Mais que amigos - Um Amor em NY escrita por Lucena


Capítulo 6
Capítulo 6




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Quase uma hora depois, meu pai sai do quarto.

̶ Tá tudo bem, pai?

̶ Sim, tudo resolvido. Sua irmã vai querer falar com você, mas agora ela quer ficar um pouco sozinha.

̶ Ok.

A campainha tocou e meu pai foi atender.

̶ Ricardo!

Meu coração disparou. Ricardo não me avisou que viria em casa, ou será que avisou e eu acabei esquecendo? Não duvido disso ter acontecido.

̶ Mark! Como vai?

Ricardo abraçou meu pai.

̶ Muito bem, e você?

̶ Tudo certo.

Ele me olhou e veio em minha direção.

̶ Oi Emma.

Ele me deu um beijo. Não foi um beijo qualquer, rápido, foi um dos beijos mais intensos e longos que já aconteceu entre nós. Eu fiquei sem fôlego.

̶ Senti saudades. ̶ Ele encostou a testa na minha, e ficou me olhando, depois me deu um selinho.

̶ É, eu percebi.

Ele riu.

Quando olhei para o meu pai, o vi surpreso, mas divertindo-se. Me senti envergonhada. Ricardo nunca tinha me beijado daquele jeito na frente dele. Nós sabíamos que o meu pai era muito conservador, e não queríamos criar nenhuma situação desagradável entre nós.

̶ Você fica pro jantar?

̶ Claro Mark! Isso se não for incômodo.

̶ De maneira alguma. Eu vou avisar à Clara. Com licença.

Meu pai nos deixou a sós. Ele sabia que eu e Ricardo tínhamos muito o que conversar. Eu também sabia disso, mas não sabia bem como começar aquela conversa.

̶ Como foi a viajem?

̶ Foi tranquila. Nenhum contratempo.

Nós ficamos em silêncio.

̶̶ Você mudou alguma coisa?

̶ Como assim?

̶ O cabelo, não sei...

̶ Hã, não. Está como antes.

̶ Hum. Deve ser pelo tempo que fiquei sem te ver. Deus, como eu senti sua falta!

Ele me puxou e me abraçou forte, depois me deu outro beijo profundo. Eu comecei a achar estranho, ele podia ser carinhoso e tudo mais, mas aquele não era o comportamento dele. Deve ser carência, ou sei lá, saudade, como ele mesmo disse. Mas e se não for? Será possível que ele tenha mudado tanto em tão pouco tempo? E logo agora que eu vou viajar?!

̶ Você me disse que queria conversar.

̶ É, mas nós podemos deixar pra depois.

̶ Ok.

̶ Vamos ver se o jantar está pronto?

̶ Ah, sim! Eu estou faminto!

...

Sentados à mesa, a conversa inicial foi sobre a viajem de Ricardo. Ele contou como foi a convenção no Ceará, e sobre as cidades que visitou.

̶ Você deve ter se divertido muito lá!

Annabella estava muito mais solta, depois da conversa com o nosso pai.

̶ Não muito. A convenção durava o dia todo. O tempo que restava eu tirava pra descansar, rever algumas anotações, essas coisas.

̶ Mas e à noite, o que você fazia? ̶ Anna continuou.

̶ Eu saí algumas vezes, mas voltada logo pro hotel. Eu não sei, mas acho que perdi o gosto pela coisa. Quando se é solteiro isso é bom, mas quando se tem alguém,... ̶ Ele me olhou. ̶ ... isso não faz muito sentido.

̶ Nossa! ̶ Anna estava claramente surpresa. Parece que ela realmente acreditava que Ricardo não gostava de mim. Acho que agora ela percebeu que estava errada.

̶ Ricardo, você sabia que nós vamos pra Nova York?

Meu sangue gelou ao ouvir o que Leo disse. Acho que transpareci algo, pois Anna me olhou, e logo em seguida complementou:

̶ É verdade, nós vamos no natal.

Ufa! Por ora, eu tinha escapado! Fiquei surpresa pela ajuda de Anna. Ela teve a chance de abalar a minha relação com Ricardo, e tenho certeza que se ela e nosso pai não tivessem se resolvido, ela o teria feito. Precisava agradecê-la depois.

̶ Isso é ótimo! Eu fui lá em um natal, alguns anos atrás. A cidade fica maravilhosa.

Ricardo pareceu não perceber a tensão que se desenrolou entre nós com o assunto. Meu pai queria acalmar o meu coração e mudou logo de assunto.

̶ A viajem foi tranquila, Ricardo?

̶ Sim, Mark! Mas eu estava muito ansioso pra chegar, então, ne, consegui descansar.

̶ Ele estava com saudades da Emma, pai!

Todos rimos quando Leo disse isso.

̶ É, eu estava.

...

̶ Então, você parece um pouco tensa Emma. Aconteceu alguma coisa?

Nós estávamos no escritório do meu pai. Eu tinha repassado, durante o jantar, o que eu queria conversar com Ricardo.

̶ Aconteceu.

̶ O quê?

̶ Eu vou pra Nova Iorque.

Ele pareceu achar engraçado.

̶ Eu sei, Emma.

̶ Sabe? Mas, como...

̶ O Leo disse isso no jantar. Você esqueceu?

̶ Ah, foi. Ele disse. Mas não foi isso que eu quis dizer...

Eu fiquei em silêncio, sem saber como continuar.

̶ E então?

Ele estava me olhando, esperando que eu continuasse.

̶ Ricardo, eu não vou pra Nova Iorque no Natal. Eu vou no próximo mês.

Ele pareceu confuso.

̶ Eu não sabia que as suas férias já estavam próximas.

̶ Não são férias. Eu vou à trabalho.

̶ Ah, então você vai fazer uma viajem de negócios. Isso é bom! Eu só espero que você não fique lá por muito tempo. Já ficamos separados demais, você não acha?

Ele veio em minha direção, me deu um pequeno beijo e me abraçou.

̶ Ricardo, eu vou à trabalho, mas não vai ser uma viajem curta. Eu vou ficar por alguns meses. Eu vou morar lá.

̶ Como é?

Senti um frio na barriga com aquela pergunta.

̶ Recebi uma proposta do meu chefe. Ele me indicou para uma experiência na sede do banco, em Nova Iorque.

̶ Quando foi isso?

̶ Há duas semanas.

̶ E você só me conta agora?

̶ Ah, eu estava esperando você voltar. Não achei justo te contar por telefone.

̶ Justo? Você acha que foi justo decidir algo tão importante como isso sem consultar seu namorado?

̶ Eu não tive como recusar...

̶ Me diz uma coisa, Emma. Você, em algum momento pensou em mim? Em nós? Você lembrou que tem um namorado?

̶ Aonde você quer chegar com isso?

Ele estava decepcionado, eu pude ver em seus olhos. Acho que ele sabia a resposta.

̶ Onde eu quero chegar? O que eu significo pra você Emma?

̶ Ricardo, você é meu namorado.

̶ Eu sou seu namorado. Mas o que eu significo pra você? Eu sou um passatempo?

̶ O quê? Não! Nós namoramos há anos! Você não pode achar que não significa nada pra mim!

̶ E eu significo, Emma?

O tom de voz dele estava alterado. Se aumentasse mais um pouco, ele estaria gritando.

̶ Você está distorcendo as coisas, Ricardo.

Ele parou, ficou me olhando por alguns segundos.

̶ Você me ama?

̶ Como?

̶ Eu perguntei se você me ama, merda!

Naquele momento eu não reconheci o homem que estava na minha frente.

̶ Amo. Nós estamos juntos a muito tempo, como poderia não amar você?

Ele não pareceu convencido. Na verdade nem mesmo eu sabia se estava convencida da minha resposta.

̶ Eu não posso perder você Anna!

̶ Você não vai! Vão ser só alguns meses...

̶ Você sabe o que pode acontecer durante esse tempo? Lá você vai conviver com outras pessoas. Vai ter um novo círculo social, novos amigos, quem sabe até conhecer outra pessoa!

̶ Ricardo!

̶ As coisas mudam Emma... As pessoas mudam!

Eu tinha a prova daquilo bem na minha frente. O namorado que eu tinha não iria reagir dessa forma. O que aconteceu com Ricardo durante essa viajem?

̶ Você não confia em mim. E se você não confia, eu não vejo porque...

̶ Casa comigo Emma!

̶ O quê?


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