Capítulo 13

>>o Ponto de vista: Harry

E era o último dia! Era o fim! Eu estava encostado no banco do carro, estávamos adentrando o palácio em Londres. Clarisse ia apenas pegar sua mala, se despedir da minha família para ir ao aeroporto e eu não conseguia acreditar que estava tão perto de acabar.

Nós não falamos nada durante a viagem de volta a Londres, ambos estavam com medo das lágrimas que poderiam sair sem querer. Clary saiu do carro e entrou no palácio, eu andei atrás bem devagar.

>>o

– Está pronta, querida? - perguntou Ana assim que a viu saindo do seu quarto.

– Não, mas vamos lá! - respondeu apenas. Na entrada estavam os meus pais, Tiago e Lucas nos esperando.

– Deixe eu pegar sua bolsa! - falou Lucas pegando a bolsa da mão da Ana.

Clary encarou o carro que estava pronto para ir ao aeroporto e encarou as pessoas. Ela parou de andar e ficou parada na porta!

– Vamos filha! - falou Ana

– Harry, eu preciso falar com você! - falou Clary me pegando pelo braço e me levando em direção ao jardim. Eu pensei por um momento que a Ana ia atrás de nós, mas não foi.

Assim que chegamos no meio do jardim, Clarisse me encarou por um momento depois me abraçou. E apertou o meu braço, minhas costas como se quisesse ter certeza que eu era mesmo real!

– Harry... - começou, mas se interrompeu. Eu não falei nada, esperei que ela dissesse. - Eu pensei muito ontem a noite e decidi uma coisa.

– O que foi? - perguntei temendo a resposta.

– Eu decidi que se você pedir, eu fico! Eu largo tudo pra trás e fico com você! Eu estou pronta pra assumir qualquer responsabilidade porque sei que estará do meu lado, e enfrentaremos qualquer coisa juntos! Se você pedir, eu fico com você para sempre!

Eu a encarei sem acreditar no que eu estava ouvindo, o sim veio na garganta. O meu coração se encheu de esperança, mas a minha mente não estava deixando. Eu não podia ser tão egoísta a ponto de fazer com que ela esqueça os próprios sonhos! Eu não podia deixar que ela assumisse a responsabilidade que era exclusivamente minha. Eu também tinha que pensar nela.

– Harry, fala alguma coisa! - seus olhos estavam cheios de lágrimas, e eu desviei o olhar do seu rosto.

– Eu... - comecei, mas não ia conseguir.

– Harry, fala que me quer aqui. Fala que me ama! - falou ela chorando, as lágrimas rolavam dos seus olhos, e a sua voz estava embargada!

– Clarisse, eu...

– Harry, por favor! O que você está esperando? - ela deu um passo pra trás e eu virei de costas.

– Eu não posso, Clarisse. Eu simplesmente não posso! - falei e ela pegou no meu braço fazendo com que eu olhasse pra ela!

– Harry, seja corajoso! Eu acreditei que você tinha mudado desde que eu te conheci! Faz com que eu ainda acredite nisso, por favor! Eu serei o vento, lembra? Não deixarei você cair da árvore! É só você pedir! - eu tirei a sua mão do meu braço e beijei a sua testa.

– Não posso, Clarisse. Eu não posso falar isso pra você, entende? - falei e ela limpou as lágrimas do rosto ferozmente.

– Não, eu não entendo!

Clary saiu dali correndo, e eu sentei no banco de frente do chafariz. As lágrimas rolavam dos meus olhos, eu não tinha coragem de me mexer, meu coração estava despedaçado. Ver os seus olhos cheios de confiança no início com a certeza de que eu pediria, que eu falasse a verdade, mas eu simplesmente não podia fazer isso com ela. Naquela hora os sonhos dela, seus planos vieram na minha mente e eu não tive coragem de deixá-la jogar tudo pro alto.

– Harry! - chamou alguém, minha mãe. Eu não levantei o rosto.

– O que foi? - ela sentou do meu lado e me fez olhá-la.

– O que está fazendo aqui? - eu não sabia exatamente como responder aquela pergunta.

– Como assim? Eu estou sentado!

– Eu quis dizer: Por que não estar no aeroporto? Por que ficou?

– Porque eu a magoei.

– Eu percebi. Clary chorava com ar de decepção, não de tristeza! O que aconteceu?

– Eu deixei ela ir, mãe. Ela quis ficar, mas eu mandei ela embora.

– Por que fez isso? - minha mãe me encarava com uma seriedade que eu nunca tinha visto nela.

– Porque eu não podia deixar que os sonhos dela acabassem por minha causa.

– Ah, Harry, não seja estúpido. O sonho dela era você! - eu a encarei surpreso.

– Eu? Não entendi!

– Harry, ela fez as suas escolhas! E o sonho dela final era você! Era você que ela queria!

Algo dentro de mim estalou, tudo ficou claro de repente. A vida fazia sentido, e eu simplesmente não podia deixá-la ir embora.

– Mãe, você tem toda razão! Eu vou atrás dela!

– Então corre, porque o voô dela já ia sair! - eu saí correndo pelo palácio. Peguei o primeiro carro que vi pela frente e acelerei que nem um maluco. Eu só pensava nela, e no que ela significava pra mim!

Cheguei ao aeroporto faltando apenas minutos para o avião decolar, atravessei tudo correndo. Mas ser o príncipe não fazia com que eu passasse direto pelo detector de metais.

– Vamos, vamos! - eu falava mais pra mim mesmo do que para o guarda.

Eu estava torcendo muito para que desse tudo certo, eu queria falar que eu queria que ela ficasse, que eu queria ela do meu lado pra sempre, que ela fosse a minha rainha, queria finalmente assumir que a ...

– Com licença, o embarque do voô de dez horas com destino ao Rio de Janeiro está em qual portão?

– Está no portão C. Mas, Alteza, ele já partiu. - falou a funcionária.

Eu não podia acreditar nisso e fui até lá para conferir, não podia ser verdade. Nos filmes, o mocinho sempre consegue pegar a mocinha antes dela embarcar ou pelo menos ela não embarca. Mas nesse caso...

– I don't believe! I don't believe! – lá estava eu encarando o vidro do aeroporto, vendo o avião decolar. Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo, como eu pude ser tão estúpido? Como eu tive a coragem de deixar que isso acontecesse?

Depois de tudo o que aconteceu, encarar o avião subindo fez com que eu chorasse de novo. Nada saiu como o planejado, e saber que eu não a veria de novo me fez perceber algo com uma força surpreendente: eu estava irrevogavelmente, sem nenhuma dúvida apaixonado por ela. Ou melhor, era verdade. Eu amava Clarisse Rodrigues.