Ela se afasta dele e caminha na minha direção, Gale continua parado no mesmo lugar e ao contrário de um sorriso vitorioso que eu imaginei encontrar ele me olha de um jeito diferente que eu sinceramente não perdi meu tempo tentando entender que tipo de olhar seria, minha atenção está em Katniss, ela está a poucos passos de mim e me olha de forma cautelosa.
– Eu... eu posso explicar - ela fala meio nervosa, eu solto um riso nervoso.
– Eu acho que eu não preciso de explicações - eu falo negando com a cabeça.
– Sim, você precisa - ela confirma mais firme e diminui o espaço entre nós dois, eu recuo um passo e ela para.
– Por isso que você estava tão ansiosa pra voltar pra cá? - eu pergunto encarando-a.
– O quê? - ela pergunta um pouco assustada – Não! Claro que não - ela nega rapidamente e parece surpresa com a minha pergunta.
– Não? - eu questiono olhando pra ela que me reprova com o olhar.
– O que você tá insinuando? - ela pergunta e dessa vez é ela quem da um passo pra trás.
– Eu não tô insinuando! Eu to vendo! - eu afirmo.
– Você não tem o direito de falar assim comigo - ela fala me olhando magoada.
– Eu acabei de ver você e ele abraçados aqui! E eu que estou errado? - eu falo com a voz alta demais, mas ainda tentando me controlar, ela não tem o direito de me olhar desse jeito como se eu estivesse errado, não sou eu quem estava abraçado em outra.
– Não é nada disso que você tá pensando - Gale fala e se aproxima.
– Deixa Gale - ela o corta me encarando de forma decidida – Isso é entre eu e ele - ela afirma.
– Eu já tive o bastante - eu falo e me viro querendo sair logo daqui antes que minha cabeça exploda, eu já tinha começado a dar os primeiros passos quando a mão no meu ombro me fez parar.
– Eu posso explicar -ele garante e quando eu sinto o toque dele em mim, meu corpo se tenciona e o instinto fala mais alto, eu me viro rapidamente e minha mão acerta seu rosto, ele se desequilibra e cai, seu nariz sangrando.
– Peeta - Katniss grita me repreendendo e então vai até ele no chão, ele tenta parar o sangue limpando com a camisa mais não parece que será o suficiente, ela me olha assustada– Qual seu problema? - ela questiona enquanto continua ajoelhada ao lado dele, eu não falo nada apenas me viro e saio de lá com passos rápidos, minha cabeça parece girar no meio de uma chuva de lembranças, ver eles dois juntos me traz imagens que eu gostaria de conseguir apagar, assim como vozes que eu gostaria de nunca mais escutar, não sei como mas eu alcanço a cerca em poucos minutos, eu saio de lá e paro olhando para os lados sem saber pra onde ir, passo minhas mãos no cabelo e escolho um lado, começo a andar pelas ruas e dessa vez eu não faço nenhum esforço para devolver os sorrisos que são liberados na minha direção, eu só queria poder não ter ninguém me olhando ou sorrindo, eu entro na rua da escola, passo na frente dela perdido em pensamentos.
– Peeta? - a voz familiar me chama atenção, eu me viro e encontro Grace parada sorrindo, eu não sorrio nem mesmo pra ela, não estou com clima para manter a simpatia de sempre, ela percebe minha cara e se aproxima, mas eu não paro de andar.
– Não é uma boa hora! - eu aviso e ando mais rápido, o barulho dos seus passos param.
– Só não faça nenhuma besteira - ela grita mas eu não me viro, sigo sem saber pra que onde ir, a tarde já está caindo mas eu não posso voltar pra casa, pelo menos ainda não, eu ando e quando paro estou em frente a um espaço onde costumávamos vir depois da escola, alguns bancos de cimento restaram mesmo depois do ataque, eu paro olhando o espaço e lembranças de alguns anos atrás aparecem, eu costumava vir aqui com Delly e os outros logo depois de olhar Katniss ir pra casa, eu balanço a cabeça e passo as mãos no cabelo, é incrível como ela sempre está presente na minha mente, em cada pensamento meu, ela realmente é toda a minha vida por isso é tão difícil vê-la junto dele, junto de alguém que também a ama, é ainda pior saber que ela me escondeu isso, eu não suporto vê-la com ele, será que é tão difícil pra ela entender isso? Eu me sento no chão mesmo encostado no que restou de um banco e olho para o céu, o sol já está finalizando seu dia mas nem mesmo o tom alaranjado no céu consegue melhorar o sentimento que ainda cresce em mim, eu apoio meus cotovelos na minha perna e aperto minha cabeça com as mãos na esperança de que tudo não passe de apenas um sonho ruim. As coisas estavam finalmente voltando ao normal depois de um inverno inquieto, nós estávamos bem, Katniss estava mais animada e sorridente.
– Mas não era por você! - a voz sussurra na minha cabeça, e então eu me lembro o verdadeiro motivo de sua animação. A volta do Gale. Mas ao mesmo tempo um lado racional meu me diz que isso é mentira, não tem nada a ver com ele, talvez eu esteja apenas me cegando com esse ciúme, nós estávamos bem ontem e com certeza não teve nada a ver com a volta dele, o modo como ela me olha todas as noites, como seus braços se envolvem em mim, suas pernas se entrelaçam na minha e seus lábios se encaixam no meu, nada disso é mentira, é real, eu sinto que é real. Mas eu também a vi abraçada com ele, ela me escondeu a volta dele e por mais que eu tente ignorar isso ainda parece difícil demais.
– Peeta? - a voz me desperta dos meus pensamentos, eu levanto meu rosto e Delly está parada na minha frente, estava tão distraído que não a ouvi chegar– Relembrando os velhos tempos? - ela pergunta e sorri se sentando em uma pequena pilha de concreto que está ao meu lado, eu forço um sorriso e olho para o céu que já está escurecendo – O que você tá fazendo aqui? - ela pergunta me olhando, eu mantenho meus olhos no céu por alguns segundos.
– O que VOCÊ está fazendo aqui? - eu olho pra ela que sorri quando eu falo.
– Sempre que você quer fugir de um assunto você faz isso! Devolve a pergunta...- ela fala sorrindo, eu me lembro de Katniss falando quase a mesma coisa – Eu estava passando e reconheci você sentado aqui - ela explica, e eu me lembro que ela agora está ajudando a dar algumas aulas na escola.
– Eu só quero ficar sozinho! - eu esclareço.
– Ninguém quer ficar sozinho - ela garante me dando um sorriso fraco, eu encosto minha cabeça pra trás no banco e encaro o céu, Delly está certa ninguém quer ficar sozinho mas as vezes essa é a melhor opção e pra mim esse é o melhor agora – Então você e a Katniss brigaram? - ela pergunta, eu continuo encarando o céu, um silêncio começa a crescer conforme os minutos passam, ela sai da pilha de concreto e eu acho que ela vai embora mas ao invés disso ela se senta no chão ao meu lado.
– Você beijou aquela garota da voz engraçada bem ali - ela fala apontando uma árvore velha e meio torta, eu sigo seu dedo e me lembro desse dia só não entendo onde ela pretende chegar com isso, eu olho pra ela que permanece olhando na direção da árvore – Você só fez aquilo por que viu Katniss e Gale rindo sobre alguma coisa, você ficou com raiva, achou que nunca ia ter uma chance e ficou com aquela garota - ela relembra e eu também me lembro exatamente desse dia, nós estávamos saindo da aula quando eu vi Gale se aproximando e sussurrando algo com ela, ela nunca sorria, mas quando ele falou ela sorriu, me lembro que aquela foi a confirmação que me faltava, mas então eu me dou conta de outra coisa.
– Você também sabia que ele estava aqui? - eu pergunto encarando ela, esse é o único motivo que ela tem pra ter falado dele.
– Eu vi ele ontem! - ela fala e me olha meio sem jeito.
– Você mente tão mal quanto ela - eu aviso balançando a cabeça, parece que o único que não sabia dessa novidade era eu.
– E você tá errando do mesmo jeito que aquele dia - ela conclui e me lança um olhar de reprovação, eu a olho confuso – No dia que você ficou com aquela garota ...– ela fala relembrando e eu espero ela continuar – Você passou o resto do mês arrependido! Você deixou a sua imaginação mais forte do que sua vontade verdadeira - ela explica.
– Dessa vez não foi imaginação! Eu vi! - eu afirmo.
– Viu? Viu o quê? - ela pergunta se virando pra mim – Ela sorrindo? - ela pergunta irônica, eu não respondo – É isso que eu tô falando Peeta! Você é meu melhor amigo e eu acho que posso falar isso pra você... - ela fala mais séria que o normal– Você está sendo um idiota - ela me recrimina e eu a olho surpreso.
– Desde quando você xinga alguém? - eu pergunto e ela da de ombros.
– É o que você tá sendo! - ela confirma sem se abalar – Eu não acredito que você brigou com ela por causa dele! É com você que ela tá! - ela fala parecendo explicar isso pra uma criança, eu sei disso mas não consigo esquecer ela abraçada nele.
– Ela mentiu pra mim! - eu relembro.
– Mentiu? - ela pergunta tentando entender.
– Ela sabia que ele vinha e não me disse nada - eu explico e ela nega com a cabeça.
– Então ela não mentiu, ela omitiu - ela esclarece.
– Eles se encontraram hoje na floresta! Eu vi os dois abraçados - eu completo.
– Eles podem ter se encontrado por acaso! - ela sugere, eu a olho sem acreditar nessa hipótese.
– Eu esqueci com quem eu estava falando! - eu falo com ironia e volto a encarar o céu.
– E se não foi por acaso qual o problema? - ela pergunta me olhando e eu olho pra ela sem acreditar que ela perguntou isso.
– Ele a ama - eu explico de forma direta.
– E ela te ama! - ela devolve rapidamente.
– Será? - eu pergunto e na verdade não espero essa resposta dela, eu pergunto pra mim mesmo, ela nunca mais disse que me ama, ela disse que precisa de mim mas não que me ama.
– Eu não acho que Katniss seja o tipo de garota que se casaria com alguém sem amar muito essa pessoa! Ela sempre foi independente e podia continuar assim - ela afirma e eu fico em silêncio, por mais que tudo faça sentido ainda tem aquela voz soando e insistindo que ela apenas se conformou comigo – Ficar sentado aqui não vai mudar nada - ela avisa depois de alguns minutos, as estrelas já estão iluminando o céu, ela se levanta e me oferece a mão, eu respiro fundo antes de aceitar e me levantar – Conversa com ela!Eu tenho certeza que vocês vão se entender - ela fala confiante enquanto seguimos o caminho para lados opostos, eu ando com passos lentos sem nenhuma pressa de chegar em casa, mesmo com as horas que passaram o sentimento ainda é o mesmo, eu passo pela padaria, tudo está apagado e trancado, continuo o caminho e chego na Aldeia em poucos minutos, abro a porta de casa e encontro Haymitch jogado na poltrona e Katniss em pé andando pela sala, os dois se viram rapidamente pra porta.
– E aí está ele! - Haymitch anuncia levantando os braços, Katniss para de andar e se vira pra mim de braços cruzados, eu fecho a porta e subo as escadas sem falar nada, eu entro no quarto, pego uma roupa limpa e vou direto pro banheiro, tomo um banho um pouco demorado, me visto e saio do banheiro ainda enxugando meu cabelo, Katniss está parada na frente da cama, eu paro na porta do banheiro.
– Você tem noção de todas as coisas que passaram na minha cabeça nas últimas horas? - ela pergunta me encarando de braços cruzados, sua voz é firme mas ainda tem uma certa preocupação talvez, eu não digo nada apenas paro de enxugar meu cabelo – Por um minuto pelo menos você parou pra pensar que eu podia está preocupada? - ela insiste com o mesmo tom de voz, eu entro no banheiro de novo pra devolver a toalha, eu volto e ela continua parada no mesmo lugar. – Eu passei as duas últimas horas imaginando que você podia estar perdido pela mata ou caído em algum lugar! - ela fala com a voz um pouco abalada.
– Eu achei que você fosse estar ocupada demais cuidando do Gale - eu falo lembrando dela ajoelhada ao lado dele.
– Você não pode tá falando sério - ela fala me olhando surpresa, eu mantenho meu olhar nela – Na última briga que nós tivemos você foi parar num hospital, foram os quatro dias mais longos e angustiados - ela fala de forma sincera – E hoje você me fez passar as duas últimas horas com medo de todo aquele inferno voltar de novo! - ela confessa com a voz abalada novamente.
– Eu não pensei nisso - eu falo sem ter mais o que dizer, eu realmente não pensei nisso, depois daquela vez ela deve ter pensado que tinha acontecido alguma coisa.
– Claro que não! - ela confirma – Você preferiu ir pra sei la onde e me deixar aqui sozinha, sem saber o que podia ter acontecido, revivendo aquele inferno que foi quando você foi parar no hospital! - ela fala com a voz fraca.
– Eu posso ter errado, mas eu não conseguia pensar nisso depois do que eu vi - eu falo admitindo minha culpa mas eu tive um motivo.
– E o que você viu Peeta? - ela se exalta parecendo irritada – Me fala! O que você viu? - ela insiste – Você me viu abraçada no Gale? Isso que você viu? Por isso você agiu daquele jeito? Pra me castigar, é isso? - ela questiona.
– Você mentiu pra mim e foi se encontrar com ele, eu chego la e vocês dois estão abraçados! Eu acho que tenho alguns motivos pra estar assim - eu respondo também começando a me irritar.
– Eu não menti pra você! - ela fala alto e firme, eu balanço a cabeça e vou na direção da porta – Eu ainda estou falando com você - ela anuncia quando eu alcanço a porta, eu paro e me viro pra ela– Eu não menti pra você e você não pode me acusar disso - ela afirma séria.
– Não mesmo? - eu pergunto e vou até ela, paro a poucos centímetros– Então olha nos meus olhos e me diz que você não sabia que ele viria! Me fala que não foi esse o motivo que fazia você quase correr da casa deles quando a gente ia levar Rory! Me diz que você não sabia que ele estaria te esperando na floresta! - eu falo sério e firme, e uma parte minha queria muito que ela negasse, mas quando ela desvia o olhar do meu eu já tenho minha resposta – Foi o que eu pensei! - eu afirmo e me viro de costas novamente.
– Isso não tem nada a ver com ele! Ou comigo... - ela fala e eu paro no caminho.
– Então a culpa disso é minha? - eu pergunto me virando pra ela.
– Culpa? - ela repete me olhando – Não existe essa de culpa! Você fala como se eu tivesse feito algo ... e eu não fiz! - ela afirma – Meu Deus Peeta, olha o que você tá fazendo! Era isso que eu queria evitar - ela completa passando as mãos pelo cabelo em sinal de cansaço.
– Eu não estou entendendo... Você me esconde a volta do seu ex-namorado, vai se encontrar com ele escondido no meio da floresta e eu estou errado? - eu falo alto e meu nervoso parece aumentar ainda mais, preciso me controlar pra não perder o controle.
– Ele não é meu ex-namorado! – ela fala ainda mais alto – E eu só não te falei nada antes por que eu não sabia a sua reação! Eu ia te contar assim que eu chegasse em casa - ela fala irritada.
– Mais o que você tem pra me contar? O que mais você esconde de mim? - eu pergunto com certa ironia e como resposta apenas sinto e ouço sua mão atingindo meu rosto, ela me deu um tapa.
– Eu não admito você falar assim comigo! Eu não fiz nada - ela garante com o dedo apontado pra mim e posso ver sua respiração pesada, ela parece perceber o que fez e abaixa a mão – Esse não é o Peeta que eu conheço! - ela fala baixo mas ainda me olhando, minha mão vai até meu rosto onde ela me acertou, mas eu não desvio meu olhar dela, ela parece arrependida mas eu não consigo evitar o sentimento que cresce em mim, esse tapa merecido ou não, despertou as vozes dentro de mim dizendo que essa é ela de verdade, mas antes que essas vozes fiquem mais fortes ou que os flashes apareçam piores, eu não dou tempo para mais nada apenas me viro e saio do quarto, dessa vez ela não me impede, eu desço as escadas paro em frente a porta, minha mão vai no meu rosto novamente, eu olho lá pra cima, abro a porta e saio, paro do lado de fora ainda perdido em pensamentos. Estava tudo tão bem entre nós dois, mesmo quando ela ainda estava irritada e mau humorada, ainda assim nós nos entendíamos, então de repente tudo parece desabar, eu me sento no degrau que tem de frente pra porta e encaro o céu, a noite está muito bonita e tranquila, o céu estrelado e a lua iluminando cada pedaço, o silêncio daqui de fora não parece em nada com a confusão que acontece dentro de mim. Os passos arrastados se aproximam de mim e antes de olhar eu já sei quem é, ele se senta ao meu lado, olha em volta, puxa o ar como se estivesse se preparando para algo.
– Eu que disse pra ela não contar nada - ele confessa com a voz baixa mas firme.
– Ótimo conselho! - eu falo com ironia, ele ri.
– Eu não disse que era bom! - ela fala dando de ombros – Mas você não devia ter feito aquilo! -ele me repreende e eu o olho, dessa vez ele que olha pra frente.
– Todo mundo sabia que ele ia vir. Eu descubro sem querer. Vejo os dois abraçados no meio da floresta que era o lugar onde eles se encontraram durante anos, onde provavelmente ele descobriu que era apaixonado pela minha mulher. Eu só queria entender por que eu sou o único errado nessa história? - eu pergunto irritado já cansado disso.
– Deixa de ser burro! - ele fala parecendo irritado; se levanta com uma certa dificuldade e para na minha frente – Eu não tenho nenhum motivo pra puxar saco daquela garota, ela é arrogante, prepotente, irritante e eu realmente não tenho paciência com ela, mas agora nesse exato momento o idiota da história é você - ele fala e aponta pra mim, eu me surpreendo com o modo como ele fala mas continuo sentado encarando-o – É com você que ela está casada! Nas últimas duas horas eu fiquei vendo ela andar de um lado pro outro nervosa por que VOCÊ tinha sumido! Sinceramente se você não confia nela ou acha que ela não te ama, então você realmente não a conhece! Se você espera uma mulher que se declare pra você a cada segundo então você está com a pessoa errada, ela não vai fazer isso! Então, ou você confia no que ela sente por você e na relação de vocês dois ou você cai fora! A escolha é sua! Só não espere dela uma coisa que ela não é! - ele fala tudo de um jeito que não se parece em nada com Haymitch bêbado que eu costumo acordar todas as manhãs, ele me lança um último olhar e sai me dando as costas e me deixando sentado digerindo as palavras dele e cada uma delas me atingiu certeiramente, eu a amo e é claro que minha escolha sempre será ela, meu problema é aceitar que Gale fez e continuará fazendo parte da vida dela, o mesmo melhor amigo que já deixou claro que a amava, isso é que me incomoda, eu posso lhe dar com o Benny e seus olhares mas eu não sei se consigo fazer o mesmo em relação ao Gale. Não sei quanto tempo eu fico do lado de fora mas apenas me lembro de onde estou quando um vento aparece, eu respiro fundo, me levanto, passo as mãos no cabelo e entro em casa de novo, eu subo as escadas devagar e paro na porta do quarto, Katniss abre a porta do banheiro e sai de lá já arrumada para dormir, ela para quando me vê, nossos olhares se encontram, ela parece respirar fundo – Eu não queria ter feito aquilo... O tapa! - ela lamenta com um olhar envergonhado – Me desculpa! - ela pede – Eu só... perdi o controle! Você tá me acusando de uma coisa que eu não fiz! Que eu nunca faria - ela fala me olhando nos olhos – Eu NUNCA trairia você - ela afirma sem dúvidas na voz– Por que você não pode só acreditar em mim? - ela pergunta lamentando.
– Eu acredito em você! - eu afirmo com a voz baixa– Só não consigo evitar o que sinto agora - eu admito, eu realmente confio nela, Haymitch estava certo, ela está certa, eu sei que ela não faria algo assim, eu deveria saber como lhe dar com isso, eu deveria conseguir simplesmente confiar e esquecer qualquer outra hipótese, só que diferente do que ela já me disse eu não sou perfeito, não tenho nada de perfeito.
– Então a gente não tem mais o que conversar agora - ela fala decidida e vai em direção a cama, apaga o abajur ao lado e se deita de costas para o meu lado da cama, eu continuo parado olhando ela ali deitada, eu sei o que eu deveria fazer, deveria ir até lá dizer que eu estou errado; que fui um grande idiota insinuando qualquer outra coisa, então eu pediria desculpas, diria que entendo ela querer manter algum contato com ele e as coisas iriam se acertar, mas eu ainda não estou pronto pra isso, por isso o que eu faço é dar meia volta e sair do quarto, eu encosto a porta e paro no corredor me xingando mentalmente, ainda assim eu não volto, eu entro no quarto do lado onde eu coloquei algumas das minhas telas, é com se eu entrasse dentro da minha própria mente, onde cada canto que se olhe ela pode ser encontrada, eu passo meus dedos sobre uma tela onde eu a desenhei sorrindo, era tão raro de acontecer que merecia ser registrado, um sorriso sincero e não um sorriso forçado como ela costumava dar, apenas de olhar para o tela eu também sorrio, me lembro do som da sua risada e uma espécie de culpa me atinge. Como eu posso ter duvidado dela? Haymitch está certo. Delly está certa. Eu fui um completo idiota com ela e estou arriscando tudo que nós já tivemos e ainda podemos ter por causa de um ciúme imbecil. Eu a amo essa é a minha realidade e eu não posso e não vou deixar nada me afastar dela nem mesmo eu, por isso eu lanço um último olhar pra tela e saio desse quarto, volto para o nosso quarto ao lado, abro a porta lentamente e a encontro deitada olhando para a aliança na sua mão, eu entro no quarto, ela se vira e me olha, eu me aproximo da cama e me sento na beirada, ainda não sei exatamente o que falar, eu só sei que eu não posso perdê-la.
– Eu fui um idiota! - eu admito sem conseguir olhar ela nos olhos, ela se vira de frente pra mim e se senta na cama esperando eu continuar – Eu confio em você e não deveria ter pensado nem falado nada diferente disso! É só que... Eu senti ciúmes, eu não consegui controlar! - eu explico de forma sincera – Eu vejo o modo como ele olha pra você! - eu completo.
– E eu vejo o modo como a Grace olha pra você! - ela afirma dando de ombros – Até mesmo a Delly! - ela complementa.
– Eu nunca teria nada com a Grace e a Delly é minha única amiga - eu garanto, ela me força um sorriso.
– Exatamente! - ela afirma – Eu sei que você nunca teria nada com a Grace e sei que Delly é sua melhor amiga! E eu tenho que repetir isso pra mim todo dia, eu tenho que me lembrar disso cada vez que eu vejo o modo como a Grace fala com você ou como a Delly te elogia e sorri, e eu consigo! Sabe por que eu consigo? - ela pergunta e me olha – Por que eu confio em você! Eu confio quando você me diz que não tem nada! Por que você não pode fazer o mesmo comigo? - ela pede cansada.
– Eu não sei se eu consigo... Não com o Gale! - eu confesso sinceramente, ver ela com Gale não sei se pode ser algo que eu consiga lhe dar, eu consigo controlar se for outra pessoa mas Gale, a relação deles já foi forte demais pra que eu ignore.
– Você vai ter que conseguir! - ela fala e endireita sua postura – Eu não vou parar de falar com ele - ela afirma e eu a olho um pouco surpreso pela maneira que ela diz – Eu não estou dizendo que nós seremos melhores amigos, que eu vou voltar a caçar com ele nem nada disso, eu apenas estou dizendo que se eu encontrar com ele na rua eu vou falar, eu não vou ficar correndo dele! - ela esclarece já decidida.
– Eu não acho que você esteja pedindo minha permissão - eu falo percebendo que ela não vai mudar de idéia.
– Não! Eu não estou! - ela afirma.
– Então eu não tenho o que dizer - eu falo dando de ombros.
– Eu realmente espero que você consiga lhe dar com isso! - ela fala – Eu nunca te pedi pra parar de falar com a Delly nem com a Grace e nem vou pedir, eu só espero que você consiga me dar aquilo que você mesmo cobrou de mim... Confiança! Eu confio em você e você Peeta, confia em mim? - ela pergunta esperando minha resposta.
– Confio mas... É realmente difícil ver vocês dois juntos! - eu confesso mesmo que eu aceite isso sempre será difícil.
– E você acha que é fácil ver você e a Delly? - ela pergunta me olhando com cautela.
– A Delly não é apaixonada por mim - eu garanto.
– Talvez não agora, mas ela foi e você sabe que é verdade! O jeito como ela te olha, como ela fala de você, enquanto você estava no hospital ela chegou desesperada lá. É claro que ela era apaixonada por você! - ela fala sem dúvidas.
– Mas é diferente! - eu revido.
– Por quê? - ela questiona se aproximando de mim.
– Por que eu sei exatamente o que ele AINDA sente por você! - eu falo lembrando o modo como ele falou lá na Capital, ele ainda era tão apaixonado por ela quanto antes e isso não é algo que mude assim, rápido.
– Mas você só precisa saber de uma coisa... - ela fala e pausa, ela se aproxima ainda mais, nossos corpos quase se encostam – Você só precisa saber o que eu sinto por você - ela garante.
– E o que você sente por mim? - eu pergunto querendo ouvir ela dizer, sua mão alcança meu queixo e sobe pelo meu rosto, nossos olhares se encontram e se bloqueiam.
– Eu... amo você - ela fala com a voz suave e decidida, depois de todo esse tempo sem ouvir ela dizer eu sinto como se fosse a primeira vez, ela aproxima sua boca da minha e para esperando a confirmação, nossas respirações se misturam e eu a beijo com toda paixão e amor que eu sinto por ela, minhas mãos logo encontram seu corpo e os juntam ao meu, o modo como ela corresponde ao beijo confirma suas palavras, seus dedos se entrelaçam no meu cabelo e o beijo aumenta ainda mais como se pra comprovar o que dissemos e quando minha mão alcança a barra da sua camisa e a levanta ela apenas para o beijo pra que eu a retire, eu volto a beija-la e minhas mãos correm por sua pele, eu a deito na cama, suas mãos também arrancam minha camisa e depois do que aconteceu não a melhor maneira de confirmar as coisas do que assim, o modo como ela me toca e como corresponde ao meu toque nela, a sensação da sua pele quente na minha, meus lábios e minha mão passando por seu corpo e ouvi-la chamar meu nome, nesse momento eu tenho a certeza que nada pode mudar isso, eu pertenço a ela e ela é minha por completo, não existe nenhuma outra possibilidade.
Eu acordo com o sol ainda nascendo, Katniss está deitada de bruços, sua perna sobre a minha e seu braço apoiado na minha barriga, o que aconteceu ontem poderia ter acabado de diferentes maneiras, mas acabou com nós dois juntos e isso só serviu pra me mostrar que não existe nenhuma outra opção, eu passo meu dedos pelas suas costas nua e ela se mexe e abre os olhos lentamente.
– Eu não vou levantar agora - ela sussurra fechando os olhos de novo e puxando o lençol, eu sorrio e a beijo no pescoço, ela se esquiva mas posso ver um sorriso no seu rosto – Hoje tem a distribuição! Será que você pode mandar o Benny trazer coisas antes do almoço - ela pede se referindo aos pães e biscoitos que você padaria doa.
– Antes do almoço! - eu confirmo, beijo sua bochecha e saio da cama indo pra banheiro, eu saio de lá com a toalha enrolada na minha cintura e vou até a gaveta pegar uma roupa, Katniss ainda está deitada agarrada a um travesseiro, eu pego a roupa e me visto.
– Eu tenho que ir! - eu aviso e me aproximo da cama de novo, ela abre os olhos e confirma com a cabeça – Eu te amo! - eu declaro, lhe dou um beijo rápido e saio do quarto, pego alguns biscoitos e um pedaço de pão que ainda tinha e levo até o Haymitch, já ia abrir a porta quando ela se abre e eu o encontro.
– O que você tá fazendo aqui? - ele pergunta me olhando como se fosse algo inesperado, eu levanto a sacola e ele me da um sorriso.
– Então as coisas se acertaram? - ele pergunta abrindo mais a porta pra que eu pudesse entrar– Eu já estava preparado pra enfrentar duas feras, recolher os restos mortais... - ele fala enquanto nós vamos até a mesa.
– Era pra isso que você ia sair agora? - eu pergunto curioso.
– Alguém ia ter que fazer o trabalho sujo! - ele fala dando de ombros.
– Obrigado pela preocupação, mas está tudo bem! - eu falo ainda surpreso com a preocupação dele por que por mais que ele faça piadas e tente disfarçar eu sei que ele estava preocupado e pretendia ajudar, aliás ele me ajudou ontem – E obrigado por ontem também! - eu agradeço pelo que ele disse.
– Eu não fiz nada - ele fala se sentando – E cadê a garota? -ele pergunta já começando a se servir.
– Ela ainda está dormindo - eu aviso antes que ele vá lá e a acorde, ela odeia ser acordada.
– Dormindo essa hora? - ele questiona e me olha.
– É! - eu confirmo e ele ri quando eu falo, eu o olho confuso.
– Nada como uma noite de sexo intenso pra acalmar as coisas - ele fala ainda em gargalhadas, eu reviro os olhos, balançando a cabeça.
– Haymitch cala a boca! - eu peço mas não posso evitar rir também.
– Então? - ele pergunta e me olha aguardando.
– Então o quê? - eu devolvo sem entender.
– Ah qual foi, você é homem, precisa de um pouco de conversa de homem as vezes - ele completa rindo e me da uma piscada.
– Eu não vou falar disso com você - eu afirmo descartando a ideia.
– E vai falar com quem? - ele pergunta me encarando.
– Esquece! Você não vai conseguir - eu aviso rindo.
– Não duvida de mim garoto - ela alerta também rindo.
– Você que é um idiota sabia - eu falo mas como estou rindo perco a credibilidade.
– Eu só quero ajudar - ele fala erguendo as mãos, ele se levanta e vai colocar água no fogo - Mas me diz aí, valeu a pena a briga né? - ele fala com ironia e rindo, eu também rio mas viro as costas.
– Bom dia pra você também - eu falo ainda rindo e indo em direção a porta.
– Deve ter sido melhor do que eu pensei - ele grita e posso ouvir sua risada, eu saio da casa dele rindo, se ele fala uma coisa dessas perto da Katniss provavelmente ela morreria de vergonha.
– Principalmente por que é verdade! - eu penso rindo me lembrando da noite de ontem, não posso negar que o Haymitch de certa forma está certo, a briga teve seu lado bom.
Eu me distraio com meus pensamentos e mal percebo quando já cheguei a padaria, eu entro e começo a adiantar as coisas, quando os garotos chegam seguimos com a rotina acrescentando apenas os pães e biscoitos pra doação, a manhã passa rápida e antes do almoço assim como ela pediu Benny sai pra levar as coisas até lá, Philip e eu nos dividimos entre a cozinha e o atendimento, quando Benny volta já está na hora do almoço e eu os libero, eu não vou pra casa, sei que Katniss deve estar ocupada e eu tenho outra coisa pra fazer, eu saio da padaria e sigo o caminho até meu destino, eu já estava chegando em frente a casa dele quando me chamaram.
– Peeta! - eu me viro e vejo Rory balançando a mão e ao lado dele Gale, eu paro esperando eles chegarem – Algum problema lá na padaria? - ele pergunta preocupado, eu sorrio tranquilizando ele.
– Não! Tudo certo! - eu afirmo e ele parece aliviado – Eu só queria falar com seu irmão - eu falo e ele olha pro Gale que também lhe da um sorriso.
– Entra... - ele fala enquanto bagunça o cabelo do Rory– Não pega nada meu - ele avisa e Rory ri já se afastando, eu olho enquanto ele entra em casa e tento pensar em como começar a falar.
– Eu acho que já sei o que você vai dizer... - ele começa a falar.
– Me desculpa! - eu peço e ele para de falar surpreso – Eu não devia ter te dado aquele soco! - eu completo e ele me olha sorrindo.
– Sério? - ele parece não acreditar.
– Não! Eu realmente queria ter te dado aquele soco e não me arrependo - eu confesso e ele ri.
– É, eu posso imaginar! Acho que eu faria o mesmo - ele fala dando de ombros – Só que você não precisa me socar toda vez que me encontrar com ela, até por que isso não vai mais acontecer! Pode ficar tranquilo que eu não chego mais perto dela - ele avisa e eu nego com a cabeça.
– Não precisa - eu falo – Quer dizer, pra mim isso seria muito bom! - eu confesso – Mas não seria pra ela! - eu admito e ele parece surpreso novamente – Eu sei que ela gosta de você e mesmo isso não sendo meu maior desejo eu sei que você sempre vai fazer parte da vida dela e eu não tenho o direito de proibir ela de nada! Eu ainda não sei como exatamente mas eu vou aprender a lhe dar com isso - eu esclareço e por alguns segundos ele apenas me olha em silêncio.
– É, ela realmente escolheu o cara certo - ele admite com um sorriso fraco.
– Eu disse que eu ainda vou aprender - eu falo e ele ri.
– Sem socos? - ele pergunta e estica a mão pra mim.
– Sem exageros? - eu pergunto ele confirma, nós apertamos as mãos, bom, não foi tão difícil quanto eu pensei que seria.
– Ah e Obrigado pelo que trabalho pro Rory! Ele só fala nisso - ele agradece.
– Ele é um ótimo garoto e eu realmente precisava de alguém por lá - eu falo sinceramente e ele concorda com a cabeça – Eu tenho que ir agora! - eu aviso sem ter mais o que falar, ele faz um sinal com a cabeça e segue o caminho pra casa enquanto eu sigo o de volta para padaria, eu fico por lá no escritório, depois adianto as coisas, os garotos chegam e Rory também chega animado, nós seguimos a tarde normalmente e um pouco depois das 4 Katniss aparece.
– Como foi a distribuição? - eu pergunto depois de beija- la rapidamente.
– Muito boa! Um pouco cansativa - ela confessa fazendo uma cara de cansada.
– Acabou agora? - eu pergunto curioso.
– Uns dez minutos atrás - ela fala sorrindo.
– Já estamos acabando também! - eu aviso e ela concorda, fica pela cozinha ajudando a guardar as coisas, depois de um tempo Benny avisa que os pães acabaram, então nós nos preparamos para fechar a padaria.
– Será que sobrou alguma coisa? Eu preciso de um café reforçado - a voz agitada entra pela cozinha, Grace como sempre não é muito discreta.
– Já estamos fechados, não sabe ler? - Benny avisa implicando com ela.
– Mas eu tenho tratamento especial - ela garante rindo – Eu sou amiga do padeiro - ela fala sorrindo e piscando pra mim, ela, Benny e Rory entram em uma discussão de quem é melhor que quem, e enquanto eles discutem pela primeira vez desde que eu a conheci essa é a primeira vez que eu sinto que estou fazendo algo errado, ou ao menos permitindo que algo errado aconteça, Katniss estava certa eu não devia deixar isso acontecer, só não entendo como eu não percebi isso antes, se fosse o contrário com certeza eu não estaria a vontade nessa situação, tendo um cara piscando pra ela, eu sei que esse é o jeito da Grace desde a primeira vez que nós nos falamos ela é assim e eu não via nada demais nisso por que simplesmente não consigo olhar pra nenhuma outra garota que não seja Katniss mas isso não quer dizer que ela não possa ficar magoada comigo, eu a olho e ela está ao meu lado falando com Philip ela percebe meu olhar nela e me da um sorriso meio fraco, ela está tentando se manter indiferente mas agora é ainda mais claro que essa situação está errada.
– Você tá melhor? - Grace pergunta se aproximando de mim e passando pela Katniss que a acompanha com o olhar mas volta a conversar com Philip.
– Tô! - eu garanto mas minha voz sai estranha demais, nem mesmo eu a reconheço.
– Aconteceu alguma coisa? - ela pergunta curiosa e preocupada, eu respiro fundo tentando saber o que dizer, Benny fala alguma coisa com Benny e ela se afasta indo para perto dele e do Rory, eu olho pra Grace de novo.
– Aconteceu! E eu preciso falar com você - eu falo e ela me olha curiosa.
– Fala então! - ela me apressa.
– Eu não quero que você me entenda mal, nem fique com raiva de mim pelo que eu vou falar mas ... - eu paro buscando a palavra.
– Katniss tem ciúme de mim! - ela completa com a voz baixa e um sorriso meio forçado.
– Mais ou menos isso! - eu falo confirmando.
– E o que você quer pedir... Que eu não venha mais aqui? É isso? - ela pergunta mas não está irritada nem magoada apenas me olha normalmente.
– Não! Você pode continuar vir aqui, só que essa coisa de piscadas e apertos... Não vai mais continuar - eu aviso e ela concorda.
– Tudo bem! Eu não quero atrapalhar, sem falar que eu acho que ninguém quer estar na lista negra de Katniss Everdeen - ela fala brincando, eu rio.
– É, acho que não é muito saudável! - eu confirmo e ela ri.
– A partir de agora eu prometo que vou me comportar - ela garante sorrindo e estica a mão pra mim, eu sorrio e aperto sua mão – Eu sei o quanto você â ama e com certeza não sou eu que vou atrapalhar! - ela e afirma – Sem falar que eu acho que não vou estar solteira por muito tempo - ela sorri e pisca pra mim – Ops! Sem piscadas, esqueci! Foi a última - ela se corrige.
– Tudo bem! - eu falo já me afastando, Katniss se aproxima de nós dois.
– Já está tudo arrumado - ela avisa.
– Então vamos! Você parece cansada - eu falo passando meu braço na sua cintura e beijando sua testa.
Todos saímos, eu tranco as portas e cada um toma seu caminho, Benny e Grace seguem pra praça empurrando um ao outro e agora mais do que antes eu espero que eles se acertem.
– Você não foi almoçar! - Katniss comenta enquanto estamos andando de mãos dadas.
– Eu tinha que falar com uma pessoa - eu anuncio e ela me olha curiosa – Gale! - eu confirmo o que ela já devia desconfiar, seu olhar muda para preocupado – Tá tudo bem! Eu só fui pedir desculpa... Pelo nariz dele - eu falo e ela sorri.
– Acho que isso não é mais necessário né - ela pergunta me olhando.
– Com certeza não! - eu garanto e paro ela segurando-a pela cintura, nossos olhares se encontram e logo depois nossas bocas. Chegamos em casa em poucos minutos e enquanto Katniss vai tomar um banho, eu começo a preparar alguma coisa pra gente comer, quando ela desce eu já tenho tudo pronto, nós vamos para o sofá e Haymitch entra pela casa, ao inves de ir direto pra cozinha como ele sempre faz ele vem até a sala carregando um saco.
– Presente pro casal! - ele fala e joga o saco em nosso meio no sofá, Katniss pega o saco.
– Me diz que você não pegou isso da doação! - ela fala reprovando.
– Eu não peguei isso da doação - ele fala numa tentativa horrível de mentir.
– Haymitch isso é pra crianças - ela reclama.
– Ah qual o problema? São apenas alguns doces! Elas vão sobreviver sem, e esses iam sobrar mesmo - ele fala sem se importar– Eu achei que vocês iam querer um pouco de doce, a não ser que você já tenha recebido o suficiente - ele insinua com ironia e sorri pra mim, Katniss parece confusa e ele já ia falar quando eu tomo a frente.
– Eu trouxe bolo da padaria, tá em cima da mesa - eu aviso cortando ele que me olha sorrindo.
– Eu adoro bolos - ele fala se levantando, então ele da a volta pelo sofá e vem pro meu lado - Eu posso fazer isso a vida toda - ele cochicha e vai pra cozinha.
– Qual o problema dele? - ela pergunta me olhando.
– Ele só tá sendo Haymitch! - eu falo voltando a comer, ele volta e se senta com um prato de bolo. Mesmo tendo reprovado o que ele fez Katniss abre o saco de balas e pega algumas, o que acaba gerando uma discussão entre eles, já que Haymitch insiste em dizer que ela não deveria pegar já que ela acha errado, a discussão termina com Katniss praticamente expulsando ele, eu deixo que eles se entendam afinal eles sempre se entendem mesmo, de um jeito ou de outro no outro dia eles sempre tem outra discussão pra iniciar, eu lavo os pratos e depois ela vem guarda-los enquanto isso eu subo e tomo um banho quando saio do banheiro ela já está indo se deitar, eu também vou pra cama, eu me viro pra ela que já está deitada, meus dedos contornam seu rosto e ela me olha nos olhos, eu inclino meu corpo contra o seu e a beijo, suas mãos nas minhas costas e no meu braço, nossos corpos se juntam e o beijo aumenta, minha mão sobe pela sua perna e a cola em mim, com sempre acontece o tempo parece suspenso no ar e nada mais importa.