–Srta. Berry, eu ainda não estou entendendo o motivo de você ter feito isso – o diretor do acampamento olhava Rachel.

–Olha, eu sei que eu errei e eu peço desculpas – Rachel falou – Mas ela me provocou! Ela jogou refrigerante em mim de propósito!

–E ela merecia que você desse tantos socos e chutes nela?

–Sinceramente, diretor, merecia. Ela falou umas coisas que eu não gostei nada de ouvir. É uma folgada! - Rachel falou e, pelo olhar do diretor, decidiu parar de falar mal de Quinn - Mas eu não sou assim, sei que não deveria ter feito isso. Me desculpe.

–Rachel, eu gostei de você. Mas isso não pode passar em branco, só com um pedido de desculpas.

–Você... - Rachel respirou fundo – Você vai me mandar de volta pra casa?

–Não, nem pensar – o diretor balançou a cabeça – Mas você vai fazer algum tipo de “serviço comunitário” aqui no acampamento.

–Por exemplo?

–Estamos precisando de alguém pra lavar os pratos depois do almoço. Acho que você pode se encaixar aí.

–Ahn, tudo bem – Rachel falou, um pouco descontente. Claro que era ótimo que não seria expulsa, mas agora teria que lavar os pratos de todas aquelas pessoas.

Ela teria que lavar os pratos de Quinn.

–Eu não vou fazer nenhuma anotação na sua ficha, nem avisar sua mãe. Mas você tem que prometer que nunca mais vai fazer isso – o diretor falou e Rachel apenas assentiu, imersa nos seus pensamentos. Pior do que lavar os pratos de Quinn, seria encarar Finn depois do que aconteceu. Ela não soube distinguir se o olhar dele antes dela ir para a sala da direção era de decepção ou de nojo mesmo. Ele nunca mais olharia pra ela do mesmo jeito, tudo porque ela caiu na provocação de Quinn – Você já pode voltar pra sua barraca, Rachel.

–Desculpe de novo, diretor – Rachel falou, se levantando e indo em direção a porta. Ao entrar na sala de espera, que ficava logo depois da sala do diretor, viu três pessoas. Sentada numa das cadeiras, totalmente impaciente e sem parar de mexer os pés de nervosismo, estava Santana. Do outro lado, estava Quinn, também impaciente, provavelmente esperando para falar com o diretor. O olho da loira estava bem mais roxo do que 20 minutos atrás, quando o diretor tinha aparecido na festa e tirado as duas de lá.

E lá também estava a última pessoa que Rachel esperava ver ali.

Finn.

Quando ela entrou, os três olhares se dirigiram a ela, porém o silêncio permaneceu no ar. Até que Quinn o quebrou:

–E aí, Berry? Vai arrumar as malas e voltar pra sua cidadezinha caipira? Bem feito que tenha sido expulsa.

–Olha aqui, sua abusada – Santana se levantou – Você sabe que de onde vieram esses socos e chutes, tem bem mais né? Tá querendo apanhar de novo?

–Faça alguma coisa e você vai ser expulsa também! - Quinn retrucou Santana.

–Eu não fui expulsa! - Rachel gritou pra acabar com a discussão das duas garotas, mas acabou criando outra.

–Como assim não foi? - Quinn gritou – Você me agride e sai impune?

–Eu não saí impune, Quinn. Se quiser, pode reclamar com o diretor. Eu não tenho mais nada pra falar com você. Santana, eu te espero na nossa barraca – Rachel falou e foi saindo, até que finalmente ouviu a voz de Finn.

–Rachel, espera – ele falou, segurando o braço da morena – Eu preciso falar com você. Posso te acompanhar até a sua barraca?

–Ahn, tá – Rachel falou, meio desconcertada e envergonhada pelos acontecimentos – Tudo bem.

Eles foram andando por um tempo em silêncio. Rachel não sabia como explicar que, mesmo eles ainda não tendo nada sério, já tinha ciúmes dele e que era por isso que Quinn tinha a tirado do sério. Já ele, não sabia como começar a falar o que pretendia.

–Bom, Rach... - Finn começou e Rachel gelou. Estava com muito medo do que estava prestes a acontecer. Finn ia terminar com ela, mesmo sem eles terem começado nada.

–Eu sei, Finn. Eu fui uma idiota, uma babaca e uma descontrolada. Eu nunca matei nem uma mosca mas hoje eu soquei e chutei uma garota porque fiquei com ciúmes dela e...

–Oh, espera – Finn colocou uma mão no ombro de Rachel – Ciúmes?

–Não se faça de bobo, Finn. Você sabe muito bem o que fez aquela discussão começar.

–Ahn, não foi por que ela jogou refrigerante em você? - Finn encarou Rachel, confuso.

–Foram as coisas que ela me falou – Rachel parou de andar, cruzou os braços, e encarou Finn.

–Que coisa, Rach? Me explique direito – Finn a encarou também.

–Ela já tinha falado que você era dela e que nunca ia deixar a gente ser feliz junto! - Rachel gritou, irritada - Daí jogou aquela porcaria daquele refrigerante em mim e disse que você nunca ia me enxergar, ainda mais com esse vestido sem graça. Você pode achar uma besteira da minha parte, a gente nem se conhece direito, mas eu fiquei muito brava por ela querer se meter no que tá acontecendo entre a gente e, é, eu fiquei com ciúmes sim, mas...

Rachel foi interrompida por Finn. Mas ele não a respondeu, ele não tentou gritar mais alto do que ela. Ele simplesmente a beijou. E isso teve o melhor efeito que podia ter. A irritação da morena foi embora na hora e ela apenas envolveu seus braços pelo pescoço de Finn, que aprofundou o beijo. Depois de alguns minutos, eles se afastaram em busca de ar.

–Desculpe – Finn sussurrou, dando selinhos em Rachel – Você tava falando muito rápido, eu tava ficando confuso e não achei outra coisa melhor pra fazer.

–Realmente não tinha coisa melhor que você pudesse fazer – Rachel sorriu levemente e fez Finn sorrir também.

–Olha, Rach... Eu não tenho nada com a Quinn. Nunca tive, juro pra você. O problema é que a gente se conhece desde criança, nossos pais eram sócios numa empresa, e por isso ela meio que cismou comigo. Mas eu sei que vai passar uma hora.

–Não parece – Rachel falou, cruzando os braços – Se não te esquece faz tanto tempo, por que é que vai esquecer agora?

–Uma hora cansa de levar fora, né? E mesmo que não canse, Rach. Eu gosto de você. É com você que eu estou saindo. Você precisa confiar em mim, tá?

–Tá – Rachel assentiu – Eu... Eu sinto muito por ter me descontrolado lá na festa. A gente tava se divertindo tanto...

–E quem disse que não foi divertido te ver dando aqueles socos? Nossa, eu vou ser sempre um fofo com você, fiquei com medo de apanhar se fizer alguma besteira! - Finn falou rindo e Rachel gargalhou, o empurrando de lado – Sério Rach, eu entendo que você tenha ficado brava. Eu teria ficado também. Eu só tô te dizendo que não tem necessidade. Ela não é nada pra mim.

–Eu acredito em você, Finn – Rachel colocou novamente os braços no pescoço do rapaz.

–Ótimo. E sobre o vestido... Ele não é sem graça. Não mesmo. Você está linda. Na verdade, mesmo que você vista o vestido mais sem graça da história dos vestidos sem graça, você ficará linda! – ele sorriu e ela sorriu junto com ele – Mas agora me diga. O que o diretor vai te mandar fazer?

–Lavar pratos – Rachel respondeu, revirando os olhos.

–Precisa de um assistente? - Finn sorriu.

–Depende – Rachel sorriu também – Só se o nome dele começar com Finn e terminar com Hudson.

–Então estou contratado – ele falou e ambos sorriram um para o outro. O sorriso foi sumindo aos poucos e eles se beijaram novamente. As faíscas foram até maiores do que da primeira vez e eles logo tiveram que se separar, ambos totalmente sem fôlego.

–Boa noite, Finn – Rachel sussurrou.

–Boa noite, Rach. Sonhe comigo, porque eu espero sonhar com você – ele sorriu de lado e a beijou mais uma vez.

Rachel assistiu Finn ir até sua barraca e não pode deixar de sentir algo em seu estômago. Quanto mais tempo ela passava com ele, mais se encantava por ele, e depois de todos os acontecimentos daquele dia, cada vez mais ela tinha certeza que Finn a fazia se sentir como ninguém nunca havia feito antes.