Te Odeio Por Te Amar escrita por TamY, Mazinha


Capítulo 67
Capítulo 67 - Ciúmes


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas, como vão? Espero que bem :)
Aí está mais um capítulo pra vcs! Quero frisar que vou tentar resumir de agora em diante para poder finalizar a história mais rápido.

Boa leitura! :*



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# Carlos Daniel narrando #

— Isabel Velasquez, a nova representante dos árabes. -  Lhe sorri cordialmente e apertei sua mão cumprimentando-a.

— Exatamente. E esses são Henry Donald, Josh Gardner, Paul Dempsen e Samir Kader, eles são nossos sócios e irão trabalhar conosco no projeto. - Disse apresentando-me os homens que estavam ainda de pé me olhando. Cumprimentei a todos igualmente e sentei-me na cadeira que me indicaram.

— Hoje apenas vamos conversar um pouco, jogar conversa fora, nos conhecermos. – Disse Isabel sorrindo.

— Aceita uma cerveja, Carlos Daniel? – Perguntou Josh.

— Não, obrigado. Estou bem assim. – Respondi educadamente e eles se entreolharam.

— Vamos, aceita pelo menos uma, não se preocupe com formalidade agora, se é com isso que está preocupado. Todos aqui estamos apenas batendo papo. Tivemos um dia puxado e momentos assim são os quais aproveitamos para relaxar. – Disse Isabel tocando meu ombro enquanto sorria.

— A Isabel está certa, não é um jantar de negócios, estamos apenas descontraindo. – Disse Samir com um sotaque um pouco carregado.

— Tudo bem, eu aceito uma cerveja então. – Aceitei a bebida para não ser mal-educado e me pus a olhar o menu, eles apenas estavam me esperando para que pudéssemos fazer o pedido.

Comemos uma comida deliciosa e conversamos bastante sobre o quão positivos todos estavam com a realização do meu projeto, todos estavam muito empolgados, pois disseram que é um dos melhores projetos que já trabalharam e que estavam ansiosos para darmos logo início. Me disseram que convocarão algumas pessoas da imprensa para registrarem e publicarem quando fecharmos contratos e para isso, sim, haveria um jantar de negócios oficial. Eles pareciam estar realmente satisfeitos com a nova parceria, o que me surpreendeu bastante, pois eu sabia que esse negócio seria muito bom, mas não imaginava que estariam tão fascinados.

...

— Nos encontramos aqui no lobby do hotel então amanhã às sete? – Perguntou Henry após sairmos do restaurante.

— Sim, às sete em ponto estarei aqui. – Disse Isabel enquanto olhava para um relógio dourado em seu pulso. – Todos estamos hospedados neste hotel, nos encontramos e saímos juntos para o escritório, temos dois motoristas que estão a nossa disposição, mas amanhã teremos mais um para seu uso exclusivo. O Saul, ele também é mexicano.

— Tudo bem, obrigado Isabel. – Respondi cortês e olhei para o visor do meu celular, que indicava quase meia noite. – Tenham uma boa noite. – Despedi-me de todos, que seguiram para outro lado do hotel, exceto Isabel, que me acompanhou dizendo-me que seu apartamento ficava um andar abaixo do meu.

“Paulina já deve estar dormindo”. Pensava ao conferir meu celular na caixa de mensagens de Paulina, a qual havia uma nova mensagem com uma foto dela deitada em sua cama, de uma hora atrás, abraçada ao travesseiro com a legenda: “Saudade, te amo”. Respondi com a esperança de encontrá-la ainda acordada: “Que inveja desse travesseiro. ” E sorri ao imaginar a risada de Paulina ao ler tal mensagem.

— Até amanhã, Carlos Daniel... – Fui desperto de meus devaneios com a voz de Isabel, que riu do meu susto. – Estava aí tão entretido que até esqueceu que estava acompanhado. – Brincou e lhe sorri sem graça.

— Ah, me desculpe Isabel... Boa noite. – Ela desceu no 14º andar e esperei o ascensor subir mais um para que eu também descesse.

Paulina não me respondeu, provavelmente estaria mesmo dormindo, aproveitei que ainda não era tão tarde no México e liguei para Rodrigo.

— E então Rodrigo, conseguiu falar com a Paulina? – Perguntei quando ele atendeu a chamada.

— Consegui sim, Carlos Daniel! Estava prestes a te enviar uma mensagem para ver se ainda estava acordado.

— Estava jantando com uns sócios, acabei de voltar para o quarto. Mas e então, o que conseguiu descobrir?

— O incêndio foi mesmo muito feio. Em uma vila perto da fábrica dos Martins. Houve algumas vítimas fatais e as casas estão destruídas. Eles perderam tudo mesmo. Pedi que o Lúcio averigue melhor e cuide de tudo enquanto eu estiver fora, mas já vou deixar tudo encaminhado. Parece que o terreno deles não é legalizado e eles deveriam sair de lá há muito tempo, mas não saíram por não terem para onde ir. Não sobrou quase nada além dos muros das casas, o resto está convertido em cinzas.

— E sabe-se a causa desse acidente?

— Não é certo ainda, mas parece que foi alguém grande que provocou esse acidente, provavelmente alguém que quer ocupar o terreno deles. O terreno é muito bom e grande e tem uma boa localização, pode-se até construir um prédio comercial ali, se quiserem.

— Mas por que fazer uma coisa dessas com essa gente? – Perguntei pondo-me indignado ao imaginar no que um ser humano pode ser capaz de fazer por ambição.

— Eles já foram ameaçados antes, mas não saíram de lá, pelo que descobri, foram avisados que se não saíssem por bem, sairiam por mal e eles pagaram para ver.

— Bom, se puder, veja quem é o responsável por esse terreno e como podemos fazer para comprá-lo e legalizá-lo, depois veja com o Lúcio se consegue mais algum patrocínio para a reconstrução das casas e mantenha-nos informados sobre qualquer novidade.

— Sim, pode deixar. Você sabe que isso pode demandar algum tempo até que consigamos fazer tudo, não é?

— Sei sim, mas o que puder ser feito de imediato para ajudar esses coitados, faça-o.

— Está bem. E sobre o menino que quebrou a perna, comentei com Patrícia, que imediatamente contatou uns colegas, um deles é cirurgião ortopedista e se dispôs a ir até onde o menino está internado para ver como está a situação dele e, se possível, operá-lo. Quanto a isso, pode deixar que eu e Patrícia ajudamos e damos a assistência que ele precisar, ele precisará ser transferido e já estamos resolvendo isso.

— A Paulina vai ficar muito feliz ao saber disso. – Respondi em tom agradecido e sorri, pelo menos existem pessoas com bom coração dispostos a ajudar quem não tem nada e, sem dúvidas, Rodrigo e Patrícia são pessoas de bom coração.

— Amanhã vou até a fábrica dela para conversarmos melhor e o mantenho informado. Logo mais estarei embarcando para Miami com a Patrícia.

— Está bem, então amanhã nos falamos. Agora vou descansar um pouco, estarei cedo na EMC (Emirates Motors Corporation).

— Ok. Boa noite.

Desliguei o celular e tirei toda a minha roupa, estava tão cansado que nem sequer me dei ao trabalho de vestir algo de dormir.

...

>> Dia seguinte

* Paulina narrando *

Mensagem recebida de: Amor

< “Bom dia, meu céu, como você está? Desculpe-me por não conseguir esperá-lo voltar, estava tão cansada que acabei dormindo com o celular na mão. E sobre o travesseiro... Ah, eu gostaria muito que ele fosse você! Bom, você deve estar dormindo ainda e hoje eu vou mais cedo para o trabalho. Espero falar com você logo, meu ursinho. Estou com saudades, tenha um lindo dia. Eu te amo. Muack! “>

Enviei uma resposta em mensagem de áudio para Carlos Daniel antes de entrar no banho. Arrumei-me rapidamente e segui para a fábrica, pois havia muito trabalho a fazer nesse dia.

... > Fábrica dos Martins

...Paulina, o doutor Paiva está aqui para falar com você. – Disse Branca quando me ligou referindo-se a Rodrigo.

— Peça que ele entre, Branca, por favor. – Pedi já pondo-me de pé para receber Rodrigo em minha sala.

...

— Oi Paulina, bom dia. – Ele disse ao adentrar a sala.

— Bom dia Rodrigo! – Cumprimentou-me com um beijo no rosto e lhe fiz um gesto para que se sentasse.

— Paulina, tenho novidades para você sobre os refugiados. Estou buscando pelo responsável do terreno da vila para propor-lhe um acordo, se tudo der certo, compraremos o terreno e o legalizaremos.

— Que notícia maravilhosa, Rodrigo! – Respondi esboçando minha alegria com um largo sorriso.

— Sim, mas temos um problema, pois parece que esse incêndio não foi um acidente.

— Mas como assim? Você acha que foi um ato criminoso?

— Sim, eu acredito que alguém tenha feito isso para tirar aquelas pessoas de uma vez das casas.

— Nossa, mas isso é muita crueldade Rodrigo... Pessoas ali morreram por causa desse incêndio, há crianças nas famílias... – Eu disse agora com um grande pesar e ele me olhou seriamente.

— Sim, Paulina, eu concordo com você... Parece que há um bom tempo eles deveriam ter saído de lá, já foram ameaçados por diversas vezes mas não saíram e acabou acontecendo essa tragédia.

— Coitados... E você acha que vão aceitar vender o terreno?

— Estamos com uma ótima oferta, para um terreno sem legalização estaria ainda acima do que outros poderiam lhes oferecer, então eu acredito que sim, mas se realmente a informação que eu tenho estiverem corretas, não vai ser nada fácil lidar com essas pessoas e conseguir ter a posse do terreno.

— Entendo. Espero que dê tudo certo, pois me aperta o coração vê-los naquela situação. Eles não têm para onde ir.

— Sim, eu sei... Mas faremos o possível para ajudá-los, o Carlos Daniel dispôs de uma boa quantia para os donativos e para todo o trâmite da coisa.

— Oh meu Deus, eu não sei nem o que dizer, Rodrigo. Como agradecê-lo... – Eu lhe disse emocionada e Rodrigo sorriu de canto.

— Carlos Daniel é um bom homem, tenho certeza que está fazendo isso com prazer, ele sempre gostou de ajudar os outros. Não seriam os primeiros nem os últimos ajudados por ele.

— Eu... Eu não sabia que ele faz esses tipos de coisa por outras pessoas. – Eu disse sentindo-me surpreendida pelo que acabara de descobrir e Rodrigo sorriu ao erguer uma sobrancelha e estender uma pasta com uns documentos em minha direção.

— Carlos Daniel sempre ajudou as pessoas, há muito tempo ele faz doações anônimas para instituições de caridade, desde a morte de sua irmã ele tem se tornado um filantropo nato. Porém é muito discreto e não gosta que as pessoas saibam disso.

— Pois é, eu não sabia nada disso. – Lhe disse com um sorriso de admiração e ele sorriu de volta.

— Há muitas coisas que muitos não sabem, ele sempre se fez de frívolo com os outros, mas quem o conhece bem sabe que tem um coração de manteiga. – Brincou.

— Sim, ele é um homem incrível. – Respondi enquanto buscava uma maneira de retribuir-lhe por tanto, principalmente por ser um homem tão maravilhoso.

— De fato. – Disse observando-me.

— Você o conhece muito bem, não é?

— Sim, um pouco. São muitos anos de parceria. – Sorriu e fomos interrompidos por Branca, que nos trouxe um café rapidamente. – Ah Paulina, já ia esquecendo. Minha esposa é médica, conversei com ela sobre o menino que precisa de assistência e ela se dispôs em ajudar, já contatou uns colegas que podem transferi-lo e dar toda a assistência que o garoto precisar.

— Rodrigo, eu nem sei o que dizer, eu estou muito grata pela ajuda. Por favor, quero agradecer pessoalmente a sua esposa por isso.

— Não se preocupe com isso, Paulina. Patrícia também gosta de ajudar as pessoas e o que estiver ao nosso alcance, o faremos. Hoje à noite nós vamos embarcar para Miami, estarei com o Carlos Daniel durante esses dias auxiliando-o.

— Então sua esposa vai com você?

— Sim, sempre que pode ela me acompanha em viagens de negócios. Já passamos o dia inteiro separados por conta de nossos trabalhos e, quando temos uma brecha, fazemos um esforço para ficarmos juntos. – Ele disse enquanto tomava um gole de seu café.

— Entendo. – Respondi sem graça ao lembrar-me de Carlos Daniel, que também quis a minha companhia, mas acabou indo sozinho. – Eu também gostaria de acompanhar o Carlos Daniel, mas estou um pouco sobrecarregada aqui.

— Sim, entendo também... Mas está tudo bem por aqui?

— Está, obrigada. Depois da sociedade com as Indústrias Bracho Motors, nossos negócios estão indo de vento em poupa.

— Fico feliz então, sei que é uma ótima administradora. – Disse amavelmente. – Bom, agora eu preciso ir, tenho que resolver algumas coisas antes de viajar ainda. Manteremos contato.

— Tudo bem, Rodrigo. Muito obrigada por tudo!

— Não tem de quê. A Patrícia gostaria de conhecê-la, ela pensou que você iria também, se puder, vai no fim da semana, tenho certeza de que irá gostar muito.

— Sim, vou ver o que posso fazer. Obrigada mais uma vez, Rodrigo. Mande um abraço para a sua esposa e diga-lhe que não faltará oportunidade de nos conhecermos.

O cumprimentei em despedida e ele saiu da minha sala, deixando-me sozinha novamente, peguei imediatamente meu celular para ver uma nova mensagem de Carlos Daniel, mas fui interrompida por Levy, que apareceu na porta perguntando se podia entrar.

— Enviei por e-mail os contratos de exportação para a China para você analisar. – Ele disse estendendo alguns papeis em minha direção. – Estes são os que me pediu para conferir, estão okay, não precisa de nenhuma alteração, é bom apenas reler antes de assinar e pronto.

— Está bem, farei isso agora mesmo. – Respondi-lhe ao abrir os papéis em minha mesa.

— Hmm... Está tudo bem com você? – Perguntou enquanto parado em minha frente.

— Sim, por quê?

— Por nada... Encontrei o Rodrigo Paiva na recepção agora, ele não me contatou para nada, imaginei que não era nada relacionado a fábrica.

— Não, não... O Rodrigo veio aqui para me entregar uns documentos.

— E você, tem estado muito ocupada, não é? Há um bom tempo que não conversamos direito, não almoçamos mais juntos...

— Ah sim, eu tenho andado numa correria, quase sem tempo para nada. – O respondi olhando-o e logo voltei a folhear os papéis.

— Sei... E hoje tem um tempinho para mim...? – Sentou-se na cadeira em minha frente e o fitei novamente. – Digo... Para colocarmos a conversa em dia... Podemos almoçar...

— Eu adoraria Levy, mas hoje não posso, tenho muitas coisas para fazer, você sabe...

— Sim, eu sei... Então posso pedir o almoço e comemos aqui mesmo, o que acha?

— Não é uma ideia ruim, mas hoje eu vou comer muito rápido, pois precisarei sair para encontrar o Leandro para resolvermos algumas coisas.

— Eu soube do que aconteceu com uns conhecidos dele. Os empregados estão comentando, muitos estão ajudando também, o que você está fazendo é em prol disso?

— Fico muito feliz que cada um está fazendo um pouco para ajudar aquelas pessoas. Sim, estou tentando ajudá-los também.

— Você é incrível, Paulina e eu a admiro por isso, você sempre querendo ajudar os outros... E sabe, eu também gostaria de ajudar essas pessoas.

— Claro, quanto mais ajuda, melhor Levy!

— Posso ver para você alguma questão burocrática, ajudar na investigação da causa do acidente...

— Obrigada, Levy... O Rodrigo já está vendo sobre isso, não se preocupe...

— Ah... O Rodrigo... – Ele disse pondo-se pensativo. – E suponho que a pedido do Bracho.

— É, o Carlos Daniel o enviou para ajudar.

— Mas de todos os modos eu também quero ajudá-los, posso doar também uma quantia, ver as condições do terreno deles, o que pode ser reaproveitado. Cotar preços de materiais, não sei...

— Sim, seria ótimo! Você pode ver isso com o Leandro, estamos vendo como recuperar as casas deles.

— Sim, Paulina... Será um prazer. Se quiser, posso levá-la e ajudo no que precisar. Estou mais tranquilo hoje aqui na fábrica.

— Hmm.. Tudo bem, pode ser.

— Perfeito, então na hora do almoço eu passo aqui para irmos.

— Tudo bem, Levy...

— Agora vou deixá-la quietinha, até logo Paulina!

Ele disse saindo de minha sala e voltei a checar meu celular com a mensagem de áudio recebida de Carlos Daniel.

Bom dia, minha vida. Estou aproveitando o coffee break para escrever. Acordei hoje um pouco em cima do horário de ir para o escritório e desde então não peguei no celular. Vi que não respondeu imediatamente minha mensagem de ontem e imaginei que já estivesse dormindo. Naquela hora eu tinha acabado de voltar para o quarto. Conheci os outros sócios, eles são bem agradáveis e estão muito empolgados com o meu projeto. Hoje estaremos em reunião o dia inteiro. Assim que eu tiver mais um tempo livre, te ligo e conto tudo. Estou morrendo de saudades, minha vida. Tenha um bom dia, eu te amo. Beijo. >

Bom dia, meu amor, que bom ouvir a sua voz! Não se preocupe, eu imaginei que chegaria um pouco tarde. Fico muito feliz por você, você merece todo êxito! Mal posso esperar para estar com você. Bom dia, meu amor, eu também te amo. Muack! >

Respondi-lhe imediatamente, logo olhando para a sua foto de perfil no aplicativo de mensagens. Meu coração apertou de saudades que eu sentia, sorri e acariciei seu rosto na foto com meu indicador.

O tempo passou muito rápido e, quando eu mal esperei, Levy apareceu em minha sala para almoçarmos juntos. Avisei a Branca que talvez não voltaria para a fábrica a tarde, mas que me ligasse se houvesse alguma urgência.

— Estão velando os corpos de duas vítimas do acidente. – Levy disse enquanto olhava a notícia em seu celular quando adentramos seu carro.

— Sim, eu soube. Que tristeza, Levy... Essas pessoas eram pais de família, como eles viverão depois disso?

— Eles darão um jeito, o que aconteceu foi terrível, mas essas famílias conseguirão tocar suas vidas adiante.

— Sim, espero que sim... – Eu disse com pesar e Levy deu partida no carro, tomando as ruas do DF.

Fomos conversando durante o caminho sobre como ajudaríamos essas famílias, paramos no restaurante que costumávamos almoçar e depois fomos direto para a escola onde os refugiados estavam abrigados.

Levy e eu conversamos com todos novamente, Carlos Daniel já havia providenciado por meio do Rodrigo uma boa quantidade de donativos e alimentos para eles, que estavam muito agradecidos.

— Não sabíamos nem se iríamos enterrá-los com dignidade, dona. – Disse uma senhora chorando ao aproximar-se de nós. Muito obrigada por ajudar com o enterro, não sei como seria se a senhorita não aparecesse em nossas vidas.

— Não tem que me agradecer, senhora. Não fui eu quem fiz isso, foi outra pessoa. – Eu disse ainda ao pensar se diria ou não que a pessoa que providenciou tudo tão prontamente foi Carlos Daniel, mas imaginei que ele preferira não dizer que foi ele.

— Mas a senhorita foi quem o buscou, nós não temos palavras para esse gesto, em um momento de tanta dor e sofrimento, um anjo veio ao nosso encontro. Obrigada, senhorita. – Ela insistiu ao segurar minhas mãos, fazendo-me emocionar também com suas sinceras palavras.

— Não posso discordar dela, você é realmente um anjo. – Levy disse ao tocar meu ombro, deixando-me ainda mais sem graça.

Ficamos ali com eles durante toda a tarde, mais donativos iam chegando em dois caminhões, neles havia roupas, sapatos, colchões, cobertores e um tanto de coisas que os ajudariam a se manterem durante os próximos dias até conseguirmos legalizar o terreno. Rodrigo apareceu na escola e nos cumprimentou novamente.

— Pedi que um dos advogados do Carlos Daniel fique à frente de tudo, ele está providenciando todo o necessário, inclusive a funerária. Não se preocupe, tudo se resolverá. Tenho certeza que sim.

— Obrigada, Rodrigo. Não sei o que dizer.

— Não tem que agradecer, não conseguiremos sanar a dor dos corações dessas pessoas que perderam seus entes queridos, mas podemos ajudá-los com dinheiro.

— Sim, com certeza. E eu também estarei aqui para qualquer coisa. – Levy disse olhando para Rodrigo, que o olhou seriamente e assentiu.

— Paulina, conseguimos transferir o garoto para uma clínica particular, é de um amigo nosso, o melhor ortopedista do México, lá o menino vai ter toda a atenção necessária. Ele já deve estar sendo operado, os pais dele estão junto com ele. Com a cirurgia o menino pode ficar completamente curado.

— Ah Rodrigo, que notícia boa em meio a tanta desgraça. Espero conhecer a Patrícia logo para agradecê-la pessoalmente.

— Teremos muitas oportunidades. – Disse com um meio sorriso. – E falando nela, ainda está em tempo de decidir. Você gostaria de ir conosco?

— Ah, bom... Eu, eu não posso ir hoje, mas muito obrigada pelo convite. Espero que nos vejamos em breve.

— Está bem, qualquer coisa, se mudar de ideia, é só me ligar. – Sorriu amavelmente e me cumprimentou com um beijo no rosto. – Esse é o número do Lúcio, o advogado que estará ajudando no que precisar, qualquer coisa, ele nos informará de tudo. – Disse entregando-nos um cartão de visita do advogado e logo nos despedimos.

— Acho que ele não vai muito com a minha cara. – Disse Levy quando Rodrigo foi embora.

— Ah, deve ser impressão sua, mas... Vocês também já se conheciam, não? – Perguntei ao lembrar-me vagamente, pois se Carlos Daniel o conhecia há anos, possivelmente Rodrigo também.

— Mais ou menos, mas apenas tratando de negócios mesmo e...

Ele ia dizendo, mas foi interrompido quando peguei meu celular, que tocava alto na bolsa. Era Carlos Daniel ligando, meu coração deu um pulo no peito ao ler o seu nome no visor e atendi rapidamente ao fazer um gesto para que Levy esperasse eu atender a chamada.

— Meu amor! – Exclamei ao atender a chamada.

— Oi minha vida, você está bem?

— Sim, estou. E você? Já está voltando para o hotel?

— Estou bem. Não, ainda vou ficar aqui mais um pouco, preciso rever alguns documentos. Você está saindo da fábrica agora?

— Não, eu estou na escola com os refugiados. A propósito, muito obrigada por tudo que está fazendo para ajudá-los, eu não imaginei que faria tanto, nem sei como agradecê-lo, mas estou muito orgulhosa de você.

— Não é nada, minha vida, sinto-me no dever de ajudar, só lhe peço que, por favor, não diga a ninguém que eu estou enviando esses donativos. Eu não gosto muito de expor essas coisas, se a imprensa souber, não me deixa em paz.

— Não se preocupe, não lhes direi... Eu acabei de ver o Rodrigo e...

“Paulina, vou andando, te espero no carro.” – Levy disse interrompendo-me rapidamente, chamando a atenção de Carlos Daniel.

— Com quem está? – Perguntou prontamente.

— O Levy está comigo.

— Levy...? Como assim Levy está com você? – Perguntou com tom ansioso na voz e respirei fundo por paciência.

— Ele veio comigo até a escola, está ajudando também e...

— Não devia estar com esse cara, ele não é boa companhia e aposto que não está aí simplesmente porque quer ajudar.

— Por que está dizendo isso, Carlos Daniel? – Perguntei estranhando sua maneira de falar, sabia que ele não gostava de Levy, mas pelo seu tom de voz, ele já estava profundamente irritado.

— Porque esse cara não presta e não me agrada nada saber que você e ele têm tanta intimidade. – Ele respondeu de uma vez só e agora quem estaria ficando irritada com ele era eu.

— O Levy é meu amigo há muito tempo, você não precisa ficar assim. – Rebati enquanto começava a ficar nervosa.

— Como quer que eu fique se sei que ele vai buscar investir no que puder para ficar com você? Eu estou a milhares de quilômetros de distância, sei que ele não vai sossegar até conquistá-la.

— Carlos Daniel, por Deus, ele é apenas um amigo e só! Afinal, por acaso você não confia em mim? – Perguntei nervosa e esperei por sua resposta, ele não hesitou e respondeu:

— Em você eu confio, mas não confio nesse crápula.

— Não fale assim do Levy, Carlos Daniel...

— Está bem, vejo que não adianta discutir, ainda mais por telefone. Talvez seja isso que ele quer e eu não posso lhe dar essa audácia.

— Está pensando besteiras e me ofende por agir dessa maneira.

— Tem razão, perdoe-me Paulina, é que eu sinto muito ciúmes e não suporto ter de imaginar esse cara tão perto de você e eu aqui do outro lado do mundo.

— Tudo bem, eu o entendo e sei que você tem ciúmes do Levy, mas não precisa ficar assim, meu amor... Somos apenas colegas de trabalho, nada mais, tenho um respeito por ele, só isso.

— Sim, está bem... Eu acredito em você, mas por favor, abra os olhos, ele não é confiável.

— Não entendo porque sempre diz isso sobre ele, nunca foi claro comigo quanto a isso...

— Um dia você entenderá. – Ele disse de maneira breve e me senti um tanto chateada por sua maneira de agir e um leve mal-estar como se meu estômago tivesse revirando, não esperava que ele fosse reagir assim.

— Não gosto quando esconde as coisas de mim desse jeito, principalmente as que eu posso descobrir depois... Bom, mas você é quem sabe... Agora eu preciso desligar, vou para casa. Depois conversamos, até mais.

Desliguei o celular e me pus por uns segundos parada com o aparelho em mãos. Me senti decepcionada, não esperava que essa ligação fosse acabar assim, respirei fundo e contive uma lágrima que tentou escapar de meus olhos, logo me despedi de algumas pessoas que estavam ali perto e fui ao encontro de Levy no carro.

— Está tudo bem, Paulina? – Perguntou quando ligou a chave na ignição.

— Sim, por quê? – Perguntei forçando um sorriso.

— Porque ficou pálida de repente... Tudo bem com o seu namorado?

— Não foi nada, apenas fiquei um pouco enjoada, acho que a comida de hoje não me fez muito bem. – Respondi-lhe rapidamente e olhei para o meu celular, abrindo a janelinha de conversa de Sophia e escrevi qualquer coisa para não ter de prolongar o assunto.

— Então vou deixá-la em casa, está bem? – Disse enquanto dirigia e olhei rapidamente as horas.

— Não é necessário, meu carro está na fábrica, me deixe lá e eu posso ir dirigindo para casa.

Levy puxou conversa durante todo o caminho, mas eu não consegui devolver-lhe a mesma simpatia, estava calada e pensativa sobre o que Carlos Daniel havia me dito nessa última conversa por telefone. Durante esse tempo, meu celular não tocou mais, imaginei que ele houvesse ficado chateado e busquei não pensar mais nisso, só não consegui evitar sentir-me decepcionada, mas disfarcei para evitar questionamentos de Levy, que percebeu o que aconteceu.

# Carlos Daniel narrando #

“Paulina ficou chateada comigo, eu sei... Sou um completo idiota, não devia ter falado com ela daquela maneira, não devo ser tão inseguro, mas ela é uma mulher linda, atraente, inteligente e qualquer homem se renderia aos seus pés facilmente, principalmente esse Levy, que é apaixonado por ela e só Paulina não notou. Céus, eu vou enlouquecer com isso, tenho certeza de que, agora, ele vai se aproveitar de minha ausência para ficar pagando de bonzinho e não vai sair de perto dela, e isso me deixa preocupado não apenas por sentir o ciúme me dominar, e sim porque eu sei que esse homem não vale o que aparenta. ”— Pensava enquanto terminava de revisar uns cálculos, mas minha cabeça fervia e eu já não conseguiria trabalhar pensando que Paulina estaria tão vulnerável e ingênua sem saber quem de fato é Levy Gutiérrez e no quão apaixonado por ela ele é.

...

— Está tudo bem? – Perguntou Isabel assustando-me ao adentrar a minha sala.

— Está, estou apenas conferindo os protótipos, nada pode estar errado. – Respondi ao olhá-la rapidamente.

— É um projeto e tanto! – Disse e sentou-se a minha frente na mesa enquanto olhávamos o computador.

— Obrigado, tudo exige muita atenção, estando tudo certo, podemos construir a primeira peça. – Disse apontando para a grande prancheta ao nosso lado.

— Sim, estou vendo. – Sorriu. – E precisa de alguma ajuda?

— Não, obrigado. Logo mais termino essa parte.

— Então não vai voltar agora para o hotel?

— Não, vou ficar mais um pouco. Preciso concluir essa parte ainda hoje.

— Vai precisar de mais café. – Sorriu ao olhar para a máquina de expresso que havia na sala.

— Já providenciei. – Lhe devolvi um meio sorriso e Isabel levantou-se.

— Bom, tudo bem... Eu vou indo, se chegar antes das oito podemos jantar juntos. Até logo.

Ela saiu e deixou-me novamente sozinho, passei as mãos no rosto rapidamente e me pus a pensar novamente: “Devo me segurar mais quando sentir ciúmes, Paulina não merece isso, não posso duvidar dela ou de sua fidelidade, ela não é igual a... Não, não há comparação! ” – Pensei após a saída de Isabel e conferi meu celular, que já estava totalmente desligado.

Precisei me dedicar aos protótipos, pois se tudo desse certo, iniciaria o quanto antes o desenvolvimento das peças. Teria de mostrar e instruir os outros engenheiros para que pudéssemos começar.

* Paulina narrando *

...

— Oi papai, como está? - Cumprimentei papai ao encontrá-lo nas escadas de casa, fumando um charuto.

— Muito bem, filha! É uma surpresa vê-la ainda aqui. Pensei que iria para Miami com seu namorado. - Disse olhando-me e logo olhou para o charuto em sua mão.

— Não pude ir, tenho muito trabalho na fábrica e preciso lhes dar um pouco mais de atenção. - Justifique olhando-o um tanto sem graça enquanto ele me observava com uma sobrancelha arqueada.

— Tem certeza que não foi apenas por isso?

— Tenho sim, papai... Por quê?

— A fábrica está indo muito bem, estamos progredindo consideravelmente, tudo está encaminhado, estou por lá todos os dias... Não exige que você trabalhe tanto no momento... E quanto a nós... A Sophia já está crescida, quase não para em casa, quando não está estudando, está se divertindo... E eu, eu estou acostumado a ficar sozinho, trabalhando, você sabe...

— Bom, é que... O senhor mesmo sempre se mostrou incomodado com minha ausência, eu não...

— Eu sou um bobo, um pai ciumento. - Papai disse e sorriu ao tocar meus dois ombros. - É normal que um pai como eu, com as filhas que tem, sinta ciúmes assim. Antes você não era assim ligada a um amor como está agora, isso significa que esse rapaz a faz feliz, então eu fico tranquilo, tento omitir os ciúmes, entende...? - Deu uma piscadela sentou-se nos degraus das escadas, convidando-me a fazer o mesmo.

— Sim, mas não precisa ter tanto ciúme, eu te amo e isso nunca vai mudar. - Disse fazendo um leve carinho na barba de papai e ele segurou a minha mão.

— Você é uma mulher maravilhosa, minha filha! Sua mãe teria muito orgulho de você se estivesse aqui, assim como eu tenho. E esse rapaz será um homem de sorte quando tê-la como esposa, assim como eu fui com a Paula.

— Obrigada, papai... - Respondi sentindo meus olhos pinicarem e papai levou minha mão em seus lábios. Há tanto tempo não tínhamos um momento assim e isso me trazia uma felicidade que não tinha tamanho.

— Soube que ele está fechando contrato bilionário com uma empresa árabe.

— Sim, está. Ele está tão feliz, é a realização de um projeto que ele trabalhou por anos.

— Pois esse é mais um motivo para você estar com ele, tenho certeza que ele gostaria que estivesse lá para compartilhar com você mais essa conquista. Os homens casados gostam de dividir com suas companheiras todo e qualquer momento de suas vidas, sejam eles difíceis ou quando conquistam uma vitória. Ele quer você ao lado dele. Deveria ir, e você gosta tanto de Miami... Pode aproveitar para descansar um pouco, tirar uns dias de férias.

— Não sei se é uma boa ideia... - Respondi tornando-me pensativa, pois papai não podia cogitar que ele era a minha principal preocupação por não ter ido com o Carlos Daniel.

— Não se preocupe com a fábrica, eu fico de olho em tudo. E tem o Levy também que pode ir todos os dias para me ajudar, ali é outro viciado em trabalho. - Brincou. - Bom, mas pense bem sobre isso e, se quiser viajar por uns dias, vá!

— Eu vou pensar, mas de qualquer forma obrigada pelo conselho, papai. - Lhe sorri e levantei-me, papai me acompanhou. - Agora eu preciso subir, me sinto um pouco tonta, estou cansada, vou deitar mais cedo hoje. - Beijei a bochecha dele e ajeitei a gola de sua camisa. - Boa noite pai.

— Então precisa descansar mesmo. Boa noite, filha! - Disse após beijar minha testa.

—-

“Devo seguir o conselho de papai e ir à Miami para ficar com o Carlos Daniel? Devo realmente deixar a fábrica aos seus cuidados enquanto estou em outro país com ele? E se alguma coisa der errado? E se papai cometer alguma besteira nesses dias em que eu estiver ausente. E se até mesmo a Phia precisar de mim..?”

Me questionei quando entrei em meu quarto, olhei para o relógio e já se passava da hora em que Rodrigo havia me dito que embarcaria.

“Ai, meu Deus... O que eu faço agora? ”

Peguei meu celular e disquei os números do celular de Carlos Daniel, mas a ligação caía na caixa postal, fiquei parada por uns segundos ainda pensando no que fazer e depois tornei a ligar, mais uma vez a mesma mensagem: “O número que você ligou está fora de área ou desligado”.

— Droga! Será que ele desligou o celular porque ficou chateado comigo ou será que.... Não.... Não pode ser. – Pensei em voz alta quando segui para o meu closet e parei frente ao grande espelho.

“Não seja ingênua, Paulina... Pois no final das contas, ele se cansará e começarão as viagens, os compromissos...”— A voz daquela mulher gritou em minha mente de repente e minhas pernas estremeceram. Encostei-me em um armário e fechei os olhos. – “No começo é tudo as mil maravilhas, mas logo vem os ataques de ciúmes. ”

— NÃO! Não devo dar lugar a esses pensamentos. Não! – Falei para mim mesma e busquei toalhas e um roupão limpos. – Era isso que ela queria, queria me confundir. O Carlos Daniel está trabalhando, é isso.

Voltei para o quarto e pus meu iPhone no dock station**, aumentei o volume no máximo e entrei para um banho.

 

# Carlos Daniel narrando #

Trabalhei até as nove da noite e logo liguei para Saul, o motorista, que já me esperava. No hotel, pedi que levassem meu jantar para o quarto, entrei e rapidamente coloquei o celular para carregar, tomei um banho quente e relaxante, logo subiram com a comida.

Liguei meu celular e havia três chamadas perdidas de Paulina, antes de lhe retornar, olhei para nossa foto juntos em seu perfil no aplicativo de conversa. “Somos muito felizes juntos e eu serei eternamente grato aos céus por ter me agraciado com uma mulher inigualável como Paulina Martins e me sentirei ainda mais abençoado quando a fizer minha esposa. ”

Preparei uma dose de uísque e liguei o laptop imediatamente, fiz uma chamada de vídeo para ela e esperei tocar algumas vezes até que ela finalmente me atendeu. Tão linda, com seus cabelos molhados parecia que acabara de penteá-los, usava um pijama cheio de flores rosa e seu rosto delicado sem nenhuma maquiagem. Palavras não podem definir sua formosura.

— Oi Lina, estava no banho? – Perguntei ao observá-la, estava um tanto séria e baixou o olhar. – Está linda!

— Estava há pouco. E você?

— Eu estava jantando. Você já jantou? – Perguntei notando sua feição de desânimo.

— Não, eu não estou com fome. – Ela disse pondo uma das mãos na testa, sob a franja.

— Você está bem? Parece estar mais branca do que o normal? – Indaguei tentando enxergá-la melhor do que a câmera podia captar.

— Eu estou apenas um pouco enjoada, acho que o almoço de hoje não me caiu bem, mas já tomei um sal de fruta. – Paulina disse esboçando um leve sorriso e pude vê-la corar um pouquinho. – Mas me conta sobre você, o que fez hoje?

— Trabalhei até as nove, precisava analisar alguns protótipos do projeto, quero dar início a fabricação das peças imediatamente. – Disse seriamente e Paulina parecia um tanto desconcertada, devia ainda estar chateada pela minha atitude de mais cedo. - Vi suas chamadas agora. Desculpe-me, meu celular descarregou e eu não tinha como carregá-lo no escritório. – Expliquei-lhe sentindo-me um pouco sem jeito, mas estava extremamente feliz por ver seu lindo rosto angelical frente a mim, mesmo sendo pelo computador.

— S-sim... Não se preocupe, eu imaginei que estivesse... Ocupado e...

— Está chateada comigo... Eu conheço esse olhar, esse tom em sua voz... E quero dizer que sinto muito, não quero que pense que sou um possessivo, eu apenas estava com muito ciúme e naquele momento não pude me controlar.

— Entendo que fica com ciúmes e isso te consome, Carlos Daniel, mas não posso tolerar que duvide de mim.

— Sim, eu sei e por isso te peço perdão. Eu estou muito envergonhado de tudo isso. Na verdade, eu que gostaria de estar com você acompanhando-a, apoiando-a e não suporto sequer imaginar que ele está fazendo isso porque eu não posso fazê-lo.

— Não diga besteiras... Ele está apenas sendo legal, sem outros interesses, e você já está ajudando tanto... Ele só fez uma gentileza.

— Está bem, mas você me perdoa por ser um ciumento idiota?

— Claro que sim... – Ela disse e sorriu, fazendo-me sentir um enorme alívio no peito.

— Obrigado, minha vida.... Então, não se fala mais nisso? ...

— Não se fala mais nisso! – Ela disse agora com um lindo sorriso nos lábios e senti um grande alívio ao vê-la sorrir.

— Assim que eu gosto de ver você, sorrindo! Encantadora! – Eu disse com um ar de galanteio e ela sorriu ainda mais.

— Você é um bobo! O que está tomando? Uísque? – Ela perguntou quando me viu tomar um pouco da bebida.

— Sim, para relaxar um pouco.

— E está tudo bem com você? Parece muito cansado.

— Estou bem, apenas um pouco tenso e estamos apenas no começo, mas já estou acostumado a trabalhar bastante, o ótimo de tudo isso agora é que tenho você e posso vê-la, conversar com você, é de aliviar qualquer tensão.

— Hmm... Eu adoraria estar com você para fazer isso de pertinho. – Sorriu ao ficar corada e pôs a mão apoiada no rosto, ficando ainda mais linda com o biquinho que fez ao sorrir.

— Só você mesmo, meu amor, eu adoraria uma daquelas massagens que você sabe fazer. Fazer amor a noite inteira sem se importar com o cansaço ou com o relógio. – Disse com tom malicioso e Paulina ficou mais corada ainda.

— Eu também adoraria, sem você tudo fica sem graça.

— Se pudesse, pegaria o avião agora mesmo para ficar com você, mas não posso... – Respondi ao engolir mais um trago do uísque e ela sorriu sem graça. – Terei dias mais intensos depois que os outros engenheiros analisarem tudo e confirmarem a produção das peças.

— E você acha que pode levar muito tempo para ver o projeto pronto?

— Não sei, minha vida, talvez uns seis meses ou oito, não sei ao certo, mas vou esperar mais um pouco para ver como será o desenvolvimento de tudo e depois conversaremos sobre isso.

— Está bem. Estou com muita saudade... – Ela disse de um jeito carinhoso.

— Eu também estou, amor... Mas vou tentar agilizar o que puder para ir vê-la o quanto antes...

Conversamos por mais um bom tempo, Paulina me contou sobre os refugiados e disse que se prepararia para trabalhar mais um pouco, contei-lhe como era o novo escritório e lhe mostrei os esboços que estava trabalhando, Paulina ouvia cada detalhe com entusiasmo e interesse, o que me fez sentir importância, pois o que eu precisava e não tinha na época que não tinha muito dinheiro para investir no projeto era incentivo e apoio, tudo isso eu tenho hoje, mas o apoio de Paulina para mim era o mais importante e com ela eu estava me realizando de verdade em todos os âmbitos da vida.

...

 

* Paulina narrando *

Ao desligar aquela chamada me pus pensativa por uns instantes.

“Realmente dá a entender que eu não fui com o Carlos Daniel porque não quis, sendo que, posso deixar tudo por apenas alguns dias e ir ter com ele...”

— Que bom que não te acordei... – Disse Sophia interrompendo-me de meus pensamentos ao adentrar meu quarto. – Mas vejo que estava dormindo acordada, chamei você duas vezes e não escutou.

— Ah, me desculpa Phia...- Lhe sorri e levantei-me para colocar o laptop sobre a mesa.

— Estava com os pensamentos longe, hein? – Brincou e me cumprimentou.

— É... Estava conversando com o Carlos Daniel via Skype, acabamos de desligar.

— Hmm... Falando nisso, posso te fazer uma pergunta? – Sentou-se ao meu lado e sorriu levemente.

— Claro.

— Por que não foi com ele?

— Bom, porque tenho muito trabalho na fábrica e porque já ando muito ausente de casa ultimamente, vocês também precisam de minha atenção.

Okay! Na verdade, eu só queria confirmar o que já sabia, mas perguntei porque preciso dizer que não sou mais criança, não tenho mais 10 anos e você não é a minha mãe. – Sophia foi objetiva, deixando-me surpreendida com suas palavras. – Não tem que ficar aqui para cuidar de mim, eu já tenho quase dezoito e sou dona de meus atos, mal tenho tempo para você também, então estamos quites.

— Eu sei que não sou sua mãe, mas...

— Mas age como se fosse as vezes... E confesso que isso me incomoda, me desculpe pela sinceridade. – Interrompeu-me rapidamente e continuei a escutando. – Por Deus, Lina! Há quanto tempo que você não ama alguém dessa maneira? Eu acho totalmente errado você deixar seu namorado viajar sozinho por tantos dias, acho que deveria ir com ele, pelo menos nesses primeiros dias, ele precisa de apoio agora que finalmente vai fazer o tal motor e quem melhor do que você para isso?

— Eu queria muito ir, mas não sei se confio no papai... – Expliquei-lhe sabendo que não deveria lhe dizer isso e ela revirou os olhos.

— Papai também é dono de seus atos e sabe o que está fazendo. Eu posso ficar de olho nele aqui, tem a Adelina também e, por favor, não somos babás dele. Você tem que viver a sua vida agora, aproveitar bastante, namorar muito, se dar oportunidades que antes não tinha.

Olhava para Sophia com admiração enquanto ela me dizia cada sábia palavra seriamente, ela realmente estava me surpreendendo bastante com seu súbito amadurecimento. Minha irmã realmente já não era mais aquela garotinha que eu contava histórias para dormir.

—... Fala sério, Lina! Se eu fosse você nem estaria mais aqui. E pode esperar, quando eu encontrar o amor de minha vida, vou aproveitar o que puder e o que não puder. – Brincou.

— Você tem razão, tem sido tão difícil encontrar alguém como ele... Amar como amo o Carlos Daniel, ele mudou a minha vida... – Respondi pondo-me pensativa novamente e sorri ao lembrar-me do quão especial é a minha relação com ele.

— Então, o que está esperando? Devia embarcar para Miami agora mesmo! – Gargalhou e levantou-se da cama.

— Não é assim tão simples, mas vou tentar resolver algumas coisas no trabalho e depois viajo.

— É assim que se fala, garota! – Riu e ergueu sua mão para fazermos high five. – Agora, vim aqui para te pedir que me empreste seu quarto para que eu possa fazer minha maratona de séries, por favor!!! Minha TV está com algum problema e eu não quero deixar de assistir às séries. – Pediu fazendo gesto de súplica e lhe sorri.

— Claro, quando quiser.

— Então vou esperar que vá para Miami e eu me mudo para cá, porque você vai mesmo, não é?

— Sim, eu vou para Miami!

...


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Notas finais do capítulo

Dock Station** é uma base onde você encaixa um aparelho móvel, como iPod ou até notebook, para recarregá-lo, conectar às caixas de som etc.
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Até o próximo capítulo!