Te Odeio Por Te Amar escrita por TamY, Mazinha


Capítulo 38
Capítulo 38 - "Eu estou aqui com você"


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas, aí está mais um capitulo pra vcs!
Ps: Este capítulo foi feito com as ideias de Suh e por isso, o mérito é todo dela. Está muito lindo! *-* Obrigada, Suh por ter nos ajudado, suas ideias são sempre muito lindas!
Dedicamos este capitulo à todas vcs, leitoras, e preparem-se para as emoções.
Boa leitura!



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*Paulina narrando*

Com o convite inesperado de Carlos Daniel, precisei correr contra o tempo e me arrumar rápido para irmos jantar. Com a volta de Levy tudo ficou melhor e mais rápido de se resolver. Vamos contratar mais alguns funcionários para que as tarefas sejam melhores distribuídas entre os setores financeiro, administrativo, executivo e os demais, e possamos fazer o nosso trabalho tranquilamente. A partir daí, vou assumir a fábrica com mais tranqüilidade, apesar de ser diretora geral de uma grande empresa não é nada fácil, mas graças a Deus e a sociedade da fábrica Bracho, as coisas estão indo muito bem e eu vou fazer de tudo para que nunca mais nossa fábrica seja ameaçada a falir.

Saí mais cedo do trabalho e fui a um salão de beleza, queria ficar linda para quando ele chegasse, quero que seja tão especial quanto a primeira vez que fomos àquele restaurante e ele me levou ao mirante, mas dessa vez será muito melhor porque agora “estamos juntos”. Com os cabelos prontos, fui correndo para casa e pedi que Sophia me ajudasse com a escolha de uma roupa, enquanto ela escolhia, eu tomava banho. Não demorou muito e logo estava pronta, Phia escolheu uma blusa marrom de manga cumprida com um decote U que caía pelos ombros revelando-os e uma saia estampada também em marrom e branco, também usei um de meus colares favoritos que se destacava em meu colo pela sua forma, que ia de meu pescoço até os meus seios.

Quando pronta e perfumada, Adelina anuncia a chegada de Carlos Daniel, meu coração parecia querer sair por suas batidas tão frenéticas, estava feliz com seu retorno e por vê-lo, mas estava nervosa e sentia frio na barriga, não conseguia controlar, as coisas de fato estavam mudando em minha vida e me sinto diferente com ele fazendo parte dela, mas além do nervosismo, eu sentia uma inquietação que não parava e meu coração também estava apertado mas dei de ombros, é assim que acontece com os apaixonados e eu estou apaixonada.

Desci as escadas e ele veio ao meu encontro com um largo sorriso no rosto, pude contemplar a sua figura enquanto nos aproximávamos, acompanhado de sua elegância e charme, trajava terno preto e uma gravata com listras marrom, estava lindo.

– Está linda, meu amor! – Disse segurando minhas mãos, olhando-me intensamente, depositando levemente um beijo em meus lábios.

– Obrigada, você também. – Agradeci sorrindo-lhe.

– Vamos? – Estendeu seu braço e entrelacei o meu ao dele. – E não se preocupe Adelina, cuidarei muito bem dela. – Disse sorrindo olhando para Adelina que estava perto de nós.

– Não me preocupo porque sei que está em boas mãos! – Disse Adelina sorrindo de volta.

– Adelina gostou muito de você! – Disse-lhe enquanto caminhávamos até onde seu carro estava estacionado.

– Não há como resistir ao charme de Carlos Daniel Bracho. – Disse divertido e abriu a porta do carro para que eu entrasse, mas quando fiz menção de adentrar, ele me puxou suavemente fazendo-me ficar de frente a ele, segurou meu queixo e me beijou com leveza, logo correspondi o beijo que se intensificou e levei minhas mãos até o seu rosto afagando sua barba feita. Sorrimos ao encerramos aquele beijo e ele correu para o outro lado, tomando assim seu assento ao meu lado.

–...Estava ansioso para te ver, te beijar, te tocar, sentir o seu cheiro e... – Dizia me olhando firme, mas enquanto o ouvia, não pude deixar de rir ao constatar algo engraçado em seu rosto. - ... Do que está rindo? – Perguntou sorrindo, confuso.

– O seu rosto... Disse ainda rindo daquela situação engraçada. – Veja. – Ele olhou pelo retrovisor.

– A culpa é toda sua! Disse sorrindo, tocando meu nariz com seu indicador. – Mas já que está assim... – Ia dizendo e me puxou mais uma vez para mais um beijo, fazendo a minha alma derreter enquanto nossas línguas se acariciavam, nossos lábios se deleitavam com o sabor um do outro. – Vale à pena ficar todo manchado com o batom dos lábios mais deliciosos que eu já provei.

– Ai bobo! – Sorri. – Vem, deixa eu tirar isso. - Limpei seus lábios louca de vontade de tomá-los uma vez mais, senti minha boca seca e passei minha língua por meus lábios no intuito de amenizar aquela sensação, queria mais beijos, mas tínhamos que ir.

– Sim, porque se ficarmos assim é melhor nem irmos, podemos ficar por aqui mesmo que pra mim já está ótimo! – Disse brincalhão.

– Não senhor, estou morrendo de fome! – Eu disse prendendo-me ao cinto de segurança e ele deu partida no carro rumo ao restaurante.

...

Fomos ao mesmo restaurante de nosso primeiro encontro, enquanto esperávamos o maitre nos atender, aproveitei para ir ao toilette, Carlos Daniel insistiu em me acompanhar, mas não achei necessário, logo estaria de volta para que fossemos conduzidos até a nossa mesa.

Segui o percurso até o toilette distraída quando sem perceber, esbarrei num homem, que se desculpou rapidamente, mas ao ouvir aquela voz que parecia familiar, pude sentir o meu estomago revirar e uma leve tontura dominou a minha mente. Meu coração em suas batidas agora desenfreadas implorava para parar de funcionar naquele momento quando pude ver quem estava à minha frente.

– Ora ora, se não é você... Paulina... Quanto tempo... - Ele disse com aquele ar cínico, me lançando um olhar de desprezo de cima a baixo.

Desviei meu olhar rapidamente, busquei forças de onde já não tinha e dei um passo para sair de sua frente, mas ele segurou com força o meu braço, impedindo-me de sair.

– Me solta! Você está me machucando, Mauricio! – Disse com autoridade, mas senti um grande nó em minha garganta ao pronunciar esse nome.

– Faz muito tempo que não nos encontramos, estive fora do país e olhe que coincidência, nos encontramos num elegante restaurante logo quando volto!

– Não me interessa saber de você, me solte senão vou gritar! – Pedi irritada, tentava manter a maior calma do mundo, mas parecia impossível.

– Por que está fugindo de mim? – Perguntou com desdém.

– Não estou fugindo, só não temos nada a conversar, não quero saber nada de você! – Disse sentindo meus olhos encherem pelo indicio de lágrimas, mas ergui minha cabeça tentando recompor a minha postura de antes, uni minhas forças para tal atitude e engoli o choro ameaçador. – Eu tenho nojo de você Mauricio, não suporto nem olhar sua cara. Eu já tinha esquecido de você, de tudo que envolvesse nosso relacionamento. Você é um nada! – Disse petulante, cerrando os dentes.

– Não me é diferente Paulina Martins. – Retrucou apertando ainda mais meu braço. – Eu também tenho nojo de você, não suportava ter que ir pra cama com uma mulher tão inexperiente. Uma coisa tão natural que é fazer sexo e nem isso você sabe fazer... Sempre foi pouca mulher pra mim, e foi por isso que não me restou de outra e tive que procurar em outras mulheres o que você nunca pôde fazer por mim.

Aquelas palavras foram como apunhaladas em meu coração, como se já não bastasse tê-lo encontrado, ainda tinha que escutar coisas tão duras sobre o meu passado, as quais eu fiz de tudo para expulsar de minha memória, mas que ainda me perseguiam e, agora ainda estavam mais vivas em mim.

“Meu coração batia forte no peito quando ouvi o barulho da porta abrindo e, ainda com as luzes apagadas, aproximei-me para cumprimentá-lo em surpresa.

– Feliz aniversário, amor! – Disse dando-lhe um forte abraço quando ele entrou em meu apartamento. Era o aniversário dele, eu havia preparado uma surpresa para nós dois, pois se para ele era uma data tão importante, para mim era de igual modo.

– O que você está fazendo aqui? – Perguntou com olhos bem abertos, assustado. - Eu te disse que amanhã nos veríamos, porque não esperou? - Respondeu frio saindo de meu abraço, ele estava mais estranho do que antes, ao acender a luz, vi que estava amarrotado e sua gravata afrouxada, tinha bebido a noite inteira.

– Queria ficar com você essa noite e vim para que...

– Você devia ter ficado em casa como eu disse. – Disse irritado, afastando-se de mim.

– Qual o problema de eu vir para o meu apartamento fazer uma surpresa para o meu noivo? O que há com você? – Perguntei segurando as lágrimas que já insistiam encher meus olhos.

– Que... O que está vestindo? – Me olhou medindo o meu corpo com desprezo como se eu fosse um lixo em sua frente. Planejei que nossa noite fosse especial e vestia uma lingerie sexy por debaixo de um robe que usava para esperá-lo.

– O que está acontecendo, Mauricio? Porque está me tratando assim? Tudo o que estou fazendo é para você, meu am...

– Pára de perguntas, Paulina! Não agüento mais você no meu pé o tempo todo, não agüento mais essa pressão me faz sentir quando estou com você, você só vive se lamentando... NÃO AGUENTO MAIS VOCÊ! - Disse aos gritos enquanto andava de um lado para o outro e parou até mim, olhando-me nos olhos, a raiva nítida em seu olhar.

– Porque está dizendo essas coisas, Mauricio? Porque está fazendo isso comigo? – Perguntei em lágrimas, aquelas palavras estavam destroçando o meu coração em pedaços e a cada palavra dita por ele eu podia sentir esses pedaços se esmiuçarem.

– Estou dizendo por que você é um fardo para mim, Paulina. Tá me ouvindo? Eu não suporto mais você, não suporto mais ter que te ensinar as coisas que você nem sequer aprende.

– D-do que está falando? – Perguntei sem forças, o choro me dominava de uma maneira que eu já não podia controlar, sentei no sofá tentando absorver tudo o que acabara de ouvir, não era possível que tudo aquilo estava acontecendo comigo, me perguntava onde eu errei, o que fiz de errado para que ele tomasse essa atitude repentina e me desse tantas golpeadas no coração...?

– Quer saber? Quer mesmo saber? – Perguntou com ironia e saiu pela porta correndo, me deixando sem entender o que ele estava prestes a fazer e em questão de segundos ele voltou trazendo uma mulher junto com ele, ela vestia roupas vulgares que exibiam seu corpo escultural, usava maquiagem extravagante e seu cabelo estava um pouco bagunçado.

Quando ele se aproximou mais a mim, abraçando-a, pude ver em sua camisa manchas de batom e em seu pescoço as marcas que com certeza foram feitas por essa mulher.

Ele a puxou para si e a beijou com toda a vulgaridade que podia existir e depois olhou para mim com desdém e disse:

– Eu busco em outras mulheres o que a minha noiva... É, - Disse olhando para a que estava ao seu lado. - ...minha noiva não pode me dar. E por quê? Porque ela é pouca mulher para mim, e diferente de você, ela não sabe nada de sexo! Essa mulher que você está vendo aqui em nossa frente. Você pode acreditar nisso? – Riu em zombaria. – Não consegue nem satisfazer o homem que diz que ama, e algo tão natural como o sexo, é algo que ela nem sequer sabe fazer, e apesar de ser tão linda, na cama é um desastre, não serve para nada!

– Desgraçado hipócrita, você não tem o direito de fazer isso comigo! – Gritei enquanto fui até ele e o esmurrei com todas as forças que existiam em mim.

– Você que não tinha o direito de me deixar como me deixou. – Rebateu segurando forte meus braços, fazendo-me ficar de frente àquela mulher que me olhava sem nenhum tipo de sentimento. - ...A cada noite de tortura que eu passava com você, achava que aprenderia e que na próxima vez poderia ser pelo menos razoável, mas não... Parecia que piorava e ficar com você era o pior dos meus martírios e precisava buscar na rua o que você não me dava. Tinha momentos em que eu achava que não suportaria, mas sua aparência não me envergonhava, você até teve sorte de ser tão linda. – Segurou em meu rosto com o maior dos sarcasmos. -...estar com você nos lugares era conveniente e te pedir em casamento me faria ter um “status” melhor ante a sociedade e, claro, ajudaria a crescer os meus negócios, mas tudo o que eu queria eu já consegui e agora não preciso mais de você! Não terei mais que fingir e me esforçar para transar com você e depois ter que terminar sozinho ou sair de casa para ter prazer de verdade.

– Seu imbecil, desgraçado, mentiroso! Saia da minha casa, saia da minha vida! Nunca mais quero olhar para sua cara! Acabar comigo era o que você queria? Então sinta-se satisfeito porque você conseguiu. E não ouse aparecer na minha frente porque eu sou capaz de te matar, seu miserável!

O expulsei junto com aquela mulhere, não sei como consegui dizer todas aquelas palavras, não tinha mais forças para me sustentar de pé e quando ele saiu, desabei. Me via no fundo do poço, num buraco escuro e não encontrava nenhuma válvula de escape, me senti a pior de todas as mulheres do mundo.

Foi uma dor terrível que senti em meu peito. Jamais imaginei que o homem que mais amei na vida, àquele que me entreguei pela primeira vez, fosse me causar um trauma tão grande. Só podia sentir dor, mágoa e vergonha... Quer dizer então que eu não era mulher suficiente pra ele? Será que nunca soube fazer e lhe dar amor como ele queria? Me sinto péssima, como se fosse um nada... Como poderia ter outro relacionamento? Outros homens me diriam a mesma coisa... Eu não sei, não sei satisfazer um homem..."

Aqueles momentos voltaram a tomar a minha mente e me vi confusa, desnorteada, não conseguia mais raciocinar nem reagir, apenas escutei mais algumas palavras que ele disse desdenhando:

– Pelo visto a verdade ainda te dói, não é Paulina? Mas quem sabe se fizermos de novo você não tenha aprendido alguma coisa... O que acho bem difícil...

# Carlos Daniel narrando #

Estava na entrada do restaurante aguardando o maitre vir nos atender enquanto Paulina foi ao toilette, mas o maitre chegou até mim e Paulina ainda não havia voltado. Decidi esperar mais um pouco, mas ela demorou o suficiente para eu me preocupar e ir atrás dela. Segui em direção ao toilette feminino e de longe vi que Paulina não estava sozinha, estavam ela e um homem até então desconhecido que segurava firme o seu braço e ao ver essa cena, corri em direção a eles para saber o que estava acontecendo, porque ele estaria machucando assim a minha Lina.

Ao chegar perto pude ver melhor o seu rosto e uma raiva sem tamanho dominou o meu ser, e quando tive noção do assunto pude sentir um ódio avassalador me invadir e sem pensar mais, puxei Paulina de perto daquele homem liberando o seu braço e afaguei o lugar onde ele apertava e para a minha grande surpresa, era o tal cara da foto que vi no apartamento de Paulina aquele dia e que a deixou tão transtornada.

– Você... O que você fez à Paulina? – Perguntei furioso afastando Paulina, ficando entre eles.

– Ah! Então esse é o novo idiota que quer te levar pra cama Paulina? Será que ele vai se sentir satisfeito com tão pouco? – Ele disse com a maior cara de pau olhando para ela que não se mexia para nada, apenas chorava. - Pois quem avisa amigo é, não se deslumbre com a aparência dela. Você está trocando gato por lebre...

Não deixei que ele falasse mais porque parti a boca dele com um soco que o fez cair longe, todas as pessoas que estavam no restaurante se assustaram e levantaram para nos olhar, pouco me importei, fui em direção à ele, peguei pelo colarinho de sua camisa barata, o ergui com a minha maior força e esmurrei seu estomago com muitos golpes de uma só vez.

– VOU TE ENSINAR A RESPEITAR UMA MULHER, INFELIZ! – Disse enquanto golpeava sem pena o seu estomago.

Ele tentou me atingir mas não conseguiu, e vê-lo reagir me deixou com mais ódio ainda e sem conseguir me controlar, soquei o rosto dele e quebrei o seu nariz com um golpe só e os seguranças me tiraram de cima dele, ele sentou zonzo no chão e se não me impedissem, podia acabar com a vida daquele imbecil que com certeza, é o causador de muitos problemas na vida de Paulina e não suportaria vê-la sofrer mais por causa de um verme como aquele.

– Jamais, jamais volte a falar com Paulina assim, imbecil! – Disse o encarando enquanto os seguranças me seguravam com força, tentando impedir que eu o atacasse novamente.

Pedi que me soltassem e com muito custo consegui me acalmar e assegurei que manteria a calma, estava preocupado com Paulina, quando me soltaram fui até ela e a tomei em meus braços, ela chorava muito, estava destroçada e quando a abracei, seu choro se intensificou.

– Eu estou com você, fique tranqüila... Já passou, eu vou te proteger minha vida! – Disse passando a mão pelos cabelos de Paulina, tentando acalmá-la e em meio às lágrimas ela me abraçou mais forte. – Vem, vamos embora daqui. A envolvi pela cintura e a conduzi para fora do restaurante.

Só precisamos esperar o manobrista trazer o carro e quando chegou, a coloquei dentro imediatamente. Ela chorava sem parar e isso estava me cortando o coração, não queria questioná-la, dei o espaço que ela precisava e fiquei do lado dela, ela precisava de mim mais que nunca agora. Dei partida no carro e fiquei pensando para onde a levaria, para a casa dela não teria condições, pensei em levá-la até a minha casa mas não sei se ela se sentiria confortável lá e logo pensei em seu apartamento, perguntei se ela tinha as chaves com ela e ela assentiu, sem pensar mais, segui para o seu apartamento. Enquanto dirigia fui pensando em tudo o que aconteceu essa noite e meu coração doía somente em reproduzir aquelas palavras.

Ouvi tudo, tudo o que aquele canalha estava dizendo à Paulina e a partir daí tudo fez sentido, entendi as suas recusas em se entregar à mim, entendi o porque ela reagiu daquela forma quando vi o retrato desse cara. Me senti horrível porque não procurei entendê-la e respeitá-la quando tentei levá-la para a cama, fui um egoísta pensando apenas em mim, e a pressionei quando não devia, me sentia tão miserável quanto ele, mas sabia que quebrar a cara dele foi o certo a fazer, não deixaria que ele continuasse a dizer aquelas palavras tão horríveis à Paulina, não deixaria que aquele desgraçado a ferisse mais e se eu estava ali, era para protegê-la e ele sim vai pagar por todo o dano que lhe causou. Ainda assim, não vou me perdoar por tê-la pressionado tanto a me dizer o porque ela não aceitava transar comigo, nunca me vi com a consciência tão pesada.

– Me perdoe, Lina... Por favor, me perdoe! – Disse transtornado após dar um soco no volante, não pude me controlar. Paulina me olhou rapidamente, mas parecia não estar ali porque seu olhar estava vazio, não chorava mais, mas a maquiagem estava borrada e os olhos vermelhos, o rosto banhado em lágrimas, estava em estado de choque, ela não me disse nada, nunca imaginei vê-la desse jeito e me partia o coração vê-la tão amargurada.

Chegamos e ao me ver com Paulina o porteiro nos cumprimentou e deu acesso ao edifício, tentei ser o mais rápido que pude e a conduzi para o ultimo andar. Pedi com cuidado as chaves e ela me entregou, mas ainda continuava calada. Abri a porta e entramos, ela apenas correspondia aos meus comandos, não lhe questionei, respeitei o seu silencio porque quando ela sentisse pronta para me contar, ela o faria.

A levei para o quarto, cuidadosamente a deitei na cama e tirei seus sapatos. Fui correndo até o banheiro, peguei papel higiênico e umedeci uma toalha, voltei para o quarto e delicadamente limpei seu rosto manchado pela maquiagem que se misturou às lágrimas. Ela observava cada gesto meu, seus olhos estavam vermelhos feito brasa e inchados pelo choro. Nos olhamos nos olhos, mas Paulina parecia olhar sem realmente enxergar, continuava em completo silencio. Me concentrei em limpar seu rosto e depois fiz um carinho em suas bochechas e mandíbula, aproximei-me mais e beijei a ponta do seu nariz.

– Eu estou aqui com você, não vou te abandonar. – Disse olhando em seus olhos e a abracei com força.

– Obrigada, Carlos Daniel... – Disse num sussurro enquanto correspondia ao meu abraço, deixando rapidamente sua voz morrer.

– Eu te amo, Paulina... Vou proteger você! – Disse com um impulso involuntário e a abracei mais forte.

Ficamos assim abraçados por um tempo e logo ela adormeceu nos meus braços. A deitei na cama com cuidado pra não acordá-la, tirei o paletó e abri a camisa, tirei os sapatos e deitei com ela. A puxei para meu peito e comecei a fazer cafuné nos cabelos dela. Voltei a pensar em tudo que o tal cara disse e não pude deixar de me sentir pior por ter tentado dormir com ela. Agora sim entendo o trauma dela e vou fazer de tudo para que seja superado, vou mostrar a ela que ela não é nada daquilo que ele disse e que não há nenhum problema com ela, que o problema está nele, naquele covarde desgraçado. Me perdi no meio desses pensamentos e acabei adormecendo junto com ela.

*Paulina narrando*

Acordei sentindo os raios de sol incomodarem a minha visão através da persiana aberta, olhei em volta e estava no quarto do meu apartamento. Carlos Daniel dormia pesado abraçado a mim, me afastei um pouco com cuidado e senti minha cabeça pesada, fechei os olhos que ardiam e pareciam estar cheios de areia e logo me veio à tona tudo o que aconteceu na noite passada e como chegamos aqui.

Levantei devagar, fui até o banheiro e me olhei no espelho. Estava com a feição de derrota, tinha a maquiagem borrada, meus olhos levemente vermelhos e duas bolsas de olheiras abaixo deles por causa do choro. Olhei as minhas mãos que estavam levemente tremulas e abri a torneira da pia, enchi com água as mãos e joguei no rosto, minha cabeça doía muito...

Voltei a olhar o meu reflexo através do espelho e outras lembranças me vieram à memória:

“Era a primeira vez que Mauricio me desprezava, também era a minha primeira vez na cama. Transamos. O que eu achei que fosse a melhor noite de minha vida passou a ser uma das mais constrangedoras, mas entendi que por ser a primeira vez, poderia ser menos prazerosa e que o prazer viria logo após a constante prática. Acordei sozinha na cama e quando olhei em volta, não vi mais as roupas de Mauricio que estavam espalhadas pelo quarto, o procurei com o olhar.

– Ah, você está aí! – Disse sorrindo, aliviada quando o vi entrar pela porta vestido, terminava de abotoar sua camisa. Ele me olhou sério e nada respondeu, apenas se dedicou em colocar seus sapatos.

– Tenho que ir. – Disse me olhando brevemente.

– Mas já? Vamos ficar juntos hoje, vamos aproveitar o dia agora que nós...

– Preciso trabalhar, Paulina! – Disse interrompendo-me.

– Mas hoje é um dia especial para nós, Mauricio... Não pode sair assim depois do que acabamos de fazer. Foi a nossa primeira vez e...

– Tenho coisas mais importantes a fazer, querida! – Me interrompeu mais uma vez e seguiu até a cadeira que abrigada a sua jaqueta.

Após se vestir, ele se aproximou a mim e me deu um breve beijo nos lábios e simplesmente disse: “Nos vemos mais tarde”. Me senti usada naquele momento e ele não viu, mas quando saiu eu chorei, senti como se tudo o que tínhamos feito não valesse de nada... Para mim não foi maravilhoso como eu pensei que seria, mas o fiz por amor, me entreguei a ele porque achei que seria algo que valeria a pena porque achava que ele me amava de verdade. Assim foram todas as vezes que transamos, sempre que eu pensava que ele pudia mudar em suas atitudes frias, me equivocava e ele só era carinhoso comigo quando tinha segundas intenções ou quando estava na frente de alguém. Não agüentava mais viver daquele jeito mas o amava, achava que fosse passageiro e que por causa do estresse do dia a dia e do seu trabalho, ele agia daquela forma. Perdi as contas de quantas vezes me senti usada e humilhada e mesmo assim dei de ombros por amor. Amor? Isso é amor? Quando se ama a alguém mais do que a si mesma...? Isso não é amor porque em primeiro lugar é necessário ter amor próprio e depois que ele me humilhou com a pior das humilhações, eu pude enxergar o quão idiota eu fui durante todo o tempo em que passamos juntos e eu jamais me perdoaria por isso, jamais deixaria que outro homem me enganasse, me humilhasse e esmagasse o meu coração como este homem fez. Me fecharia para o “amor” e foi isso o que fiz até conhecer Carlos Daniel.”

Me sentia completamente perdida e só percebi que estava novamente chorando, parada em frente ao espelho sem realmente me ver, quando senti Carlos Daniel perto de mim tomei um leve susto ao me dar conta de sua presença. Ele me abraçou por trás e deu um leve beijo em meu ombro.

– Quer conversar comigo sobre isso, minha Lina? – Disse nos olhando ainda através daquele espelho. - Apesar de tudo, confie em mim. Quero ser seu amigo, acima de tudo...

Sorri triste e me virei para olhá-lo, o peguei pela mão e o levei até a sala... Nos sentamos no sofá, eu beijei as mãos dele e entrelacei às minhas.

– Primeiro de tudo, Carlos Daniel... Muito, muito obrigada por estar comigo... -senti as lágrimas em meus olhos, mas engoli o choro e continuei. - ...isso tudo é muito difícil pra mim, é algo que tenho carregado comigo desde meu rompimento com Mauricio. – Era a primeira vez que eu dizia o nome dele para Carlos Daniel, que continuava me ouvindo com atenção. -...Minha família... Meu pai, Phia e Adelina não sabem de tudo que aconteceu. Tenho vergonha de falar sobre isso. – Disse baixando a minha cabeça.

– Não precisa ter vergonha comigo. Fico feliz em saber que serei o primeiro a saber sobre isso. Confie em mim, eu quero te ajudar... – Disse segurando o meu rosto, erguendo-o para que eu o olhasse nos olhos.- ...me dê a chance de curar sua ferida...

– Mauricio era meu noivo. Foi o grande amor de minha vida... Nos conhecemos no final do ensino médio. Cursamos o mesmo curso na faculdade e eu o amei muito... Ele foi o primeiro homem que me entreguei... – Suspirei fundo e desviei meu olhar, Carlos Daniel apertou minha mão entrelaçada a sua transmitindo coragem. - Nós íamos nos casar, eu já estava iludida com saber que iria passar o resto de minha vida com o homem que eu acreditava que me amava da mesma maneira que eu o amava também, mas estava terrivelmente enganada. Mauricio me enganava com outras mulheres. Eu nunca desconfiei, nem ninguém de minha família. Eu jamais imaginei o porquê ele me traía, até que ele mesmo me fez o favor de me jogar na cara. Minha forma de amar não era suficiente pra ele...

Dei uma leve pausa e respirei fundo, esse assunto é muito delicado para mim e eu jamais falei sobre isso com alguém. Carlos Daniel me abraçou, beijou a minha testa e afastou a minha franja que caía em meus olhos. Continuei.

–...Eu... Eu não sei como te dizer isso, Carlos Daniel. Mauricio já me disse tantas coisas... Eu tenho medo, medo de falhar com você... Não quero perder mais alguém, não consigo me libertar. Eu tenho medo, vergonha... Não sei como estou conseguindo te dizer tudo isso, nunca consegui contar para Adelina, que é como uma mãe pra mim... E muito menos pra Phia, que é jovem demais e talvez não entenda o porquê esse assunto me dói tanto. Eu sou mulher, Carlos Daniel. Qualquer mulher se sentiria como eu me sinto. Não há um dia de minha vida que eu não pense nessas palavras, que eu não me fira dessa maneira, mas não posso evitar... Eu não quero perder você, Carlos Daniel... – Toquei seu tosto e voltei a chorar, mas dessa vez era um choro silencioso, sofrido.

– Você não vai me perder, Paulina! - Ele pegou a minha mão que acariciava o rosto dele e beijou com carinho, mantendo seu olhar fixo no meu.– Eu te amo. Eu não conseguia admitir isso pra mim mesmo, mas agora é um sentimento que não consigo calar em meu peito. Eu te amo, e quero te provar que sou diferente dele, sou diferente do Mauricio. Um homem que ama uma mulher jamais faria o que ele fez, quero te mostrar o quanto ele estava enganado. Paulina, quero fazê-la minha, e te admito que antes era pelo simples prazer carnal. Queria tê-la em meus braços por curiosidade. Você é a mulher mais sensual que já conheci, e acredite, eu jamais havia somente dormido com uma mulher tão sensual como você numa mesma cama. Tudo isso me fez ver que você era muito mais do que apenas sexo, que você é a mulher ideal pra mim. – Essas palavras de Carlos Daniel estavam conseguindo me revigorar, jamais pensei que um homem como ele fosse me dizer coisas assim, meu coração gelou apenas por ouvi-lo dizer que me ama e o escutei com atenção, o meu coração me dizia que ele era sincero em suas palavras.- Eu me apaixonei de verdade por você, e não quero apenas de ter uma noite. Quero ter sua companhia, seu amor... Eu quero fazer amor com você... Deixe-me provar Paulina o quanto ele estava enganado. Deixe eu provar pra você mesma que você é uma mulher que é pura paixão. Deixe-me curar seus traumas, quero te fazer mulher de verdade e quero te mostrar também o que é um homem de verdade, porque ele não é e nunca será. Ele não te merece.

Quando Carlos Daniel terminou de dizer todas aquelas palavras que me encheram o coração, acariciei o seu queixo e subi minhas mãos pelo seu rosto, seus cabelos, sua orelha, ele fechou ligeiramente os olhos e votei a passear minhas mãos por sua bochecha, nariz e desci até a sua boca que estava entreaberta.

– Me beija, Carlos Daniel. – Pedi em um sussurro enquanto o olhava, ele abriu os seus olhos escuros, sorriu e segurou meu rosto com suas duas grandes mãos passando seus polegares em meus lábios. Encostou seus lábios nos meus e passou levemente a sua língua sobre eles, senti uma onda de arrepios percorrer pelo meu corpo e quando ele tocou nossos lábios iniciando movimentos leves o abracei e o correspondi. Mergulhei meus dedos em seus cabelos e desfrutamos daquele doce beijo que só podia nos deixar com mais sede, a batalha de nossas línguas era cada vez mais intensa e sentir seu sabor me fazia sentir flutuar, os barulhos de nosso beijo ecoavam pelo apartamento e isso despertou em mim o desejo de explorá-lo um pouco mais. Sem mais ar, nos afastamos ofegantes e ele mordiscou o meu lábio inferior delicadamente quando nos separamos. Sorri para ele, era maravilhoso tê-lo assim, já podia me sentir melhor porque ele estava comigo.

– Muito obrigada por tudo! Eu... Eu... – Queria dizer a ele como eu me sentia, mas algo me travava.

– Diga... – Ele disse me olhando com expectativa.

– Eu também... – Ia dizendo mas me assustei com o timbre de meu celular que tocava alto dentro da bolsa perto de nós. Lembrei que não avisei a ninguém que dormiria fora e lá em casa deviam estar preocupados comigo.

Atendi ao telefone e era Adelina preocupada. Ela me perguntou se eu estava com Carlos Daniel e eu disse que sim, mas que já estaria indo para casa, que ela não se preocupasse comigo.

– Me desculpa Carlos Daniel, eu não avisei que iria dormir fora. Tenho que ir pra casa, mas quero te agradecer novamente por tudo. Você foi... Incrível. Não sei o que faria se você não estivesse comigo. Acredite, isso foi muito importante pra mim.

– Eu que te agradeço por ter confiado em mim, ter me contado... Eu te entendo, e te peço desculpas.

– Desculpas? Mas pelo quê?

– Por ter me comportado daquela forma aquele dia com você, ter insistido que você fizesse amor comigo...

– Shhh... – O interrompi colocando minha mão delicadamente sobre os lábios dele. - Eu também queria, como você mesmo sempre disse... Eu sempre quis Carlos Daniel, e quero estar em seus braços... – Confessei finalmente baixando minha cabeça.

– Eu vou esperar! Esperarei o tempo que for necessário para merecer tê-la como minha. Esperarei seu tempo.

Ele me levou em casa e quando chegamos aos portões, antes de sair do carro, o beijei com carinho, transmitindo todo meu sentimento de gratidão.

– Descansa Paulina. Tira o dia de folga para isso, eu vou fazer o mesmo. – Sugeriu acariciando minha bochecha.

– Tudo bem, não se preocupe comigo. Vou descansar! Até mais, Carlos Daniel! – Lhe sorri e saí do carro em direção aos grandes portões de minha casa, ele ficou esperando até eu entrar e assim que entrei, ouvi ele indo embora. Farei o que ele me pediu. Vou descansar.


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Notas finais do capítulo

Proximo capitulo será postado se tivermos muitos comentários e tbem alguma recomendação. kkkkkk :P
Obrigada por lerem, meninas e até o proximo!
Beijos, Tamy e Marta :*