Immensity escrita por miojo


Capítulo 11
Culpa - parte 2




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“Seth!” eu clamei, ele não olhou para mim enquanto corria pela porta já tremendo por inteiro.

 

Lisa

 

Estava tudo acabado, eu causei tantos problemas a eles, a cada um deles, isso não é justo. Agora Seth estava indo resolver um problema que não pertence a ele, e sim a mim. eu fui a abandonada, eu fui a traída.

 

Minhas lagrimas já chegavam com força aos meus olhos. Minha vontade era me afundar naquele sofá e chorar. Mas eu não podia permitir que o Seth se machucasse, não por minha causa. Me levantei e vesti a camisa as pressas, correndo para a casa da Leah. Ela era  a única que podia parar o Seth e o Steven.

 

Enquanto corria descalça, me odiava, me culpava por ter vindo ate aqui. Eu não devia nunca ter vindo ate La Push. Eu fazia minhas pernas irem ao maximo. Mas parecia que não daria tempo.

 

Eu queria tanto me arrepender de ter saído da Inglaterra, mas eu não conseguia. Eu mentia para mim mesmo tentando acreditar que não devia ter vindo. E quando eu estava quase acreditando nessa mentira o rosto do Seth me invadia. E eu via a verdade, eu nunca vou me arrepende de ter vindo, porque só assim conheci o Seth.

 

Como ele pode em tão pouco tempo se tornar tão importante para mim? ele se tornou parte de mim. Parte essa que esta correndo perigo. Meu peito apertava com a idéia de não consegui chegar ate ele a tempo, eu levava minhas pernas ao maximo, meus músculos reclamando, gritando.

 

A chuva fina molhava minha roupa, a deixando grudada no corpo. Mas eu não sentia frio, meu corpo estava queimando pelo movimento dos músculos. A rua estava vazia, ainda era muito cedo, todos deviam estar dormindo. A casa da Leah já estava se aproximando, e eu apertava ainda mais a corrida. Meu peito já reclamava pela falta de oxigênio, mas eu não conseguia parar.

 

Avistei a porta marrom, corri ainda com mais força, minhas pernas doloridas, gritando pelo esforço exigido. Esmurrei a porta com força, estava com pressa e ninguém vinha me atender. Esmurrei outra vez. Queria gritar, mas minha garganta estava seca como papel,a voz não saia mais alta do que um sussurro.

 

A porta enfim se abriu, a Leah com o cabelo desarrumado, de pijamas e o Embry atrás dela, de bermuda e bocejando. Eu tentei falar imediatamente, mas minha vos não saiu.

 

“O que foi Lisa?” Leah estava preocupada.

 

“Responde garota!” Embry também se assustou ao ver meu estado.

 

“Quem te bateu?” Leah começou a tremer, vendo o hematoma em meu rosto.

 

“Seth.” Eu consegui sussurrar.

 

“Ele te mateu?” A leah gritou, o Embry ergueu as sobrancelhas, em espantos.

 

“Não, ele não.” Minha voz estava voltando, mas eu não tinha espaço para falar, estava buscando o ar com força.

 

“O que aconteceu?” Leah me sacudiu.

 

“O Steven...  o Seth viu... ele vai morrer!” eu grutei o morrer. Pelo menos eu acho que fiz isso.

 

Não precisei repetir para eles entenderem. Leah já começou tremer, o Embry também.

 

“Vai para a casa do Quil e fica lá.” Leah me ordenou. E saiu correndo com o Embry para dentro da floresta.

 

“Leah!” Eu gritei, mas ela já estava longe, não me ouviu.

 

Eu não podia ficar aqui esperando eles voltarem.

 

As lagrimas voltaram com força, me fazendo curvar sobre os joelhos. Eu tinha que ajudar, eu tinha que dete-lo. Eu precisava! Meu coração apontou a direção, oposta pela qual eles tinham corrido e eu corri.

 

 

Seth

 

 

Eu perseguia o cheiro insuportável dele por dentro da floresta, a trilha levava para os penhascos, eu corria imaginando o que fazia quando encontrasse com ele. Aquele covarde que teve coragem se encostar os dedos na face ingênua da Lisa, nos ombros estreitos e delicados.

 

Eu descontava toda a minha raiva na terra, levantando as folhas úmidas com as batidas das patas, eu me esforçava para não perder o controle e atacar  as arvores, pois cada folha, cada galho, cada pedra me lembrava o rosto daquele animal.

 

O vento salgado me atingiu de leve, mais alguns passos e estaria diante dele. Diminui a velocidade, tomando cuidado para não escorregar. Finquei minhas garras no chão assim que avistei o desgraçado olhando o mar.  Ele estava em pé, me esperando. Minha vontade de ataca-lo na forma humana mesmo era enorme,  mas seria injusto, covardia. E eu não vou me igualar a ele.

 

Me transformei com raiva, lutando para não entrar em fase novamente. Ele gargalhava. Eu me aproximei irritado, porque ele não se transformava logo? Ele se virou com os braços cruzados no peito. Me olhou nos olhos.

 

“Posso ajudar?” ele ironizava.

 

“Não seja idiota! Você sabe muito bem o que eu vim fazer!”

 

“Defender a namoradinha?” Ele sorria, enquanto eu rosnava.

 

“Como você teve coragem?! Ela não tem nem a metade do seu tamanho!” eu gritava.

 

“Ela é mesmo muito linguaruda.” Ele revirou os olhos.

 

“Ela não me contou nada. Mas você realmente esperava que eu não reconhecesse o tamanho das mãos deixadas no ombro dela?” eu me movia na direção dele, o vento do penhasco batendo em meu rosto.

 

“Eu não sou o único lobo.” Ele me olhou serio.

 

“Mas é o único hipócrita, capaz de agredir uma mulher!” eu dei mais um passo.

 

“O que vai fazer?” ele gargalhou.

 

Tudo ficou negro so senti meu braço indo para trás e depois voltando com força, atingindo a face do desgraçado. Ele voou para trás se transformando rapidamente, eu não hesitei e também me transformei. Ambos rosnando com fúria, o ódio era a única coisa presentes em ambas as mentes.

 

Nós começamos a circular, um esperando o outro dar o primeiro passo. Olhos nos olhos. Ódio encarando ódio. E então ele me atingiu com as memórias dele coma Lisa, dele a beijando. E isso me fez o atacar. Mas ele esquivou.

 

“Ela seria minha.”  Ele rosnava.

 

Eu sabia o quanto isso era errado, mas não consegui impedir minha mente de mandar as lembranças de hoje. Ele se irritou ainda mais, me atacando. Seus dentes rasparam pelo meu lado esquerdo, me virei abocanhando seu pescoço. Ele uivou de dor, eu me senti bem com isso.

 

A briga continuou. Eu estava claramente ganhando, anos de experiência me deixavam imbatível para um lobo como ele. Ele já estava mancando, mas não desistia, então meu golpe final. Algumas costelas quebradas. Ele ficou no chão, gemendo. Minha vontade era de finalizar, mas eu não consegui. Eu não era capaz de matar um de nós, mesmo esse um de nós sendo o Steven.

 

Me virei bufando, estava cansado. E então a Leah e o Embry invadiram a beira do penhasco.

 

“Seu retardado! Nós estávamos te gritando desde que nós transformamos e você não respondia!”

 

“Eu não escutei.”

 

A Leah se aproximou de mim, me cheirando, esfregando o focinho em mim. me senti confortável, era bom estar entre amigos. E então o cheiro cítrico me invadiu.

 

“Vocês trouxeram a Lisa!” eu estava com ódio com raiva.

 

“Não! Nós mandamos ela ir ficar com o Quil.”  Me virei na direção que vinha o cheiro, e então ela surgiu, com a camiseta molhada, chorando.

 

Ela parou no instante em que viu que estávamos em forma de lobo, ela tentou sorrir quando viu que nada de greve tinha ocorrido. Mas o medo que ela tinha de nós quando estavamos como lobo era claro. Eu não a culpava, Steven deixou isso expresso nela quando a atacou.

 

Eu tentei me aproximar, ela deu um passo para o trás, ficando muito próxima ao penhasco. Parei,não queria que ela escorregasse e caísse. A queda não seria tão grave, mas a correnteza era. Senti o vento passar por mim, e quando me virei Steven estava correndo, na direção dela. Tentei entrar na frente.

 

Nossos corpo se chocaram, mas não consegui para-lo, ele a atingiu, ambos caímos. Ela gritava enquanto caia, e eu tentava nadar no ar, tentando alcança-la. o medo de perde-la me cegou.

 

 

Lisa

 

O vento agredia meu corpo por inteiro, a água negra ficando cada instante mais próxima, os uivos do lobo areia ecoando na minha cabeça, eu fechei os olhos.

 

Seria esse o meu fim? Morrer afogada? Eu não queria isso. Eu só queria poder dizer uma vez na vida que eu era feliz.

 

Meu corpo se chocou na água com violência, a densidade da água me esmagou. Eu tentei gritar, ao invés do som sair a água entrou me enchendo. Eu lutei para chegar a superfície, minha cabeça se ergueu rapidamente, não deu tempo de sugar o ar, apenas cuspi a água. Eu já estava sob a água outra vez, meu corpo dolorido lutando para me levar a superfície, meu pulmão se contorcendo por ar.

 

Me ergui outra vez, avistei um enorme lobo próximo a mim. eu senti medo da fera a minha frente, mas não tive tempo de encara-lo, meu corpo foi puxado outra vez para o fundo. Levando a minha consciência junto.

 

Seth

 

Steven lutava para me manter submergido, e eu lutava para chegar a Lisa, que não imergia a segundos. Me desesperei, e acabei deixando o Steven me empurrar para o fundo. Minhas costas bateram com força na areia. O mar negro apagando minha visão aos poucos.

 

“Seth!”  A Leah gritava dentro da minha cabeça, e água invadia minha garganta.

 

Se a Lisa ia morrer, eu também iria.  Ela me ensinou a amar, e foi com ela que encontrei a felicidade em si.

 

A Lisa ta bem!” O Embry gritou e me enviou a imagem dele carregando a Lisa com o focinho para fora da água.

 

Mas um golpe do Steven, mas água me invadindo, e então o doce som das tosses da Lisa, já no colo a Leah. Eu me ergui, lutando contra a água. Contra o Steven, eu estava desfavorecido, precisava de ar. E não encontrava.

 

Juntei toda a força que eu tinha e a depositei nas costas do Steven por meio de uma mordia, pude ouvir a água entrando pela garganta que se abriu para um grito. Consegui respirar, nadando com as quatro patas para perto da praia, para a Lisa.

 

Antes mesmo de sair completamente da água, me transformei. Cai de joelhos na areia, a água cortando minha garganta enquanto saia dos meus pulmões. Jatos e mais jatos de água salgada rolavam pela minha boca. Ate eu consegui sentir meus pulmões vazios. Enchi-os com ar, que queimava enquanto passava pela minha garganta, castigada com o sal.

 

Me arrastei ate a Lisa. ela estava abrasada com a Leah, que a soltou e veio correndo me encontrar, ela estava chorando. Me acertou um soco no estomago, que fez o resto da água sair com violência.

 

“Seu idiota! Você podia ter morrido! Seu imbecil!” ela me xingava e me abraçava.

 

“Cadê o Steven?” o Embry estava abraçado com a Lisa, a esquentando. Serei grato o resto da vida a ele, ele a salvou.

 

“Ele não saiu?” Eu perguntei me arrastando com o apoio da Leah ate a Lisa.

 

“Ainda não.” A Leah rosnou, me acomodou ao lado da Lisa e correu par dentro da água, se transformando  no caminho.

 

A Lisa tremia e regurgitava a água agarrada ao Embry, ela estava com frio. Me aproximei devagar, estendendo meu braço, esperando que ela permitisse que eu a esquentasse. Ela me olhou chorando e se jogou nos meus braços. Ela estava sofrendo, e a culpa era minha. Tudo em mim doía, respirar doía, o coração bater doía, e não era só por causa da água, e sim por causa da mulher que amo, a única que não consegui proteger.

 


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Notas finais do capítulo

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