~~ESTAS SÃO AS MEMÓRIAS DO DEUS DOS MORTOS DOS ACONTECIMENTOS DE AS CRÔNICAS DE KANE, DE RICK RIORDAN~~

Os dias não tem sido fáceis. Os deuses foram aprisionados. Eu fui um dos poucos que escaparam. Imortalidade é um saco!

Olá! Para os que não me conhecem, eu sou Anúbis. Deus dos Mortos, Senhor do Funerais, especialista em mumificação e embalsamento. Quer garantir um pós-vida tranquilo? Fale comigo! Se você for digno, eu vou pensar no seu caso.

Enquanto os dias passam, longos e entediantes, eu tento fazer meu trabalho da melhor forma possível. MAS NÃO ESTÁ DANDO MUITO CERTO!!

A balança que pesa o coração dos mortos quebrou, está imprestável e eu não consigo consertar. Não temos Juiz. O senhor Osíris, meu patrão, é um dos deuses que foi aprisionado na guerra contra a Casa da Vida. O grande Senhor Rá fez o favor de se aposentar e deixou o trono nas mãos do petulante do Hórus, que (adivinha!) também foi aprisionado, junto com minha mãe, meu pai (que Rá o tenha!), minha tia Isís e quase todos os deuses do Egito. Ou seja, os mortos não conseguem encontrar o caminho para o Salão do Julgamento, que agora está em ruínas.

MAS QUE M...!

Mas, posso sentir que o vento está mudando. Sinto uma energia negra crescendo e se tornando cada vez mais forte. O Caos está tomando forma e, não demora muito, alguma coisa vai acontecer...

Enquanto eu espero, já terminei de limpar o Salão de Julgamento e alimentei o Ammit. Ele ultimamente anda muito preguiçoso. Só sabe dormir. Mas, não posso culpa-lo. Não há muita coisa para se fazer por aqui. Sem um juiz ficamos sem ter como fazer o nosso trabalho de maneira completa, e o serviço fica a desejar. Os poucos espíritos capazes de chegar até nós estão passando somente no crivo da Pena da Verdade. Se mentem, o Ammit devora o coração, se falam a verdade, eu permito que sigam em frente para, sabe-se lá deuses, onde eles quiserem ir. Mas não é a mesma coisa sem o Lorde Osíris. É ele quem dá destino às almas. E eu não me responsabilizo por julgamentos errôneos, escolhas mal-feitas e desvios no caminho. Nos últimos dois milênios tenho seguido a política de não me comprometer e nem aceitar reclamações. Sou muito novo pra ter tanta responsabilidade assim. Faço a minha parte e olhe lá!

A verdade é que os meus dias são muito solitários. E eu fico pensando (às vezes!) se não seria bom arrumar uma namorada, ou então, criar um blog. Sei lá! Até que aparecem, de vez em quando, umas fantasminhas bem gatinhas, mas nenhuma que verdadeiramente tenha me chamado a atenção.

Hmmm! Certo. Isso foi meio deprimente! Mas o que esperava? Eu sou o Senhor dos Mortos. Eu não negocio com os vivos. Eles só querem anos a mais para viver, melhores lugares no paraíso e não sabem a diferença entre um cachorro e um chacal. Sério! São muito impertinentes!

Certa noite, eu estava bem relaxado curtindo um jazz muito legal, quando senti uma alteração no Ma’at. Um grande fluxo de poder foi liberado, vindo até mim em grandes ondas. Por um momento, senti o chamado da morte. Alguém, muito poderoso estava entre os dois mundos, mas parecia que não conseguia se decidir entre a vida e a morte. Comecei a me preparar para atender o chamado e ajudar na transição. Ás vezes, os vivos teimam em não morrer. Mas, quando me levantei, o chamado sumiu!

E no lugar, senti algumas presenças. Cinco presenças, para ser exato. E resolvi que era hora de me preparar. Algo me dizia que o meu "chefe" estava prestes a retornar ao seu cargo.

De forma que, a razão de eu estar aqui neste momento, relatando estas crônicas, são os acontecimentos que mudaram a história do Ma’at... e minha história também.