El juego del destino escrita por Liz


Capítulo 6
Capítulo 6 - A dor da perda


Notas iniciais do capítulo

Demorei muito?

Capítulo um pouco triste...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/484608/chapter/6

Carlos Daniel narrando:

Não, não pode ser o que estou pensando... seria muita coincidência.

Me aproximei da movimentação, a porta estava aberta e então entrei. Foi aí que partiu meu coração presenciar aquela cena: Paulina estava abraçada ao corpo da mãe, enquanto os médicos diziam que não havia nada mais a se fazer. O som constante do aparelho que media os batimentos cardíacos de sua mãe, e o do choro descontrolado de Paulina ecoavam pelo quarto.

Meu chão sumiu, e naquele exato momento percebi que aquela que até então era apenas uma conhecida, havia se tornado alguém muito importante para mim.

– Paulina... - fui até ela e toquei seu ombro

– O-o se-senhor? - ela me olhou surpresa e respondeu com voz fraca em meio às lágrimas

– Calma... eu estou a seu lado, meu anjo! - essa afirmação saiu de meus lábios naturalmente

Paulina narrando:

Percebi a sinceridade nos olhos de Carlos Daniel quando disse que estava ao meu lado. Naquele momento não tinha palavras para respondê-lo, apenas o abracei o mais forte que pude.

Enterrei meu rosto na curva de seu pescoço e ali continuei a chorar. Tudo havia acontecido tão rápido... sabia que minha mãe estava com os dias contados, mas ter a certeza de que não a teria comigo nunca mais acabou com a pouca força que me restava.

Apesar de tudo, me senti muito segura nos braços de Carlos Daniel, e enquanto estávamos abraçados tive a sensação de que ele realmente me apoiaria.

– Obrigada... - foi a única palavra que pude pronunciar quando nos afastamos, logo minha visão embaçou e vi tudo escurecer

Acordei quando ouvi a voz de Célia chamando meu nome. Por um momento, acreditei que tudo não passara de um sonho e que minha mãe continuava ao meu lado e bem, mas ao perceber que eu estava deitada em uma cama de hospital, concluí rapidamente que era um engano.

Sentei-me com as costas apoiadas na cabeceira da cama e fiquei em silêncio.

– O médico ligou e me avisou que... - ela preferiu não completar a frase– Você está bem? - perguntou-me com semblante preocupado

– Não... - respondi com a voz embargada enquanto sentia meus olhos arderem pelas lágrimas que voltavam à tona

Célia me abraçou e me disse algumas palavras de consolo até que eu me acalmasse.

– E o Carlos Daniel? - perguntei quando nos separamos, só então havia me lembrado dele

– Quem? - ela arqueou uma sobrancelha, sem entender

– É... o padre que estava aqui, foi embora? - reelaborei minha pergunta

– Você o conhece? Pensei que ele estivesse aqui por acaso... está lá fora.

– É uma longa história, te contarei em uma melhor oportunidade. - disse enquanto me levantava daquela cama, não podia mais ficar ali

Acho que a Célia ia falar alguma coisa, mas não dei tempo a ela e saí em busca de Carlos Daniel. Abri a porta do quarto e lá estava ele, andando de um lado para outro.

– Que bom que a senhorita acordou, o médico não me deixou entrar, já estava preocupado! - ele disse assim que me viu

– Meu problema não é físico, o senhor sabe disso. - respirei fundo querendo engolir o nó que se formava em minha garganta

– Paulina, eu... desculpe se foi atrevimento de minha parte, mas já cuidei de tudo para o funeral. - contou-me um pouco sem jeito

– Não me incomoda saber que fez isso por mim, pelo contrário, agradeço. - esbocei o melhor sorriso que pude, afinal o que ele estava me ajudando muito, e isso ia além de qualquer obrigação que pudesse ter como padre

Não demorou muito para que a funerária levasse o corpo de minha mãe. Preferi que não houvesse velório, pois apesar de termos poucos amigos, éramos relativamente conhecidas por conta da fábrica e não queria nenhum tipo de imprensa nesse momento tão doloroso.

Carlos Daniel me acompanhou o tempo todo. Célia também, mas percebi que às vezes ela nos olhava confusa, o que era compreensível, já que acredito que não seja muito comum uma amizade entre um padre e uma cristã.

Quando pensei que já tinha passado pelos piores momentos possíveis, veio algo ainda mais difícil de enfrentar: O momento em que teria que me despedir definitivamente daquela que um dia me deu a vida.

Carlos Daniel pediu para pronunciar algumas palavras antes de que a enterrassem, e eu concordei. Minha mãe merecia uma despedida digna, pois foi uma pessoa exemplar.

"A morte física, que é inevitável para todos nós, é algo que a maioria das pessoas vê com medo e pavor. Para nós, porém, com nossas limitações, a morte nunca, em nenhuma circunstância, parece ser uma coisa preciosa. No entanto, nós precisamos tentar ver as coisas como Deus vê.

A morte do santo de Deus, ao invés de ser um final sem sentido, é a maior glória, porque a morte é a transição para uma vida melhor.

O filho de Deus simplesmente muda de mundo. Ele sai de um que é temporal, para um que é eterno. Sai de um que é obscurecido pelo pecado, para um onde a glória de Deus é a luz, e tenho certeza de que com esta irmã não será diferente."

Fizemos uma oração e logo o inevitável momento chegou. Um filme passou-se por minha cabeça, com memórias que tinha desde a infância até aquele instante. Sabia que agora minha mãe estaria em um belo lugar, mas aceitar os fatos não era nada fácil.

Não queria mais chorar na frente de outras pessoas, por isso, sem pensar direito, saí correndo daquele cemitério.

Não sei se corri por muito ou pouco tempo, mas parei em uma praça qualquer e sentei-me em um banco. Baixei a cabeça e chorei em desespero, precisava amenizar a dor que sentia de qualquer maneira.

– Entendo que na vida há motivos para se chorar, e isso é um grande motivo, um dos piores, pode-se dizer. Mas entendo também que devemos criar a partir das lágrimas, motivos para não se permanecer no choro.

Aquela voz... reconheceria até mesmo a quilômetros de distância. Levantei meu olhar e então percebi que Carlos Daniel estava sentado ao meu lado. Quanto tempo fazia que ele estava ali? Perguntei-me.

Sem dizer nada, olhei no fundo daqueles olhos castanhos... e a partir disso uma sensação de paz invadiu-me, tão inexplicável... na verdade, como tudo que tenho sentido em relação a ele desde que o conheci.

Carlos Daniel secou com seu polegar as lágrimas que ainda percorriam minha face. O silêncio nos dominou, e foi então que percebi que estávamos próximos demais, como se houvesse algum tipo de ímã que atraísse nossos rostos, mais precisamente, nossos lábios, que estavam a míseros centímetros de distância.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem!!