Price Tag escrita por Gael Donald Castellan


Capítulo 5
Sobre Aspen, o passado e os problemas.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Sei que fiquei muito tempo sem postar e não tenho uma justificativa. Desculpem a demora. A boa notícia é que esse é um capítulo inteiro do ponto de vista do Aspen.



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Pov Aspen

Estava voltando para casa com minha mãe, que estava com o cenho franzido do jeito que fazia quando ficava brava, nessas horas o melhor é deixa-la quieta, então apenas caminhei ao seu lado.

–Precisamos conversar. –Disse minha mãe com firmeza, assim que chegamos no portão de casa.

Assim que entramos Kamber e Celia vem falar conosco animadíssimas como sempre. Meus outros irmãos também vêm nos cumprimentar, mas não com tanto animo quanto elas, isso é impossível. Estava brincando de jogar meu irmão mais novo no alto quando reparo o olhar de minha mãe sobre mim. Paro de brincar e digo que preciso conversar com a mamãe. Subo imediatamente para o sótão, ou melhor, para o meu quarto.

Puxo uma cadeira para ela e me sento na cama. Quando ela começa a falar:

–Desconfiava que houvesse uma garota já faz um tempo, só não imaginava que era ela, você andava mais feliz nesses últimos tempos... Pensei que fosse Mirna, aquela seis que trabalha na tinturaria. - Ela suspira e olha pra mim.- É por isso que anda juntando dinheiro?

–Sim, pro nosso casamento. Só estou esperando o recrutamento... - Respondo imediatamente.

–Você tem noção do que isso significa? Você está preparado pra isso? Ela está preparada para isso?- Indagou séria.

–Eu sei oque isso significa, sei que será difícil, mas eu quero muito isso, de verdade.

–Não, não sabe. Casamento já é algo difícil normalmente, nessas condições é praticamente impossível.

–Sei que é difícil um casamento entre castas, que demora, e também sei que somos muito jovens, mas nós aguentaremos firmes e fortes.

–Não estou falando disso. Você sabe que a família dela não aprovará este casamento, e que isso pode ser muito para ela, se vocês se casarem ela também pertencerá a casta seis, será que ela pode aguentar isso?

–Nós já falamos sobre isso antes, e queríamos contar para vocês, estávamos procurando o momento certo, o resto você já sabe... - Solto um suspiro e coço a nuca. - Ela sempre me disse que aguentaria tudo por mim, que passaria por isso ao meu lado. Sei que ela não sabe o quanto é difícil, mas sou egoísta e não posso deixa-la partir.

–Isso é só fogo de palha, paixão, não durará para sempre. E depois de um tempo você irá se ver preso em um casamento infeliz. Não se deixe levar por essas coisas de jovem, procure uma boa moça, que saiba viver como seis e case-se com ela. – Rebateu mamãe.

– Não é paixão é amor, eu amo aquela garota e quero passar o resto dos meus dias com ela. Assim como ela me ama e quer se casar comigo.

–Já pensou que talvez ela só esteja fazendo isso pra desafiar os pais dela? Não me leve a mal, estou dizendo que ela pode fazer isso sem saber. - Falou e soltou os cabelos do tradicional coque, algo que raramente fazia.

–Não! Meri jamais faria isso, se fosse só isso não estaia comigo há dois anos... - Disse a ultima parte sem querer, baixinho, pensando.

–Dois anos?- Perguntou minha mãe e não pude deixar de notar incredulidade em sua voz.

–Sim. - Respondo pensativo, olhando as estrelas pela minha pequena janela e brincando com as lascas de tinta branca que estavam penduradas na parede.

–Aspen, meu filho só quero que pense bem em tudo isso, você viu oque houve hoje... - Falou minha mãe me tirando do transe.

–Vou pensar, prometo. – Jurei, dando um beijo em ambas as faces de minha mãe.

–Boa noite filho, durma com deus.

–Boa noite sonhe com os anjos. - Disse e ela se foi.

Não pude evitar sorrir quando ela pegou Kamber e Celia espiando, seria muito engraçado, se minha vida não estivesse tão complicada gargalharia.

Tentava inutilmente dormir, depois de me remexer na cama diversas vezes, comecei a pensar nas mudanças que faria se me casa-se com América, morariam ali, pelo menos até ter dinheiro suficiente para se mudar. Teria que pintar as paredes, que não eram pintadas desde antes da morte do pai, fazer outro colchão, uma penteadeira pra Meri e arranjar espaço no armário para ela, colocar piso no chão, concertar a porta que fica rangendo... Acabei adormecendo enquanto pensava nas coisas que precisava fazer.

No outro dia...

Acordei cedo como de costume, o sol ainda nem havia nascido. Levantei e fui me arrumar para o trabalho. Coloquei uma calça jeans desgastada com um cinto de couro falso. Couro verdadeiro só da casta três para cima, apesar de alguns quatro possuírem. Coloquei também uma camisa de algodão azul desbotada, e sapatos simples. Desci e vi todos terminando de se arrumar como de costume, cumprimentei-os e sai.

Peguei uma maçã da árvore do nosso pequeno jardim e reparei que o sol já estava nascendo. Me perguntei como teria sido a noite de Meri. Será que ela também não conseguiu dormir? Oque aconteceu quando ela chegou em casa? Será que ela mudou de ideia? Estaria tudo bem?

O dia no trabalho foi difícil. Fiquei tentando me concentrar, mas toda hora acabava devaneando sobre Meri. A minha sorte foi que ninguém percebeu, caso contrário, seria descontado dinheiro do meu salário e essa é a ultima coisa que eu queria.

xxx

Quando estava voltando do trabalho, após o anoitecer, cerca de 20:00, encontrei Krigor. Parecia estar me esperando. Ele era um “ex-amigo meu”, da época em que eu andava com Kota e não sabia quem era o verdadeiro Krigor.

Flashback(on)

Caminhava em direção à casa de Olivia, minha namorada. Trazia comigo flores e chocolate caseiro para ela. Avistei sua sombra e andei mais depressa. Conforme fui chegando mais perto percebi que eram duas sombras bem próximas, não uma. Quando pude ver com mais clareza entendi do que se tratava, eram Olivia e Krigor se beijando! Meu coração se despedaçou. Não podia ser verdade, meu melhor amigo e minha namorada! Era mentira, só podia ser!

Naquele momento ele me viu e deu um sorriso sínico, parando o beijo. Olivia me olhou com um misto de vergonha, arrependimento e pena, a raiva me subiu a cabeça neste exato instante. Odiava que sentissem pena de mim.

–Aspen, eu... – Olivia começou a explicar-se, mas eu a interrompi.

– O QUE É ISSO? ISSO NÃO PODE SER VERDADE! COMO PUDERAM ME TRAIR DESSA MANEIRA? – Berrei exaltado.

–Simples, do mesmo jeito como você seduziu a Alexandra. – Krigor respondeu calmamente.

–O que? Você disse que acreditava em mim. Eu jamais ficaria com ela! Ela se insinuou para cima de mim, você sabe disso.

–Como assim? Quem é Alexandra?- Indagou Olivia.

–AHHH, ele não te contou? É a minha antiga namorada, com a qual ele te traiu. – Explicou Krigor.

–Não é nada disso, nós nunca ficamos. Ela só se flertou comigo e eu não correspondi, ele sabe disso. – Desmenti.

–Como eu nunca percebi?! Eu... Eu devia ter desconfiado. Você nunca tem tempo pra mim, só me visita de noite, nunca está em casa... – Disse Olivia com lágrimas nos olhos.

–Olivia, pare! Você devia confiar mais em mim. Fui eu quem te peguei me traindo no flagra e nem ao menos recebi uma explicação. Ah, até por que só tem uma, pura safadeza da parte de vocês. – Me exaltei. - E Krigor, eu tenho nojo de você! Fingir que estava de bem comigo, para planejar sua vingança pelas minhas costas? Sério isso? Patético!

– Eu nunca usaria Olivia, como você, seu cretino! – Respondeu Krigor.

–Usar Olivia? Como podes dizer um absurdo desses? – Indaguei enojado,

– E não é isso que fazes? Aproveita-se da beleza e da inocência da moça?

– Seu ... – Começo a falar, mas sou interrompido por Olivia.

–Parem! Sei que Aspen jamais se aproveitaria de mim, mesmo se quisesse. E que Krigor não me usaria para uma vingança idiota. – Ela disse e bufou. - Aspen, eu... Eu... Eu quero terminar, não dá mais. Acabou. Mesmo que não tenha me traído, você nunca esteve aqui quando eu precisei, quem estava era o Krigor.

–Olhe, eu vou esquecer isso tudo! Vamos recomeçar de novo, eu... EU... Eu vou tentar mudar meu horário de trabalho, e tentar passar mais tempo com você. É isso! Eu prometo. Eu faço qualqyer coisa, mas fica comigo, por favor? – Pedi loucamente apaixonada.

–Aspen, não! Não dá mais. Acabou!

–Mas eu te amo... – Retruquei.

–Mas eu não te amo mais, desculpa. Eu só... Err... Queria que você não tornasse as coisas mais difíceis. – Falou Olivia e senti meus olhos marejarem.

– Olivia? Como? Err... Até ontem me amava...

–Não nos vemos direito faz mais de um mês. Desculpe, mas poucos minutos de um dia na semana não são mais o suficiente pra mim...

–Desculpe interromper a linda a cena, porem se você não percebeu, ela não quer mais você, acabou, entendeu? Ela achou coisa melhor. – Intrometeu-se Krigor e já sem controle de minha raiva iniciei uma briga com o mesmo.

Flashback(off)

– Aspen! Há quanto tempo! – Krigor disse de forma suspeita.

– O que você quer?- A falsa calma quase mascarava a raiva em meu tom de voz.

– Nada, queria apenas... Conversar. - Falou como quem esconde algo, mas não me importei.

–Não tenho tempo para isso- disse e segui meu caminho.

–Nem para ouvir as palavras de certa dama ruiva?- Perguntou com a voz carregada de sarcasmo.

–O que? – Questionei e virei-me para ele.

–Certa ruivinha com nome de um antigo país, me pediu para te dar um recado, engraçado, não?

–Desembucha seu desgraçado!- Fui furioso a seu encontro.

–Acabei encontrando com ela hoje e tivemos uma proza*... hm... Interessante. E ela me pediu para te um recado, mas já que você não tem tempo... – Ele ameaçou ir embora, entretanto o segurei.

–Diga.

– Ela pediu para te dizer que depois do ‘ocorrido’ ela acabou entendendo o lado dos pais e dando valor a eles. – Falou devagar. – Também disse que vai passar um tempo distante para te esquecer e pediu desculpa e essas coisas de mulher...

– Podia pelo menos mentir direito, seu cretino!- Interrompi seu discurso idiota e mentiroso. – Tenho mais o que fazer.

– Se acredita ou não, a escolha é sua. - Krigor falou sem ter a minha atenção. – Ah, ela me falou para te entregar isso, reconhece?- Vi que ele tinha em mãos a fita de cabelo azul que eu dera a Meri em algum dos seus aniversários. Arranquei a fita de suas mãos e segui em passos rápidos até em casa, sem me importar com o que ele gritava para mim.

Eu só conseguia pensar no que ele dissera. Será que era verdade? Minha garota tinha desistido tão fácil? Aquele desgraçado conseguiu me deixar cheio de dúvidas! Não sabia em que acreditar.

N/A: Proza quer dizer conversa.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Ideias para o próximo capítulo? Obrigada por lerem! Ia ficar muito feliz se alguém comentasse... Beijos!



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