Nothing Left To Say escrita por Rhiannon


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Beleza? Beleza. Então, pra tentar compensar o tempo que passei sumida, aqui vai um cap rapidinho. É pequeno mas é o que tem pra hoje e-e espero que não me odeiem dps disso. E eu acho q ficou meio confuso, não sei, então qualquer dúvida, não se acanhem, é só pedir. Até.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/480920/chapter/14

Jason

– Nico – segurei seu rosto com as duas mãos, o obrigando a olhar em meus olhos – eu não entendo nada do que você está falando. – admiti, tentando fazer com que ele me explicasse aquela bagunça.

Ele não se afastou, mas desviou o olhar.

– Nós eramos melhores amigos – ele disse tão baixo que quase não pude ouvir – Eu, Thalia e Leo... Então um dia ele me beijou. – Nico se afastou, ainda sem olhar em meu rosto. Deixei minhas mãos caírem no chão. Ainda estávamos sentados no chão do banheiro. – Ele... ele disse que sempre gostou de mim, mas nunca tomou coragem para dizer isso. O que foi estranho, porque eu pensava que eu é que diria isso algum dia.

Nico parecia estar em um conflito interno, dividido entre contar ou não. Mas naquele ponto, eu não sabia ainda o que esse tal de Leo havia feito, mas já o odiava.

Por fim, ele respirou fundo e continuou:

– Algum tempo depois, ele me pediu em namoro – Nico tirou o anel de caveira de seu dedo anelar e o encarou por tanto tempo que achei que ele não diria mais nada – Ele me deu isso no nosso aniversário de seis meses. Eu sou tão idiota que não consigo me desfazer disso. Eu já joguei no lixo uma vez, mas fui procurar depois. Infelizmente, encontrei. Toma – ele jogou o anel para mim.

Encarei aquele pequeno objeto, sem saber o que dizer, muito menos o que pensar.

Notei que Nico sempre estava usando aquilo.

Queria saber a história por trás daquele anel. Queria saber tudo sobre o motivo de Nico, de repente, ter ficado com uma expressão de raiva misturada com ódio e tristeza. Mas o que eu tinha certeza é que ele se martirizava todos os dias com aquilo.

– Um dia – ele continuou. Parecia estar falando mais consigo mesmo do que para mim. Apertei o anel com força entre meus dedos – Um dia não. Nós sempre conversávamos por celular até tarde. Ninguém sabia sobre nós, a não ser Thalia. As vezes ele dizia que ia dormir mais cedo. – ele mordeu o lábio inferior – ou eu achava que ele ia. Teve uma sexta a noite que ficamos conversando, mas ele disse “Hey, podemos nos ver amanha? Eu estou com um puta sono” E eu disse que tudo bem, que era melhor ele ir dormir. E então eu fui dormir. Mas acordei com Thalia me ligando as três da manha. E sabe porquê? Porque Leo estava no hospital. Quando ouvi aquilo, quis sair correndo para ir ve-lo. Nem sabia o que tinha acontecido. Então eu pensei comigo “deve estar tudo bem mas vou ir porque eu sou o namorado e ele vai querer me ver” E eu disse a Thalia isso. E ela concordou, mas disse que os pais dele estavam lá e eles não deixavam ninguém vê-lo, a não ser a família.

Notei que Nico evitava sempre que podia pronunciar o nome de Leo, mas não sabia o que aquilo significava. Com certeza não era algo bom.

– Mas eu fui. – ele continuou. Bufou. – Eu estava descendo as escadas quando encontrei Hazel – ele quase gritou. – Ela estava com os olhos vermelhos e pediu para conversar comigo. E eu disse podemos conversar depois? Eu preciso fazer uma coisa agora. Não conte a papai que me viu saindo. E ela disse que tudo bem. Mas não estava tudo bem – ele se virou para mim pela primeira vez que começara a falar – entende isso? Não estava nada bem. Nunca esteve. O hospital não ficava muito longe, então fui apé – ele tornou a se encostar na parede, deixando de me encarar – No meio do caminho Thalia me ligou, pedindo para mim não ir. Quando perguntei porque, ela disse apenas “Não venha” Mas eu fui. Sabe porque ela não queria que eu fosse?

Ele novamente se virou para mim. Neguei com a cabeça, assustado demais para dizer qualquer coisa. Ele deu um tapa na própria testa e disse, como se nunca tivesse pronunciado tais palavras:

– A namorada dele estava brigando com Calypso no meio do hospital. Porque essa garota estava com Leo quando ele tomou um tiro no ombro. – agora ele falava tão rápido que quase se perdia no meio das palavras - Reyna gritava com Calypso pedindo o que ela estava fazendo com Leo aquela hora da madrugada. Adivinhe? Adivinhe. Os dois estavam saindo de um motel quando foram assaltados e ele levou um maldito tiro na porra do ombro. A família dele estava lá defendendo Reyna, que era a namorada que descobriu estar sendo traída. – Nico riu com amargura – Aquele ponto eu já tinha entendido porque ele nunca me apresentou aos pais. Thalia tentou me tirar de lá, mas eu já tinha ouvido. Ela falou que sentia muito por aquilo, eu acho, não ouvi nada depois daquilo. Eu não era nem a segunda opção, Jason. Era a terceira. - Nico passou a língua nos lábios, como se a pior parte fosse vir agora, mas não não podia imaginar o que seria pior do que descobrir que era traído constantemente – Quando eu voltei para a casa encontrei o corpo de Hazel. Ela deixou uma carta, uma para mim e outra para nosso pai, explicando o motivo daquilo. Ele nunca me deixou ler a carta dela. E eu não sei se quero ler – ele fechou os olhos com força – eu ainda posso ver o corpo dela cheio de sangue – subitamente, suas orbes negras voltaram a me encarar – Ele estava lá no funeral de Hazel, tentou pedir desculpas e disse que me amava. Eu bati nele, ou tentei. Gritei com ele feito uma menininha emburrada. Todos acharam que era o estresse por eu ter acabado de perder minha segunda irmã, então não ligaram muito. Mas ninguém sabia o verdadeiro motivo. Eu lembro de chegar em casa e não saber como encarar meu pai, então fui direto para meu quarto. Eu chorei, mas nem sabia porquê. Depois de um tempo, entrei no quarto de Hazel e senti o cheiro de morte. Mas também tinha o cheiro dela, então era reconfortante. Eu só conseguia pensar na garota sorridente que ela era. Ainda não caiu a ficha pelo o que ela fez.

“E então, duas semanas depois lá estavamos nós. Eu tentei não encontrar Leo nem por obra do destino. Mas, porra, nós estudávamos no mesmo colégio, então mesmo se eu não quisesse, ele tentava falar comigo. Dava para ver o quanto ele estava péssimo. Mas eu não me importava. Eu fingia não me importar. Porque eu me importava com ele, pra caralho. Apesar de tudo o que ele fez. Então eu o evitei por duas semanas. Até que ele bebeu muito e bateu o carro. Alguns dizem que foi suicídio, mas eu prefiro pensar que não. As vezes gosto de pensar que ele sofreu”

Nico encarava o piso do banheiro. Em momento nenhum ele voltou a derramar uma lágrima sequer, mas talvez ele já estivesse cansado disso.

Abri a minha boca para dizer qualquer coisa, não sei exatamente o quê, mas parei no meio do ato.

– Eu estava lá – Nico sussurrou – No maldito funeral dele. Reyna falou como a namorada dele. Eu queria gritar, mas fiquei em silêncio. – Nico mordeu o lado de dentro da boa, hesitante – Daquele dia em diante, eu jurei nunca mais me apaixonar por ninguém. E estava dando certo, até agora.

– O que...? – pela primeira vez em muitos minutos, minha boca reproduziu algum som.

Então Nico se jogou em meus braços e me abraçou como se eu fosse a única coisa em seu mundo. E eu retribui.

Ele se sentou no meu colo, ainda me abraçando. O que foi bom porque minha vontade era de nunca mais solta-lo. Percebi que estava tremendo, então o abracei mais forte e o deixei chorar. Não falei nada, porque naquele momento não precisávamos de palavras para dizer o que sentiamos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!