novamente nos travesseiros, fitando o teto.

— Sim! Sua mãe e você! – A olhei rapidamente e Paulina sorriu docemente feito um anjo.

No dia seguinte…

 

Como combinado, eu e Rodrigo seguimos de helicóptero até La Marquesa, com o intuito de chegarmos o mais rápido possível para tentarmos resolver tudo de forma rápida, pois tudo foi uma surpresa e eu tinha outros negócios a cuidar antes de voltar à Miami.

Ao chegar na Fábrica Bracho, Antônia já me esperava em sua sala. Estava com semblante ansioso e apreensivo. Levantou-se rapidamente ao nos ver e pediu que nos sentássemos.

— Laura, por favor, nos traga café e água. - Pediu a sua secretária, que prontamente assentiu e saiu.

— Seremos breves. Não temos muito tempo para conversarmos agora. - Eu lhe disse ao sentar-me frente a ela, que me olhou sem entender.

— Carlos Daniel precisará viajar hoje a noite e só viemos aqui para ajustarmos alguns termos do contrato. - Explicou Rodrigo retirando uns papéis de sua maleta, colocando-os de frente a Antônia.

— Estou disposto a ajudar com 10 milhões para cobrir uma parte do que foi desviado, a princípio. Isso vai ajudar um pouco a controlar as finanças, no momento. 

— Meu filho Carlos Daniel, eu sabia que você não nos deixaria… 

— Esse valor não é uma caridade… - Interrompi Antonia, antes que ela pensasse alguma besteira. - É apenas um empréstimo que estou fazendo, logo mais quero que esse valor se converta em parte das ações da fábrica em meu nome. - Expus brevemente enquanto Antônia me olhava com atenção. - O Rodrigo vai explicar todos os termos do contrato, inclusive o restante dos valores a serem transferidos, mas tudo isso só acontecerá com uma condição. - Disse-lhe de forma direta.

— A fábrica deverá passar por uma investigação. Quero que o Alex deixe os negócios da família e explique todo o dano que causou à Fábrica Bracho, voltando imediatamente e devolvendo o dinheiro. Se ele não voltar no prazo que eu vou estipular, vou denunciá-lo à polícia.


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Notas finais do capítulo

CONTINUA...



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