Nothing Left To Say escrita por Rhiannon


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Heeey' Programei esse cap porque sim e.e Quero mandar um obrigado a todos que comentaram. Amor eterno por vocês. E um abraço pra Andrea por ter me dado uma help u-u É isso, nos vemos lá embaixo.



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Nico

Talvez eu devesse ter vindo à escola ontem. O teste que não era surpresa para o resto da turma se tornou surpresa pra mim.

Tinha que ser justo química?

Tudo o que sei sobre química, aprendi vendo Breaking Bad, o que não ajuda em muita coisa, a menos, é claro, se na prova estiver pedindo a receita para fabricar metanfetamina, o que eu duvido muito.

Faltava metade das questões para resolver, eu já estava prevendo como seria minha nota. Fingir um desmaio seria uma opção para fugir dali, ou quem sabe um ataque cardíaco. Comecei a batucar o lápis na mesa, imitando a batida de uma música qualquer. Olhei em volta, a maioria estava concentrado na folha a sua frente, alguns até já tinham terminado, voltei a atenção para aquele pedaço de papel que arruinaria minha vida.

Vamos lá, você consegue.

Acontece que eu não conseguia, aquele monte de tinta no papel formava rabiscos que se perdiam em alguma dimensão dentro da minha cabeça. Olhei para cima, havia um ventilador de teto ali, pendurado, logicamente, no teto. Se ele caísse eu morreria? Provavelmente sim, mas pelo menos não teria terminar a prova. Infelizmente – ou felizmente – Nada disso se tornou possível.

O sinal tocou dando final as aulas naquele dia. Agradeci aos deuses por aquele teste ser de múltipla escolha, chutei todas as questões não resolvidas, levantei rapidamente e levei a folha até o professor, que estava o tempo todo sentado na sua mesa. Sai daquele lugar de tortura que costumam chamar de sala de aula e fui direto até a saída da escola, encontrei Thalia me esperando, nós sempre voltamos juntos para a casa, já que moramos consideravelmente perto, ela mascava um chiclete enquanto mexia no celular, parecia concentrada.

– Até que enfim – ela desviou o olhar da tela do celular e olhou para mim – Você está péssimo.

Ela devia estar certa, tive outra noite mal dormida.

– Com quem é que você anda falando tanto nesse celular? É aquele garoto de novo? – perguntei, em parte para mudar de assunto e em parte porque queria saber mesmo – Como é mesmo o nome dele? Lucas?

– Luke – corrigiu

Luke já foi o namorado de Thalia, mas a família dele, que não apoiava muito o relacionamento, se mudou para longe, ele logicamente foi junto, mas nada disso impediu os dois de namorarem via internet.

– Vamos logo – falou, me dando as costas e começando a andar.

– Vocês se veem as escondidas?

– Que?

Sorri maliciosamente.

– Eu sabia, é claro que se encontram. Por que nunca me contou? – perguntei, tudo o que sabia é que conversavam por Skype, quase como um namoro virtual.

Ela soltou um suspiro.

– Nós... nos vemos as vezes. Só não conte a ninguém e caminhe, eu estou com fome.

Revirei os olhos, Thalia sempre está com fome, isso não é novidade para mim.

– Você pode almoçar lá em casa, se quiser – Disse eu, enquanto caminhávamos pela rua.

A morena sorriu.

– Seu pai não se importa?

– É claro que não, você é praticamente da família.

*

~

*

A minha aula acaba meio-dia, chego em casa meio dia e quinze e poucos minutos depois meu pai chega, isso é o que geralmente acontece, mas naquele dia não.

Papai já estava em casa quando cheguei, ele estava estranho. Notei isso enquanto almoçávamos. Thalia não parecia sentir nada estranho, na verdade ela parecia uma esfomeada comendo.

– Pai? – Chamei.

– Sim, Nico? – Ele parou de comer por um momento olhando para mim. Parecia ter sido tirado a força de outra dimenção.

– Aconteceu alguma coisa? – perguntei meio hesitante.

Ele pareceu pensar em algo, mas no fim falou:

– Na verdade sim.

Até mesmo Thalia parou de comer, prestando atenção nas palavras dele.

– Lembra dos integrantes da minha antiga banda, Blood Of Death?

–É claro! – Thalia falou ao meu lado, pude sentir o entusiasmo na sua voz - Sam Walker, Josh Walker e John Walker. O que tem eles?

Meu pai olhou para a garota, parecia surpreso.

–Já faz....

–Dezessete anos que John Walker morreu, dezesseis anos que a banda acabou por Scott, no caso você, desistir da carreira, quatorze anos que Sam e Josh abandonaram a carreira também.

É, ela é mesmo fã, do tipo que decora a biografia de cada integrante da banda. Tudo o que eu sei é o nome verdadeiro dos integrantes, Scott Walker, meu pai, Hades, Sam é Zeus, Josh é Poseidon e por fim John era Apolo, que morreu em um acidente de carro. A banda acabou pela morte do baixista e porque meu pai desistiu da carreira – Ele já me falou que não gostava de ter a mídia fuçando sua vida pessoal, isso só aumentou quando mamãe morreu - Zeus e Poseidon são tipo meus tios, não os vejo há anos mas sei que meu pai fala com eles as vezes.

–Hm, é isso mesmo – Falou papai – Então, essa semana Zeus me ligou, ficamos conversando por telefone, ele me contou que virá a cidade e Poseidon também, então chegamos à conclusão que – Fez uma pausa um tanto dramática – Precisamos nos ver.

Thalia soltou um grito ao meu lado.

–Se ver? Três mitos em um só lugar!

Ele pareceu meio sem saber como agir, deve ter esquecido como era ter alguém delirando só por vê-lo ao vivo.

–Como assim se ver? – Perguntei.

–Calma, só se ver, isso não quer dizer que a banda vai reviver das cinzas – A garota ao meu lado bufou – Sabe, Zeus tem um filho, e Poseidon tem dois filhos homens e uma mulher, seria legal vocês se conhecerem, não acha? – Ele perguntou para mim.

Apenas assenti. Normalmente os filhos de famosos são esnobes e narcisistas, se eu tiver que passar horas em um lugar com riquinhos metidos vou atirar na minha cabeça.

–E quando é que vai rolar isso tudo?

–Hoje à noite.

Thalia parecia que ia ter um ataque, quase podia ler seus pensamentos sobre a banda voltar a fazer shows e agora ela ter acesso ao camarote.

*

A noite chegou rápido. Eu estava na frente do espelho apenas com uma toalha em volta da cintura enquanto ouvia B.Y.O.B. do System of a Down no meu iPod. Apesar de Thalia insistir que eu devia comer mais eu tinha engordado pelo menos uns dois quilos, nunca pratiquei esportes depois de ter abandonado o basquete, só corro as vezes quando estou estressado, estava me sentindo um obeso.

Na verdade eu não sou obeso, meu abdômen é quase, quase, bem definido.

A música acabou, joguei o iPod na cama e encarei a roupa que Jeanine, a empregada, havia trazido mais cedo. Um terno preto. Um terno. Eu estou mais para o cara que usaria uma blusa preta, calça jeans rasgada, botas militares, jaqueta de couro e óculos escuros. Eu já estava decidido a queimar aquele monte de pano quando a porta do quarto foi aberta e meu pai apareceu com um terno preto. A essa hora cheguei à conclusão que você pode fazer tudo com um terno.

–Ainda não se vestiu? – Ele perguntou enquanto dava um nó na sua gravata.

Eu senti seu olhar passar pela minha tatuagem de três corvos pretos na clavícula, sua expressão se tornou triste por um segundo, mas logo se recompôs.

–Eu me recuso a usar um terno – Falei apontando para a roupa em cima da cama – Posso ir de pijama, seria melhor, na minha opinião.

Ele se aproximou de mim, pôs as mãos no meu ombro e falou:

–Mas você vai usar isso, porque eu sou seu pai e estou te mandando.

O encarei, indignado.

–E também porque isso é um jantar formal no qual você vai conhecer dois dos integrantes da melhor banda que já viu.

–Que humildade.

Ele sorriu.

–Agora, se vista logo, se não aparecer em dez minutos eu vou te arrastar.

Ele fechou a porta ao sair, me deixando sozinho com aquela maldita roupa. Bufei, não tinha jeito, eu teria que usar aquilo. Vesti o terno lentamente e pus meu all star preto, nem fodendo eu usaria um sapato. A gravata estava pendurada no meu pescoço, desci as escadas e fui até a sala, meu pai falava com o jardineiro, Mike.

–Como é que se dá um nó nisso? – Perguntei depois de Mike sair.

–Assim – Ele se aproximou e, com uma agilidade incrível, fez um nó na gravata – Agora vamos logo.

Fomos até o carro do meu pai, um Crossfox preto, ele podia muito bem ter um motorista, mas isso é o que eu gosto nele, não fica esbanjando o dinheiro por aí. Liguei o rádio e coloquei uma música qualquer do Red Hot Chilli Peppers.

Meu celular vibrou no meu bolso, uma mensagem de Thalia.

Já viu eles? Como eles são? E os filhos? Me conta!

Revirei os olhos, era bem coisa dela.

–Como é o nome deles? – Perguntei – Digo, dos filhos deles.

–Zeus tem Jason, ele deve ter mais ou menos a sua idade, Poseidon tem Tyson e Percy.

Afundei no assento do carro, lembrando que quando completasse 18 eu teria um carro só pra mim. Eu teria ganhado um no meu aniversário de 16, mas depois de algumas coisas que aprontei meu pai decidiu me punir.

Chegamos ao restaurante 20 minutos depois, era um típico restaurante chique, do tipo que você tem que fazer reservas e tudo mais. Meu pai falava com um homem sobre a mesa que havia reservado enquanto eu olhava em volta, o local estava cheio, havia vários riquinhos metidos ali, eu podia sentir que alguns olhavam para meu pai e cochichavam. Ele ainda tinha sua fama. Apesar de tudo ou ele não percebeu a atenção que chamava ou fingiu não perceber e caminhou até uma mesa bem no canto do restaurante.

Meu coração quase saiu pela boca quando percebi para onde ele ia. Em uma mesa estava sentado um homem que eu logo reconheci por ser Zeus, ele também arrancava cochichos e olhares de outras pessoas, ao seu lado estava sentado um menino loiro, usava um terno preto e, acredite, ele fica bem melhor que eu nessa roupa.

Ali, na minha frente um par de olhos azuis me encaravam, o garoto parecia sentir um misto de surpresa e diversão. Tinha a mesma cicatriz no lábio inferior que eu me lembrava bem, o mesmo cabelo loiro cortado bem curtinho, só que agora seus lábios formavam um sorriso malicioso que revelava suas segundas, terceiras e quartas intenções.

Minha paixão de quinze minutos na loja de discos.


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Notas finais do capítulo

E ae? O que acharam? Eu to enrolando demais? Ou as coisas tão acontecendo rápido demais? e-e
E aos leitores fantasmas: Comentem, eu sou legal. Mentira, eu não sou legal, mas comentem mesmo assim.



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