El juego del destino escrita por Liz


Capítulo 20
Capitulo 20 - Uma carta, dois destinatários


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Paulina narrando:

Escrevia cada linha pausadamente, tentando encontrar as palavras certas, embora isso não fosse uma tarefa fácil. Mais de uma vez, precisei parar ao perceber que minhas lágrimas estavam molhando aquela folha e borrando a tinta da caneta.

Não sei ao certo quanto tempo demorei até finalmente escrever a última palavra, mas quando o fiz, busquei em minhas coisas um envelope e coloquei seu nome, juntamente com o endereço da igreja.

Coloquei-a sobre o criado-mudo ao lado da cama, vesti meu pijama e me deitei. Não demorou muito até que eu caísse no sono.

"- Paulina!

Eu estava em um parque de diversões, observando o movimento da roda gigante, fascinada com o brinquedo. Quando ouvi aquela voz me chamando, rapidamente olhei para trás e me aproximei.

– Onde se meteu? Enquanto comprava essa maçã do amor - só então percebi que tinha uma em mãos - que você tanto queria, te perdi de vista, meu anjo! - disse preocupado

– Me distraí observando a grandiosidade da roda gigante, me encanta! - sorri e me aproximei mais, pegando a maçã - Obrigada! - toquei seus lábios suavemente

– Faço tudo para que vocês fiquem contentes! - sorriu e tocou meu ventre, que já estava um pouco saliente - Vamos! - puxou-me pela mão, animado

– Aonde? - ri de sua euforia

– Não disse que a roda gigante te encanta? Vamos lá! - ele continuava sorrindo, poderia admirá-lo assim por horas - mas vai ter que dividir a maçã do amor comigo!

Assenti com a cabeça e assim entramos no brinquedo, abraçados e felizes, compartilhando um momento tão simples e tão significativo, nos divertindo como um casal apaixonado normal. "

Acordei agitada, peguei meu celular e vi que eram 7 da manhã. O impacto de ter que encarar a realidade me entristeceu, ao ponto de pensar em desistir de entregar a carta. Para completar, estava com uma forte dor de cabeça.

Busquei um analgésico em minha bolsa, o tomei e acabei dormindo novamente, dessa vez sem sonhos.

Quando acordei, já eram os 16:00. "Nossa!" exclamei em voz alta ao perceber a hora. Acho que a gravidez está me deixando mais sonolenta que o normal, e o pior: O correio já deve estar fechando.

Levantei, tomei um banho e pedi algo para comer no quarto. Acabei deixando para levar a carta no dia seguinte.Talvez a indecisão causada pelo sonho tenha influenciado nisso... passei o resto do dia assistindo filmes que passavam na televisão, embora não tenha prestado muita atenção em nenhum.

...

9 horas da manhã, hoje sim vou fazer o que tenho que fazer, concluí que não vai adiantar nada ficar aqui trancada.

Só então percebi que meu celular estava no modo silencioso. Dei uma olhada nas chamadas e vi que tinha quatro do Rodrigo e uma da empresa.

Vim para cá decidida a não descuidar da fábrica, mas até agora não estou fazendo isso. Retornarei a ligação assim que voltar do correio.

Já sobre Rodrigo, bem... não sei como encará-lo sem ter tomado uma decisão certa.

Quando estava pronta para sair e levei a mão na carta para colocá-la na bolsa, ouvi batidas na porta. Imaginei que fosse Rodrigo - confesso que essa insistência me incomoda um pouco, apesar de que talvez ele não faça isso de propósito – . Olhei pelo olho mágico e confirmei minhas suspeitas. É, precisava encará-lo.

– Oi, Rodrigo. - sorri, sem jeito

– Estava de saída? Desculpe vir até aqui, acontece que há quase dois dias não sei nada sobre você, ligo e não atende...fiquei preocupado pensando que poderia ter acontecido algo com você ou com seu... - ele deixou a frase morrer

– Tudo bem, não aconteceu nada. É que acabo de retirar meu celular do silencioso, precisava passar um tempo sozinha.

– Quer uma carona? Te levo onde for, e no caminho conversamos um pouco. - disse, mudando de assunto

– Pode ser, se não se importar em me levar até o correio... - torci para que não me pedisse detalhes sobre o assunto

– Claro que não me importo! Vamos?

Quando fui respondê-lo, ouvi meu celular tocar. Peguei-o e vi que era outra vez uma chamada da fábrica.

– Preciso atender essa ligação, pode me esperar um pouquinho? Entre! - pedi, e Rodrigo assim o fez

Atendi e fui até a sacada para conversar com mais tranquilidade.

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Narração Rodrigo:

Vim ver Paulina com a intenção de saber se já tem uma resposta, mas não posso simplesmente perguntar isso. Realmente sinto que a amo e estou disposto a tudo para que ela me aceite, inclusive criar o filho que ela espera.

Enquanto Paulina atendia o telefonema, fiquei observando alguns detalhes daquele enorme quarto... ao lado de sua cama, em um criado-mudo, notei em um porta-retratos uma foto sua ao lado de uma senhora, que imagino que seja sua mãe. Me aproximei para vê-la melhor, quando algo me chamou mais atenção: um envelope branco, com a seguinte escrita:

"Carlos Daniel Bracho
Igreja Nossa Senhora de Guadalupe, México -DF"

Não acreditei quando li aquele nome e endereço. Por que Paulina enviaria uma carta para meu irmão?

Foi aí que comecei a juntar as peças do quebra cabeças... no restaurante, ela me falou sobre um amor impossível, e há pouco tempo eu soube que Carlos Daniel largou a batina por um motivo até então desconhecido.

Não pode ser! Paulina está grávida do irmão!

O mais provável é que ela não saiba que ele deixou a igreja, do contrário não estaria aqui... preciso saber exatamente o que diz nessa carta.

Quando fiz menção de pegar o envelope, ouvi que Paulina encerrava sua ligação. Rapidamente me afastei, fingindo naturalidade.

– Algum problema? - perguntei-lhe

– Não, só algumas pendências na fábrica, mais tarde eu resolvo. - afirmou. Ao que parece ela não percebeu o que eu estava prestes a ler, respirei aliviado– Acho que podemos ir. - sorriu

Percebi que pegou sua bolsa e logo, colocou a carta disfarçadamente dentro dela. Fingi não me importar e seguimos até o estacionamento.

Durante todo o caminho, não perguntei nada sobre o casamento e muito menos mencionei qualquer coisa que pudesse gerar suspeitas de sua parte, no entanto percebi que Paulina estava tensa, preocupada. Agora mais do que nunca, preciso agir com calma e precisão.

– Tudo bem se você voltar de táxi? Ia até te convidar para almoçarmos juntos, mas não vou poder te esperar, lembrei que tenho um compromisso daqui a pouco. - disse, assim que estacionei em frente ao local

– Você já fez muito me trazendo aqui, pode deixar que eu me viro. Obrigada pela carona! - afirmou e logo desceu do carro

Observei-a entrar e busquei uma vaga mais distante para estacionar. Assim que encontrei, fui andando até o correio, tendo cuidado para não ser notado por ela. A vi sair, esperei um pouco e entrei.

– Bom dia senhor, em que posso ajudá-lo? - disse-me um dos funcionários

– Bom dia, minha amiga esteve aqui agora a pouco e deixou uma carta endereçada ao México, mas ela acaba de me ligar dizendo que se arrependeu de enviá-la e pediu que eu a pegasse de volta.

– Qual o nome da sua amiga? - perguntou sério

– Paulina Martins.

– De fato, ela esteve aqui, mas não é permitido fazer a devolução para outra pessoa que não seja a própria remetente.

Obviamente, eu já havia suposto que me diriam algo do tipo. Sendo assim, abri minha carteira e peguei "algumas" notas.

– Tem certeza? - questionei enquanto alcançava o dinheiro

– Acho que podemos abrir uma exceção. - respondeu-me

Como imaginei, com dinheiro as coisas se tornaram mais fáceis e consegui recuperar a carta.

Rapidamente, voltei ao meu carro, sentei em frente ao volante e abri a carta, não poderia esperar até chegar em meu apartamento.

"Carlos Daniel...

Não foi nada fácil tomar a decisão de escrever essa carta. Foram dias dizendo para mim mesma que iria sumir, e nada diria a você.

Acredito que, assim como eu quando soube, ficará surpreso. Mas antes de mais nada, preciso esclarecer: Não quero que mude seus planos por mim.

O que quero é fazer minha parte e ser sincera, pois não quero me arrepender depois de não ter dito. A verdade no momento é o único que importa, e o tempo dirá se fiz bem ou não em estar te escrevendo.

Se foi difícil para mim entender o que resultou daquela noite, imagino para você. Por isso, como vai aceitar, não sei. Mas tenho que dizer...

Vamos ter um filho.

Eu sei, é demais para você, no entanto tem o direito de saber. Não se preocupe, não estou te cobrando nada. Como disse antes, não mude seus planos por mim. Só quero que saiba, que o amor que correu em minhas veias naquela noite, ainda brota, e ainda com mais intensidade agora, depois que descobri que uma parte de você me acompanhará para sempre.

Carlos Daniel, nosso amor é como o vento. Não posso vê-lo, mas posso sentir.

De seu anjo, Paulina Martins."

Terminei de lê-la com um nó em minha garganta e deixei escapar uma lágrima, mescla de ódio e tristeza. Amassei aquele papel com toda a força que tinha e joguei-o no chão do automóvel.

Essa carta nunca chegará às mãos de Carlos Daniel, não vou permitir que ele me roube a mulher que amo e sei exatamente o que devo fazer para que Paulina desista de vez desse amor.


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Notas finais do capítulo

O que será que o Rodrigo vai fazer?

Comentem!!