Herança de Sangue escrita por Brunorofe


Capítulo 11
Segredos do passado


Notas iniciais do capítulo

Olá galera, peço perdão mil vezes para vocês pela demora em atualizar. Estava meio tenso na faculdade, e não consegui atualizar. Mas prometo voltar ao ritmo de antes, de um capítulo por semana. Obrigado pela compreensão de vocês! Espero que gostem desse capítulo. Leiam, comentem, favoritem, indiquem... Ou não. Hehehehe. Abraço.



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Mateus acordou na manhã seguinte com o barulho do seu celular, que tocava incessantemente.

– Alô? Quem fala? - Mateus estava meio zonzo e sua voz denunciava a qualquer um que ainda estava dormindo.

– Bom dia, Senhor Mateus? - A voz do outro lado perguntou.

– Sim, sim, é ele! Quem fala?

– Bom, Senhor, Meu nome é Rogério, falo do Laboratório em que o senhor deixou materiais para análise. O resultado está pronto. O senhor prefere vir recebê-lo pessoalmente ou posso informar pelo telefone, mesmo?

– Pode falar pelo telefone mesmo. - Mateus já estava impaciente.

– Bem, senhor. As amostras não são compatíveis. Caso o senhor deseje, podemos refazer o teste, porém a margem de erro é inferior a um por cento.

Mateus ficou devastado com a notícia. Estava começando a se acostumar com a idéia de ter um pai, sobretudo agora que sua mãe havia falecido. Desligou o telefone na cara do atendente. Estava confuso. Não sabia como reagir a isso. Pelo drama feito por sua tia, parecia que Jaime era mesmo seu pai. Mas se ele não era seu pai, quem seria? Porque sua mãe e sua tia mentiriam sobre isso?

Precisava falar com sua tia sobre isso. Pegou a chave do carro, e saiu apressado de casa. Nem chegou a lavar o rosto. Já estava dando partida quando viu uma mão batendo no vidro da porta! O grito de susto foi automático. Do outro lado uma figura conhecida esperava que ele abrisse a janela.

– Saia da minha casa, Jaime! Não sei o que você pretende ganhar com isso. Mas sua farsa já foi descoberta! Suma daqui ou chamarei a polícia.

Do outro lado, escondido entre as cortinas, Jorge, o vizinho estranho que morava em frente, observava tudo. Parecia se divertir com a situação. Nem Jaime nem Mateus perceberam que ele estava ali.

Mateus saiu cantando pneus. Deixou Jaime na calçada com cara de quem não entendia o que estava acontecendo. Foi direto para a casa de Mariana. Precisava de uma explicação. Só ela poderia dar.

***

No fim da rua, na famosa casa rosa, Margarida e Dona Carmem preparavam um delicioso café da manhã, para levarem à Janine. A pobre já estava presa desde o dia anterior e precisava pelo menos de uma comida decente.

Margarida confiava em sua amizade com o policial Rodrigo para que pudesse entrar com as guloseimas para a amiga. Na verdade, amizade era por parte da filha da parteira. O pobre policial sempre fora apaixonado por ela, e alimentava a esperança de um dia conquistar seu coração.

A moça estava saindo de casa quando viu Mateus passar acelerado em seu carro. Parecia estar com pressa. Soltou um suspiro alto ao vê-lo. Parecia estar mais apaixonada depois de todos os eventos que assombraram Sonhos nos últimos dias.

Sua mãe estava logo atrás. Deu-lhe um tapa na nuca, e gritou!

– Pare com isso, menina! Nem chegue perto desse rapaz! É problema certo! Vocês como casal é algo impossível. Impossível, ouviu?

– Janine abaixou a cabeça e foi à pé para a delegacia. Ela não possuía carro. Sua mãe tinha um carro velho, mas não deixava que ela dirigisse! Dizia que ela era muito nova pra isso. O engraçado era que ela já estava pestes a completar 25 anos.

***

– Tia Mariana, abra essa porta! Precisamos conversar! - Mateus batia freneticamente na porta, para quem via aquela cena, parecia que ele iria por a porta abaixo e entrar a força.

Maria ainda estava dormindo. Havia decido tirar o dia de folga, depois de tudo que havia passado.

– Estou indo, Mateus - Gritou ela, do lado de dentro. Vestiu seu hobby e correu para a porta.

– Anda, tia! A senhora tem muitas explicações a me dar!

– Entre, e pare de gritar! Não sou surda! - Mariana estremeceu ao ouvir que ele queria explicações.

– Tia, eu quero saber quem é meu pai!

– O que? Como assim, menino? Que pergunta é essa? Você conheceu seu pai, o Jaime. Ele mesmo confirmou isso.

– Mentira, tia! Eu fiz um exame de DNA e ele não é meu pai! Vamos me diga, quem é!

– O que? Você fez o que? Claro que é seu pai. O covarde fugiu por causa de dívidas de jogo e te abandonou, mas ele é seu pai. Sua mãe sempre foi fiel a ele, mesmo ele não merecendo.

– Tia, pare com esses joguinhos! Você é irmã da minha mãe. Com certeza sabe a verdade! Eu exijo que a senhora me conte!

– Mateus, você está transtornado por tudo que aconteceu. Vá para casa e descanse um pouco. Depois conversamos melhor sobre isso. Mas posso te garantir que Jaime é seu pai.

– Ótimo! Não quer me contar, tudo bem! Vou descobrir por minha conta e se eu souber que você está envolvida nessa história, nunca mais falarei com você!

Mateus saiu dali com uma idéia nova. Pegar um fio de Cabelo de Janine. Ele precisava saber se era da família, ou se foi adotado. Talvez por isso todos estão lhe escondendo a verdade.

Mariana ficou sem reação. Precisava falar sobre isso com o vigário José. E se alguém descobrisse a verdade? Tudo estaria perdido! Correu para o banheiro. Ia tomar um banho e correr para a Igreja.

***

O Vigário José já estava na cidade de Sonhos há tanto tempo que se considerava um cidadão da cidade. Chegou na cidade, logo após ser ordenado como padre. Tinha 25 anos, na época, e o Bispo o mandou para a pequena cidade, que estava crescendo e precisava de alguém que cuidasse das almas dos moradores.

Apesar de ser novo, seu empenho em transformar a pequena capela em uma paróquia fora reconhecido por todos da cidade, e em pouco tempo era amado por todos. A pequena capela de Nossa Senhora das Dores havia se tornado paróquia, porém todos se referiam à mesma como capela. Um hábito que perdura por anos. Talvez pelo tom acolhedor da igreja.

De todos os habitantes, somente um não gostava do vigário José: Marcos Silva, o pai de Janine. Não gostava que sua mulher frequentasse as Missas daquele Padre novinho, que estava ali tentando aparecer, dizia ele. Fez tudo que pôde para provar que ele era religioso fajuto, e tirá-lo da cidade. Foi aí que começou a se desentender com boa parte da cidade. A população se uniu para defender o Padre José e Seu Silva ficou conhecido como o filho do Diabo, afinal somente alguém com pacto com o demônio seria capaz de prejudicar um Padre.

Seu Silva brigou várias vezes com Marta, por causa do Vigário José. Não suportava a idéia de que sua mulher estava indo toda semana àquela igreja se confessar. Ai dela se abrisse a boca e contasse o que não devia ao padre.

Ele nunca soube que eram essas visitas frequentes ao padre José que ajudaram Marta a passar por tanta coisa, e aguentar as humilhações e problemas que enfrentava por causa dele. Marta só podia recorrer a Deus, afinal seu marido estava acima de todos naquela cidade. Ela acreditava que tinha uma missão divina: ajudar a salvar a alma de seu marido.

A idade não era a melhor companheira do Vigário José. Com ela veio várias limitações. O corpo e a cabeça não funcionavam como antes. Já não se lembrava de Marta como antes. Sempre teve orgulho da força que aquela mulher tinha. Nunca entendeu de onde ela conseguia motivação para continuar vivendo, apesar do sofrimento.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo barulho de um vidro se quebrando. Levantou-se e foi à capela ver o que aconteceu. Parecia estar tudo normal. Ouviu um barulho de metal se arrastando pelo chão, o barulho vinha da sacristia. Ao entrar viu um jarro quebrado no chão. Havia descobrido de onde veio o barulho. Será que fora o vento que derrubou o jarro?

– Olá, Vigário José! - Uma voz conhecida do padre o cumprimentou. A mente lhe deu um golpe na hora, e não conseguiu lembrar a quem pertencia aquela voz. Talvez pelo susto.

– Olá, você quase me matou de susto! Veio se confessar? - O coração do Vigário ainda estava disparado.

– Não, seu padre! Você é que está prestes a confessar seus pecados! Você tem acobertado um monte de mentiras e pecados da família Silva, e chegou a hora de pagar por isso!

– Não sei do que você está falando. Esse tipo de brincadeira não tem graça! - O semblante do vigário José mudou na hora. Não conseguia disfarçar o medo que começou a sentir.

– Não é brincadeira, seu padre! Porém o senhor parece querer brincar com minha cara, ao falar que não sabe do que estou falando. - A figura ameaçadora tirou uma faca de açougueiro que estava presa à sua cintura, e mostrou ao padre que não estava de brincadeira. - Vamos confesse agora tudo o que sabe sobre a família Silva, ou o senhor vai passar a noite de hoje com o capeta!

– Eu não sei do que você está falando! Tudo que qualquer membro da família tenha me contado foi em confissões. Não posso revelar segredos de confissões, seria excomungado por isso.

– Então o senhor fez sua escolha. Olhe pelo lado bom, irá se encontrar com o seu Deus ainda hoje, ou não né? Afinal saber de tantas coisas como o senhor sabe, sem ter feito nada o torna um cúmplice. E o senhor tem culpa tanto quanto eles.

– Pode fazer o que quiser comigo. Nunca trairei meus juramentos. - Apesar da convicção com que falou isso, o rosto do vigário José deixava claro que ele estava sentindo medo como nunca sentiu antes.- Mas fique ciente que terá que pagar por isso. A condenação não falha para assassinos!

– Hahahahahaha, Não me faça rir, seu Padre. Minha condenação já veio muitos anos atrás, quando eu nem tinha idade pra entender o que estava acontecendo. Agora só estou retribuindo e compartilhando com outros a minha maldição.

O jogo de terror estava apenas começando. Aquela figura sombria, da qual o Vigário nem conseguia se lembrar do nome, estava disposta a fazer o padre José sofrer. Deixou a faca em cima de uma mesa na sacristia e pegou uma pá que havia trazido e deixado escorada na parede, pronta para ser usada. O vigário estava petrificado de terror, e não conseguia nem gritar.

Ele estava tão anestesiado que mal sentiu a primeira pancada na cara. A pá acertou em cheio seu rosto. Vários dentes do Vigário voaram. Seu olho esquerdo saltou da órbita, e ficou pendurado, como em filmes de terror. Começou a rezar, pedindo a Deus misericórdia. Ele sabia que acobertou muita sujeira mesmo. E talvez, aquele sofrimento fosse merecido.

A outra pancada com a pá foi bem de frente, no rosto do Padre. O estalido do metal abafou o barulho do nariz quebrando. O sangue estava jorrando. O vigário José não conseguia mais enxergar. Estava cego, porém a dor não havia diminuído, sua mandíbula havia sido deslocada. Abaixou a cabeça, e começou a chorar. Era possível perceber que ele estava murmurando algo, porém só ele sabia que estava gritando pedindo por perdão.

Quem estava segurando a pá, não estava ali a procura de pedidos de perdão. Estava ali para fazer o vigário sofrer. E essa missão estava cumprindo com mestria. Acertou logo a terceira pancada na nuca do Padre José, que estava ainda de cabeça baixa. Com a força do golpe ele caiu ao chão.

O tapete puído da sacristia ficou vermelho de sangue no mesmo instante. A quarta pancada com a pá foi na coluna. A dor era terrível. O padre José já não conseguia mais mexer as pernas. Uma quinta pancada no braço esquerdo fez com que os ossos de sua mão fossem quase todos quebrados. A dor aumentava, a morte parecia não querer vir logo parar com o sofrimento do pobre vigário.

Bater com a pá já não tinha graça mais. Essa não era uma morte como as outras. O sofrimento precisava ser maior. Ele precisava pagar. Pegou a faca e cravou-lhe na barriga. O vigário gritou de dor. Aproveitou o queixo deslocado do padre José e puxou a língua dele para fora com as suas próprias mãos. A cortou com apenas um golpe. O vigário continuava vivo.

Pegou então a faca e fez um rasgo do umbigo ao externo do padre. Suas forças se acabaram, e o vigário José finalmente deu seu último suspiro. A dor havia passado. Finalmente poderia começar o ritual de arrancar todos os órgãos internos do padre, desta vez com um extra, a língua do padre, que preferiu morrer com os segredos horrendos que sabia.

Estavam quase todos os órgãos ensacados quando um telefone tocou dentro da igreja.

– Alô?

– Mariana, porque não atende minhas ligações? Fiquei preocupado!

– Agora não, Jânio. Estou entrando na Igreja. Vou falar com o Vigário José. Depois a gente conversa!


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Notas finais do capítulo

Obrigado pela companhia de vocês, galera. Até semana que vem!



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