Mais que amigos - Um Amor em NY escrita por Lucena
̶ Casa comigo!
Eu não acreditei no que acabara de ouvir. Ricardo, me pedindo em casamento. Ele deve estar brincando comigo, se bem... Ele nunca foi muito de brincar. E não brincaria agora, no meio de uma discussão como essa.
̶ Ricardo, você está me pedindo em casamento. É isso mesmo?
A expressão em seu rosto mudou. Ele não estava mais com o rosto transtornado, agora estava iluminado, esperançoso. Um entusiasmo tomou conta dele.
̶ É Emma. A gente se casa, você pode até ir pra Nova Iorque, mas só por alguns meses. Depois você volta e nós ficamos juntos. Assim, você aproveita essa chance e eu posso ficar tranquilo.
Foi aí que eu percebi qual era a intenção dele.
̶ Você quer se casar comigo pra poder ficar tranquilo? É isso mesmo, Ricardo?
̶ Pensa bem, Emma. A gente já tá junto há algum tempo, esse seria o nosso próximo passo mesmo! Nós só vamos adiantar um pouco as coisas.
̶ Meu Deus do céu! Será que você não percebe o que está dizendo!
Ele parou por um instante, me olhou, depois desviou o olhar.
̶ Você não me ama.
̶ Não é essa a questão, Ricardo.
̶ Não! Essa é sim a questão Emma! Se você me amasse, nem hesitaria em aceitar ao meu pedido.
̶ E se você me amasse, não precisaria casar comigo pra confiar em mim! Você acabou de me dizer que só assim ficaria tranquilo. O que você acha? Que eu iria chegar lá, e na primeira oportunidade iria te trair? É isso? Me diz, Ricardo, é isso o que você acha que eu faria? É essa a pessoa que eu sou pra você?
Quando me dei conta, as lágrimas estavam escorrendo pelo meu rosto e eu estava aos gritos com ele.
̶ Me desculpe por tentar te manter na minha vida.
Eu odiei ouvir aquilo com tanta ironia e certa dose de amargura.
̶ Mas eu não estou te tirando da minha vida.
̶ Ah, certo! Você acha o quê Emma? Que nosso relacionamento vai sobreviver com essa distância? Por quanto tempo mesmo? Ah, sim, MESES! São meses, não dias!
̶ Eu estaria disposta a tentar, mas pelo visto você não.
̶ Boa sorte pra você Emma!
̶ Ricardo!
Ele bateu a porta com força e encerrou nossa “conversa”. Senti um cansaço maior do que pude aguentar e desabei no sofá do escritório de meu pai. Já estava cansada dessas confusões na minha vida!
̶ Emma.
Annabella estava parada, na porta do escritório. Esperou que eu desse consentimento pra que entrasse.
̶ Você está bem?
Eu respirei fundo.
̶ Pra falar a verdade, não.
̶ Pelo visto a conversa não foi muito boa...
Eu olhei pra ela com um olhar “Sem ironias, por favor!”, ela entendeu o recado.
̶ Desculpe.
̶ Ele estava estranho. Não parecia ser o Ricardo dos últimos anos.
̶ Emma, eu imagino que tenha sido difícil pra ele.
̶ Eu sei. Eu nunca achei que seria uma conversa fácil, mas a reação dele... foi desproporcional! Não havia motivo pra tanta revolta, tanta acusação...
̶ Ele não te fez nada, não é? Você estava chorando...
Ela pareceu assustada.
̶ Não. Ele só me agrediu moralmente. Ele me disse que eu iria trocá-lo por outro.
̶ Nossa! Pensar que você ia trair ele? Isso foi pesado. Você só pensa em trabalhar!
̶ Anna!
̶ Ahh, desculpe!
̶ Você acredita que ele me pediu em casamento?
̶ o quê? Nãããão! E o que você disse?
̶ Ele queria me prender. Digo, para ele seria uma garantia de que eu não o trocaria por outro.
̶ Caraca! Até parece que se você quisesse fazer isso, estar casada impediria.
̶ Anna! Você acha que casamento é namoro?
̶ Certo, ficaria um pouco mais difícil. E bem mais difícil sendo você, tão certinha!
̶ Isso foi uma crítica?
̶ Não. Chega de críticas, de brigas...
̶ De ironia também?
̶ Ah, aí também não!
Nós rimos.
̶ Tudo bem, você seria uma chata sem suas provocações. Só não pegue pesado, ok?
̶ Ok.
Ela ficou me olhando, como se estivesse criando coragem pra dizer algo.
̶ Tá tudo bem.
̶ Não, não está. Me desculpe, Emma. Por ter sido estúpida com você nos últimos dias, e no momento que você precisava de apoio.
̶ É, você extrapolou um pouquinho, mas tudo bem...
̶ Não foi tão ruim assim, não é?
̶ É, não foi. Ruim mesmo seria viajar pra Nova Iorque sem ter uma estilista pra analisar meu guarda-roupa. Tenho certeza que estaria perdida!
̶ Ah, sua interesseira!
̶ O que? Quando você quer ajudar com suas contas, seus investimentos, você corre pra quem?
̶ Ah, isso foi golpe baixo, Emma!
̶ Aprendendo com você, maninha!
...
Anna e eu ficamos um bom tempo conversando sozinhas no escritório. E ao final, todas as nossa pendências estavam resolvidas.
Quando voltamos pra sala, Leo já tinha ido dormir, mas meus pais estavam na sala, me esperando.
̶ filha, está tudo bem?
̶ Sim mãe.
̶ E como foi a conversa com o Ricardo?
Fiz um breve resumo da nossa discussão para eles.
̶ Essa viajem acabou causando muita confusão. Me pergunto se vale a pena passar por tudo isso.
̶ Você teria passado por tudo isso à toa se desistisse agora, Emma.
̶ Eu sei pai. Não vou desistir, principalmente agora que tenho seu apoio. Mas devo confessar que estou desanimada.
̶ Mas eu não! Escute só que seu pai vai te contar!
Minha mãe estava muito empolgada, e eu ri do jeito que ela bateu as mãos e se remexeu em uma dança meio esquisita meio engraçada, toda animada.
̶ Não imagino o que seja!
̶ Emmanuelle, onde você vai ficar em Nova Iorque?
̶ Bem , isso ainda não está definido, mas estou pesquisando alguns apartamentos, pequenos, é claro.
̶ Pode deixar de procurar! Hoje eu falei com a locadora do nosso apartamento. Ela está cm problemas financeiros e não poderá mais ficar no apartamento. Como não teria dinheiro pra pagar a multa pela rescisão do contrato, ela não sabia bem o que fazer, por isso decidiu me contatar pra entrar em acordo comigo sobre a melhor opção.
̶ E...?
̶ E, eu disse a ela que não cobraria a multa, e cancelaria o contrato se ela devolvesse o apartamento até a próxima semana. Ela concordou. Portanto, você ficará lá.
̶ É sério, pai?
̶ Claro que sim!
̶ Mas pai, o aluguel daquele apartamento é muito alto, você perderia muito se me deixasse ficar lá durante meses, ao invés de aluga-lo.
̶ Isso não importa! E eu ficaria muito mais tranquilo com você morando lá, com toda a segurança e conforto possíveis.
̶ Puxa, eu nem sei o que dizer!
̶ Não diga nada. Apenas vá, faça seu trabalho, e volte correndo para nós!
̶ Ah pai!
Levantei e dei um abraço gigantesco nele. Estava muito emocionada com o apoio que ele estava me dando. Tenho certeza que não conseguiria fazer o meu melhor se não tivesse a minha família me apoiando.
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