Eram quatro da manhã quando eu e Octavian entramos no meu carro indo em direção a casa de Piper. Eu tentei parar de chorar e Octavian pegou na minha mão. Foi o caminho todo me dizendo que tudo ficaria bem. Que acabaríamos com isso e que Piper ficaria bem.

Quando chegamos eu desci do carro, respirei fundo e olhei para o sol nascendo. Empunhei a espada e Octavian saiu do carro com o arco e flecha em mãos. Fechei o carro e entramos.

A casa estava silenciosa. Não havia qualquer sinal de movimento. Mas na minha pressa de procurar Piper eu esbarrei no sofá atraindo atenções.

– Ora, ora, ora... Você veio! – Falou a pessoa menos desejada. Ele tinha uma aparência humana. Alto, cabelos loiros e olhos claros. Aquele ódio percorreu meu corpo. Queria avançar nele e cortá-lo em mil pedaços. Mas sem Piper eu não faria nada.

– Cadê a Piper? – Perguntei em tom firme e ele riu como se achasse graça eu estar ali.

– Não contei nenhuma piada seu idiota, perguntei cadê a Piper! – Falei em tom firme e olhei de relance para Octavian.

– No quarto... Fique a vontade! – Ele gesticulou dizendo para mim avançar e dei um passo a frente. No momento que me aproximei da porta apenas ouvi seu grito de dor e olhei para trás. Ele havia tentado me atacar e acabou com uma flecha na mão.

Empunhei a espada e avancei contra ele. Ele desviou do primeiro golpe me jogando a metros contra a parede do quarto de Piper. Estava dolorida mas não vencida. Entrei no quarto dela e ela estava ali. Nua deitada e com o nariz sangrando. Senti uma repulsa daquele monstro no mesmo segundo por ver minha amada daquela forma. Avancei contra ele novamente dessa vez acertando. Octavian acertou uma flecha no seu olho e eu num movimento rápido o deixei seu o braço direito. Enfiei minha espada na perna dele e agora ela já voltara a sua forma natural. Passei entre as pernas dele e fiz um corte profundo numa dela.

Ele gritava de dor e depois de muita dor ele me segurou pelo pescoço.

– Eu usei ela... Acho que poderia usar você também! – Ele falou e eu sorri debochada.

– Talvez... Mas não hoje... Me avise quando voltar do Tártaro! – Falei Octavian começou a jogar flechas nele. Incrível o fato de ele não errou nenhuma. Com dor e esforço cortei o outro braço dele e caí sentada no chão.

Ele gritava e amaldiçoava os deuses e a nós.

– Fique a vontade... Irá demorar mais tempo do que imagina no Tártaro! – Peguei minha adaga com veneno e Octavian pegou a dele. Andamos até o monstro caído. Sangue dourado escorria entre o corpo e as pernas dele por causa dos muitos cortes.

– Foi bom te rever... Mande um abraço a seu irmão! – Falei e ao mesmo tempo, eu e Octavian enfiamos a adaga no peito dele e saímos o cortando até que ele virou pó.

Eu e o Octavian caímos ao chão, exaustos e ele me abraçou.

– Vai lá... Cuida dela... Eu estou bem! – Ele falou quando eu tentei cuidar do machucado que ele tinha na testa.

– Obrigado! – Eu sorri e corri ao quarto dela. Ela estava acordando. Parecia machucada e dolorida e quando me viu pude perceber um misto de surpresa, ódio e alegria. Ela me abraçou com vontade e eu deixei uma lágrima escorrer.

Passei a minutos de perdê-la e agora nunca mais deixaria que nada lhe acontecesse.

– Fiquei com medo de te perder! As coisas que imagino que ele te fez... Me perdoa, foi tudo pra me atingir... Ele te usou para me machucar e isso me matou por dentro... Pipes, por favor, me perdoa! – Falei chorando e ela se soltou do abraço e me beijou. Não um selinho, um beijo de verdade. Eu estava com a testa sangrando, mas ela não se importou. Nosso beijo durou em média uns três minutos e enfim eu me afastei.

– Me perdoa! – Ela sorriu em resposta e apenas afirmou.

Ela passou por muitas coisas por mim. Nunca iria me perdoar. Mas ela perdoou e eu sorri lhe dando um selinho.

– Vai lá, toma um banho, precisa descansar sem que ninguém te incomode... Eu volto a noite para conversarmos melhor ok?! – Falei e me levantei.

– Okay! – Ela falou sorrindo e eu saí do quarto.

Octavian não estava mais lá e eu saí da casa. Ele estava tomando Néctar no carro e quando me viu sorriu. Entrei no carro e ele me olhou me alcançando a garrafa.

– Como ela está? – Ele perguntou sorrindo limpando o sangue.

– Está frágil, mas vai melhorar! – Falei e seguimos até a minha casa.

– Vamos tomar um banho e depois comer alguma coisa... – Falei e seguimos ao meu quarto. Eu tomei um banho rápido e Octavian foi depois. Enquanto ele tomava banho pus as roupas dele para lavar e quando ele saiu já estavam secas pois ele demorou uma eternidade ali dentro.

Após nós dois estarmos vestidos, tomamos refrigerante e comemos pizza e fomos assistir filmes na TV. Era oito da noite quando ele foi embora.

Eu troquei de roupa e fui até a casa de Piper para conversarmos.