O diário de Mari escrita por Filha da Sabedoria


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Gente, estou num bloqueio criativo péssimo, então, agradeçam a Beethoven, que, com suas músicas consegui me fazer escrever! hahahaha

Vamos à Treta!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/484438/chapter/6

“Mari, o que foi aquilo?”, George perguntou, me segurando pelos braços.

“Me larga, George! Tá machucando! E eu só vou dar qualquer explicação depois que você me explicar por que você e a Lisa, meus dois melhores amigos, estavam ficando e não me contaram!”, retruquei.

Ele encarou o chão.

“Mari... Mari, eu ia te contar!”, ele me olhou nos olhos.

“É? Quando? Daqui uns quinze anos, quando vocês estivessem fazendo os preparativos pro casamento?”

Novamente ele ficou em silêncio.

Então ele fez a coisa mais inesperada de todas.

“Desculpa, Mari... Eu deveria ter contado, não deveria ter escondido. Você me perdoa?”, ele me pediu desculpas.

Se tinha uma coisa que eu conhecia muito bem em George, era o orgulho. Todas as vezes que ele achava que estava certo, ou seja, quase sempre, ele batia o pé até me fazer dizer que eu estava errada. Mesmo eu não estando. Mas ali, não. Ele reconheceu que estava errado.

“Claro, Gê! E eu não beijei o Tel. Foi ele que me beijou. Acho que ele tá afim da Lisa e quis me usar pra fazer ciúmes nela.”, falei.

“Eu tenho certeza. Eu conheço o Tel. Ele é um dos meus melhores amigos, mas é muito canalha.”, concordou.

De repente, Lisa chegou por trás de George e me abraçou.

“Você me desculpa, amiga?”, ela ainda chorava.

“Claro, Lisa!”, abracei-a mais forte.

Depois de uma longa conversa explicando tudo, fomos até a sorveteria. Estava tudo bem, até que Tel apareceu. Ele tinha um olho roxo. E a camiseta meio rasgada. Olhei para George, que virou a cara. Tel se sentou na mesa conosco e olhou para Lisa, que encarou o chão. Depois ele me olhou e eu sustentei seu olhar.

“O-oi...”, ele murmurou.

Nós o ignoramos.

“Eu disse oi.”, ele elevou um pouco a voz.

Virei-me pra Lisa e comecei a conversar com ela, como se Tel não existisse.

“Então, Lisa, já estudou pra prova?”, perguntei.

“Sim, e você?”

“Também. Imagino que vai estar deveras fácil.”, falei como se fosse uma adulta, debochando da cara de Tel.

“Gente, desculpa, sério.”, Tel falou. Sabe quando você sente que a pessoa está sendo sincera? Eu sentia aquilo nas palavras de Tel, mas ainda não estava estável o suficiente. Ia responder quando George falou, encarando seus pés.

“Você é meu melhor amigo, cara. Será que a nossa amizade vai ter que acabar? Você usou a Mari contra Lisa e a mim. Como você espera que a gente entenda isso? Espera que a gente leve na brincadeira?”

Vi que Lisa se segurava pra não ir abraçar George. E que Tel a olhava. E que George me olhava. E que eu olhava Tel (?).

“Gente, todos cometemos erros. Isso que Tel fez foi a pior mancada do século, mas, não adianta guardar rancor por causa dessas coisas. Todos amigos?”, falei, consolando a todos.

“Amigos!”, respondemos em conjunto para nós mesmos.

Pedimos sorvetes, no meu caso, um milk-shake, e ficamos lá conversando sobre como foi aturar a quase-careca do professor de matemática, Emerson, por duas aulas seguidas. George imitou algo que aconteceu hoje, o que me fez morrer de rir:

“Então, alunos, no final dessa equação, devemos somar três negativo e oito para conseguir o resultado de “x”, que é igual a três positivo.”

Então eu respondi George, como se ele fosse o professor:

“Mas, professor, três negativo mais oito é igual a cinco!”

George fez uma expressão pensativa. A mesma que o professor tinha feito. Ele era muito bom em imitações. Então ele repetiu as palavras do tijo... digo, professor:

“Ah, sim, muito obrigada Marli!”

E eu continuei:

“Professor, meu nome é Mari!”

“Tanto faz!”, disse George, terminando a nossa pequena peça de teatro.

Enquanto isso, Tel e Lisa estavam quase sem fôlego de tanto rir da nossa encenação fajuta. Como eu disse, meu professor de matemática é um tijolo.

Depois de um bom tempo na sorveteria, cada um foi pra sua respectiva casa.

Quando cheguei lá, lembrei-me de que a viagem pra Argentina seria no dia seguinte. Então pus-me a arrumar minha mala, que diferentemente da de George, apenas ficou pronta depois de uma longa hora.

Peguei novamente a minha guitarra. Já sabia que música tocar. “Under The Bridge – RHCP”.

Ia tocando a música como se ela fizesse parte de mim. As notas e melodia estavam em perfeito conjunto com a minha voz e meu corpo, que se movia no ritmo da música.

“Sometimes I feel
Like I don't have a partner
Sometimes I feel
Like my only friend
Is the city I live in
The city of angels
Lonely as I am
Together we cry”

Quando a música acabou, foi como se eu tivesse preenchido um vazio muito grande. Guardei minha guitarra e deitei-me um pouco pra pensar. E pensar me deixava deprimida. E o que eu menos queria, naquele momento, era entrar em depressão. Desci pra fazer café com leite, que, como vocês já devem ter percebido, é uma das minhas bebidas favoritas. Se alguém, algum dia, me privar de tomar as minhas cinco ou seis xícaras diárias de café com leite, acho que vou pirar. Preparei meu café, peguei um livro que estava lendo e deixei-me sentar no sofá da sala para ler. Eram quatro da tarde quando comecei e oito quando terminei. E nesses espaço de tempo, tomei mais cinco xícaras de café. Fechei meu livro e subi para checar meu Facebook. Nada demais. Apenas algo chamou minha atenção. George tinha publicado um poema de minha autoria em seu status. Era algo que falava sobre romance. Mas, por que? Deitei-me na cama, com as lembranças daquele dia a mil em minha cabeça. Estava com a remota sensação de que aconteceria algo diferente naquela viagem escolar. E todas as vezes que esse sentimento chegava a mim, não havia escapatória. Ou algo muito bom acontecia, ou o contrário.

Peguei meu celular para checar as horas, quando descobri quinze chamadas não atendidas e dez mensagens em meu celular. Amaldiçoei-me por ter mantido o celular no silencioso. Desbloqueei o aparelho e chequei as chamadas. Eram dez de minha mãe, duas de Lisa, duas de George e uma de Tel. Agora, às mensagens. Seis eram mensagens da operadora do meu telefone, uma de minha mãe, uma de Lisa, uma de George e uma de Tel. Excluí as mensagens da operadora e abri, primeiramente a inbox de minha mãe.

MARI! ATENDE ESSA MERDA DE CELULAR. NÃO VOU PRA CASA HOJE.”

A de Lisa era sobre a prova que teríamos no dia seguinte, como a de George.

A de Tel era diferente.

Mari, desculpa por hoje! Sério. Eu não queria fazer aquilo, mas o ciúmes me roubou o corpo e só devolveu-me depois do estrago. Eu vi que você percebeu que eu gosto de Lisa. Mas ela estava com o George, que eu acho, apenas acho, que gosta de você. Bom, apenas passei pra me redimir. Perdão! Beijos!

Aquelas palavras ficaram em minha mente. Como assim, George gostando de minha pessoa? Impossível. Nós sabíamos que esse lance de namoro nunca daria certo pra nós. Mas será que ele pensava o mesmo que eu? Minhas mãos tremiam e eu estava suando frio.

Adormeci com as palavra de Tel em minha cabeça, rodando e rodando, me causando tontura e mal estar. Adormeci pensando em como eu estava puta comigo por não ter percebido. Adormeci pensando nisso.

“[...] que eu acho, apenas acho, que gosta de você. [...]”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mereço reviews? Beijinhos, meus divos!