Jogo de sedução escrita por Karollin


Capítulo 5
Capítulo 4 - Cretino


Notas iniciais do capítulo

♥ Desculpem-me pela demora, juro que não acontecerá novamente! Minha vida está uma Loucura, com L maiúsculo. Vai chegando o fim da etapa as provas chegam, os profs amontoam trabalhos em cima da gente, é uma doideira sem fim!

♥ CupcakeRoxo, obrigada de coração por sua maravilhosa recomendação! Acho que eu bati o recorde de pulo mais alto, porque eu virei uma pipoca ambulante graças às suas maravilhosas palavras ♥ Capítulo grandinho em sua homenagem :3

♥ Já estou indo responder os reviews lindos e maravilhosos ♥

♥ Boa leitura, espero que gostem :3



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– O que eu quero Lola? O que a faz pensar que quero algo? – perguntou-me se fazendo de inocente e ofendido.

– Diga logo Alexander, essa expressão inocente não combina com você. – retruquei sem paciência.

Ele se debruçou na mesa olhando dentro de meus olhos com um sorriso divertido nos lábios.

– Ora, minha querida Lola, eu só estou interessado na sua história. Sabe, sou uma pessoa muito curiosa e não deixo algo de lado até descobrir o que eu quero. – afirmou convicto.

Ele realmente não vai desistir, que droga! Bem, eu posso contar qualquer historinha e ele irá acreditar. Falo que eu estava substituindo uma amiga? Que perdi uma aposta? Senti um alívio me invadir e encarei-o sem mostrar o sorriso que insistia em querer aparecer.

– Depois da aula vamos ao meu dormitório, vou te falar o motivo de eu trabalhar naquela boate. Mas só irei fazer isso se você jurar não contar meu segredo para ninguém. – falei dando-me por vencida.

– Me quer tanto assim no seu quarto, Lola? – perguntou esboçando um sorriso malicioso.

– Cale a boca, idiota. – mandei e bati em seu braço com meu caderno.

O professor de cálculo não demorou para entrar e pedir silêncio aos ‘‘arruaceiros’’, que era como ele chamava seus alunos. O homem era moreno e alto, possuía uma pequena barriga de cerveja que ficava evidente em sua blusa branca. Seu cabelo preto era cacheado e parecia que ele nunca o penteava, juntando isso com seus óculos de armação e com os castanhos olhos inquietos, ele parecia um maluco, o que era parcialmente verdade.

Fiquei quieta na aula dele, olhando para frente e tentando me concentrar completamente em sua explicação. Mas isso se tornava difícil quando Alexander ficava me encarando a todo instante. Conseguia sentir seu olhar sobre mim e isso estava me tirando toda a paciência. Eu já não estava em meus momentos mais equilibrados e ter aquele homem que causou toda essa confusão a poucos centímetros de mim estava contribuindo para que eu imaginasse várias formas de matá-lo.

– Lola, está tudo bem? – perguntou-me o professor fazendo todos os olhares se voltarem para mim e tirando-me dos meus devaneios.

– Sim, professor. Por que não estaria? – respondi dando um suspiro e encolhi um pouco na minha cadeira.

– Bem, você está escrevendo com tanta brutalidade que não sei como seu caderno ainda não está furado. – afirmou sorrindo e arrancando várias risadas dos alunos, inclusive do encosto sentado do meu lado.

– Há há, muito engraçado. Estou morrendo de rir. – sussurrei para Alexander de forma irônica quando o professor voltou sua atenção à lousa.

O restante da aula passou rapidamente. O próprio tempo parecia estar conspirando contra mim e isso me deixava cada vez mais inquieta. Não conseguia me manter em uma única posição na cadeira por mais de dois minutos, o que irritava tanto a mim quanto a Alexander. Quando o sinal finalmente tocou fiquei enrolando para sair da sala, arrumei meus cadernos de forma vagarosa tentando ganhar mais tempo, mas sabia que era inútil.

– Quanto mais cedo começar, mais cedo acabará, Lola. Ah, e é melhor não mentir, caso contrário o número de frequentadores daquela boate que são estudantes daqui irá aumentar muito. – falou o chantagista indo para o corredor junto comigo.

E lá se vai meu plano. Eu poderia mentir, mas não queria arriscar que ele descobrisse a verdade mais tarde. Se isso acontecesse todo esse esforço de manter segredo irá por água abaixo. Caminhamos até meu dormitório em silêncio. Assim que entramos em meu quarto, Alexander ficou olhando para todos os lados, analisando o lugar. Tranquei a porta observando-o rir de alguma piada interna.

– Do que está rindo? – perguntei irritada.

– Seu quarto não é bem o que eu esperava. – respondeu sentando-se na cama.

– O que você esperava? Vibradores nas gavetas, chicotes nas paredes, um cabide com roupas de couro e uma pilha de preservativos? – questionei sorrindo ironicamente já sabendo da resposta.

– É, foi exatamente isso. – concordou rindo.

– Desculpe-me decepcioná-lo por esse ser só o quarto de uma aluna normal, e não o de uma viciada em sexo. – falei.

– Estou me sentindo completamente desiludido. – dramatizou fazendo uma expressão de incredulidade e mágoa – Como alguém pode ser tão cruel a ponto de ter um quarto normal sendo que trabalha em uma boate masculina?

– Ah cale a boca, idiota. – ri e acertei-o com uma almofada.

– Ai! – protestou rindo – E aí, como começou a trabalhar na... Qual é o nome daquele lugar mesmo?

– Desire. Eu precisava de dinheiro e lá estava contratando, fim da história. – puxei-o pelo braço e o levei até a porta, abrindo-a em seguida – Obrigada pela visita e não me importune mais. Adeus.

– Ei, ei, vai com calma. – falou colocando o pé no batente da porta e resistindo a meus empurrões – Está claro que você quer se livrar o mais rápido possível de mim, mas só vou parar de te importunar quando você responder tudo que eu quero saber.

– Quais são as chances de você desistir? – perguntei esperançosa.

– Nulas. – afirmou convicto.

Droga. Com tantos idiotas nessa universidade que poderiam descobrir meu segredo tinha que ser justo um idiota persistente a descobri-lo? Minha falta de sorte ultrapassa os limites considerados aceitáveis, pensei suspirando. Soltei meu peso na cama e fiquei encarando a porta, ansiando pelo momento em que Alexander iria sair dali.

– Pergunte logo, vamos acabar o mais rápido possível com isso. – pedi.

– Você não poderia encontrar um emprego normal? – começou.

– Como o quê? Garçonete? Já viu o preço da mensalidade daqui? Vim de uma família pobre, precisava de dinheiro e amo dançar, a Desire paga bem e eu faço o que eu gosto. – respondi.

– Você gosta de fazer sexo com desconhecidos? – indagou irritando-me profundamente.

– Claro que não, seu imbecil! Eu não sou uma prostituta, sou uma dançarina! – exclamei furiosa levantando-me da cama e acertando socos em seu braço.

– Ok, certo. Desculpe-me senhorita dançarina. – desculpou-se, mas não sabia se era de uma forma verdadeira – Você gosta daquele Logan? O que cursa direito? Porque eu vi que você não tirava os olhos dele e isso só mudou quando eu e aqueles caras da fraternidade chegaram.

– Óbvio que não senhor irritantemente observador. Você só chegou em uma má hora. – falei.

Alguém abriu a porta do meu quarto de supetão, assustando tanto a mim quanto a Alexander. Observei Bryan entrar com uma das mãos tapando os olhos como sempre fazia ao entrar no meu quarto depois das aulas. Ele havia adquirido esse hábito após me pegar trocando de roupa logo antes de me contar seu segredo e quase surtei quando isso aconteceu.

– Lolita tive uma ótima ideia para você conquistar o Logan! – exclamou antes que eu pudesse interrompê-lo.

Fechei meus olhos, coloquei a mão na tenta e abaixei a cabeça. Era só o que me faltava. Dei um suspiro pesado e ouvi a risada baixinha de Alexander do meu lado.

– O que ele está fazendo aqui? – perguntou Bryan.

– Aposto que a Lola já te contou que eu descobri o segredinho dela e estávamos agora mesmo falando sobre ela não se interessar pelo Logan. Parece que alguém mentiu, Lolita. – falou com tom de chacota.

– Não me chame assim. – afirmei irritada – E eu não menti. Não gosto do Logan e não há nenhuma possibilidade de eu desenvolver algum sentimento amoroso por ele.

– Então por que você quer conquistá-lo? – perguntou interessado.

– Nós fizemos uma aposta. Se o Logan ficar com a Lira, que é o meu nome quando trabalho na boate, durante um mês sem pegar nenhuma outra garota eu ganho cem pratas. – respondi um pouco hesitante.

– Parece legal. Quero participar dessa aposta também. – afirmou.

– Vai com calma, cara. Não há espaço para você nessa aposta. – retrucou Bryan tentando arrumar a burrada que ele fez.

– Invisto cem dólares que a Lola consegue. Tecnicamente não estou oficialmente dentro da aposta já que se ela ganhar não receberei nada, mas quero ver o desenrolar disso. Parece que vai ser interessante. – explicou.

Olhei para Bryan com aquele típico olhar que só ele entendia. Duzentos dólares era muito dinheiro e, se para ganha-lo significasse que eu precisaria aturar Alexander mais um pouco, até que valeria a pena. Mas meu amigo estava prestes a pular no meu pescoço caso eu aceitasse. Permanecemos nos encarando durante um tempo até que ele deu um suspiro derrotado fazendo-me sorrir vitoriosa.

– Aceito! Mas você não poderá falar disso para ninguém, jure. – pedi.

– Ok, eu juro. Qual é o plano que vocês estão bolando para fazer isso dar certo? – perguntou.

– Eu iria sugerir para a Lola ligar para ele e marcar um encontro em uma zona neutra no final de semana. – respondeu Bryan sentando-se ao meu lado da cama.

– Que tal um bar? Você pode ir com roupas normais e conversar com ele fora do seu trabalho. Particularmente acho melhor do que um cinema ou restaurante. – sugeriu.

Cinema era um programa típico de casal, o que definitivamente Logan iria negar no ato. Restaurante era para pessoas que já tinham conversado ao menos um pouco e definitivamente esse não era o caso. Bar era realmente uma escolha melhor, uma zona neutra para dialogar e beber.

– Só tem um pequeno problema. – falei envergonhada.

– A Lola tem uma resistência à bebida igual a de um bebê. Lembro-me da vez que ela tomou uma garrafinha de Ice e dormiu durante horas. Se não fizermos algo, no primeiro copo ela falará demais e poderá revelar tudo. – falou Bryan.

Obrigada, Bryanna, não precisava me lembrar disso, pensei irritada. Será que os melhores amigos assinavam um documento que exige com que eles contem nossas histórias vergonhosas para todo o mundo? Alexander começou a rir junto de Bryan enquanto eu ainda mantinha a carranca em minha cara. Parecia que todos tiraram o dia para me deixar nervosa.

– Relaxa Lolita, você está muito tensa. Quem sabe uma bebida pode te animar? – perguntou sorrindo e bagunçando meu cabelo.

– Você trás as garrafas e eu os analgésicos junto com o café? – questionou Alexander para meu amigo.

– Combinado. – afirmou sorrindo – Nos encontramos aqui às três da tarde?

– Claro. Preciso que ir agora, tenho aula. – disse Alexander levantando-se e finalmente saiu do meu quarto.

Assim que a porta se fechou suspirei aliviada e joguei meu corpo na cama. Bryan deu um sorriso e deitou-se ao meu lado afagando minha cabeça enquanto eu permanecia fitando o teto. Por que ele tinha que ser gay? Sério! Minhas opções de pretendentes são uma porcaria e aquele Deus grego do meu lado super carinhoso e divertido gostava da mesma fruta que eu. Oh, mundo cruel!

– Você confia nele? – perguntou depois de um tempo em silêncio.

– Nem um pouco, mas por enquanto vamos ver até onde a ‘‘boa intenção’’ dele vai. Veja pelo lado bom: ganharei mais cem pratas. – respondi sorrindo.

– Ligue para o Logan, ele está em intervalo agora. – pediu Bryan.

Levantei-me de forma confiante. Como nunca conversei direito com ele, não precisaria disfarçar minha voz. Menos uma coisa para me preocupar. Peguei em minha bolsa meu galaxy S4 – um presente de natal que dei a mim mesma – e o papel que continha o número que outrora estava na nota de cinquenta dólares que o moreno havia me dado. Fiquei encarando o papel como se, magicamente, os algarismos iriam aparecer no teclado. Não havia nada para eu temer, era só uma ligação, afinal.

Respirei fundo e digitei o número. Fechei os olhos soltando o ar de meus pulmões e apertei a tecla de chamada. Ouvi, por aproximadamente quinze segundos – eu estava contando – um barulho constante, irritante e desencorajador até Logan atender com sua típica voz um pouco rouca.

– Quem está falando? – perguntou.

– Uma pessoa que você vê todos os dias à noite, garoto. – respondi tentando fazer um timbre sedutor, mas pelas risadas abafadas de Bryan, eu havia falhado. E muito.

Eu sempre quis ter aquele tom de voz naturalmente rouco que faz os homens irem à loucura, mas infelizmente não possuía tal timbre. Seria tudo tão mais fácil se tivesse!

– Será que ganho mais dicas, gatinha? – pediu.

Tive vontade de gargalhar com aquela coisa ridícula, mas mantive-me no jogo de modo impassível.

– Trabalho na Desire, cabelo ruivo. Será que sua memória arrumou um espaço para mim? – questionei de modo brincalhão.

O barulho das conversas paralelas que ele estava tendo cessou após o sonoro calem a boca que ele disse a quem quer que fosse.

– Lira. Esse é seu nome, não é? A dançarina de belas pernas? – falou.

– Parece que alguém andou fazendo o dever de casa. Quer me encontrar no Midnite Cruiser sábado à noite? – perguntei.

– Claro. Passo na sua casa que horas? – aceitou.

– Nos encontraremos lá às... – pausei e olhei desesperada para Bryan sem conseguir pensar em um horário. Quando ele entendeu, começou a fazer mímicas indecifráveis. Desistindo de me fazer ser menos lerda, pegou um caderno e anotou uma hora. – Às dezenove horas. Pode ser?

– Marcado então. Até sábado, Lira. – concordou fazendo uma voz sexy.

– Até, Logan. – tentei falar seu nome de maneira provocativa.

Quando desliguei o celular, Bryan e eu começamos a rir por vários segundos, até eu ficar sem ar e minha barriga começar a doer. Limpei as lágrimas que haviam escorrido de meus olhos e dei um longo suspiro.

– Não foi tão ruim assim. Agora vamos, tenho que te embebedar! – exclamou animado dando pulinhos.

~ ♥ ~

A semana inteira era um borrão em minha memória. Acrescentei mais um tópico em minha lista de coisas de nunca fazer novamente e, passando a frente até de tomar café misturado com energético, estava deixar Bryan e Alexander me embebedarem. Passei os últimos cinco dias vivendo à base de bebidas e analgésicos fortes. A única coisa relativamente agradável foi que eu lembrei o motivo que eu não bebia, mas isso não me fez sentir melhor.

Pela manhã arrastava minha carcaça semi-adormecida, dolorida e irritada às aulas, mas mesmo com os remédios contra a ressaca o simples som da ponta do lápis friccionando o papel me fazia querer tirar minha cabeça do pescoço e recolocá-la no lugar somente após a dor passar. À tarde eu me afogava nos copos de bebidas que meu amigo e o chantagista me davam. No primeiro dia do ‘‘treinamento’’ tentei driblar os dois e jogar a maioria da vodka fora, mas eles me pegaram antes mesmo que a primeira gota entrasse no cano da pia. Graças à isso, ganhei cinco malditos dias com eles vistoriando minha bebedeira de perto. Às dezoito horas eu cambaleava para o chuveiro a fim de tomar um banho frio, analgésicos, café e ir dormir para estar de pé nove da noite para trabalhar.

Levantei-me da cama e pela primeira vez há muito tempo não senti minha cabeça pesada e dolorida. Abri a janela sentindo o sol em meu rosto sem que meus olhos estivessem sensíveis à claridade. Sorri feliz e inspirei profundamente o ar poluído e refrescante, aproveitando aquele maravilhoso momento de paz. Que acabou assim que Bryan abriu a porta.

– Bom dia flor do dia! – exclamou sorridente.

– Juro por tudo que é sagrado que se você tiver alguma garrafa de bebida alcoólica eu te mato! – retruquei.

Seu sorriso aumentou e ele mostrou as mãos vazias fazendo-me suspirar aliviada.

– Tome um banho, tenho que te arrumar, meu amor. Você não vai conquistar o Logan desfilando por aí com essa juba na sua cabeça e muito menos com esse pijama de ursinhos. – mandou.

– Em minha defesa o pijama é confortável e foi a primeira coisa que encontrei após você e o chantagista quase me deixarem em coma alcoólica. – retruquei grata por aquela tortura ter terminado – Além disso, não há certeza que o Logan irá. Lembra que me disse que ele estava com um compromisso familiar nesse final de semana?

– Você tem que ser mais otimista, Lolita. Se ele ainda não te ligou falando que irá te dar um pé na bunda para ficar com a família é porque ele aparecerá no bar. Agora, entre já debaixo d’água! – exclamou revirando os olhos e colocou as mãos na cintura.

Ele me olhou de modo divertido e empurrou-me até o banheiro acertando a porta da minha bunda. Não aguentei e comecei a rir. Meu cérebro pareceu despertar e procurei o relógio na bancada da pia. Assustei-me ao ver que era apenas duas e meia. Espera aí... Está muito cedo para Bryan me arrumar, afinal meu encontro – será que eu poderia chamar aquilo assim? – era só à noite, isso se ele realmente aparecesse.

Entretanto eu sabia que não adiantava nada ir contra as vontades do meu amigo. Quando o moreno colocava algo em mente era praticamente impossível fazê-lo mudar de ideia. Eu me cansaria menos se simplesmente o deixasse fazer o que quisesse do que se o contestasse e tentasse resistir à suas ordens.

Tomei um banho demorado só para irritá-lo. Eu iria seguir o que ele dissesse, mas falei não que iria tornar isso fácil para ele. Saí do banheiro relaxada, enrolada em minha toalha felpuda e levei um susto ao encontrar Bryan conversando com Alexander. Quando os olhos dos dois pousaram em mim seminua, ambos arregalaram os olhos, o moreno de surpresa e o intercambista me analisava como se eu fosse o último e mais suculento bife da Terra. Comparação estranha, mas era verdade. Corri desesperada para dentro do banheiro novamente e bati a porta com força.

– Que droga Bryan! Quando eu sair daqui juro que te mato e arranco os olhos do Alexander! – berrei enfurecida.

– Calminha Lolita, vou enxotar ele daqui. – falou, mas logo percebeu seu erro – E então poderei aproveitar seu corpo sozinho!

– Seu safado! Caiam fora os dois! – exclamei rindo.

Ouvi três batidas e esperei mais tempo do que precisava, mas não queria correr aquele risco novamente. Assim que abri a porta deparei-me com uma calça jeans, uma regata rosa bebê e um scarpin preto com o salto de sete centímetros. Assim que me vesti, abri a porta e os dois homens entraram em meu dormitório.

– Ei cara, você pode ir sondar o Logan de modo discreto? – perguntou Bryan.

Alexander acenou positivamente com a cabeça e saiu de meu quarto. Alguns segundos depois meu amigo começou a dar gritinhos animados, como se ele fosse a garota histérica que teria o encontro com o amor de sua vida.

– Ai Lolita eu vou te deixar divina! – exclamou animado começando a prender meu cabelo e ajeitando a peruca vermelha em minha cabeça.

O moreno não tirou o sorrisinho do rosto enquanto me maquiava e ele não me deixou ver o resultado até que ele tivesse terminado. E quando finalmente colocou o espelho em minha frente me assustei com o modo diferente que ele havia me deixado. Eu parecia um pouco mais velha, quase com vinte e vinco – que era a idade de Logan, eu acho. Meus olhos estavam com uma sombra degradê preta indo para o cinza, meus cílios estavam enormes graças ao rímel, nas bochechas ele havia passado um blush rosa bem clarinho e nos lábios, um batom vermelho.

– Precisava mesmo de tudo isso? – perguntei apontando para mim mesma – Eu vou à um bar e não à uma premiação do oscar!

– Vista-se mal e notarão a roupa, vista-se bem e notarão a mulher. – falou com orgulho fazendo-me rir – Além disso, eu iria te produzir muito, mas muito mais se você fosse ao oscar, baby.

– Essa é, sem sombra de dúvidas, a frase mais gay que você já disse em toda a sua vida. – disse gargalhando e fazendo-o rir junto.

Alguém bateu na porta e eu abri deparando-me com Alexander sorrindo, mas assim que me viu sua boca foi relaxando e se abriu em um o enquanto seus olhos percorriam todo meu corpo.

– Uau. – falou suspirando.

Dei um risinho e arredei para o lado para ele passar, o que fez ele despertar do transe.

– Logan irá, acabou de interromper uma conversa com os caras da fraternidade no refeitório para ir se arrumar. – avisou entrando no quarto.

– Espera, já é tão tarde assim? – perguntei franzindo o cenho.

Não parecia que muito tempo havia se passado desde a hora que acordei e estranhei isso.

– Já são seis e meia, Lola. – afirmou Bryan conferindo seu celular.

Arregalei os olhos, mas logo a surpresa passou. Peguei minha bolsa e coloquei minha bolsinha de maquiagem dentro dela. Para falar a verdade eu nunca entendi o motivo de eu ter comprado esse acessório, já que praticamente só a usava para abrigar meu telefone e alguma outra coisa pequena.

– Então, quem terá o prazer de me levar ao bar? – perguntei sorrindo.

~ ♥ ~

Eu não estava nervosa. Nem um pouco. Só estava encarando fixamente o ponteiro dos segundos rodar no relógio que já marcava dezenove horas. E quarenta segundos, só para constar. Tamborilei meus dedos de modo impaciente no balcão de madeira enquanto ficava dando olhares furtivos para a entrada. Francamente, Lola, você está parecendo aquelas menininhas carentes e não uma mulher experiente de vinte e um anos. Dei um suspiro pesado, relaxei a postura e não desviei os olhos da garrafa de Vodka parcialmente cheia atrás do barman.

Respirei fundo e soltei lentamente o ar dos pulmões, parando para analisar o local. Midnite Cruiser era um tradicional bar nova-iorquino. Havia várias mesas de vidro espalhadas pelo amplo lugar, vinte banquetas com couro sintético preto estavam ao redor do bar, que estava lotado de garrafas transparentes e copos. A iluminação era baixa e as paredes pareciam ser de madeira, o que deixava o local bem agradável.

– Eu vou querer um uísque duplo. – pediu alguém do meu lado – E você, Lira?

Levantei os olhos um pouco assustada ao ver Logan se sentando em um acento ao lado do meu. Seu cabelo estava bagunçado como de praxe e seus olhos azuis estavam fitando-me de modo intenso. Ele trajava uma calça jeans, sapato acinzentado e uma blusa de botões azul clara. Ele podia ser um babada e galinha, mas era gostoso. Muito gostoso.

– Tequila. – respondi.

Alguns segundos depois, eu bebericava a bebida ao passo que Logan havia virado a sua de uma vez só na garganta sem fazer cara feia. Ficamos nos encarando, ambos querendo ver o que o outro ia dizer. Levantei a sobrancelha direita pedindo-o para começar o assunto.

– Por que quis me encontrar? – perguntou-me com sua voz extremamente sensual.

– Você parece uma pessoa legal e eu não tinha nada para fazer. – falei dando de ombros. Mereci um ponto pela resposta rápida e esperta. Lola 1 x Logan 0.

– Posso te fazer uma pergunta? – questionou após um breve instante de silêncio.

– Você já está fazendo. – disse sorrindo.

Ele deu um sorriso de canto que o deixava mais lindo ainda. Peguei-me fitando aqueles convidativos lábios por um segundo, mas logo olhei dentro do oceano azul celeste de seus olhos.

– Por que você trabalha naquela boate? – indagou interessado.

Ele fez a pergunta de um milhão de dólares. Por qual motivo todos queriam saber isso? Era pedir demais que eles somente aceitassem que eu gosto de dançar? Pensei em dizer alguma mentira, mas do jeito que eu era esquecida trocaria facilmente as palavras e acabaria contando algo contraditório.

– Precisava de dinheiro. Os fins justificam os meios, certo? – falei com sinceridade notando sua expressão surpresa ao ver minha citação do pensador iluminista Maquiavel.

Eu havia o ganho com essa, tinha certeza. A maioria das pessoas que cursava direito amava todos esses filósofos iluministas e sabiam todos suas frases de impacto de cor. Dei um sorriso que eu esperava que fosse misterioso e dei um gole em minha bebida tranquilamente.

– É, bem, você está certa. Como você sabe..

– Só porque sou dançarina não quer dizer que não frequentei o colégio. – fiz uma pausa olhando divertida para ele – Ou a faculdade.

Ele deu um sorrisinho de desculpas, mas quando ia dizer mais alguma coisa seu celular tocou. Logan pegou o aparelho nas mãos e ficou encarando o visor por algum tempo, tentando decidir se atendia ou não. Por fim, aceitou a chamada e se afastou com um pedido de desculpas.

Limpei a palma de minhas mãos suadas na calça e terminei de tomar minha bebida em um gole só. Graças ao treinamento bebum do meu amigo e do chantagista eu não me engasgava mais com o álcool nem fazia caretas. Ok, Lola, você ainda não pisou na bola, está indo bem. Só precisa manter a calma. Inspirei profundamente e soltei o ar quando Logan sentou-se ao meu lado pedindo mais um uísque duplo. Quem quer que fosse ao telefone, havia o deixado transtornado.

– O que aconteceu? – perguntei encobrindo a grande curiosidade que me invadiu.

– Meu pai, ele quer que tudo seja feito da maneira dele e quando ele quer. – respondeu zangado fechando a mão em um punho, mas logo relaxou – Desculpe-me.

– Tudo bem, se quiser desabafar estarei aqui para ouvir. Como eu já disse, não tenho nada para fazer, minha vida é entediante. – falei.

– A vida de uma dançarina da Desire é entediante? Só se for porque você quer. Já contei cinco caras aqui que estão quase me tirando daqui para tomar meu lugar ao seu lado. – disse rindo fazendo-me acompanha-lo.

Assim que a bebida de Logan chegou e ele a bebeu ainda mais rápido do que a última. Um silêncio tranquilo se instalou entre nós. Até que ele não era tão intragável e metido quando não estava na frente daqueles amigos que só pensavam com a cabeça de baixo.

– Você quer me acompanhar por uma noite? – perguntou, mas logo se apressou em dizer – Eu pago quanto você quiser!

Naquele instante perdi toda a compostura e virei-me furiosa em sua direção. Quem ele achava que eu era? Uma prostituta? Retiro o que disse anteriormente, ele consegue ser pior do que aqueles acéfalos!


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Notas finais do capítulo

♥ Que garoto abusado gente! AUHUSHASUHS MAS nem tudo é o que parece u-u Será que nossa Lolita entendeu errado ou ele quis mesmo dizer isso? u-u Tan tan taaaan~ musiquinha de suspense ~

♥ Mereço comentários e/ou recomendações? Deixem pelo menos um comentário, isso me incentiva a escrever rápido e da melhor forma possível :3 Claro que se eu ganhasse uma recomendação iria fazer um cap grandão e gostoso u-u Então se alguém achar que mereço uma recomendação... UASHUASHSA