"O medo golpeia mais profundamente que as espadas". A Guerra dos Tronos (George R. R. Martin)

Medo era a palavra certa para descrever o que muitos sentiam. Medo de perder um ente querido, medo de ser dominado pelo inimigo, medo por perder tudo que foi construído há anos, apenas para ter um vencedor supremo.

Era tanta hipocrisia querer algo tão poderoso e para alcançar o seu objetivo tinha que tirar tantas vidas inocentes a sangue frio, será que o poder vale tudo isso? Ver as pessoas que ama jorrando sangue para que seu desejo seja realizado.

Mas não podia voltar atrás, já era muito tarde, tinha que continuar mesmo sabendo que a morte era o seu único destino, pois seu inimigo era muito mais forte e preparado e ele não era tão jovem como antes, já estava perto dos quarenta, mas sabia que era jovem demais para morrer.

Morte, palavra que lhe dava um nó no estômago, nunca sobe lhe dá com tal assunto, desde o falecimento dos seus pais em que teve que assumir o trono. Tinha se tornado um grande rei e reinado com perfeição até aquele momento, mas estava vendo tudo que construiu cair juntos dos corpos derrotados pelo o rival.

Correu os seus olhos castanhos por todo o local a procura de uma única pessoa, mas a única coisa que viu foi um cenário aterrorizante, completamente banhado pela cor vermelha, corpos nus por todos os lados misturando pela primeira vez os dois Clãs de forma tão horrível e repugnante.

Fechou os olhos fortemente querendo evitar ver tudo aquilo, mas os gritos de dor que pareciam mais como rosnados, não ajudavam em nada, deixou uma lágrima solitária descer pelo seu rosto. Lembrando-se de minutos atrás quando presenciou sua bela mulher perder o maravilhoso brilho dos olhos vedes em sua frente chamando desesperadamente pela sua filha que havia se perdido em meio aquela confusão.

Sua filha e esposa eram as joias mais valiosas de sua vida e não se perdoava por ter deixados elas sozinha, deveria ter imaginado que as atacariam para enfraquecê-lo e conseguiram, elas eram seu ponto fraco. Passou de um destemido rei para um fracassado, só de imaginar a dor que sentiria em encontrar sua filha sem vida já lhe doía o coração que falhava a cada batida descompassada, pedia aos deuses que ela ainda estivesse viva e que por algo divino ela pudesse continuar a viver sem a sombra dessa maldição que está entre os dois clãs durante séculos.

Mas tinha que voltar a dura realidade e com seus últimos suspiros lutar por aquilo que já estava pedido, mas tinha que honrar seu nome e o nome de seu povo, para que no futuro o nome Haruno seja lembrado por sua determinação.

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Mais adiante, olhando para a carnificina se encontrava um belíssimo jovem, um que perdeu sua vontade de viver, juntamente com os que perderam durante a guerra sanguinária que estava praticamente em seu fim.

Se pudesse voltar no tempo, teria feito o mesmo que seu irmão mais velho, renegado o posto que lhe foi dado por direito, assim ficaria longe de toda aquela dor estampada em todos os rostos que jaziam pelo campo ao seu redor.

Mas não, seu orgulho idiota o fez querer impressionar o pai e agora estava ali, a olhar com seus olhos tão negros quanto aquela noite o último sobrevivente que pertencia ao clã adversário cair, pelas mãos de algum guerreiro que provavelmente ganharia honras e méritos.

A vitória até teria sido saborosa, se não estivesse diante de centenas de corpos mutilados banhados pelo vermelho escuro do sangue que já estava a secar devido as varias horas que já havia passado, o cheiro era insuportável, o grito da vitória morreu rapidamente, graças aos gemidos e rosnados de dor daqueles que estavam agonizando até a morte, até mesmo os de seu próprio clã, que se sacrificaram em uma estúpida guerra por território.

Cansado de tudo aquilo, mas ainda com sua mascara fria, se dirigiu até onde se encontravam seus pais, que a partir de agora são os reis do maior e mais poderoso clã, o clã Uchiha. Observando a expressão severa do rei, se perguntou o que se passava em sua mente, talvez estivesse pensando nas inúmeras perdas que sua busca por poder havia causado, ou simplesmente se perguntando o que faria com o território conquistado, este ultimo era o mais provável se posicionou ao lado da rainha que se mostrava firme, mas conhecia perfeitamente sua mãe, ver tudo aquilo era angustiante. Quem os vinha ficavam paralisados por suas belezas e intimidação, a família Uchiha era a demonstração pura do poder.

De repente, um dos soldados se encaminhou na direção da realeza, carregando em seus braços o corpo inerte de uma pequena criança de estranhos cabelos róseos, o príncipe sentiu-se terrivelmente mal ao perceber que nessa busca incansável e desumana por poder, dezenas de crianças haviam sido assassinadas a sangue frio, apenas por estarem atrapalhando.

Aproximou-se um pouco mais, se perguntando o porquê de trazerem uma criança morta até eles, mas assim que estava a uma distancia suficiente a viu abrir os olhos em uma incrível tonalidade de verde, poderia comparar com esmeraldas, que brilhavam intensamente devido as lágrimas que caiam como cascatas, brilhavam também pelo terror e angustia que faria o coração de qualquer um se compadecer, até mesmo seu próprio coração que tentava inutilmente fugir da destruição que lhe vinha consumindo com o tempo.

A rainha se aproximou da pequena, provavelmente pouco mais de uns cinco, seis anos, e tentou conversar com ela, descobrir o que lhe havia acontecido, mas tudo o que a garotinha conseguia fazer era chorar desesperadamente, aterrorizada a rainha a pegou no colo e buscou acalma-la, mas não conseguiu descobrir nada, já que esta não se lembrava nem do próprio nome, isso devido a um terrível ferimento em sua cabeça, que demoraria a cicatrizar, pois ela ainda era uma criança, um ser fraco.

Compadecida, a rainha a acolheu junto deles, lhe prometendo que encontraria seus pais e lhe ajudaria a se lembrar de quem era.

Tal promessa que nunca seria comprida...