Narrador pov

Rachel foi certificar de que Beth realmente ficasse de olho nos irmãos e qualquer coisa batesse na porta do escritório, Rachel estava na sala, perfeitamente calma sentada no sofá enquanto trocava mensagens com Santana, ela revirava os olhos a cada mensagem que chegava e sorriu antes de mandar uma mensagem escrito domada quando Santana comunicou que Brittany a chamava e depois voltaria a organizar o almoço do fim de semana com Rachel. Logo que a fotografa largou o celular, a campainha tocou, não uma vez, três vezes seguidas, o porteiro tinha autorização para mandar Noah subir, da mesma forma como os Berrys e os Fabray e Santana e Brittany.

Rachel abriu a porta e Noah entrou de forma afoita na casa, olhando em volta, o terno nas mãos junto com a gravata a blusa com os três primeiros botões abertos e a preocupação estalada nos olhos.

N: o que aconteceu? Cadê a Quinn?

Rachel fechava a porta e Noah a segurava pelo braço checando todo o corpo da irmã, levantou a franja e olhou a testa, mas não via nada fora do normal

R: eu disse que estava bem, Quinn está no trabalho

N: você disse que ela estava aqui

R: isso era para você vir mais tranqüilo, você está afoito

N: eu... eu imaginei milhões de coisas, você nunca diz que precisa conversar, sou eu que sempre converso com você, eu meio que descontrolei, várias coisas passaram pela minha cabeça, desculpa

R: eu entendo..

Rachel abraçou o irmão e ele retribuiu beijando o topo da cabeça dela

N: não me assusta assim anã, eu sou forte, mas não sou de aço

R: também amo você, eu fiz algo para você comer, sei que veio sem comer e você precisa beber uma água

N: eu estou bem

R: eu também, você tem comer antes

Rachel foi abraçada com Noah até a cozinha e sentou esperando o irmão comer de forma paciente enquanto ambos comentavam sobre os filhos e Noah reclamava que ele queria uma menina, mas que Kitty o ameaçava castrar se ele fizesse mais um filho o que rendeu um crise de riso em Rachel

N: eu estou falando serio, tenho três meninos, queria uma menina

R: Noah e se vier outro menino?

N: eu vou amar do mesmo jeito, mas pelo menos eu tentei

R: conversa com ela

N: eu já conversei e da ultima vez ela me assustou, eu tenho certeza que ela é parente da Santana, por que ela passou a faca no meu short, quando eu brinquei que faríamos nossa menininha aquela noite

Rachel engasgou com a água e começou a rir de novo

R: eu vou morrer meu deus...

N: não Rachel, eu que vou, você só está rindo da desgraça do seu irmão

R: okay okay, talvez ela só tivesse de TPM

N: eu não sei...

Deu de ombros

R: ela teve um bebê encima do outro Noah, da um desconto, a diferença dos seus filhos é muito pequena

N: nossa genética é muito boa, não posso fazer nada

R: diga isso por você

N: você teve gêmeos Rachel e te garanto se a Quinn fosse homem vocês estariam no quinto

R: okay Noah, eu entendi

Ele riu e levou o prato ate a pia junto com o copo

N: vamos a bomba?

R: não é uma bomba...

N: okay

Os dois caminharam até o escritório e Rachel fechou a porta

R: senta

N: por quê?

R: é melhor

Rachel sentou ao lado dele e apoiou o braço nas costas do sofá segurando a cabeça

R: Shelby está de volta e eu a encontrei hoje

Rachel olhava o rosto do irmão e via os sentimentos se misturando, raiva, rancor, repulsa, ódio, saudade. Ela não conseguia distinguir o que era mais evidente, as veias do pescoço dele estavam saltadas e o maxilar trincado, ele fechava a mão com força enquanto estalava os dedos

N: porque você a encontrou Rachel?

A voz era carregada de descrença

R: porque eu achei que era o certo a se fazer

N: o certo?

Noah começava a se alterar

N: aquela mulher é uma puta rachel, ela nos vendeu e depois disse que você era um verme para a sociedade e ainda vai encontrar com ela porquê é o certo?

Noah levanta e começa a andar pelo o cômodo

N: você está agindo igual uma retardada, da forma que ela te pintou

Rachel se mexeu incomodada no sofá, ela não gostava de gritos, não gostava quando Noah gritava, odiava ser posta contra a parede

R: ela tem uma filha, Rebecca e ..

N: eu não quero saber se ela está criando vermes Rachel, eu não quero saber

R: você acaba de fazer com a Rebecca o que ela fez comigo..

Noah parou respirou fundo e olhou para Rachel

N: o que você disse?

Rachel se encolheu no sofá e puxou as pernas para cima

R: que você está agindo igual a ela

Noah se aproximou e segurou o braço de Rachel com força.

N: nunca me compare a aquela mulher, nunca Rachel, ela é uma puta sem dignidade

R: ela é nossa mãe... você está me machucando

Noah largou o braço e passou a mão pela cabeça raspada ao ouvir a voz chorosa da irmã

N: ela não é nossa mãe, ela nunca foi.

Flashback on

Os Berrys trabalhavam durante todo o dia e com dois filhos pequenos, ele se viram obrigados a ter uma babá, nenhuma babá queria de fato cuidar de Rachel, não por ser uma criança ruim, por ser uma criança diferente, e depois do nascimento da estrelinha, Shelby havia se aproximado mais de Noah e conseqüentemente de Rachel, mesmo que forma receosa. Quando Rachel fez dois anos, Leroy voltou a trabalhar, o que foi um impasse, deixar Rachel com alguém desconhecido, creche nunca foi uma opção. Depois de duas babás pedirem demissão Leroy pensava que teria que largar o emprego novamente, Rachel ficava cada vez mais arredia o que começava a preocupar o casal, o choro não era de birra, Rachel tremia com cada toque por mais simples que fosse e qualquer barulho que a incomodasse ela segurava as orelhas com muito força, Noah achava estranho, a irmã não brincava, só ficava em lugar só dela, Rachel falava e muito, mas nunca com alguém especifico, ela só jogava as palavras.

A hora do banho passou a ser um caos, mais que o normal, toda criança brincava no banho, Rachel gritava, parecia que estavam a machucando, ela só dormia quando estava muito cansada e mesmo assim ainda acordava a noite. Hiram e Leroy sabiam que os filhos não eram iguais, Noah era uma criança levada e agitada, Rachel não se encaixava a nada, a nenhum amiguinho do filho mais velho, nem ao filho mais velho.

Hiram estava mais uma noite do quarto da estrelinha, enquanto a menina estava debaixo da cama, em uma situação normal, Hiram abaixaria a puxaria pelo pé como fazia com Noah nessa idade, faria cosquinha até ouvir a gargalhada de criança que ele tanto ama. Ele fez isso uma vez com Rachel, a puxou pelo sorrindo e virando o corpinho pequeno da filha e olhando em seus olhos, a menina chorava tanto que perdeu o ar, aquilo foi à morte, Hiram apenas sentava no chão enquanto cantava para ela se acalmar e observava de longe o corpinho encolhido, ele passava a mão pelo cabelo e pelo rosto espantando as lagrimas e sentiu Leroy entrar com Noah no colo, o menino havia acordado com os gritos mais uma vez.

Leroy sentou ao lado de Hiram e tinha o mesmo olhar para a cena que Hiram, Noah já dormia agora no seu ombro, segurando um pequeno cobertor, Leroy afagava as costas do menino e sorria triste com pequeno ronco que ele soltava.

Hiram pegou Noah no colo e o levou para o quarto do casal, deitou o menino na cama e beijou a testa sorrindo, o cobriu e voltou ao quarto e Leroy segurava a chupeta na boca de Rachel e a segurava firme nos braços , cantando algo em hebraico, a menina era embalada igual um bebê, Hiram olhava aquilo cansado, por um momento Rachel o olhou nos olhos e aquilo parecia tão dolorido para ela quanto era para eles.

Quando Rachel dormiu, Leroy a colocou na cama devagar, com o coberto bem firme em volta do corpo, verificou as trancas da janela, e fechou a porta do banheiro, fechou a grade da escada antes de descer com Hiram. Hiram pegou o telefone e começava a fazer algumas ligações para conhecidos, Leroy pegou o telefone e ligou para Shelby. Ele sairia com o marido atrás de algumas resposta, Noah iria para escola, ele precisava de alguém para olhar Rachel, ambos terminaram suas ligações e forma dormir mesmo que só um pouco, já que era quase manhã.

Esse seria o primeiro contato que Shelby teria com Rachel desde que a menina nasceu, não porque os não quiseram, porque Shelby não quis, parecia uma família normal e feliz, Rachel estava a muito custo no cadeirão, depois de uma terceira guerra mundial para prender os fios escuros, Hiram prendeu em uma Maria chuiquinha, cortou as frutas dos filhos e colocou em potinhos separados, azul para Noah, rosa para Rachel, colocou algumas panquecas pequenas em outro prato para os dois e entregou o talher de plástico para Rachel, a menina achava mais interessante furar o próprio braço que espetar a comida, por mais que Noah colocasse a mão onde Rachel espetava, ela achava um lugar novo. Leroy tirou o garfo da mão da menina e levou as mãos dela até a fruta, fechando os dedinhos gorduchos ali e ajudando a levar até a boca, o que fez Rachel sorri com o gosto do morango, Hiram e Leroy preferiam ignorar quando Rachel comia e cospia um pouco no chão gargalhando com aquilo.

Shelby tocou a campainha da casa e Leroy foi atender e mandou a mulher entrar, Noah passou correndo para escadas subindo para pegar a mochila, enquanto Hiram o esperava, Leroy voltou a cozinha onde Rachel já tinha derrubado tudo no chão e suspirou, limpando e jogando as coisas na pia, beijou a franja de Rachel e a tirou do cadeirão, a colocou no chão e a menina correu, Leroy passou as instruções para Shelby e ela concordou, Noah desceu e deu um pequeno aceno para a mulher que suspirou.