MAXI – Parece que alguém acordou de mau humor. – começou a dar risada enquanto se aproximava novamente, só não to vendo aonde ele achou graça.

CAMILA – Como você mesmo disse estou de mau humor, então não acho bom você ficar me seguindo. – disse o olhando de relance. Como ele consegue estar sempre de bom humor.

MAXI – Quero falar com você e não vejo porque não agora. – ele segurou meus dois braços nos deixando um de frente para o outro.

#Camila

Ficamos tão próximos que passou um calafrio por minhas pernas as fazendo bambear, eu parei de pensar em tudo o que ocupava minha mente a segundos atrás e passei a fixar minha atenção na figura do Máxi, que por sinal parecia estar mais bonito, mais charmoso e confiante, ele me lançava um olhar calmo e um sorriso divertido no rosto, isso me desarmou, tudo o que eu diria para ele se esvaiu junto com aquele calafrio, todas as minhas palavras que por sinal são muitas haviam desaparecido.

MAXI – E então Cami, mais calma? – perguntou me soltando e permanecendo com o olhar sereno.

CAMI – Sim...é... sobre o que q-queria falar? – se eu fiquei nervosa? Imagina!

MAXI – Vamos sentar ali. – ele apontou para a guia que dividia a calçada da grama que “revestia” o chão na frente das casas. Nós caminhamos até a guia e ele foi me guiando com uma das mãos em minhas costas, ai como às vezes sinto um ódio desse garoto, porque ele sabe muito bem como me convencer.

MAXI – Bom, para começar não esqueça que antes de tudo sou seu amigo, certo? – declarou esperando uma aprovação minha que foi transmitida com um simples olhar de prossiga. – Eu estou a par de tudo o que aconteceu com o “relacionamento” de você e das meninas com os meus amigos, como eu sei que todas têm uma personalidade bem forte vim me certificar de que estão bem e de que principalmente você não esta planejando nada contra eles. – falou com um pesar nas palavras temendo minha reação. Eu não acredito, como ele mesmo disse é meu amigo então deve ficar do meu lado não do lado do Broduey e dos outros.

CAMI – Olha só Maximiliano! Eu estou bem, muito bem se quer saber, não to nem aí pro Bruduey, e não, não vou fazer nada contra seus Best Friends, agora pode ir lá consolá-los que eu não preciso disso. – me levantei revoltada, e segui meu caminho apertando o passo para que ele não viesse atrás de mim tentando se explicar, como eu pude pensar que Maxi iria ficar do meu lado, afinal ele é homem, e essa é uma raça imprestável.

MAXI – Camila! – droga, ele veio e por mais que eu andasse rápido estava de salto e ele de tênis o possibilitando correr. Olhei para o lado e o mesmo me olhava cansado, como se aquilo fosse um enorme esforço, como se eu o estivesse cansando, mais eu não pedi para ele vir se explicar, é ele que vem.

CAMI – Já falei que não preciso de consolo, e se por acaso eu precisar tenho minhas amigas que não vão me acusar de planejar algo contra nossos Ex-namorados. – disse dando ênfase no “ex” para que fique claro que para mim, está tudo acabado. E eu realmente não planejo nada contra eles, não diretamente, eu não vou tocar um dedo se quer em nenhum deles, nós só vamos provocar um pouquinho, nada que não mereçam.

MAXI – Chega tá?! Eu vim aqui porque me preocupo com minhas amigas e você me trata mal desse jeito? – quando ele terminou a frase eu tive que parar e olhar a expressão de desgosto que estava estampada em seu rosto. – É sério Camila, você nem deixou eu terminar, e não venho te acusar de nada eu venho para ver como vocês estão, para falar o que sei, eu quero ajudar. Não sei porque tanta revolta, se quiser eu vou embora! – ele falava com sinceridade, aquela sinceridade que não consigo duvidar, eu nunca havia visto o Maxi tão decepcionado, não comigo, ele sempre me dava sorrisos, por mais brava que eu estivesse, por mais que o chegasse de todos os nomes que conheço, ele sempre estava calmo tentando me fazer sorrir, tentando me passar seu otimismo e tranquilidade. O ver assim me partiu o coração, é como se eu estivesse acabado com o garoto meigo e divertido que conheço e colocado em seu lugar um triste e decepcionado.

CAMI – Eu...eu...é... desculpa Máxi, estou brava com os homens em geral e acabei descontando em você, por favor não se chateie, eu não quero brigar com você. – disse olhando em seus olhos que em seguida voltaram a brilhar, mas mesmo assim ele ainda estava sobre o efeito do que eu falei anteriormente, é admito que falei para machucar, que eu queria que ele fosse embora, mas é porque eu sabia que ele não ficaria chateado comigo, porém quando vi que estava errada entrei em desespero, não posso viver sem meu melhor amigo, não mesmo.

MAXI – Tudo bem Cami, agora acho melhor eu ir. – falou me dando um beijo no rosto, um beijo que me trouxe uma esperança, a esperança de que nem todos os homens sejam imprestáveis, que haja um, somente um que não seja assim, e que valha mais que um milhão.

CAMI – Ei... – segurei o braço dele o puxando comigo e seguindo pela centésima vez o caminho até a casa da Fran. – Porque você não vem comigo, estou indo para a casa da Francesca, e como você disse, não terminou de falar tudo o que queria, lá nós terminamos essa conversa. – quando terminei de falar ele ficou com uma cara nada boa, a cara de quem sabia que isso não acabaria bem. – E eu prometo que não vou brigar com você, não importa o que aconteça. – ele soltou seu braço dos meus dedos, e eu pensei que aquilo significava de que teria que ir sozinha, mas logo em seguida me abraçou de lado e sorriu. Isso era tudo o que eu precisava.

#Diego

Hoje é a “bendita” festa da Ludmila, e eu como um dos únicos amigos reais que a patricinha tem vou comparecer, mas nada de mega produção ou uma hora antes começar a me preparar para ficar sei lá? Lindo e atraente, até porque não preciso dessas besteiras para ser irresistível.

Tomei meu café da manhã substancial, já fui malhar e agora estou voltando para casa, tenho que tomar um banho, não tomei lá porque tinha muita gente, e pode me chamar do que for, mas eu não quero um monte de marmanjos me olhando no vestiário. Eu até pensei em ir para o vestiário feminino, mas não quero ser “expulso” da melhor academia que encontrei aqui em Buenos Aires, passei por várias e não gostei de nenhuma, a única que me agradou foi essa que estou frequentando a algumas semanas, por isso tenho que tentar não arranjar problemas, pelo menos por enquanto.

Entrei no elevador e apertei o botão do sexto andar, mas o mesmo foi para o sentido contrário, alguém o havia chamado no subsolo. Eu soltei um longo suspiro, pois provavelmente seria aquela senhora que sempre cruzo no prédio, é impressionante, com tantas pessoas que moram aqui eu sempre via a mesma senhorinha rabugenta de cabelos grisalhos, brincos velhos e empoeirados, sério acho que faz alguns anos que ela não tira aquela velharia das orelhas, uma maquiagem fortíssima, com sombra verde musgo que chega até às sobrancelhas, um vestido que parece uma toalha de mesa brega até os joelhos e sapatinhos fechados com meias brancas de cano longo. Quando parei no andar que haviam chamado eu peguei minha mochila e a apoiei sobre os joelhos deixando bem na frente do meu rosto, assim ela não me veria, e não começaria a reclamar de como estou sujo e suado.

Ouvi a porta se abrindo e uma pessoa entrou, mas não chegou perto de mim, na verdade eu nem conseguia ver por conta da mochila, um lado meu creia que era a tal senhora, e, portanto me mandava permanecer daquele jeito até que ela desembarcasse em seu andar, que eu decorei, é o quarto, mas outra parte minha atiçava a curiosidade dizendo para abaixar aquela mochila e ver quem realmente estava presente comigo. Esse lado curioso foi o que venceu, eu fechei a mochila e tirei da minha frente aumentando meu campo de visão, e ainda bem que optei pela curiosidade, pois quem se encontrava em minha frente era a querida vizinha do andar debaixo ajoelhada no chão pegando algo que parecia um elástico de cabelo arrebentado, usava uma “legging“ cinza com o cós rosa pink e salmão, um top no mesmo tom de salmão e uma blusa de zíper aberta no mesmo cinza da calça. Quando se levantou passou uma das mãos pelo cabelo o ajeitando para trás e me olhou com uma expressão sarcástica.

VISINHA – Pensei que iria ficar se escondendo atrás da mochila. – falou se olhando no espelho e tentando arrumar o cabelo.

DIEGO – Eu não perderia a chance de te ver, só pra constar, está linda! – a mirei da mesma forma que ela havia feito, mas só para não dar a chance de tirar uma comigo.

VISINHA – Tinha esquecido o quão inconveniente é te encontrar. – se virou rudemente de frente para mim. Eu a olhei indiscretamente e argumentei.

DIEGO – Você tem sorte de ser eu e não uma pessoa que reclamaria do modo em que esta vestida no elevador social. – ela soltou uma leve risada debochada e se apoiou na parede atrás de si.

VISINHA – Se alguém entrasse aqui e se deparasse com nós dois com certeza nem notaria em mim, a única coisa que reclamaria é de um cara todo suado com um cheiro extremamente forte no ambiente. – ela fez uma referencia com as mãos em minha direção.

DIEGO – Não sabia que você gostava de se exercitar, uma pena que não frequentamos a mesma academia. – mudei o rumo da conversa tentando impor um assunto no qual o objetivo não fosse um debochar do outro.

VISINHA – Não vou à academia, eu corro, por isso não fico suada como você. – ela falou se desencostando da parede e tomando postura.

Eu escutei uma espécie de campainha soar no ambiente, mas parece que ela estava tão distraída que nem notou.

DIEGO – Eu adoraria passar um longo tempo conversando, mas acho que chegamos ao quinto andar. – coloquei meu braço barrando a porta, ela olhou para mim com curiosidade, mas não ousou dizer nada, ela simplesmente me lançou um olhar amigável e se retirou.