Herança de Sangue escrita por Brunorofe


Capítulo 12
Rede de Mentiras


Notas iniciais do capítulo

Ta aí, galera! Mais um capítulo. Espero que gostem. Semana que vem tem mais.



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Jânio estava preocupado com Mariana. Ela parecia preocupada com algo, e apesar de amá-la mais que a sua esposa, o fardo dos segredos de família dela eram pesados demais para ele, por isso estava tramando uma forma de romper o romance com Mariana. Era óbvio que essas mortes estavam ligadas à família, e não estava disposto a arriscar sua vida.

Pela cidade, a notícia da prisão de Janine se espalhava, e a opinião de muitos moradores sobre o ocorrido se dividia. A maioria acreditava que a doce menina jamais seria capaz de fazer tal coisa, e outros, porém, tinham a certeza de que ela foi quem matara o pai, e agora estava a terminar o serviço.

Janine não conseguiu pregar o olho durante a noite. Apesar dos esforços do Delegado Celso e do policial Rodrigo em deixarem a cela mais confortável, o sono não viria sem ajuda de um comprimido. A moça não conseguia deixar de imaginar mil coisas sobre tudo o que estava acontecendo e como tudo estava ligado à ela. Eram muitas mortes sobre seus ombros. Precisava entender o que estava por trás disso.

Estava ainda perdida em seus pensamentos, quando Mateus chegou à delegacia. Nem ouviu ele pedindo à Rodrigo que o deixasse falar com ela, e que seria uma conversa rápida. Ele teve que bater duas vezes na cela para que ela percebesse que estava ali.

– Janine, Janine! Preciso falar com você! - Mateus estava esbaforido. Parecia ter ido correndo de sua casa à delegacia.

– O que aconteceu, Mateus? Ainda acredita que eu seja culpada pela morte de sua mãe? – Janine estava desapontada em saber que Mateus suspeitava dela, porém se estivesse no lugar de Mateus também suspeitaria dela.

– Não vim aqui para falar disso. Preciso que me diga uma coisa. - O tom no rosto de Mateus dava a entender que o assunto era sério.

– Claro! O que aconteceu?

– O Jaime não é meu pai! Você sabia disso?

– O-o-o que? Não, não sabia de nada! Quem te falou isso?

– Ninguém me falou nada. Eu fiz um teste de DNA e o resultado deu negativo.

– Fez o que? Quando? Achei que você tivesse ficado sabendo dele no dia da morte de tia Eliete.

– Fiz essa semana. Pagando bem, o resultado sai bem rápido.

– Eu não sabia disso. Também nem sabia do seu pai até aquele dia. Meu pai sempre falou que seu pai havia morrido. Me assustei quando aquele senhor apareceu dizendo ser seu pai, e só acreditei porque tia Mariana confirmou que ele era realmente o marido de Tia Eliete.

– É isso que não entendo. Por que mentir sobre o motivo do desaparecimento dele, me dizendo por anos que ele estava morto. E agora que ele voltou, mentir que ele é meu pai. Eu estou tão confuso. Será que sou adotado? Perdi minha mãe, e um dia depois de ganhar um pai eu perdi novamente. Tudo nessa família parece ser banhado em mentiras.

Janine não sabia o que dizer, ao seu primo, que estava ali, de frente à ela, chorando. Tentou dar-lhe um abraço, ali mesmo, com a cela os separando. Era a chance que Mateus precisava. Aceitou o abraço, e passou o braço por entre os ombros da prima. Ao soltar voltou com vários fios de cabelo dela em suas mãos. Saiu correndo sem nem se despedir.

Já no corredor, o choro deu lugar a um sorriso de orgulho, por ter cumprido sua missão. Realmente ele era um bom ator. Pena que ninguém estava ali para aplaudir sua atuação. Se sentiu até um pouco mal por ter enganado sua prima assim, porém precisava saber a verdade, e parecia que em sua família ninguém falava a verdade.

Ao sair esbarrou no seu vizinho da frente. Estava com tanta pressa que nem chegou a se questionar do motivo da presença do seu Jorge na delegacia. Ele estava acompanhado de um rapaz alto, vestido de terno. Parecia um advogado. Será que ele estava em problemas? A vontade de Mateus em ir logo para a capital fazer o exame de DNA nem deixou ele concluir seus questionamentos.

***

– Agora não, Jânio. Estou entrando na Igreja. Vou falar com o Vigário José. Depois a gente conversa! – Antes que ela desligasse o telefone, deu de cara com o cadáver do vigário José.

Do outro lado da linha Jânio escutou os gritos, antes que o celular caísse ao chão e quebrasse, cortando a ligação.

– Ai meu Deus!!! – O grito de Mariana foi escutado até fora da igreja. Era evidente o terror que tomou conta dela.

O celular ficou espedaçado no chão enquanto ela corria para fora. Aquela cena foi chocante demais: O Vigário José deitado, com o rosto todo deformado e ensanguentado. A camisa aberta, revelando a barriga aberta, cortada do umbigo até quase o pescoço, e completamente oca por dentro. A expressão de dor na face do vigário, ficaria marcada em sua memória para sempre.

Alguns vizinhos a ouviram gritar e correram para a igreja. Um dos vizinhos que entraram chegou a vomitar, ao ver tal cena grotesca. Outro desmaiou. Lá fora Mariana tremia enquanto a dona da Lan House que ficava em frente buscava um copo d’água com açúcar para acalmá-la. Enquanto isso, alguém ligou para a delegacia.

***

Seu Jorge estava ali para ver o delegado, que ainda não havia chegado. Só estava o policial Rodrigo na delegacia.

– Senhor, o delegado ainda chegou. Creio que ele deva aparecer por aqui apenas depois do almoço. Caso o senhor prefira, seria melhor voltar mais tarde.

– Mas o que eu tenho para falar com ele é urgente! Não dá para esperar! – Seu Jorge havia perdido o ar de senhor tranquilo e já estava começando a demonstrar sua irritação com o jovem policial.

– Sinto muito senhor, infelizmente... – Rodrigo nem chegou a concluir a frase, e o telefone tocou. Pediu licença a seu Jorge, e atendeu a ligação. Do outro lado da linha, alguém desesperado dizia que o Vigário José estava morto.

Rodrigo ligou imediatamente para o celular do Delegado Celso, que estava realmente dormindo. Ele combinou de encontrar com o policial na igreja em cinco minutos e desligou o telefone.

– Senhor, temos uma emergência, e preciso que o senhor volte mais tarde, terei que fechar a delegacia agora. – Rodrigo falou, já praticamente empurrando seu Jorge e o jovem que o acompanhava para fora.

De dentro da cela, Janine apenas acompanhava o movimento, sem entender o que estava acontecendo, e o que poderia ser tão importante para seu Jorge sair de casa e ir à delegacia. Além disso, se perguntava onde estaria Andréia e sua ordem de liberação.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, conto com o feedback de vocês, estão gostando?



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