Nothing Left To Say escrita por Rhiannon


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Galera, mudei meu nome, me chamem de Rhiannon agora aowiaoiwoaiwa Quase 100 comentários *~* Aqui vai um cap um pouco maior do que vocês estão acostumados'



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Jason

Eu nunca fui exatamente o tipo de pessoa que chama atenção por onde passa. Tudo bem, eu namorava Piper McLean, isso chamava bastante atenção na minha antiga escola, mas eu não vejo o porquê de agora, em uma cidade onde não conheço praticamente ninguém, todo mundo fica olhando para mim de um modo estranho. Tantos seres humanos para se olhar no meio dessa escola e vão olhar justamente para mim? Talvez as pessoas dessa escola sejam estranhos, ou nunca tenha um aluno novo. Algum motivo deve ter porque eu não entendo o que está acontecendo.

Passei pelo corredor da escola em direção ao meu armário. Duas meninas trocaram olhares e cochicharam entra si. Revirei os olhos mentalmente. Qual é a porra do problema dessas meninas? Ao menos tentem ser discretas, quero dizer, um garoto percebe quando há duas meninas olhando para ele daquele jeito.

Parei em frente ao meu armário e o abri, pus lá dentro os meus livros que não usaria agora. Quando o fechei, dei de cara com uma menina sorrindo para mim.

– Olá – Ela disse, mostrando os dentes absurdamente brancos.

– Olá – Falei devagar, estranhando aquela situação.

A garota sorriu.

– Você é novo por aqui.

“Nossa, genial, parabéns, descobriu isso sozinha?”

– Me mudei para a cidade a pouco tempo – Expliquei, com um meio sorriso.

– Isso explica o sotaque. Meu nome é Alice.

Alice tinha os cabelos louros cacheados e um belo par de olhos verdes. Usava, no mínimo, dois quilos de maquiagem. Imaginei ela acordando duas horas mais cedo que qualquer pessoa normal para vir a escola e ficar em frente ao espelho passando aquelas coisas que as mulheres passam na cara só pra parecerem mais bonitas. Alice usava uma blusa com um decote que era possível ver mais dos seus peitos do que eu gostaria.

– Jason – Falei, tentando ser simpático – Jason Grace.

Ela mordeu o lábio inferior, tentando parecer sensual, fiquei tentado a dizer que aquele gesto era de Nico.

– Eu sei quem é – Disse, cruzando os braços de forma que seus seios se uniram ficando ainda mais amostra sobre o decote – Já ouvi muitas coisas sobre você.

Como é que é? Ouviu muitas coisas sobre mim? Como ela ouviria coisas sobre minha pessoa?

– Olha – Alice continuou, sem dar chance para mim dizer qualquer coisa – Sei que acabamos de nos conhecer... – Ela piscou de forma sedutora, ainda com os braços cruzados, como se me chamasse por telepatia para olhar para os seus peitos – Mas, sabe, eu queria pedir se você estaria livre na sexta, podíamos ir a algum lugar, nos conhecer melhor.

Pisquei, confuso. Não nos conhecíamos nem há cinco minutos e ela está me chamando para sair. Abri a boca para responder mas alguém o fez por mim.

– Não, ele não está – Disse uma voz que eu conhecia bem.

Me virei e vi Nico sorrindo de canto. Ao seu lado estava uma menina com os cabelos negros e lindos olhos azuis, parecia tentada a rir. Me lembrei da noite passada e meu estomago embrulhou.

– Digo, Jason não está livre na sexta – Explicou Nico.

– Nico! – Alice disse com uma empolgação exagerada.

– Alice! – O moreno fingiu estar empolgado, desfazendo a pose logo em seguida – Vaza.

A loira piscou.

– Desculpe?

– Eu disse, vaza.

Alice pareceu querer dar um tapa em Nico.

– Mas eu e Jason estávamos conversando!

Nico revirou os olhos.

– Acho que você pode conversar com ele sem espremer os peitos dessa maneira tosca.

Alice o ignorou e se virou para mim, pareceu levar alguns instantes para pensar e então descruzou os braços.

– Hã, eu não estou livre na sexta – Falei bobamente.

A menina bufou.

– Ótimo! – Ela disse, desfazendo toda a pose sedutora – Mas fique sabendo que você vai se arrepender por ter feito isso! Nunca vai encontrar alguém como eu – E deu as costas, sumindo em meio as pessoas no corredor.

– Essa é a intenção – Murmurou Nico. A menina ao seu lado riu.

O moreno me lançou um olhar questionador.

– Primeiro dia de aula e você já está arrasando corações? – Disse em tom divertido – Mas não fique pensando que é pela sua beleza ou sua extrema simpatia, não, Alice queria outra coisa.

Franzi o cenho, confuso.

– Do que você está falando?

– Porra, Jason. Você não sabe?

– Não sei de quê?

A menina morena bufou, seus olhos azuis pareciam me analisar.

– Eles sabem quem são vocês – Falou – Filhos de astros do rock e blá blá blá.

– Como assim?

– A entrevista – Explicou a menina.

– Aquela que você me mostrou – Disse Nico.

– Exatamente. Tinha uma foto lá, dava pra ver vocês. Agora todos sabem que são filhos de famosos que tem um monte de grana. Se preparem, cuidem-se com os golpes de barriga. Aliás, meu nome é Thalia, não vou lhe aplicar o golpe da barriga, se é isso que você está pensando. Agora preciso ir – Ela se virou para Nico – Te vejo depois da aula – E saiu sem esperar uma resposta.

– Ela sempre fala rápido assim? – Questionei, observando Thalia virar o corredor.

Ele riu.

– Se as pessoas fossem chuva, eu seria uma garoa, e ela um furacão – Disse Nico.

Estreitei os olhos.

– Está citando um livro, não é?

– Como sabe?

– Não sou tão burro assim, apesar da cor do meu cabelo, eu leio as vezes – Pensei alguns instantes – É John Green, não é?

Nico sorriu, me olhando de uma maneira estranha.

– Não é que você acertou. Vamos ver se adivinha outras citações – Ele mordeu a parte de dentro da boca, como se tirasse de lá seus pensamentos e então disse: - Não quero que as pessoas sejam muito gentis; pois tal poupa-me o trabalho de gostar muito delas.

Estalei a língua.

Jane Austen.

– O mundo quebrará seu coração de dez maneiras diferentes, isso é uma certeza.

– Matthew Quick – Falei meio incerto. Acabou soando como uma pergunta.

– Correto. Você vai encontrar muitos inimigos em seu caminho, mas também vai encontrar amigos. Poucos, mas verdadeiros.

– Rowling.

– A imaginação é mais importante que o conhecimento.

Tentei lembrar daquela citação, não me recordei de nenhum livro.

Nico sorriu ao perceber que eu não sabia do que ele estava falando.

– Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta – Continuou, eu apenas o encarei, aquelas palavras me lembravam alguma coisa, mas eu não sabia ao certo o que – O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.

– Vai continuar citando essas coisas ou vai me dizer do que está falando?

– A tradição é a personalidade dos imbecis.

– Certo.

– A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.

– Isso é....? O que exatamente isso é?

Ele sorriu de uma maneira desafiadora.

– Não sabe mesmo? Sério? São todas as frases da mesma pessoa. Esse cara tem as melhores frases do mundo, além de ser um gênio – Disse ele.

– Você simplesmente sai por aí decorando coisas?

– A leitura após certa idade distrai excessivamente o espírito humano das suas reflexões criadoras. Todo o homem que lê demais e usa o cérebro de menos adquire a preguiça de pensar – Continuou a citar.

– Não é de um livro.

– Não.

– Shakespeare?

– Péssimo chute.

O sinal tocou, era início das aulas.

– Nos vemos depois – Nico disse, se afastando.

– Espere! – Praticamente gritei. Ele se virou para mim – De quem são essas citações? – Perguntei, sem muitas esperanças que ele respondesse.

– A luta pela verdade deve ter precedência sobre todas as outras – Disse, tornando a citar frases de quem eu não fazia ideia.

Ele se afastou com um sorriso presunçoso no rosto.

...

Não tornei a ver Nico nas minhas três primeiras aulas (e para meu azar, tive duas aulas com Percy e Annabeth no qual eu passei todo o tempo pensando no quanto eles são ridículos, qual é, eles se se conhecem há duas semanas e estão namorando e dizendo que aquilo é amor) já estava perdendo as esperanças de ver Nico novamente, mas quando cheguei um pouco atrasado na aula de álgebra tive uma surpresa. A maioria das carteiras estavam ocupada, no entanto havia uma no fundo, bem atrás de Nico. O moreno de olhos castanhos tinha um livro sobre o colo, eu podia ver como ele estava concentrado na leitura, sequer levantou o olhar quando entrei na sala.

Caminhei até a carteira, ignorando alguns olhares que me deixaram encabulado. Nico continuava com sua atenção no livro, eu o observei enquanto estava ali sentado e aguardando o professor terminar a chamada, seus cabelos negros despenteados, sua jaqueta de aviador, o anel de caveira em seu dedo anelar que foi possível ver quando ele passou seus dedos pelos cabelos. Tudo nele era tão... lindo.

“Para Jason, para, você está parecendo uma garotinha apaixonada” Disse uma voz em minha mente, me repreendendo.

Eu realmente preciso parar de pensar nessas coisas. Foco, Jason, foco. Foco na aula. Não fiquei chateado porque Nico simplesmente prefere olhar para aquele livro do que sequer se dar conta da sua presença. Não se chateia porque Nico está trocando bilhetinhos com o menino que senta ao seu lado.

Trinquei o maxilar.

Foco na aula.

Abri meu livro.

Olhei para o professor.

Não intendi nada do que ele falou.

Nico parecia tentado a bater no garoto que estava sentado ao seu lado, ouvi o chamar de Derek.

Nico atacou uma bolinha de papel em Derek e sussurrou algo para ele, pensei ter ouvido a palavra ‘Namorado'.

Derek pareceu aborrecido.

Segurei uma risada.

Derek tinha os cabelos negros bem curtinhos e olhos cinzas, usava uma blusa preta bem colada no corpo que deixava seus músculos bem visíveis. Odeio admitir, mas Derek é incrivelmente bonito.

Pude escutar Nico mandar Derek ir tomar no cu. Gostei daquilo, mas fiquei curioso para saber sobre o que eles estavam falando e o que tinha naqueles bilhetes que trocaram entre si.

Alguns instantes depois Nico se levantou rapidamente, parecendo irritado, colocou sua mochila nas costas e saiu da sala. Eu e Derek o seguimos com o olhar. Nico ignorou o professor e simplesmente saiu, estava aborrecido com algo. E eu espero que aquele idiota de olhos cinzas não tenha nada a ver com isso. Algumas pessoas trocaram olhares, ouve um alguns instantes de um silencio incomodo e medonho. Meu cérebro demorou três segundos para decidir ir atrás dele. Sai da sala ignorando o professor que me ameaçava com uma detenção, assim como Nico fez.

O moreno andava a passos rápidos e decididos. Percebi que ele estava indo para o fundo do colégio. Nico andava rápido. Pouco tempo depois ele fez uma curva e sumiu de minha visão. Quando eu fui virar, alguém me prensou contra a parede.

– Mas que porra? – Ouvi Nico perguntar. Ele estava com o braço direito no meu pescoço, me empurrando contra a parede azul da escola, estávamos bem próximos. Próximos até demais. Eu podia sentir sua respiração, o que me deixou atordoado – Ah, é você – Me soltou, franzindo o cenho – Porque me seguiu?

Respirei fundo e evitei o olhar nos olhos.

– Você... você parecia aborrecido, não sei. Ahn, fiquei preocupado.

Silencio. Podia sentir ele me analisando.

– Jason – Chamou.

Levantei o olhar. Num minuto eu estava encarando Nico e então de repente ele voltou a me prensar contra a parede, só que de uma maneira um tanto diferente, me beijando. Não foi como aquela vez no cinema. Foi um beijo mais, hã, selvagem.

No início eu não correspondi em razão do susto pela atitude que eu não esperava, mas também podia ser porque meu coração estava acelerado. Então eu o empurrei, interrompendo o beijo, não sei exatamente o que deu em mim, ou no que eu estava pensando, mas pensei por um instante e cheguei à conclusão que eu não queria que Nico achasse que podia me beijar quando quisesse, apesar de eu querer também, claro, mas no momento isso não tem relevância.

– O que você pensa que está fazendo? – Indaguei, soando um pouco mais irritado do que eu realmente estava.

– Talvez você seja a garoa e eu o furacão – O dono dos olhos castanhos murmurou.

– O que?

– Nada.

Ele jogou a própria mochila sem cuidado algum no chão e se sentou.

– Vai me contar porque me seguiu?

– Vai me contar porque me beijou? Ou você costuma beijar todo mundo que vê pela frente?

Me seitei ao seu lado.

– Quase todo mundo – Ele corrigiu.

Revirei os olhos.

– Eu estou falando sério.

– Não achei que não estava.

– Então, você estava discutirdo com aquele garoto? – Perguntei, em parte porque queria mudar de assunto e em parte porque realmente queria saber.

Nico bufou e procurou algo dentro do bolso da calça jeans rasgada.

– Está se referindo a Derek? Porque ele é um pé no saco. Só serve pra me irritar.

Então ele não tem nada com esse Derek. Pode beija-lo agora.

Cale a boca, consciência

Nico puxou do bolso um maço de cigarros e pôs um na boca. Meu queixo caiu. Lembrei que senti o cheiro de cigarro em todas as vezes que ele chegou perto demais. Não era tão surpreendente assim. Do outro bolso ele puxou um isqueiro e acendeu o cigarro. Tentei não demonstrar o meu desgosto por aquilo.

– Afinal, o que você tem com o Derek?

Nico deu uma tragada no cigarro antes de responder, me lembrando o meu tio-avô que era um verdadeiro viciado em charutos.

– Nada. Não temos nada – Ele pareceu pensativo por alguns instantes – E esse é o problema.

– Como é? – Novamente, acabei soando irritado demais. Droga, Jason – Digo, gosta dele?

Nico soltou uma risada.

– Até parece – Ele deu uma tragada. Por um momento pensei como ele ficava sensual daquele jeito, com o vento balançando seus cabelos negros, a fumaça saindo de sua boca. Pensamentos idiotas – Eu e Derek? Não. Nós ficamos tipo, umas quatro ou cinco vezes, nunca passou disso. Nos beijamos pela primeira vez no aniversário da irmã dele, Alice. Eu nunca quis algo a mais, o problema é que eu pensei que ele entendia isso, mas aparentemente não – Tragou mais uma vez – Há umas duas semanas Thalia me arrastou para uma festa de uma prima de uma amiga dela e Derek estava lá, quando eu o vi fiquei “Quero ir embora” e Thalia disse “Você não vai embora sozinho porque você não tem um carro e Luke vai estar aqui e eu quero ver ele” e eu disse “Você pode trepar com o seu quase namorado mas eu vou embora” mas ela me fez ficar lá então eu fiquei meio bêbado e acho que, eu e Derek, a gente se pegou lá no banheiro da prima de uma amiga da Thalia – Outra tragada – Então ele meio que disse que me amava e então eu ri porque aquilo soou ridículo nos meus ouvidos. E é ridículo. Não falei muito com ele depois disso e hoje ele veio perguntar se eu não namorava com ele por causa de quem meu pai é, porque eu pensava que ele queria meu dinheiro – Mais uma tragada – E eu disse “Eu não namoro você porque eu simplesmente não quero namorar alguém e te acho um completo idiota” Então ele me olhou como se eu fosse um cachorro com a perna quebrada e disse “É por causa de Leo?” aí eu joguei uma bolinha de papel nele e perguntei como ele sabia de Leo. Mas é claro que ele sabia de Leo porque Thalia contou – Tragada – Então eu disse pra ele ir tomar no cu e.... – Se interrompeu, parecendo perceber que tinha falado demais – Porra eu nem sei porque estou falando isso pra você. Pode ir, ainda dá tempo de pegar a aula.

Fiquei alguns segundos absorvendo toda aquela informação.

– Quem é Leo? – Perguntei por fim, receoso.

Nico deu uma tragado no cigarro e sorriu sem humor algum.

– Um cara que está melhor agora.

– E como ele está agora?

– Morto. Mas eu gosto de pensar que ele não está morto. Porque assim eu poderia mata-lo de várias formas diferentes. Está começando a chover, é melhor irmos.


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