Peeta Mellark P.O.V ON

Escola. Pra mim? Inferno!

O que vejo a minha volta? Pessoas se abraçando. Pessoas conversando. Pessoas brincando. Pessoas rindo. Pessoas sozinhas em cantos... E eu não queria estar vendo nenhuma delas.

"Anti social." Consciência, por favor, não enche! "Deixa eu ver se entendi, você não gritou comigo e ainda me pediu por favor?! QUEM É VOCÊ E O QUE FEZ COM O PEETA?!" Consciência, são sete horas da manhã! Isso ainda é madrugada pra mim. "Vamos Peeta, anime-se! Você tem um péssimo dia pela frente." E eu deveria me animar com isso? "Pensando bem, tem razão... Prefiro que você fique triste e deprimido. É tão legal te ver assim!" Você é uma péssima consciência! "Eu sei! Isso não é um máximo?" Sabe o que é mais legal ainda? O fato de que eu vou te ignorar e vou ir até a secretaria buscar meus novos horários. "Bonitinho, você já está cansado de saber que não pode me ignorar." Ignorando, ignorando, ignorando... Lá,lá,lá... Estou te ignorando... "Quanta maturidade... E imbecil, eu só acho, que pra pegar os horários, você primeiro tem que ENTRAR na escola... Coisa que você ainda não fez. Ou seja, deixa de ser pateta e sai logo da entrada da escola!" Consciência estúpida!

Sigo o conselho da minha querida inimiga interna, vulgo minha consciência, e finalmente entro na escola. Não mudou muita coisa desde o ano passado, pelo o que posso ver, apenas reforçaram a pintura e adicionaram mais alguns bebedouros. "Escola lixenta!" Panem High School é uma das melhores e mais renomadas escolas de toda Shadyside! Você ainda vem me dizer que é uma escola lixenta? "Achei que estivesse me ignorando, Cinderela. Mas de qualquer forma... Pra uma escola TÃO RENOMADA, só reforçar a pintura e adicionar alguns bebedouros é muita pobreza!" Consciência palpiteira, intrometida, resmungona, detalhista, e tudo que tem de ruim! E quer saber? Só por ter me chamado de Cinderela, vou voltar a te ignorar. "Você é tão estúpido."

Passo por diversos corredores, até finalmente chegar a secretaria. Nunca vou me acostumar com o fato dessa escola ser tão grande. Bato na porta e escuto um singelo 'entre', fazendo-o logo em seguida.

Fecho a porta atrás e de mim e... Wow, parece que o diretor trocou de secretária... Muito mais gostosa que a outra, devo acrescentar. "Mais siliconada que a outra, você quer dizer, né?" Inveja? "Jamais!"

— Bom dia, em que posso ajudá-lo? - diz a linda secretária, gentilmente. "Aposto que é tudo plástica!"

— Anh... Bom dia. - sorrio simpático. "Falso.." — Eu vim pegar meus horários. - digo me aproximando mais da "bancada", o que na verdade, é apenas uma desculpa pra ver mais de perto as pernas dela. "Que feio Peeta... Nunca pensei que você pudesse ter esse espírito de porco!"

— Oh, sim, poderia me dizer seu nome? - sorri simpática. Aliás, um belo sorriso. "Vadia."

— Peeta. Peeta Mellark. - retribuo o sorriso. "Vadio."

— Só um minuto. - pede, abrindo uma gaveta na qual contém vários papéis enfileirados corretamente. — Achei! Senhor Mellark, certo?

Pode ser coisa da minha cabeça, mas eu juro que vejo um sorriso malicioso quando ela pronuncia o meu sobrenome. "Pedófila! Mulherzinha Pedófila!" CONSCIÊNCIA! QUAL É O SEU PROBLEMA? "Ah, esse é o Peeta que eu conheço. Preferia quando você não estava gritando comigo... E além do mais, eu só digo a verdade. E eu tenho certeza que essa baranga não presta!" Como pode ter tanta certeza? Você acabou de "conhecê-la"! Aliás, EU acabei de conhecê-la. Você não a conhece e nunca vai conhecer! "Não importa! Você, mais do que ninguém, sabe que quando eu digo que não gosto de uma pessoa é porque ela realmente não presta. Eu disse a mesma coisa da loira siliconada, traço oxigenada, da sua ex-namorada! Você não acreditou e olha no que deu... Num belo par de..." CHEGA! Eu já entendi consciência...

— Ér... Isso mesmo. - confirmo, e ela me entrega um papel no qual contém meus horários. — Hum, obrigado. - digo fazendo menção de ir embora.

— Espere! Falta uma coisa... - diz me fazendo parar e olha-la abrir outra gaveta, um pouco mais funda do que a primeira, tirando livros de lá. Ai não. — Aqui estão seus livros. Tenha uma boa aula... Senhor Mellark. - diz abrindo um sorriso sedutor.

"Como eu disse, vadia!" Sorrio sem mostrar os dentes e saio da sala logo em seguida. "Até que enfim!" Consciência, menos, pelo amor! "Ainda não gosto dela."

Vamos ver... A primeira coisa a se fazer é... Ah! Achar meu armário. Pra ser mais exato, meu antigo armário. Qual era o número dele mesmo? É... 100? Não. Ér... É... Cento e... Cento e... CINCO! É ISSO! BINGO! 105! Número 105. Ótimo, eu lembrei o número... Mas... Pra que lado ele fica mesmo? "Não sabe pra que lado fica o SEU armário?" Ei, não é que eu não saiba... É só que... Eu me... Esqueci. "Estúpido!" Calada consciência! Preciso lembrar pra que lado é. "Siga reto e vire a esquerda, é o armário ao lado do bebedouro." Obrigado, GPS interno. "Nossa, você disse obrigada... Pra mim?" Disse, mas não se acostume. "Relaxa, Cinderela, eu não vou." CALADA! "E voltamos ao bom e velho Peeta."

Sigo as coordenadas do meu, não querido, GPS interno e começo a procura pelo meu armário. Número 100... 101... Nerd estranho com um ovo... 102...103... Garota esquisita me olhando... 104... E, achei! Armário 105. "Eu. Sou. Demais." Você é tão modesta... "Eu sou a melhor consciência do mundo!" Nem que você quisesse. "Ei!"

Vamos ver... Primeira aula, matemática? Que ótimo. "Sua ironia me enoja." Quieta consciência! Guardo os livros que não vou precisar e fecho o armário, dando de cara com um ser loiro resmungando coisas incompreensíveis enquanto mexe em seu armário, ao lado do meu.

— Cato! E aí, cara? - digo, chamando sua atenção para mim.

— Cinderela! - diz sorrindo e estendendo o punho em minha direção. Faço uma careta em desgosto e bato meu punho contra o dele, em uma forma de cumprimento. Cato e seus apelidos estúpidos! "Eu gosto de Cinderela..." Cala a boca consciência, ninguém pediu sua opinião. "Magoou!" Ironia? "Talvez."

— Cara, o que houve com a sua blusa? - pergunto reparando na enorme mancha marrom espalhada por sua camisa. Ele bufa, aparentemente irritado.

— Uma maluca derrubou meu café em mim! - diz fechando a porta do seu armário com um soco. — Mas ela vai ver só uma coisa... Ninguém mexe com Cato Ludwing. Ninguém! - completa me olhando com ódio.

— Ei, eu não tenho nada a ver com isso, cara. - digo levantando as mãos em sinal de rendição.

— Tanto faz, ela ainda me paga! - diz, antes de sair resmungando sozinho. "Três palavras: precisa de terapia!" Shiu! "Pelo menos está explicado porque vocês são amigos... Retardados se entendem!" Fecha o bico, consciência!

Resolvo ir logo pra sala e sair da frente do armário. Anh... Sala de matemática... Sala de matemática... Ah! Segundo piso, primeira porta a direita. Bom, pelo menos é isso que tá escrito na folha de horários. "Você já é veterano nessa escola e mesmo assim não sabe onde fica a sala?" O que posso fazer? Tenho memória fraca. "Inútil!" Palpiteira! "Retardado!" Resmungona! "Desastre ambulante!" Insuportável! "Loiro aguado!" CHEGA! "Só tá dizendo isso porque não sabe mais do que me xingar." CALADA!

Ando despreocupado pelos corredores até alguém gritar, ou melhor, berrar o meu nome.

— PEETA! - paro de andar, me virando lentamente na direção do grito.

Ferrou.

— Madge... Annie... - sorrio amarelo vendo as duas se aproximarem.

— Peets! Você não vai acreditar!

— Ann, é que eu...

— Mad e eu reencontramos uma velha amiga. Ela vai estudar com a gente, isso não é um máximo?

— Talvez, mas é que eu...

— Sabe, vocês se parecem muito! Dariam um belo casal, não é mesmo, Mad? - olho para Annie não perdendo minha linha de raciocínio. Qual é? Essas duas malucas não vão me deixar falar não?

— É verdade, né? Dariam um perfeito casal! - Madge concorda. — Falando em casal, eu contei pra vocês da vez que...

— Não! - interrompo meio desesperado. — Ér, 'tá legal meninas, isso é super incrível mas é que eu...

— Você vai adorá-la! O nome dela é...

— CHEGA! CALADAS! QUIETAS! Silêncio, por favor. - grito, atraindo olhares, mas, felizmente, fazendo as duas se calarem. "Ogro." Fecha. O. Bico. Consciência.

— O que foi, Peeta? - Madge me olha confusa. — Você está...

— Sabe, é que eu preciso muito ir pra sala. - interrompo-a novamente, fazendo menção de ir embora.

— Ah, tudo bem, então, a gente se vê por aí, Peets! - Annie sorri docemente, antes de começar a seguir reto no corredor, puxando consigo Mad, que acena pra mim.

Suspiro aliviado esperando as duas sumirem do meu campo de visão e, volto a andar em direção a sala. "É cada coisa que se encontra nessa escola..." Eu que o diga consciência... Eu que o diga!

Escadas. Mais escadas. Eu cansado. E um pouco mais de escadas. Enfim, o segundo piso. Assim que chego na sala, percebo que ela está praticamente vazia. Exceto por...

— Katniss! - exclamo com um sorriso. Eu realmente estou feliz em vê-la. Finalmente alguém que eu realmente queira encontrar nessa escola!

Ela me lança um sorriso encantador antes de virar-se novamente para Gale. Que só pra constar, só reparei agora que ele está ali. Jogo minha mochila em qualquer cadeira, e me aproximo dos dois.

— Esse é o meu nome! - ela afirma, apontando pra mim.

— Gale! O que é isso? Tentando explodir uma batata de novo, cara? - pergunto com tédio explícito na voz.

— Você sabe que eu gosto de explodir coisas, Cinderela. - diz dando ombros. MAIS UM!

— Cinderela? - Katniss arqueia uma sobrancelha, intercalando o olhar entre Gale e eu.

— É assim que nós chamamos ele. - Gale diz, passando um braço em torno do meu pescoço, me dando uma "gravata", e bagunçando meu cabelo de brincadeira.

— Nós? - Kat pergunta, segurando o riso. "Kat, é? Hmm... Já começou com os apelidos carinhosos?" Shiu, é só um modo de pensar, consciência!

— É, eu, o Cato, e...

— Só pra constar, eu odeio esse apelido. - interrompo Gale, me afastando dele e arrumando meu cabelo.

— E é por isso que a gente te chama assim. - diz piscando pra mim. "Que coisa gay!" Dessa vez até eu concordo. "Sério?" Não, calada!

Assim que faço menção de retrucar, o sinal toca e os alunos começam a entrar na sala, mas eu ignoro a presença deles.

— Não, vocês me chamam assim porque são uns idiotas. - digo, sorrindo debochado.

— Idiotas que você ama... - diz, piscando os olhos de forma afeminada, fazendo um coração no ar com as mãos. "Meu Deus!" Não diga nada consciência, não diga nada.

— Nunca mais faça isso. - digo fazendo careta, que por sinal é engraçada, já que, a Katniss ri. "Não precisa fazer careta pra rirem da sua cara. Ela já é engraçada naturalmente." Bico. Calado. Consciência. "Ui, que medo."

Mais alunos entram na sala. Ou seja, ela começa a ficar cheia.

— Olha a minha cara de vadia preocupada pra você. - diz, mordendo o dedo indicador de uma forma bizarra. "Por favor, faz ele parar... AGORA!"

— Depois dessa eu vou pro meu lugar. - digo levantando as mãos em sinal de rendição, e indo pra minha mesa. "Obrigada por me tirar daquela visão. Eca!" Não acredito que disse obrigada pra mim. "Não se acostuma."

Vou sentar no meu lugar, vulgo onde se encontra minha mochila, e vejo o Gale fazer o mesmo. Já Katniss olha em volta, confusa. Acho que ela não percebeu a sala se encher. "Você só acha, né?" Nessa hora, o professor entra na sala, mas a Kat continua de pé, perdida.

— Bom dia, turma... Ahn... Senhorita? - o professor de meia idade, vestido como um adolescente dos anos 80, atrai a atenção da sala inteira pra si. E pra Katniss, claro.

— Eu? - Kat sorri amarelo. "Coitada."

— Oh, você deve ser a aluna nova. - o professor sussurra mais para si mesmo, do que pra nós. Katniss afirma com a cabeça. — Senhorita...

— Everdeen. - Katniss completa.

— Ótimo, senhorita Everdeen, aproveite que já está de pé, e se apresente a turma.

— Ahn... - Kat dá um passo a frente, se virando pra todos. — Ér... Olá. Eu sou Katniss Everdeen, e... Eu vou estudar com vocês. - abre os braços fingindo animação. — Ér... Tenham um bom dia. - ela sorri forçada e depois olha para o professor, que sorri sem mostrar os dentes. "Essa é a apresentação dela?" Deixa a menina, consciência.

— Obrigada, senhorita Everdeen, pode se sentar. - passo meus olhos pela sala e, o único lugar vago, é ao lado do... Gale. É.

Katniss contorce o rosto em uma careta de desagrado e senta ao lado do Gale, que apenas dá de ombros. "Essa guria não tem muita sorte." Espera um minuto... Se o Gale está sentado com a Kat... Quem 'tá sentado do meu lado? Giro a cabeça lentamente para o lado e...

Essa não.

Rapidamente volto a olhar pra frente. Não acredito que o ser sentado ao meu lado é a garota esquisita que 'tava me olhando quando eu fui procurar meu armário! "Só pra constar, ela 'tá te olhando aqui também." ISSO NÃO É BOM! "Eu sei."

Volto meu olhar para o outro lado da sala, tentando esquecer a existência da estranha ao meu lado, e vejo a Kat se encolher na cadeira com uma careta assustada. Aposto que o Gale 'tá contando da vez em que ele tentou explodir um porco na fazenda do tio dele. Ele adora essa história. Não sei por que, já que, quando ele foi explodir o porco, o tio dele apareceu e...

— Senhor Mellark?

Sou tirado dos meus devaneios pela voz do professor. Ferrou.

— Eu? - olho para o professor, que me encara sério. "Se ferrou! Bem feito!"

— Qual é a resposta do cálculo que está no quadro? - arqueia uma das sobrancelhas, ainda sério.

Olho pro quadro e vejo um cálculo monstro. Espera, eu sei essa matéria!

— Isso é fácil! - abano o ar com uma mão, como se fosse uma coisa banal. — Essa é uma equação de primeiro grau com duas incógnitas. Então, escolhendo a primeira equação e isolando o X, o resultado é vinte. Agora é só substituir na segunda equação o X que é igual à vinte menos Y, que resulta em doze. E por fim é só substituir o Y por doze, o que consequentemente leva ao resultado de X que é oito. Ou seja, a solução é oito, doze. - sorrio convencido, esperando a reação do professor.

— Muito bem, senhor Mellark. Está correto. - balança a cabeça pra mim, em sinal de orgulho, antes de voltar a escrever no quadro.

HÁ! NA SUA CARA, CONSCIÊNCIA! "Você me enoja, eu já disse isso?" IN-VE-JO-SA! "ES-CRO-TO. Apenas." Bobona. "Idiota." Estúpida. "Bobalhão." Palpiteira. "Corn.." CALADA! QUIETA! BOCA FECHADA! "Ai, ai... Toquei na ferida, foi?" Estou te ignorando.

Olho pro lado e a esquisita ainda me encara, só que dessa vez, chupando um pirulito. Onde ela arrumou isso?! Socorro.

XxXxXxXxXxXxXx

Desvio o olhar do quadro, onde o professor explica alguma coisa chata, para a Katniss, que está fazendo uma careta de indignação. Aposto que Gale disse que ela é bonita, mas, não faz o tipo dele. Ele é tão previsível..."Que tal parar de brincar de adivinhação e prestar atenção na aula, hein?" Eu prestaria atenção na aula... Se o sinal não tivesse acabado de tocar! "Salvo, literalmente, pelo gongo." Menos uma aula chata. Deus é o maior! Levanto pegando minha mochila, só a mochila mesmo, já que eu nem tirei o material dela, e vou de encontro a Kat e ao Gale.

— Hey, qual é a próxima aula de vocês? - pergunto parando em frente aos dois.

Vejo os alunos e o professor saírem da sala deixando a mesma meio vazia. Sim, meio vazia, já que ainda tem alguns alunos aqui, inclusive a esquisita do pirulito.

— Minha próxima aula é de química. - Gale diz, verificando seu horário.

— Opa, opa, opa. Sua próxima aula é de quê? - Kat, que também analisa seu horário, olha pro Gale assustada.

— Química. - Gale repete, olhando pra ela sem entender.

— A minha... Também! - Everdeen diz nos olhando em choque. "Guria azarada."

— Ótimo! Vamos juntos! Olha que lindo, você vai ter a minha companhia de novo! Até mais, Cinderela. - Gale diz animado, puxando uma Katniss apavorada sala afora.

Anyway. Minha próxima aula é... História. 'Tá de sacanagem. Vamos ver, sala de história... Segundo piso, última sala a esquerda.

Saio da sala e vou em direção ao fim do corredor. Escuto passos apressados atrás de mim, mas, ignoro. Chego a sala e vejo que já tem algumas pessoas lá dentro.

Escolho sentar na fileira do canto esquerdo, perto da enorme janela. Sim, nessa sala tem janela. Na outra não. Nessa sim. Na outra não. "Qual é a necessidade de ficar com essa analise ridícula?" Deixa eu ser feliz! "Nop, te fazer infeliz é meu trabalho. E por isso devo te avisar que aquela garota estranha 'tá aqui também." O QUÊ? Olho assustado pela sala e paro meu olhar na última cadeira da fileira em que eu estou sentado. Engulo em seco voltando a olhar pra frente. Ok, eu 'tô começando a achar que isso é perseguição. Medo. "Eu tô adorando ela!" Não, não 'tá não. Você está adorando o fato de eu estar com medo dela! "Isso também."

Eu com medo da guria. Ela me olhando. A professora gritando comigo porque eu não sabia a resposta do dever. Eu descobrindo que o nome da guria é Mandy. Eu dormindo em cima do caderno. A professora me acordando, batendo uma régua de madeira na minha mesa e gritando comigo de novo. A turma rindo. Eu voltando a dormir quando a professora virou de costas. O sinal tocando. E eu saindo da sala.

Assim se resume a aula de história. "Ou seja, um monte de nada." Exatamente!

Vejamos, próxima aula... Geografia. Que ótimo. Vamos ver, terceiro piso, segunda sala a direita. Bom, subindo mais um pouco. Ando em direção as escadas e começo a subi -las. "Já percebeu que você não prestou atenção em nenhuma aula, até agora?" Sim, e eu pretendo não prestar atenção nas próximas aulas também. "Você não tem vergonha disso não?" Na verdade, não. "Imprestável!" Futriqueira! "Abesta... Espera... Futri... O que? Mas que diabos é isso?" Não sei. Mas é isso que você é! "Estúpido!"

Chego na sala junto com o professor e sento na única cadeira vaga, que é a segunda cadeira no meio. Isso não vai me impedir de dormir. "Sem vergonha!" Quieta!

Eu dormindo. O professor me acordando, nada amigavelmente. Eu acordando e vendo que babei no caderno. O garoto do meu lado falando sozinho sobre o diabo. Eu com medo, de novo. O guri na minha frente sendo mandado pra diretoria. Eu rindo porque o garoto se ferrou. Eu quase voltando a dormir. O sinal tocando. E finalmente, eu saindo da sala.

E assim se passou três tempos da aula de Geografia.

Aleluia! Menos três aulas chatas!

Bom, agora é... ALMOÇO! LIBERDADE! DEUS É PODEROSO! "Relaxa aí, Cinderela." Nem você vai me irritar agora, consciência. Uhul!

Refeitório. Piso principal, segunda porta a esquerda, logo após a entrada. "Disso você lembra, né?" Lógico! "Bobão."

Desço as escadas praticamente correndo e vou a passos largos até o refeitório. Assim que chego lá, olho em volta e vejo a Katniss em uma mesa no canto, junto com o Gale, a Annie e a Madge. "Acho que ela não 'tá gostando de estar lá..." Acha isso por que? Pela cara de assassina dela, ou, pela caixinha de suco que ela 'tá quase estourando com as mãos? "Pelos dois." Ando até a mesa, rindo sozinho da careta da Kat.

— Hey, gente. - digo assim que chego mais perto deles.

— Peeta! - Katniss exclama meu nome como se eu fosse o salvador da pátria, praticamente pulando em meu pescoço em um abraço apertado.

— Socorro. - sussurra em meu ouvido, desfazendo o abraço. "Olha, ela só te abraçou porque não aguenta esses malucos... Interesseira... Gostei." Calada!

Assim que faço menção de dizer algo, escuto uma voz conhecida atrás de mim.

— Hey, Cinderela eu... - volto minha atenção ao recém chegado, que para de falar assim que fixa seu olhar em algo. Na Kat.

— VOCÊ? - para minha surpresa, os dois gritam em uníssono.

— WOW... Já se conhecem? - sorrio, arqueando uma das sobrancelhas.