Musiquinha pro capítulo: HAIM - Falling - https://www.youtube.com/watch?v=AIjVpRAXK18
(Mode Replay)

Senti meu coração apertar dentre batidas fortes em meu peito. O lugar era lindo, campos verdes e amplos, prédios com uma arquitetura admirável, veteranos felizes passeando pelos espaços, mas meu coração não apertava por isso. Apertava porque em nenhum daqueles lindos espaços eu iria ter quem eu queria à minha espera.

Mamãe, muito discreta, nos deixou no ponto que marquei com a Jennifer, uma das recentes veteranas que iriam me ajudar a conhecer todo o funcionamento do Campus. Eu e Rick ficamos a admirar todo o ambiente enquanto esperávamos.

– Aqui é mesmo bem legal. – Rick falou apertando minha mão já entrelaçada a sua. Eu então o encarei nos olhos docemente. Ele prosseguiu falando. – É mais bonito pessoalmente, além do espaço parecer maior. Parece um lugar perfeito para desbravar novas experiências.

– É verdade. – Falei sem empolgação.

– Ei... – Ele falou acariciando suavemente meu queixo. – Vai ficar tudo bem, Kate. – O abracei carinhosamente até ele interromper. – Você disse que a tal menina era loirinha?

– Sim. – Falei me virando para onde Rick olhava. – É ela! EI! JENNIFER!

– OI! – Ela logo me reconheceu e se aproximou estendo as mãos para uma saudação. – Prazer te ver pessoalmente Katherine.

– O prazer é meu. – Falei enquanto respondia ao cumprimento. – Mas pode me chamar de Kate.

– Tudo bem, Kate. Pode me chamar de Jenny. – Sorri concordando.

– Jenny, esse é Richard, meu namorado.

– Prazer Richard. – Eles se cumprimentaram. – Bom, então vamos lá? Por onde você quer começar? Conhecendo o Campus é minha sugestão.

– Sugestão aceita! – Respondi animada.

Jenny nos levou pelo Campus nos mostrando cada ponto de referência. Encaminhou-nos pelos corredores das salas e prédios de diferentes disciplinas. Jardins, laboratórios, espaços de convivência, bibliotecas. Eram tantos locais. Por último ela nos levou até a maior biblioteca. Era inacreditável! Havia um mundo de livros. Logo pude ver o fascínio brotar nos olhos do Rick.

– Uau! Com certeza esse seria o meu lugar favorito aqui. – Rick falou.

– Tem certeza que não vai tentar ano que vem vir para cá, Richard? – Jenny o questionou.

– Quem sabe? – Ele me encarou sorrindo.

– Jenny, não está passando do horário para a entrega dos documentos e inscrição? – Meu relógio marcava 15 horas.

– Oh! Claro! Vamos. Nós estamos perto de lá.

Atravessamos uns 2 prédios até nos depararmos com o departamento de Direito. Jenny me indicou a sala e Rick ficou esperando num espaço de convivência próximo. Não demorou muito e tudo já estava acertado. Depois Jenny mostrou onde eu em breve teria um quarto, em Munger Residence, e passaria a conviver e desfrutar de todo aquele espaço.

Quando nos dirigíamos para a entrada da universidade para esperar minha mãe vir nos buscar, ouvi alguém me chamar.

– Katherine!

– Henry!

– Se escondendo de mim? – Ele sorriu e me cumprimentou com um rápido abraço.

– Me escondendo?

– Você acha que ela trocaria minhas dicas sobre o Campus pelas suas dicas Henry? – Jenny brincou fazendo Henry e eu sorrirmos. Rick permanecia imóvel e de cenho cerrado.

– Além de convencida ela realmente roda isso aqui mais do que eu. – Henry sorriu. – Mas e ai? Já se inscreveu?

– Acabei de sair de lá.

– Então meus parabéns para a mais nova caloura! – Ele fez uma espécie de reverência relacionada ao Nebula 9. Eu sorri abertamente até perceber o ciúme do Rick fuzilando o ambiente. Assim como eu, Henry percebeu e acabou se precipitando.

– Temos mais um calouro aqui? Parabéns ao novo cal...

– Não sou um calouro. Mas deixa que eu me apresente, já que a Katherine não o fez. – Ele me fuzilou com o olhar. – Meu nome é Richard Rodgers. Sou o namorado da Katherine. – Em seguida estendeu a mão ao Henry, mas mantinha o cenho cerrado.

– Prazer Richard. Katherine sempre fala de você.

– Ah fala não é? – Ele cochichou irritado e debochado perto de mim. – Que bom. – Ele disse em voz clara para Henry. Agora era eu que tinha o cenho e parte dos lábios franzidos.

– Bom, foi um prazer te ver pessoalmente Henry. Jenny, muito obrigada por tudo. Vemo-nos daqui a duas semanas. Agora eu e Rick precisamos ir. – Nos despedimos e seguimos o caminho em silêncio até nos distanciarmos dos meus colegas.

Quando ficamos apenas eu e Rick ele deu inicio a discussão:

– Pelo visto eu nem precisava ter vindo. Você está bem acompanhada aqui.

– Para com isso Rick. Não tem nada haver!

– Saudação do Nebula 9?! Quanto tempo você fala com esse cara?

– Você só pode tá brincando não é?

– Não! Não estou! – Ele respondeu alterando o tom de voz.

– Não faz nem sentido ataque de ciúmes agora Rick! Eu não fiz nada de errado, nem dei motivos para que você achasse isso. Qual o problema de me comunicar com o Henry? Ele, assim como a Jenny me ajudaram e irão me ajudar para tudo que eu precisar aqui dentro durante meu primeiro ano. – Respondi tentando manter a calma. Os avisos da mamãe agora começavam a fazer sentido.

– E pra isso ele precisa saber tanto assim sobre você? Veio te saudar com “abraço” e depois com Nebula 9. Nebula 9?! Kate! Nem eu sabia que você curtia Nebula 9. Fui saber poucos meses atrás. Esse cara mal te conhece e já sabe o que você gosta. Ah! Fala sério?

– Rick, eu juro que não quero discutir com você. – Bufei. – Eu vou tentar explicar. Mas vai ser só uma vez! No site que conheci a Jenny, conheci o Henry. Após os dois se mostrarem amigos e já se conhecerem pessoalmente, eu adicionei eles na minha rede. Olhando o perfil do Henry, vi fotos dele de cosplay do Nebula 9. Então puxei assunto. Quanto à “intimidade”, eu me comunico com os dois desde o período de envio dos currículos. Isso faz mais de 3 meses. E eles não me conhecem tanto quanto você está insinuando. Assim como eu também não os conheço.

– Mas vai conhecer. Terá tempo pra isso. – Ele sorriu debochado.

– Rick... Para de inventar ideia. Caramba! Eles são apenas meus colegas. E se você tá surtando porque eu falei com um menino que você não conhecia, como vai ser quando eu ficar aqui longe dos seus olhos? E quanto a você lá pela Columbia?

– Mas você nem sequer falou desse Henry pra mim, Kate! Você não me falou que conheceu um cara que curti a mesma série que você. Você não me disse nada!

– Eu não falei porque não vi necessidade, Rick. Não era para eu ter encontrado o Henry, só a Jenny. Mas foi uma coincidência. E você está surtando por isso?

– Quer saber, esquece isso! Você sempre esconde algo de mim, Kate. Sabe como eu me sinto quando você faz isso? Sinto-me um figurante!

– Rick, eu não tenho a necessidade de contar cada detalhe que acontece na minha vida pra você. E você nunca será um figurante pra mim. E outra. Você tem que aprender a confiar em mim e no que eu falo! Não ficar pondo em dúvida o que eu sinto por você cada vez que você descobrir algo novo sobre mim. Compreenda que o que a gente está prestes a viver pode colocar tudo que construímos a baixo. E se a nossa relação começar a ficar cercado de dúvidas, Rick... Eu não sei se é certo a gente tentar.

O silêncio transbordou por alguns minutos. Trocávamos olhares delineados de receio. Até que o barulho da buzina do carro da mamãe nos despertou do transe.