Te Odeio Por Te Amar escrita por TamY, Mazinha


Capítulo 13
Capítulo 13 - "Não importa!"


Notas iniciais do capítulo

Oie meninas! Titulo horrivel, eu sei... Mas não pude pensar em algo melhor por causa da correria, em compensação, o capitulo está gigante pra vcs aproveitarem bastante! rsrs
Obrigada a todas as que estão acompanhando e comentando a nossa fic, é um prazer escrever para vocês, obrigada pelo apoio e incentivo.
Super beijo em todas!
Boa leitura!



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# Carlos Daniel Narrando #

Fiquei ainda parado no lugar sem conseguir dar um passo, ela me acertou em cheio, e mesmo com muita dor não pude deixar de achar graça da situação. Ela tinha me dado uma joelhada onde um homem sente mais dor e só por causa de um beijo. Definitivamente essa mulher era totalmente diferente das outras...

Quando a dor diminuiu o suficiente para conseguir me levantar e andar até o carro, fiz esse esforço e fui mancando, meu motorista ao me ver quase me arrastando aproximou-se de mim com pressa preocupado que tivesse acontecido alguma coisa, desconversei e tratei de entrar logo no carro e ir pra casa.

Enquanto fazíamos todo o trajeto até minha casa, fiquei recordando as últimas horas, do quão linda era aquela mulher que nem sequer sabia o nome, seu rosto sempre sério, seu olhar curioso e esperto. E ela sabia bater, tinha descoberto isso tarde demais, mas além disso, seus lábios... ainda podia sentir a maciez de seus lábios, o sabor... Eles eram quentes... Poderia beijá-los para o resto de minha vida e ainda assim não seria o suficiente.

Apenas beijá-la não era suficiente, desejava mais, desejava tudo com ela, a queria e não desistiria de tê-la em meus braços, em minha cama... Meus pensamentos foram interrompidos quando meu motorista me chamou avisando que tínhamos chegado, estava com os pensamentos tão longe... Bom, Talvez não tão longe assim, mas não me dei conta de que tínhamos chegado.

– Boa noite Carlos Daniel, meu filho! - Disse Matilde me recebendo como sempre com um enorme sorriso no rosto.

– Boa noite Matilde! - Disse me aproximando dando-lhe um beijo na bochecha.

– Posso saber qual o motivo desse sorriso tão lindo? - Ela me perguntou me pegando de surpresa, nem ao menos me dei conta que estava sorrindo.

– Por nada! - Desconversei. – Não vou jantar, estou cansado e já vou dormir! - Disse já subindo as escadas com pressa e indo direto para meu quarto.

Estava suado da corrida então entrei direto para o banho e já abria o chuveiro quando me dei conta que o perfume daquela estranha estava impregnado em meu corpo e a lembrança dela em meus braços, seu toque tão suave, sua pele, tudo me veio à mente como um estalo.

Depois de alguns minutos parado com o chuveiro ainda ligado, me dei conta de que mais uma vez tinha me desligado do mundo real e então desliguei o chuveiro sem querer tirar seu perfume de mim e segui até meu quarto, deitei-me e fiquei pensando... Não sei o que estava acontecendo comigo, aquela estranha estava dominando meus pensamentos desde que pus meus olhos nela.

– Nem pense nisso! - Disse a mim mesmo enquanto me sentava na cama alarmado. – Ela é como todas, talvez esteja apenas fazendo um joguinho e logo cairá em meus braços como todas caem! - Completei confiante.

Voltei a me deitar com esses pensamentos em mente e logo adormeci.

* Paulina Narrando *

– Oi papai. – Cumprimentei o meu pai enquanto me aproximava à mesa na sala de jantar.

– Oi filha, achei que não viria mais, já ia ver como você está. – Disse levantando-se em minha direção, puxando a cadeira para que eu me sentasse.

– Não é necessário, já estou aqui. Você disse que precisamos conversar e eu tenho muito interesse no assunto. – Respondi séria, realmente não sentia mais um pingo de vontade de estar ali mas não podia deixar para depois o que tínhamos a tratar.

– Bem, vamos jantar e logo conversaremos. Prometo que serei breve. – Disse papai dando a ordem que servissem o jantar. Cacilda fez uma leve sopa de vegetais que eu adorava e estava divina, como sempre.

Seguimos comendo em silencio, papai olhava para mim seriamente, estava intrigado com a minha atitude e parecia ansioso em me dizer algo. Terminamos o jantar e logo papai deu inicio a conversa.

– Bem filha, é que você sabe que a nossa empresa já não é mais como antes e... – Disse baixando o olhar, ele estava envergonhado. – por causa de minha... irresponsabilidade chegou à situação atual. – Forçou-se a me olhar, notava-se que não era fácil pra ele falar sobre a decadência da fabrica, principalmente por ser tudo sua culpa. – Mas o que eu quero te dizer é que mesmo com a nossa situação, Deus ouviu as nossas preces e conseguimos uma grande parceria que comprou 49% das ações, o que nos ajudará a reerguer a fábrica. – Concluiu com um sorriso me olhando com expectativa.

– Ah papai, que noticia mais agradável! – Disse sorrindo-lhe. Essa realmente era a melhor coisa que eu podia escutar naquela noite para substituir a aflição que eu já havia tomado conta de mim horas antes.

– Sim, é uma ótima noticia filha e agora vamos precisar nos empenhar ainda mais no desenvolvimento da nossa fábrica! Teremos de trabalhar dobrado, afinal, esse investidor é muito exigente com os negócios e tem que estar satisfeito em investir tanto dinheiro conosco. – Disse papai esperançoso.

– Sim, claro papai e é isso o que faremos e conte comigo para tudo. – Disse enquanto segurava a sua mão sobre a mesa. – E quem é esse investidor que confiou tanto dinheiro assim em nossa empresa? – Perguntei curiosa, afinal, foi um grande milagre que pudéssemos encontrar alguém interessado em nos ajudar e ainda mais com tanto capital assim de uma só vez.

– É um milionário dono de uma rede fábricas automobilísticas aqui no México e no mundo, o Sr. Bracho, ele é muito bem conceituado e bem visto no mundo dos negócios por ser um ótimo empreendedor apesar de jovem. – Já tinha ouvido por alto falar nesse sobrenome, mas não sabia exatamente de onde e dei de ombros, pois pra mim não faria muita diferença, depois o conheceria, o importante agora é que já poderíamos seguir em frente e recuperar tudo o que perdemos com muito trabalho e dedicação. Apesar de estar preocupada com papai e seu vicio, mantive a confiança de que a partir de agora tudo seria diferente.

– Tudo bem, pai... Agora é seguir em frente que vai dar tudo certo. – Assenti sorrindo.

– E quando a Sophia volta? Estou com saudades dela.

– Eu estive pensando em ir buscá-las no fim de semana, mas acho que vou logo amanhã. Estou com muita saudade de Sophia e de Adelina e é melhor tê-las logo por aqui por causa da fábrica e eu prefiro começar logo quando voltar de Cancún para não ter que pausar tudo. O que acha?

– Acho ótimo! Quero ver logo a minha filhinha caçula! Pode ir o quanto antes e não se preocupe que enquanto você estiver lá, eu cuido de tudo aqui.

– Combinado! Amanhã mesmo eu embarco para Cancún bem cedo e retornamos no dia seguinte para darmos inicio ao nosso novo futuro! – Disse-lhe sorrindo enquanto me levantava e seguia até ele para dar-lhe um beijo de boa noite. – Agora eu preciso subir papai. Vou arrumar algumas roupas e dormir para acordar cedo amanhã.

Depois da conversa que tive com meu pai me senti muito mais aliviada com a questão dos nossos negócios, agora teremos de trabalhar duro para reerguemos a fabrica o mais rápido possível. Nos despedimos e eu subi para o meu quarto, liguei para Adelina para avisar que anteciparia a minha viagem, arrumei uma pequena mala e deitei-me para descansar um pouco, ou pelo menos tentar mas logo que deitei em minha cama e avistei o meu top que ainda estava lá em cima, me estiquei até ele e o tomei em minhas duas mãos levando-o até as minhas narinas, automaticamente regressando os meus pensamentos completamente para a tarde e para aquele desconhecido tão irritante que me ajudou e me deu um beijo assim do nada, ri ao lembrar do quão audacioso ele foi e da joelhada que ele levou entre as pernas, foi mais que merecido para ele deixar de ser atrevido. Não conseguia deixar de sentir a sensação de seus lábios deliciosos sobre os meus e ansiar apenas por mais, aquele desconhecido roubou o meu fôlego e agora estava impregnado em meus pensamentos, seu cheiro não sairia de meus sentidos e eu sabia que já estava prestes a ficar viciada. Não gostava de me sentir assim, me sentia vulnerável demais e ainda a um desconhecido, cadê a Paulina forte e protegida das garras desses canalhas que tentam se aproximar só pra tirar um proveito e sair com ar de garanhão por ter conseguido o que queria? Me perguntava enquanto tocava os meus próprios lábios devolvendo os sentimentos que ele me causou ao me beijar. Eu só podia estar louca, meu Deus... Tinha que parar, isso é loucura e eu não o veria mais, não queria vê-lo mais. Com estes pensamentos acabei dormindo, estava cansada demais.

*Manhã Seguinte* Paulina narrando *

Acordei bem cedo, me despedi do papai e da Cacilda e segui rumo ao aeroporto, tentaria comprar a minha passagem por lá mesmo e tudo saiu como eu queria, tinha um próximo vôo para Cancun dali a meia hora e corri contra o tempo para embarcar tranquilamente.

Cheguei em Cancun ainda de manhã e fui recebida em casa calorosamente por Sophia que me deu um abraço apertado e me guiou até o interior da casa, como era bom ver a minha irmã.

– Ai Lina que bom que você veio logo, essa casa é uma chatice sem você aqui. – Disse enquanto me ajudava com a mala revirando os olhos demonstrando o real tédio que sentia.

– Precisei vir antes das férias acabarem por causa dos planos que mudaram. Tenho ótimas noticias para vocês. – Disse sorrindo.

– Ah mas falta muito pouco para as férias acabarem e não faz muita diferença ir amanhã ou daqui a uma semana e nem tenho o que fazer aqui nessa casa tão imensa... Todos os meus amigos daqui já estão voltando para suas casas, foi ótimo você ter vindo nos buscar logo, e domingo os pais da Taty vão dar uma grande festa no clube e essa eu não posso perder por nada, só vai gente importante, rica e bonita e tenho certeza que vai ter muita diversão, não vejo a hora de chegar logo esse dia!– Disse feliz, minha irmã não era dessas garotas caseiras demais que se contentavam em ficar sozinhas ou o dia inteiro na internet, muito pelo contrario, era muito ativa, gostava de estudar, dançar e sair com os amigos. Seu apelido era diversão!

– Ótimo que não estraguei os seus últimos dias de férias em sossego então. Quando voltar para o México vai ter outra rotina, e sabe que esse lugar aqui é o paraíso. – Disse segurando em sua mão enquanto seguíamos até o meu quarto.

– Aqui é maravilhoso, mas não para ficar sozinha e já estávamos há muito tempo e eu gosto da correria da cidade, das festas, das minhas amigas e eu também não vejo a hora de me matricular na faculdade. – Respondeu sonhadora. – E Lina, vamos tomar um banho de piscina comigo? Vamos aproveitar o dia que está lindo já que amanhã já estaremos de volta e não sabemos quando voltaremos aqui, apesar de tudo eu vou sentir saudades. Sei que logo retornaremos, mas não é tão logo e eu adoro essa casa aqui. – Continuou enquanto olhava em volta.

– Eu também adoro essa casa, aqui vivemos momentos maravilhosos em família quando mamãe era viva e fomos muito felizes aqui. Tudo nesta casa lembra a mamãe, e sei que ela vale muito mas pra mim o mais valioso é o sentimento que esta casa me trás, é o que ela significa pra mim. – Respondi sentindo os meus olhos marejarem enquanto ia em direção a um porta-retratos com a foto de minha mãe e segurava-o firme olhando-o. – E sim, vamos para a piscina, estou morrendo de calor e enquanto tomamos sol podemos colocar o assunto em dia também. – Continuei com o assunto anterior repentinamente para livrar-me das lagrimas que já embaçavam a minha visão.

Coloquei um biquíni e desci de encontro a Sophia para a piscina que já estava à minha espera deitada em uma espreguiçadeira.

– Ai Lina, você demorou hein?! – Disse Sophia virando-se em minha direção ao ver me aproximar.

– Ai Sophia, deixa de exageros! Eu nem demorei tanto assim... – Respondi sorrindo. – E me empresta um pouco desse protetor aqui, preciso me proteger desse sol que tá de torrar qualquer um. – Continuei rindo enquanto passava o protetor sobre o meu corpo.

– É sim Lina, mas mesmo assim está ótimo para uma praia ou um banho de piscina e graças a Deus que temos piscina e praia também e lá no México não é nada diferente. – Disse enquanto voltava a deitar-se na espreguiçadeira.

– É sim, mas não sei quando vou poder ir à praia de novo. – Respondi desanimada.

– Ahhh, muito breve! Comigo em casa você sabe que não fica parada! – Ela me disse brincalhona e tinha razão, quando estávamos juntas eu nunca ficava quieta, sempre saía com Sophia para algum lugar mesmo que eu não quisesse ir, ela sempre me convencia e quando não ia junto com ela, tinha que leva-la e ir busca-la, fazia questão disso.

– Sim, mas agora ficará muito difícil. Agora que já temos um acionista que investirá tanto na fábrica, preciso trabalhar pesado e quase não vou poder sair para diversões.

– Ah Lina, deixa de ser pessimista quanto a isso. – Disse olhando-me. – Eu duvido que você não saia mesmo com tanto trabalho a fazer. – E papai te disse quem é esse tal acionista?

– Não, ele não me disse exatamente, apenas disse que é um milionário dono de uma rede de fabricas automobilísticas e que é bem cotado e famoso por ser um bom empreendedor, é dos Bracho. – Respondi olhando-a apertando os meus olhos pela força dos raios do sol.

– Dos Bracho... Mas não são eles que tiveram uns probleminhas com o papai há uns anos atrás? – Perguntou me deixando completamente pensativa.. “Então era isso, era por isso que eu reconheci aquele nome quando papai me disse mas não sabia exatamente de onde era.” – Lina, tá me ouvindo ou está no mundo da lua? Helloo, estou aqui. – Continuou abanando as suas duas mãos diante dos meus olhos, fazendo-me voltar a atenção a ela.

– Ah sim, desculpa... É que, eu sabia que conhecia este nome de algum lugar mas não sabia de onde era, agora entendo... Mas papai disse que ele é jovem e a fábrica dele é automobilística, não sei se são da mesma família. – Concluí ainda pensando no que Sophia acabara de comentar.

– Ah Lina, mas isso não importa. O importante é que agora as coisas vão melhorar e tudo graças a esse cara que se prontificou em ajudar o papai.

– Isso é verdade. – Dei de ombros por uns instantes e sorri para Sophia levantando-me, indo em direção à piscina para dar um mergulho.

– Wow Lina! – Gritou Sophia alarmada!

– O que foi Sophia? – Perguntei virando-me para olhá-la. Com o grito que a garota deu, parecia que o mundo tava caindo.

– Que corpaço hein, minha irmã! Tá com tudo em cima! – Disse ela me olhando de cima abaixo enquanto dizia, fazendo a minha face esquentar e continuei andando até o lado oposto.

– Ai por favor, Sophia para com isso garota! – Retruquei sorrindo, essa menina não é fácil! – Disse antes de dar um mergulho na água e nadei em sua direção.

– Ué, só estou dizendo a verdade. Ahh, e o Ricardo me falou muito bem de você! – Continuou me olhando travessa quando parei em sua frente apoiando os meus braços no batente da piscina.

– Ricardo? – Perguntei sem entender.

– Sim... Ricardo! Loiro, lindo, alto, forte, festa... Não se lembra? Ai Lina, impossível não lembrar dele ainda mais com tantos adjetivos assim!

– Ahh sim! Ricardo, é assim que ele se chama? – Disse revirando os olhos. Não acredito que ela ia tocar no assunto que eu mais detestava.

– Claro Lina! Você nem perguntou o nome dele! Só você mesmo! – Disse amarrando a cara.

– O que você quer que eu faça, Sophia? Não conversamos, eu não quero conversar com ninguém, entende? – Estava ficando brava. – Eu não quero me apegar a alguém que vai me...

– Já sei, já sei Lina! Calma! – Me interrompeu repentinamente sentando-se, fazendo-me arregalar os olhos olhando-a assustada. - Essa conversa não é nova e eu acho que você já está deixando de se divertir e deixando de lado a oportunidade de algum cara legal entrar em sua vida por causa desse seu jeito de tratá-los... Lina, você não era assim antes... Tenta fazer um esforço! – Continuou me encarando irritada.

– Sophia você não entende, você não...

– O que eu não entendo é porque você se transformou nessa bruta intocável, não entendo o porquê você se fechou dessa forma, não tem necessidades físicas não é? – Me interrompeu de novo. Dessa vez ela pegou pesado nos seus questionamentos.

– Os homens não prestam, Sophia! Você sabe disso e...

– Ai não generalize Paulina, você fala assim como se todos os homens fossem iguais. – Me interrompeu novamente. Céus, o que essa menina tinha? – Não é porque um ou outro te desiludiu, te fez sofrer que com outros vai ser assim e você não pode viver pra sempre sozinha, você também precisa de alguém do seu lado que te ame, te valorize, te mime, te faça ver faça ver as estrelas quando...

– Sophia! – Dessa vez eu a interrompi. Sabia o que ela estava a ponto de dizer e não acreditava que a minha irmã caçula, aquela que eu praticamente criei estava me dizendo todas aquelas coisas.

– O quê Paulina? Não vai me dizer que eu estou errada porque você sabe que não estou. – Sim, ela tinha razão, mas eu não podia, não conseguia, não queria passar por tudo de novo... – Não quero te pressionar porque sei que o que você passou não foi fácil, eu vi o seu sofrimento e as noites em claro que você passou, mas não significa que você tem que ser assim como está sendo agora. Se continuar assim, nunca vai encontrar alguém.

– E eu pouco me importo com isso. – Dei de ombros ainda irritada enquanto saía da piscina.

– Eu duvido, Lina! – Disse me encarando, chamando a minha atenção.

– Duvida de quê? – Perguntei olhando-a seriamente.

– Duvido que você não tenha ninguém, que não faça nada e...

– Não Sophia, eu...

– Nem uns beijinhos Lina? Nem um pouco de...

– Já chega, Sophia! – Corei sem conseguir disfarçar e cortei imediatamente a sua conversa irritante. Não queria falar sobre isso, sabia aonde ela queria chegar e não estava disposta a prolongar essa conversa, muito menos com a minha irmã mais nova.

– Calma Lina, não precisa se estressar tanto e ficar desse jeito... – Disse levantando as suas mãos em forma de rendição. - Eu vou parar, mas que você está me escondendo alguma coisa, está e eu vou descobrir. – Ela me disse levantando-se para dar o seu mergulho. Fiquei olhando-a ir até a beira da piscina até que ela entrou na água finalmente e eu agradeci aos céus por ter conseguido fazê-la parar. Logo os meus pensamentos me levaram até o desconhecido que havia encontrado no parque, na forma como ele agia e no beijo que ele me roubou, não podia deixar transparecer isso. Sophia não podia descobrir de jeito nenhum o que aconteceu aquela noite.

Um pouco depois, Adelina foi me cumprimentar e conversamos por um bom tempo. Lhe contei do cara que foi generoso conosco e comprou as ações da fabrica e ela ficou tão feliz quanto eu. Elas tinham me dito que haveria uma solução e foi isso o que aconteceu, tinham razão. Passamos o restante do dia nos divertindo, de vez em quando me viam as lembranças do desconhecido mas logo eu tratava de tira-lo de meus pensamentos, não valia a pena, e logo que chegou a noite, fomos descansar. No dia seguinte retornaríamos para casa.

# Carlos Daniel narrando #

Acordei muito cedo na manhã seguinte e tomei um banho demorado, aquela estranha ainda rondava meus pensamentos mas tratei de afastá-los e me arrumar para o trabalho.

Matilde insistiu que eu tomasse café antes de sair mas recusei, queria chegar mais cedo na fábrica, tinha muito que fazer e poderia comer alguma coisa por lá mesmo.

Parei bruscamente ao entrar na sala de espera do meu escritório e não encontrar Victória. Perguntava-me onde ela foi que não estava em seu lugar? Adentrei pela enorme sala e segui até meu escritório e antes de entrar.

– Onde está Victória? - Perguntei a secretaria que nem sequer sabia o nome ainda.

– Ela ainda não chegou senhor! - Disse minha secretária de forma cautelosa.

Eu não disse nada a respeito, apenas me virei e dei somente alguns passos até minha sala quando minha secretária voltou a me chamar...

– O que foi agora? - Perguntei de forma brusca a olhando seriamente.

– É que sua mãe senhor... - Ela dizia quando a interrompi antes que continuasse.

– Se ela me ligar diga que fui viajar e não sabe quando volto! - Disse a minha secretária a olhando seriamente e quando a vi abrir a boca para dizer alguma coisa, ouvi uma voz que fez um arrepio percorrer por minha espinha.

– Mentindo como sempre! - Era minha mãe! – Bufei e revirei os olhos, e então me virei para olhá-la.

– Oi, mãe! - Disse com má vontade.

A conhecia bem, e para ela aparecer aqui na empresa boa coisa não seria, ela provavelmente faria mais um de seus intermináveis sermões.

Ela não respondeu a minha saudação apenas entrou novamente em minha sala e eu a segui em silencio.

– O que a senhora quer dessa vez? - Perguntei sem rodeios enquanto seguia até minha cadeira de couro e me sentava apoiando os cotovelos sobre a mesa, olhando-a com desdém.

– Como o que eu quero dessa vez? - Ela me perguntou indignada. – Vim fazer uma visita ao meu filho já que ele não liga para a família dele! - Rebateu em tom desgostoso.

– A senhora sabe muito bem o motivo de eu ter me afastado de vocês! - Rebati irritado.

– Ainda não conseguiu superar o passado? - Ela me perguntou me olhando de forma séria. – Perdoe meu filho, perdoe! - Disse ainda me encarando. – Quem sabe assim poderá se sentir melhor consigo mesmo!

– Não posso... NUNCA! - Disse me levantando e apoiando minhas mãos sobre a mesa, me aproximando olhando-a nos olhos com fúria. – NUNCA poderei perdoá-los pelo que me fizeram, e nunca vou perdoá-la por ter virado as costas para mim!

– Estes são modos de falar com sua mãe, Carlos Daniel? - Ela me perguntou em um tom autoritário.

Se fosse ha alguns anos atrás eu poderia até me retratar e pedir desculpa pela forma que falei com ela, mas hoje? Não, isso ainda é pouco comparado ao que ela me fez, a traição da única pessoa que eu nunca poderia imaginar.

Dei uma gargalhada diante dela enquanto atravessava a sala sem desviar meu olhar dela.

– Uma mãe como você não merece qualquer tipo de consideração ou respeito! - Dizia enquanto caminhava a passos lentos pela sala. – Vovó Piedade deve se envergonhar em tê-la como filha! - Completei sério.

Em toda essa sujeira a única pessoa que me apoio foi vovó Piedade, infelizmente não a via muito já que ela morava na casa de minha “mãe” e uma das ultimas pessoas que eu gostaria de ver nesse mundo era ela, e olha só quem estava em minha frente? A própria.

– Agora entendo porque a Fabíola preferiu te...

– NÃO PERMITO QUE TOQUE NO NOME DESSA VADIA AQUI! - Gritei dando um soco na mesa tão forte que fez as janelas tremerem fazendo-a me olhar com olhos arregalados.

– Você está falando com sua mãe! - Ela rebateu de forma contida enquanto me encarava.

– Mãe essa que preferiu virar as costas para o filho quando ele mais necessitava de seu apoio... Mãe essa que mancomunou contra seu próprio filho... Você chama isso de mãe? - Perguntei em tom controlado enquanto a olhava de forma séria com dor, ódio, raiva, mágoa estampados em meu olhar.

Ficamos em silencio nos encarando por alguns segundos...

– Carlos Daniel, meu filho... Por favor... Não vim aqui para brigarmos, vim para conversarmos em paz! - Ela disse piscando rapidamente com a voz embargada.

– Se você deseja paz, vá procurá-la em outro lugar porque eu estou longe de ter paz, em mim só restou o ódio, o rancor e que você contribuiu! - Disse com o dedo em riste para ela.

– Com você não tem como ter um diálogo civilizado! - Disse se colocando de pé.

– Perfeito, nos entendemos em algo! – Retruquei sorrindo de forma sarcástica. – Então faça pelo menos um favor, não apareça mais aqui! - Dizia enquanto seguia até a porta e abria para que ela saísse.

...


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?
Comentem, recomendem, favoritem e até o proximo capitulo....
Bjs, Tamy e Marta!