Te Odeio Por Te Amar escrita por TamY, Mazinha


Capítulo 37
Capítulo 37 - "Tonto por você!"


Notas iniciais do capítulo

Oi meninass! Boa leitura! :*



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# Carlos Daniel narrando #

Cheguei com 1 hora de adiantamento, o vôo foi tranqüilo e dormi a maior parte da viagem. Enquanto esperava dar a hora da minha reunião com os árabes tomava meu café da manhã admirando a bela vista que tinha do meu apartamento em Miami e me lembrei da vista do apartamento de Paulina. Ela me disse que tinha comprado aquele apartamento pela vista de tirar o fôlego, bom, acho que ela iria amar essa vista também...

Me peguei sorrindo feito um bobo, estava realmente apaixonado, não conseguia sequer parar de pensar em Paulina, tudo era uma razão para pensar nela. Me despertei daquele pensamento quando a campainha tocou.

– Bom dia senhor Bracho, o carro já está nos esperando! - Disse meu assessor de forma cautelosa.

– Sim... Me dê apenas mais alguns minutos! - Pedi e em seguida fui em busca do meu celular.

Queria poder ligar para Paulina e ouvir sua voz já que não poderia vê-la agora, mas decidi enviar-lhe uma mensagem de texto, provavelmente ela já estava acordada, mas esperaria terminar a reunião para ligar.

Mensagem enviada: Paulina ”Nervosinha”.

“Assim que se olharam, amaram-se; assim que se amaram, suspiraram; assim que suspiraram, perguntaram-se um ao outro o motivo; assim que descobriram o motivo, procuraram o remédio.” - William Shakespeare

Quando voltar, quero encontrar o remédio com você... Já sinto saudades!

Seu Carlos Daniel Bracho. ;*

Me sentia um adolescente com sua primeira namorada, mas agora era hora de voltar a ser o senhor de negócios e ir para a reunião.

Miami estava maravilhosa, como sempre, e penso que poderia ser bem melhor se pudesse tê-la aqui comigo. Céus, tenho que me concentrar, vou acabar me transformando em um psicopata obsessivo! Pensei divertido enquanto seguia para o local da reunião.

Fui recebido por uma dúzia de homens engravatados, parecíamos que íamos a um funeral, meu humor naquela manhã estava ótimo, na verdade nem sabia que tinha senso de humor. Seguimos até uma gélida sala de reuniões, cada qual tomou seu lugar e então iniciamos nossa reunião, mas na metade fomos interrompidos por uma secretária que veio me trazer documentos enviados por Rodrigo.

Rapidamente analisei os documentos para saber do que se tratava e pelo que pude entender, não deveria aceitar as propostas dos árabes, não eram nada justas. Bom, Rodrigo provavelmente passou a madrugada enfiado em contratos e cálculos para chegar a uma conclusão dessas...

– Sinto informá-los, mas não vejo vantagem alguma nessa negociação! - Disse aos senhores que me olhavam com expectativa.

– Como não? - Perguntou um dos árabes me olhando surpreso. – Não vamos fechar negócio? - Me perguntou em tom de ansiedade.

– Não até melhorarem este contrato! - Disse me recostando na cadeira e o olhando seriamente.

– O senhor precisa de nós! - Rebateu um dos árabes irritado com minha resposta.

– Não nego que preciso! - Retruquei os olhando. – Mas tenho certeza que outra empresa pode me oferecer algo melhor, lógico que perderia algo, mas seria bem menos do que provavelmente vou perder com este negócio! - Disse de forma tranqüila.

– Nos dê mais algumas semanas e lhes enviaremos um novo contrato! - Pediu o árabe se colocando de pé bruscamente, logo sendo seguido pelos outros.

– Claro, vou esperar pela nova proposta! - Disse os olhando sair apressadamente dizendo coisas em sua língua.

– Acho que ficaram bravos! - Disse aos demais da sala com ar divertido.

A reunião foi mais rápida do que imaginei que seria, aproveitamos esse tempo para debatermos melhor o contrato dos árabes e descobrir pelas instruções nos documentos de Rodrigo em quê eles teriam de melhorar no contrato e depois de algumas horas, Rodrigo estava coberto de razão, se eu assinasse esse contrato do jeito que estava, estaria fazendo o pior negócio de todos os anos de fundação da minha companhia. Tenho de me lembrar de agradecê-lo por mais isso quando voltar de viagem.

Com a saída dos advogados e acionistas fiquei sozinho na sala de reuniões e aproveitei esse momento para ligar para Paulina, mas acho que ela estava ocupada porque não atendeu e a chamada foi encaminhada para a caixa de mensagem então decidi não deixar recado, depois tentaria novamente, ou quando Paulina visse minha chamada, ela mesma me ligaria, já estava ansioso por ouvir sua voz.

Ainda era cedo, então decidi ir à um bar beber algo bem forte, não queria ficar trancado dentro daquele apartamento enorme.

Fui a um bar que costumava freqüentar, bom, não era bem um bar, era uma boate. O local era escuro, mesmo com o sol rachando lá fora, tinha algumas salinhas reservadas para clientes VIPs, um palco amplo com um pole dance onde algumas meninas faziam danças sensuais, meninas lindas e semi-nuas se exibiam em troca de alguns trocados colocados em suas calcinhas, costumava vir algumas vezes aqui quando vinha a Miami, mas apenas para olhar e beber, não aceitava o fato de que teria de pagar a uma mulher para que fosse para a cama comigo. Bom, não posso generalizar, nem todas eram garotas de programa, mas algumas se aproveitavam da situação para ganhar mais do que a mixaria que ganhavam para se exibir aqui... Não nego que por diversas vezes me senti tentado em aceitar me deitar com uma garota de programa.

Me sentei em um banco em frente ao enorme balcão de pedra fria e pedi ao barman uma bebida bem forte, e como em todas as vezes, não demorou e umas das dançarinas se aproximou de mim.

– Senhor Bracho! - Ela disse me cumprimentando com seu jeito sedutor de sempre.

– Como vai, Marcela? - Perguntei de forma educada.

– Melhor agora! - Disse sorrido e me olhando como se eu fosse uma presa para ela. – Será que hoje está disposto a prolongar a noite comigo? - Perguntou direto ao ponto.

Marcela era uma morena clara de olhos azuis, dona de um corpo de dar inveja a qualquer mulher, muito sedutora e envolvente. Por diversas vezes estive tentado em aceitar seu convite de estendermos a noite.

– Não vai ser dessa vez! - Disse a ela enquanto tomava um gole de minha bebida e observava ao redor.

– Por quê? - Perguntou colocando-se de pé e aproximando lentamente de mim.

Acho que não deveria ter vindo aqui, com o tempo que não faço sexo estou mais vulnerável que nunca e senti uma pontada de desejo ao sentir o toque dela em minha coxa e a olhei nos olhos de forma seria.

– Por favor, Marcela! - Pedi retirando sua mão da minha coxa.

– Seus lábios dizem que não... - Dizia enquanto passava os dedos delicadamente por meu rosto. – ...mas seus olhos escuros de desejo dizem que sim! - Completou sorrindo com ar sedutor aproximando-se ainda mais ficando entre minhas pernas.

– Marcela! - Disse em advertência.

– Qual devo obedecer? - Perguntou sorrindo passando a língua em seus lábios, nossos rostos a apenas alguns centímetros.

Ter Marcela não próxima me seduzindo me deixou excitado, estava lutando com todas minhas forças para não corresponder aos seus gestos, sentia que poderia morrer se continuasse assim.

Não conseguia tirar Paulina de meus pensamentos enquanto Marcela acariciava meu peito me olhando ainda mais sedutora... “Paulina, Paulina... O que você esta fazendo comigo?” Me perguntei enquanto olhava Marcela sem conseguir me mexer, tamanha era a tensão.

– Eu não posso! - Disse a olhando. - Me desculpe, mas não posso traí-la! - Afastei Marcela que me olhava em surpresa.

– Não pode trair quem? - Perguntou com curiosidade.

– Minha namorada! - Respondi sorrindo feito bobo, pouco me importando com o que Marcela poderia pensar de mim.

Essa era a primeira vez que contava a alguém que tinha uma namorada e, olha só, dizia isso para uma quase estranha que estava tentando me levar para cama em troca de dinheiro.

– Você tem namorada? - Perguntou ainda mais surpresa.

– Tenho! - Afirmei sorrindo. – E acredite em mim, a amo e nunca a trairia dessa forma, nunca a faria sofrer, não seria capaz de arrancar sequer uma lágrima dela por minha culpa! - Completei pensativo.

Marcela compreendeu e não mais insistiu. Terminei minha bebida, voltei para o apartamento e tomei um banho quente com a esperança de me acalmar. Enquanto deixava a água quente relaxar meu corpo me perdi em pensamento. Quando poderia imaginar que dispensaria uma mulher como Marcela por estar apaixonado? Paulina... Somente ela foi capaz de me transformar a esse ponto... Céus, tinha que ouvir a sua voz ou acabaria enlouquecendo.

* Paulina narrando *

Acordei bem cedo e fui me preparar para ir com Sophia à Universidade matriculá-la, sentia um pouco de dor de cabeça, mas logo passaria. Pensei em Carlos Daniel e na atenção dele comigo, ele não tinha nada a ver com o que se passava dentro de minha casa e eu não deveria transparecer tanto como tenho feito. Tenho que procurar ser forte e segurar a barra com o meu pai, mas não tem sido fácil pra mim, ainda não consegui me acostumar com tantos problemas envolvendo as bebedeiras de papai, isso tem que parar.

– Bom dia, Lina! – Disse Adelina entrando em meu quarto, logo abrindo as persianas.

– Bom dia, Adelina! – Respondi sorrindo-lhe.

– Como se sente hoje?

– Estou bem, só com uma dorzinha de cabeça mas logo passa!

– Paulina, queria pedir desculpas sobre ontem... Por ter deixado o rapaz entrar, é que ele...

– Adelina não se preocupe! – Disse interrompendo-a com um sorriso. Não tem nenhum problema, muito pelo contrário. – Fez bem em tê-lo deixado entrar, ele me faz muito bem. Veio se despedir de mim, viajou hoje cedo para Miami.

– Ah Lina, ele parece ser tão atencioso! – Disse encantada.

– E é. – Sorri também lembrando dos momentos em que estivemos juntos até essa madrugada, ele é maravilhoso. – Estava precisando dele, Adelina! – Suspirei. – E não se preocupe, você não fez nada demais, até te agradeço por tê-lo deixado subir.

– Ah minha menina, me sinto mais aliviada. Ele saiu daqui bem tarde, o encontrei lá em baixo, estava com uma cara de cansado...

– É... Ele quase não dormiu, ficou aqui comigo até eu dormir. E agora nem sei como está, deve estar muito cansado porque passou a noite em claro aqui comigo. – Disse pensando, eu que o incomodei quando ele precisava ir e estar bem para viajar, pois iria trabalhar.

– É, deu pra ver... – Disse brincalhona. – Bem, mas o que eu vim te dizer também é que seu pai está te esperando na biblioteca. Pediu que passasse lá antes de sair.

– Meu pai? – Perguntei surpresa. Nos últimos dias papai tem dormido até tarde por passar madrugadas fora, mas agora ele estaria me esperando? O que poderia ser? Pensei confusa.

– Sim, ele mesmo! Acordou bem cedo hoje, tomou café e foi para a biblioteca.

– Tudo bem, vou até lá conversar com ele. Por favor, chama a Phia para mim Adelina! Diga que eu já estou pronta e que espero por ela no café.

Adelina assentiu e saiu. Após me arrumar, desci e fui em direção à biblioteca e papai lá estava. Seu semblante era de cansaço, mas parecia estar melhor do que os outros dias, estava bem vestido e apresentável. Fiquei feliz com essa constatação.

– Bom dia, papai! – O cumprimentei ao entrar na sala.

– Bom dia, Paulina! - Respondeu me olhando sério. – Sente-se, tenho que falar com você!

Sentei e me prontifiquei a escutá-lo, estava curiosa para saber o que ele queria comigo àquela hora da manhã. Fazia dias que papai não falava sobre nada comigo, fazia dias que não o víamos em casa e tampouco ele aparecia na fábrica. Não sabia o que esperar de uma conversa matinal.

– Pois diga, papai. Qual o motivo de uma reunião tão cedo?

– Aqui quem faz as perguntas sou eu, senhorita! – Disse levantando-se, sisudo, o olhei assustada estranhando a sua atitude, ele não estava bêbado para falar comigo desse jeito. – O quê Carlos Daniel Bracho estava fazendo aqui a altas horas da madrugada? – Indagou seriamente. Senti meu corpo inteiro estremecer com sua pergunta.

– Papai eu... Ele...

– Você sabe que eu apoio a idéia de você ter um namorado, de você estar com alguém... Mas pelo amor de Deus, Paulina... Logo o Bracho?

– Mas pai, não é nada que...

– Não posso acreditar que a minha filha... Minha filha foi capaz de...

– NÃO PAPAI! – Disse levantando-me rapidamente interrompendo-o. Não podia acreditar que ele estava pensando tão mal a meu respeito. – Não é o que está pensando e eu exijo respeito, não ponha palavras na boca. Não cogite coisas que não são verdades!

– Como Paulina? Me diga... – Aproximou-se a mim encostando-se à escrivaninha. – Estávamos prestes a falir... Não havia uma alma sequer para nos emprestar uma fortuna e nos tirar da lama... De repente, um jovem e rico empresário compra quase metade das nossas ações e nos garante o reerguimento da fábrica, colocando a nosso dispor uma imensa quantidade de dinheiro... Poucos dias depois, ele está saindo em plena madrugada da casa de quem dedicou parte de seu dinheiro... O que você quer que eu pense, oras?! – Perguntou irritado.

– Não suje a minha dignidade, papai! Quem você pensa que eu sou? Pensa que eu seria capaz de vender a minha integridade por algo que VOCÊ destruiu?

– Paulina... Não tire palavras de minha boca...

– Agora sou eu quem está tirando palavras de sua boca, não é? Não precisou dizer muito, papai. Eu entendi tudo o que quis dizer e, quer saber? Pense o que quiser... Só não se esqueça de uma coisa... Você é o culpado de todos os problemas que envolvem a fábrica e não venha pra cá procurar desculpinhas para as coisas. Você não tem feito nada para ajudar, então se não for ajudar, também não atrapalhe.

– Paulina, se tem uma coisa que eu não vou admitir é que você...

– Papai...Lina... – Disse Sophia ao adentrar a sala com o clima pesadíssimo. - O que está acontecendo aqui? – Perguntou assustada com o que acabara de escutar.

– Nada, Sophia! Vamos embora... – Eu disse tentando fugir do assunto, não queria que papai repetisse aquelas coisas.

– Paulina, não seja mau exemplo para a sua irmã! – Disse papai em tom autoritário.

– Que ironia, não acha pai? Não sou eu quem está dando mau exemplo a ninguém aqui... – Disse sarcástica.

– Que isso, papai... Paulina sempre foi o meu melhor exemplo... E mais, Carlos Daniel e Paulina se conheceram muito antes de a fábrica ter essa tal sociedade aí...

– Não precisa explicar nada Sophia... Vamos! – Disse em advertência, as coisas não deveriam ser conversadas dessa maneira.

– Não seja carrasco, papai... Tivemos muita sorte de Carlos Daniel ser seu investidor, dá pra ver que ele não liga pra certas coisas... – Sophia disse medindo papai. – E conhecendo Paulina, ele sabe que o dinheiro dele está em boas mãos. Portanto, não se preocupe e nem julgue as pessoas sem antes conhecer a real situação... Te conto mais ainda, paizinho... – Disse com ironia. – Eles só descobriram que o credor da fábrica Martins era Carlos Daniel Bracho quando a Paulina precisou ir a uma reunião que você deveria estar.

Com essa revelação notei que papai ficou surpreso, ele abaixou a cabeça e ficou pensativo. Não disse nada mais, apenas levantou seu olhar e nos olhou fixamente, e ficou ainda mais pensativo.

– Qual é o grau de amizade que você e o Bracho tem, Paulina? – Perguntou papai pensativo. Senti minhas pernas enfraquecerem com tal pergunta.

– O que acha que somos papai? Achei que fosse mais esperto já que o encontrou saindo daqui em plena madrugada.

– Não me subestime Paulina!

– Talvez, se parasse de beber e prestasse mais atenção em suas filhas, em sua casa e em sua empresa essa conversa não seria tão desagradável...

– Tem razão, Paulina... Você, Sophia... Vocês tem razão... Eu me tornei um bêbado imprestável... – O olhei perplexa, não imaginava que ele fosse admitir algo assim. – E vou tentar melhorar, lhes garanto.

Eu nada respondi, mas confesso que fiquei feliz com a sua revelação, Sophia também ficou e um fio de esperança cresceu dentro de nós.

– Está apaixonada pelo Bracho, Paulina? – Perguntou sério, com curiosidade.

– Se eu estiver ou não fará alguma diferença para você?

– Está ou não está? – Perguntou novamente. Meus olhos tremiam, fiquei muito nervosa e não sabia o que dizer, Sophia me olhava com tanta expectativa que estava quase prestes a responder por mim se eu não o fizesse.

– Estou! – Disse objetiva. – Estou apaixonada por Carlos Daniel Bracho! Está satisfeito agora?!

– Sim, estou. Mas saibam de uma coisa, apesar de todos os problemas que tenho causado, apesar de toda decepção que vocês estão sentindo de mim... Ainda sou seu pai e as amo, jamais quero ver vocês sofrerem e muito menos por causa de homens...

Quando papai disse essas palavras, meu coração gelou, mal sabia ele tudo o que eu enfrentei no passado. O entendia de certo modo, mas não queria pensar que tudo pudesse acontecer de novo. Tentei espantar os maus pensamentos de minha cabeça e pensar que com Carlos Daniel as coisas serão diferentes.

–...O Bracho não parece ser um homem de má índole, muito pelo contrário, mas presumo que saiba com quem está se envolvendo, que ele é um homem leviano, não é?

– Obrigada por se preocupar, mas acho que já tenho idade o suficiente para decidir com quem eu me relaciono ou não.

– Pois bem, eu tenho certeza que sim. – Respondeu olhando-me seriamente.

– Vamos Sophia, estamos atrasadas! – Chamei Phia, queria sair desse assunto que já estava me sufocando. Não sei se me sentiria feliz ou triste por papai ter reagido a algo que diga respeito a mim.

– Esperem! – Disse fazendo-nos parar. – Eu vou com você, Sophia! Vou te matricular na Universidade. – Disse sorridente, outro fato que me deixou perplexa. Será que ter encontrado Carlos Daniel o fez querer mudar assim da noite para o dia?O que será que eles falaram? Me perguntei preocupada, não pude deixar de sentir um pouco de vergonha ao imaginar o estado de papai chegando em casa tão tarde. Carlos Daniel deve ter pensado horrores sobre ele.

– Sério, papai? – Perguntou Phia desacreditada. – De verdade você vai comigo e a Lina?

– De verdade... Vamos? – Disse sorrindo, aproximando-se de nós.

Foi quase inacreditável, fomos com papai até a Universidade para matricular Sophia e visitamos todo o campus. A reitora fez questão de nos acaompanhar e nos explicar cada detalhe sobre a grade curricular, carga horária, professores e tantas outras coisas mais que precisávamos saber para que Phia ingressasse naquela instituição. Aprovamos e a matriculamos enfim, ela fará Comunicação, o que terá como subdisciplinas Comunicação Interpessoal, Publicidade, Propaganda, Relações Publicas, dentre outros, que a capacitará para uma boa função na nossa fábrica, foi o que ela decidiu e fico feliz que ela tenha tomado tal decisão e assumir junto comigo e papai os assuntos do nosso negócio. Logo ela fará um estágio conosco e agregará muito mais conhecimento com a prática.

Enquanto eu dirigia em direção à fábrica, uma mensagem de texto faz o meu coração saltar. Era ele. Com uma frase dita por Shakespeare, suspirei ao ler “quando voltar, quero encontrar o remédio junto com você”... Ele está sendo maravilhoso comigo e a cada momento eu me sinto mais encantada por ele. Não pude respondê-lo naquele momento, estava dirigindo. Cheguei na fábrica no horário do almoço e almocei por lá mesmo, logo Levy me entregou um novo cronograma para os funcionários, precisava analisar tudo minuciosamente antes de aprovar qualquer decisão. Logo papai chegou, o que surpreendeu a todos e entramos numa nova reunião para que fosse passado para ele tudo o que está acontecendo com a fábrica.

O tempo passou voando e pude perceber que tinha ficado muito tempo na reunião quando peguei meu celular e tinha algumas ligações de Carlos Daniel. Imediatamente retornei a ligação. Sentia saudades.

# Carlos Daniel narrando #

Iria ligar assim que saísse do banho, mas escutei o toque do meu celular e saí correndo ainda com o corpo ensaboado, apenas deu tempo de pegar uma toalha e enrolar na cintura e corri em busca do meu celular.

– Alô! - Disse ao atender ao telefone ofegante.

– Sou eu! - Ouvir a voz doce de Paulina do outro lado da linha fez meu coração saltar no peito.

– Sim, eu sei! - Disse enquanto tentava me secar e não molhar tanto o carpete.

– Te atrapalho? Você está ocupado? - Perguntou cautelosa.

– Não! - Disse rapidamente. – Eu não estava fazendo nada! - Menti

– Tudo bem... Estava em uma reunião, só agora vi sua chamada e pude retornar. - Explicou.

– Imaginei que estivesse ocupada! - Disse sorrindo.

– Como foi a viagem? - Perguntou em tom curioso.

– Foi bem! - Disse torcendo o nariz. – Poderia ter sido muito melhor se você estivesse aqui comigo! - Completei com ar galanteador.

– Ai bobo! – Sorriu e aposto que ficou vermelha com o meu comentário. - Quando você volta?

– Ainda hoje! Vou tentar adiantar o meu vôo. Estou com saudades! – Sorri ao notar o que acabara de dizer, nunca estive tão envolvido com uma mulher a ponto de confessar tantas vezes algo que estava sentindo.

– Estou com saudades também! - Ela disse do outro lado e então ficamos em silencio.

Me sentia um idiota, tinha desaprendido como é ter uma namorada, não sabia bem o que dizer e me sentia um pouco perdido.

– Você está bem? Sinto sua voz um tanto desanimada.

– Sim, estou. É que eu só estou um pouco cansada.

– Pretendo chegar ao México antes das 7h, será que a gente vai poder se vir? – Perguntei esperançoso.

– Claro que sim! Mas não quero que se sacrifique para me ver, vai chegar cansado e precisará de descanso.

– Nunca é sacrifício estar com você, não diga isso! Pra mim será mais que um prazer, quero muito ver você! A propósito, tenho uma idéia melhor. O que acha de irmos jantar naquele restaurante que fomos a primeira vez? – Perguntei empolgado, seria ótimo jantar com ela mais uma vez naquele lugar tão agradável.

– Hmm, adorei a idéia! – Respondeu animada, o que me deixou feliz, ela também queria estar comigo.

– Então combinado! Te pego em sua casa às 8h!

– Tudo bem, estarei te esperando! – Disse sorridente.

– Pensei tanto em você hoje... Que você poderia estar aqui comigo, a vista do apartamento é muito linda. Dá pra ver a cidade quase toda daqui de cima.

– Eu posso imaginar, você tem muito bom gosto e a prova disso é o prédio da sua empresa!

– Sim, claro! Não é a toa que estou com você! – Disse travesso e ela ficou muda. – Não vai dizer nada?

– Que você é um tonto? Ai tonto! – Disse a gargalhadas e ri com seu jeito de se referir a mim.

– Tonto por você... – Respondi rindo, imaginando o rosto dela corado com as coisas que disse, mas tinha que me despedir se quisesse chegar a tempo de vê-la ainda hoje. – Bom, tenho que ir agora. Vou acionar o meu assessor para deixarmos algumas coisas em ordem aqui antes de eu voltar.

– Tudo bem, faça uma boa viagem!

– Obrigada, meu amor! Até mais.

Nos despedimos e fui terminar o meu banho, logo encontraria mais uma vez com o meu assessor e após resolvermos tudo, iria em direção ao aeroporto para pegar o meu vôo.


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Notas finais do capítulo

:*